Copyfight: Pirataria & Cultura Livre - Monoskop
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2. Exemplo de peça<br />
cortada no Whydah:<br />
<br />
inaptos ao trabalho -, o povo da galera tinha esperança de um ataque<br />
libertador. Por outro lado, marinheiros amedrontados, descontentes<br />
ou ávidos por ter acesso ao botim que transportavam não eram exatamente<br />
pessoas dispostas a luta mortal.<br />
Difícil imaginar que um pirata como Sam Bellamy conseguisse saquear<br />
com poucas perdas 54 barcos sem a colaboração do povo das<br />
galés. Seu navio, chamado Whydah, afundado após uma tormenta, foi<br />
descoberto em 1984 (NG, 2011). Recheado de joias e moedas, é uma<br />
prova de como os piratas eram a maior resistência da época à dominação<br />
colonial. O Whydah, que fora navio negreiro, foi entregue sem combate<br />
por seu capitão britânico. Curiosamente, nele foram encontradas<br />
joias marcadas com golpes de facões e machados, usados para dividir<br />
peças grandes do tesouro entre sua tripulação (Osborne, 1998) – o que<br />
ilustra bem o caráter da pirataria. 2<br />
Os barcos piratas eram uma ameaça a todo o sistema de exploração<br />
colonial: à manutenção das colônias, ao comércio marítimo, aos navios<br />
negreiros e a própria estrutura social vigente, baseada na divisão<br />
de classes, nacionalidades e raças.<br />
2.2 seja lIvre, seja pIrata<br />
Aos perseguidos e candidatos a insurretos não havia muitas opções<br />
na época. Reunir marinheiros habilidosos não era tarefa difícil para os<br />
piratas, dadas às duras condições em que vivia o proletariado da época,<br />
cuja população crescia nas grandes cidades. Mas boa parte dos piratas<br />
eram marinheiros de navios mercantes que decidiram se juntar quando<br />
seus navios eram capturados. Nos navios mercantes, os marinheiros<br />
eram submetidos a péssimas condições de trabalho e viviam uma<br />
inexistência prática de direitos. Eram atraídos aos navios piratas fugitivos<br />
da lei, nativos indígenas, dissidentes políticos e escravos fugidos<br />
das plantações (Wilson, 1999). Havia também mulheres piratas famosas,<br />
como Anny Bonny, Mary Read e Grace O’Malley. Para atravessarem<br />
oceanos deviam contar com uma tripulação com bons conhecimentos<br />
de astronomia, geometria, matemática e cartografia, além de pessoas<br />
que dominassem diferentes ofícios da época. Não se tratava de uma<br />
mera busca por riqueza, mas havia um ideal libertário, por trás da reunião<br />
desse tipo de gente.<br />
Segundo Wilson (op. cit., 1999), “os marinheiros também usavam<br />
o motim e deserção e outras táticas para sobreviver e resistir à sua<br />
sorte. Mas os piratas eram, talvez, a parte mais internacional e militante<br />
do protoproletariado constituída por marinheiros do século<br />
XVII e XVIII. (...) Liberdade, Igualdade e Fraternidade prosperaram<br />
no mar mais de cem anos antes da Revolução Francesa. As autoridades<br />
ficavam chocadas com suas tendências libertárias, o governador<br />
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