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impedir a prática do contraditório, ou seja, o ato de coletar opiniões diversas sobre
determinado tema.
Além de dificultada pela velocidade exigida na captação da informação e
produção da notícia, a prática do contraditório nas matérias científicas é
desencorajada, uma vez que o próprio jornalista está habituado a enxergar no
discurso do cientista não uma versão dos fatos, mas a própria verdade chancelada
pelo método científico. A ciência, afinal de contas, será contraditada ao longo do
tempo, com a superação de paradigmas e o estabelecimento de novos valores. O
jornalista habituou-se a considerar a voz do pesquisador que lhe serve de fonte
como a própria voz da ciência, ou seja, a melhor e mais acabada expressão do
conhecimento científico, ou seja, a verdade.
Mas ao deixar de exercer uma postura crítica, o jornalista, aprisionado pelo
hábito e pela dinâmica de trabalho das empresas, ajuda a reforçar a idéia de que a
ciência é detentora de verdades absolutas e inquestionáveis e não contribui para a
contextualização, a reflexão e a compreensão de todas as implicações do trabalho
científico. Dessa forma, ele vai se colocar apenas como um transmissor de
informações, devidamente filtradas pela necessidade de serem recentes, atraentes,
curiosas ou utilitárias.
Ou ainda, nas palavras de Henrique Lins de Barros:
(...) quando se inverte o vetor e se prioriza a abrangência de um
determinado programa em detrimento do conteúdo, que se pode esbarrar
num dos pontos cada vez mais comuns na divulgação da ciência: a sua
vulgarização no sentido pejorativo, ou seja, a apresentação da ciência, ou
de alguns aspectos que a ciência trabalha, de forma reduzida e banalizada
(BARROS, 2002, p.30).