29.05.2013 Views

Copyfight: Pirataria & Cultura Livre - Monoskop

Copyfight: Pirataria & Cultura Livre - Monoskop

Copyfight: Pirataria & Cultura Livre - Monoskop

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

para terceiros − que o autor teria sobre bens imateriais supostamente<br />

criados por ele.<br />

Bom, os softwares são um bom exemplo disso, já que são meios de<br />

comunicação fundamentais assim como a linguagem, que deve ser<br />

deixada totalmente aberta, livre para circulação e usufruto. A linguagem<br />

é propriedade dos direitos humanos, e deve ser intercambiada,<br />

seu critério de difusão não pode ser monetário. Por isso não tem sentido<br />

excluir a possibilidade de uso da linguagem das pessoas, é como se<br />

você dissesse às pessoas das favelas: essa palavra você não pode usar, é<br />

proibido. O que é proibido? Por que é proibido?<br />

Nesse sentido que o Stallman cria o copyleft, que é uma licença<br />

muito exigente porque tem várias condições de uso. Por exemplo, ela<br />

diz que se você está usando pedaços de software, linhas de programa<br />

livre, num conjunto global, todo esse conjunto vai ter que ser livre<br />

porque você não tem o direito de fechar a codificação. Essa exigência<br />

é muito inteligente, porque Stallman sabia que − no processo de desmaterialização<br />

de todas as grandes companhias de computador IBM<br />

etc − iriam procurar um meio de ganhar dinheiro, que seria precisamente<br />

fechar os softwares. Antes a Apple não cobrava pelo software:<br />

você comprava a máquina e tinha dentro todas as coisas necessárias<br />

grátis, mas o modelo da Microsoft era o contrário. Stallman percebeu<br />

isso e entendeu que deveriam existir e ser criadas regras precisas<br />

para garantir a circulação dos softwares e ele estava certo porque o<br />

que aconteceu depois? Aconteceu, exatamente, uma privatização do<br />

domínio público e o surgimento de grandes empresas monopolistas<br />

que estabelecem os preços que eles querem − que diga-se de passagem<br />

é muito caro − e assim reduzem totalmente o domínio público, o<br />

livre acesso ao domínio público. Essas grandes companhias privadas<br />

fazem isso sem freios nenhum e para elas era o início, precisamente,<br />

de uma espécie de Terra Nullius. Se você deixa os colonos na Amazônia,<br />

com o rei que dá para eles concessão para fazerem o que quiserem<br />

fazer, o que você acha que eles vão fazer? Eles vão destruir os<br />

índios e depois a natureza! Então você tem que limitar, deixar claro<br />

que o domínio público não é a Terra Nullius.<br />

Isso foi o que Stallman entendeu, mas ele não entendeu o que<br />

Lawrence Lessig fez para, especialmente, os autores literários. Porque os<br />

Creative Commons são realmente bem pensados para a literatura, para<br />

tudo que é escrito. Nesse sentido, o Lessig inverteu a regra do copyright<br />

que é: ninguém pode copiar. E ele fez isso a partir de uma percepção<br />

simples que é garantir o “uso justo” de cópias privadas. E agora que a<br />

possibilidade de cópia privada − com a tecnologia da internet − é muito<br />

potente, tem muita gente que quer “cercar”, limitar cada vez mais o uso<br />

dizendo que é necessário leis de copyright mais duras. Não é somente na<br />

internet que isso está passando. É também nas universidades, onde se<br />

tenta limitar e controlar as fotocópias e a possibilidade de colocar ma-<br />

143<br />

:(){ <strong>Copyfight</strong> :|: <strong>Pirataria</strong> & <strong>Cultura</strong> <strong>Livre</strong> };:

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!