Copyfight: Pirataria & Cultura Livre - Monoskop
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a produção colaborativa quando exercida sob um mesmo pseudônimo,<br />
ou seja, a produção de coindivíduos. Além de permitir e até mesmo incentivar<br />
reapropriações de sua assinatura, uma obra de um condivíduo<br />
traz à tona novos aspectos sobre as relações possíveis entre autoria e território.<br />
Sua atuação jamais é somente global ou local. Apesar de se constituir<br />
como um movimento sem fronteiras, a territorialidade das ações<br />
influencia o resultado final destas expressões.<br />
O fortalecimento da ideologia da “propriedade intelectual” só foi<br />
possível graças a uma crença cega no indivíduo, ignorando a grande<br />
quantidade de obras e invenções não assinadas que mostram que a<br />
noção de autoria ou remuneração individual pode simplesmente não<br />
importar para que as mentes humanas se vejam estimuladas a produzir.<br />
Assim, a superação dos regimes de “propriedade intelectual” passa<br />
necessariamente por um questionamento do individualismo e de<br />
uma visão economicista e auto-centrada sobre as pessoas, a cultura e<br />
o conhecimento. As criações artísticas ou técnicas em si não envolvem<br />
necessariamente nenhuma expectativa de reconhecimento pessoal ou<br />
recompensação financeira pelo tempo gasto. Para além da importante<br />
questão da remuneração ao trabalho, o que está em jogo são diferentes<br />
maneiras de significar a vida.<br />
nenhum ser humano é uma Ilha Isolada<br />
A percepção da importância do estabelecimento de um domínio<br />
básico de recursos comuns até mesmo para os progressos individuais<br />
traz o tema para o centro das discussões sobre novos arranjos econômicos<br />
e políticos. A grosso modo, pode-se pensar em duas aplicações<br />
para a noção de bem comum. A primeira enfoca apenas os recursos<br />
naturais oferecidos pela natureza ao homem. Já outra expande esta noção<br />
para além dos recursos naturais, sem excluí-los, mas incorporando<br />
elementos, como a linguagem, métodos, ideias e práticas sociais diversas.<br />
Esta classe de elementos não se submete a uma lógica da escassez,<br />
pois não são bens tangíveis, mas relações permanentemente construídas<br />
socialmente e não um presente imutável dado à humanidade.<br />
Conceber o comumcomo domínio público ou através da oposição ao<br />
âmbito privado também não é suficiente. Isto porque os bens públicos<br />
são tradicionalmente mediados e geridos principalmente pelo Estado<br />
e por poucos pseudo-representantes. Já o comum é autônomo e independe<br />
de governos.<br />
No âmbito destas relações, predomina não a ausência completa<br />
de regras, mas o estabelecimento de outra relação com estas. Com a<br />
compreensão coletiva dos mecanismos de decisão e participação, crescem<br />
as possibilidades de renovação e as relações de poder tendem a se<br />
tornar menos hierárquicas. Neste sentido, copyfight envolve também<br />
87<br />
:(){ <strong>Copyfight</strong> :|: <strong>Pirataria</strong> & <strong>Cultura</strong> <strong>Livre</strong> };: