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aos veículos jornalísticos seja cada vez mais intensa, aumentando o poder
de fogo dos anunciantes e a vulnerabilidade da independência editorial
(op.cit).
A disputa cada vez mais acirrada entre ciência e outros saberes como, por
exemplo, a religião e as explicações desvinculadas do conhecimento científico,
como as terapias alternativas, seria uma outra tendência para a qual alerta Wilson
Bueno. O pesquisador chama a atenção para os perigos de uma escalada de
fanatismo religioso, refratário ao conhecimento científico, que pode ter reflexos
graves no jornalismo e na divulgação da ciência à medida que grupos religiosos
cada vez mais se apoderam de meios de comunicação. Com a continuidade dessas
duas tendências, ou seja, a concentração de mídia sob controle de comunidades
religiosas e o recrudescimento do conservadorismo, vislumbra-se o surgimento de
obstáculos para a divulgação do conhecimento que questione valores defendidos
por esses grupos.
Um outro aspecto desse problema é a invasão dos espaços da mídia, em
tese, reservados à ciência por matérias de cunho pseudocienífico, como curas e
terapias alternativas. O risco dessa ocupação é a promoção do fantástico travestido
de científico, com a valorização de explicações e atitudes contrárias à ciência. E,
subjacente a isso, a dificuldade de uma pesquisa séria que mereça reflexões e,
portanto, uma abordagem crítica e contextualizada, fazer-se visível ao público mais
geral, através da presença nos meios de comunicação.
Por fim, o que Bueno chama de biologização do social e é uma tendência
decorrente da crescente importância e polêmica suscitada pela biotecnologia nos
últimos tempos. Para o pesquisador o tratamento dado pela imprensa ao tema
resvala muitas vezes na irresponsabilidade e no sensacionalismo, abrindo espaço
para pesquisas despropositadas que nada acrescentam ao conhecimento científico.