03.06.2013 Views

O Herói Byroniano Brasileiro de J. M. de Macedo: O Trovador de

O Herói Byroniano Brasileiro de J. M. de Macedo: O Trovador de

O Herói Byroniano Brasileiro de J. M. de Macedo: O Trovador de

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Revista Crop - nº 15/2010<br />

Revista <strong>de</strong> Estudos Linguísticos e Literários em Inglês<br />

www.fflch.usp.br/dlm/lingles/Lcorpo_ingles.htm<br />

PIRES, Ramira. O <strong>Herói</strong> <strong>Byroniano</strong> <strong>de</strong> J. M. <strong>Macedo</strong>: O <strong>Trovador</strong> <strong>de</strong> A Nebulosa. pp. 3-25<br />

Peter Thorslev, o remorso <strong>de</strong> Manfred acontece “only because his passion has caused the<br />

<strong>de</strong>ath of the one thing in life which he loved” (p.168). Manfred, bem como todos os heróis<br />

<strong>de</strong> Byron, não a<strong>de</strong>rem aos códigos morais da socieda<strong>de</strong>, criam seus próprios valores<br />

humanos, e seus pecados e remorsos são transgressões <strong>de</strong> seu próprio código moral.<br />

Thorslev observa que o remorso é um traço bastante importante no caminho<br />

da plasmação do herói romântico byroniano: os heróis dos romances góticos – fracos,<br />

sentimentais e absolutamente ineficientes 6 – serão <strong>de</strong>scartados e os vilões <strong>de</strong>stes mesmos<br />

romances, <strong>de</strong>vidamente transformados pelo remorso e tornados egocêntricos e analíticos <strong>de</strong><br />

suas emoções, serão os heróis românticos – meio-vilões, meio-heróis <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> – <strong>de</strong><br />

Walter Scott e <strong>de</strong> Byron (p.52).<br />

Não se po<strong>de</strong> precisar o quanto Joaquim Manuel <strong>de</strong> <strong>Macedo</strong> leu os góticos e<br />

românticos do velho continente, mas sabe-se que quando chega ao Rio <strong>de</strong> Janeiro para<br />

estudar Medicina, por volta <strong>de</strong> 1838, encontra uma cida<strong>de</strong> que, a <strong>de</strong>speito da gran<strong>de</strong> massa<br />

<strong>de</strong> analfabetos, propicia aos letrados uma razoável quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> jornais e obras literárias.<br />

Nas boticas anexas aos jornais alugavam-se e vendiam-se livros e a isenção <strong>de</strong> taxas<br />

alfan<strong>de</strong>gárias para a importação <strong>de</strong> ficção estrangeira (1820) fez crescer o estabelecimento<br />

<strong>de</strong> livreiros no Rio <strong>de</strong> Janeiro. As décadas <strong>de</strong> 1830 e 40 verão a fundação do Gabinete<br />

Português <strong>de</strong> Leitura (1837) e da Biblioteca Fluminense (1847), mas, já em 1826, havia<br />

sido fundada a Rio <strong>de</strong> Janeiro Subscription Library, criada por ingleses. Homem <strong>de</strong> letras<br />

que publicou seu primeiro romance em 1844, antes mesmo <strong>de</strong> concluir o curso <strong>de</strong><br />

Medicina, e participou intensamente da vida cultural do Rio <strong>de</strong> Janeiro, <strong>Macedo</strong><br />

certamente leu muito e muitos romances, vindos da Europa, alinhavam-se ao estilo gótico. 7<br />

escândalo que redundou no auto-exílio <strong>de</strong> Byron no continente até sua morte em Missolonghi, na Grécia, em<br />

1824, aos trinta e seis anos.<br />

6 Exemplos nítidos são os heróis <strong>de</strong> Ann Radciffe. Valancourt <strong>de</strong> The Mysteries of Udolpho e Vicentio <strong>de</strong><br />

Vivaldi <strong>de</strong> The Italian, por exemplo – são “men of feeling”, nos termos <strong>de</strong> Thorslev, apreciam música e<br />

poesia e são totalmente <strong>de</strong>votados a suas amadas, mas são absolutamente ineficientes para salvá-las das<br />

garras dos vilões. (Thorslev. p.51,52)<br />

7 É significativo observar, ao se consultar as pesquisas da professora Sandra Guardini Vasconcelos, ligada ao<br />

grupo <strong>de</strong> estudos “Caminhos do Romance no Brasil– séculos XVIII e XIX, da Unicamp)”, a presença <strong>de</strong><br />

romances góticos ingleses nas bibliotecas e gabinetes <strong>de</strong> leitura do século XIX, ainda que muitos traduzidos<br />

para o francês. Apenas como exemplo, po<strong>de</strong>mos citar os seguintes autores William Beckford, Elizabeth<br />

Helme e William Godwin.<br />

12

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!