José Garcez Ghirardi - Escola de Direito de São Paulo - Fundação ...
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o instante do encontro: questões fundamentais para o ensino jurídico<br />
Essa escolha que funda cada curso, e cada aula <strong>de</strong> cada curso, não<br />
é opcional. Ela não é algo que po<strong>de</strong>mos fazer se estamos interessados<br />
em metodologia e que po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> lado se não estamos. Nós<br />
a fazemos, queiramos ou não. Seguir um mo<strong>de</strong>lo tradicional <strong>de</strong><br />
ensino é uma escolha, assim como é uma escolha recusá-lo ou alterálo.<br />
A continuida<strong>de</strong> ou a<strong>de</strong>são a mo<strong>de</strong>los estabelecidos é exercício <strong>de</strong><br />
uma preferência <strong>de</strong>liberada. Se eu ensino utilizando os mesmos<br />
métodos <strong>de</strong> que meus mestres se serviram há <strong>de</strong>z, vinte ou trinta<br />
anos, é porque <strong>de</strong>sejo que seja assim, porque acredito que não haja<br />
modo melhor <strong>de</strong> ensinar. Mas é uma escolha minha. Não há como<br />
fugir à responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir o que, como e quando ensinar.<br />
É claro que, muitas vezes, a experiência do dia a dia faz com<br />
que essa dimensão <strong>de</strong> escolha <strong>de</strong> cada docente individual possa<br />
parecer inexistente, ou ao menos, que as possibilida<strong>de</strong>s reais <strong>de</strong><br />
escolha sejam bastante reduzidas. Imagine, por exemplo, um professor<br />
no início <strong>de</strong> carreira, ansioso por começar a lecionar. Muitas<br />
vezes, ele será convidado (não raro, <strong>de</strong> última hora) a ministrar<br />
uma disciplina em que se sente pouco à vonta<strong>de</strong>. Ele provavelmente<br />
ficará satisfeito com o convite – afinal, é preciso começar<br />
em algum lugar –, mas também algo inseguro diante da perspectiva<br />
<strong>de</strong> entrar em sala para lecionar um tema que domina menos do que<br />
<strong>de</strong>sejaria. Muitos <strong>de</strong> nós já passamos por situações semelhantes<br />
no início <strong>de</strong> nosso percurso como professores. Sabemos da mistura<br />
<strong>de</strong> contentamento e receio que esses convites nos trazem.<br />
Nesses casos, é comum – e, provavelmente, muito sensato –<br />
utilizarmos o programa e a metodologia daquele que nos prece<strong>de</strong>u.<br />
No mais das vezes não há tempo, nem temos a experiência necessária,<br />
para sugerir mudanças substanciais. “Quem sou para mexer<br />
no programa?”, pensamos. Nessas ocasiões, estamos em geral mais<br />
preocupados em nos familiarizar com os <strong>de</strong>talhes daquilo que<br />
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[sumário]