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O Herói Byroniano Brasileiro de J. M. de Macedo: O Trovador de

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Revista Crop - nº 15/2010<br />

Revista <strong>de</strong> Estudos Linguísticos e Literários em Inglês<br />

www.fflch.usp.br/dlm/lingles/Lcorpo_ingles.htm<br />

PIRES, Ramira. O <strong>Herói</strong> <strong>Byroniano</strong> <strong>de</strong> J. M. <strong>Macedo</strong>: O <strong>Trovador</strong> <strong>de</strong> A Nebulosa. pp. 3-25<br />

A melancolia, outro traço fundamental do <strong>Trovador</strong> é também central a todos os<br />

heróis <strong>de</strong> Byron. A partir <strong>de</strong> “Il Penseroso” (1631) <strong>de</strong> Milton, passou-se a associar a<br />

melancolia à beleza, à santida<strong>de</strong> e à sabedoria. A associação à i<strong>de</strong>ia da santida<strong>de</strong> vai<br />

<strong>de</strong>saparecer no Pré-Romantismo quando a tendência para melancolia vai concretizar-se na<br />

chamada “Graveyard Poetry” (poesia <strong>de</strong> cemitério), <strong>de</strong> Edward Young (“Night<br />

Thoughts”, 1745), Robert Blair (“The Grave”, 1743) e James Hervey (“A Meditation<br />

among The Tombs”, 1746), e também no ciclo <strong>de</strong> poemas lendários <strong>de</strong> Ossian (1760-65).<br />

A este <strong>de</strong>terminado tipo <strong>de</strong> <strong>Herói</strong> <strong>de</strong> Sensibilida<strong>de</strong>, Thorslev chamou “egoísta taciturno”<br />

(p.43-44). Alguns poetas da graveyard school são citados por poetas românticos<br />

brasileiros, o próprio <strong>Macedo</strong> cita Robert Young na epígrafe <strong>de</strong> A Incógnita (apud Serra,<br />

p.258). Quanto a Ossian, seu enorme sucesso em toda a Europa, certamente <strong>de</strong>ve ter<br />

causado sua chegada ao Brasil.<br />

Como herança para o herói romântico, o egoísta taciturno <strong>de</strong>ixou um <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong><br />

imagens – os sons da noite; a luz espectral da lua, ruínas góticas, vermes e esqueletos <strong>de</strong><br />

capelas mortuárias –, bem como uma coleção <strong>de</strong> temas góticos – o da lamentação da vida,<br />

o do sic transit gloria mundi e o da meditação sobre a onipotência da morte (Thorslev, p.<br />

46). Em A Nebulosa, Joaquim Manuel <strong>de</strong> <strong>Macedo</strong> revela sua sintonia com estas questões<br />

do Pré-Romantismo europeu, que se esten<strong>de</strong>rão pelo Romantismo propriamente dito. O<br />

Canto IV <strong>de</strong> A Nebulosa – Nos Túmulos – é um exemplo <strong>de</strong> composição gótica tropical.<br />

Num recanto afastado e solitário<br />

Daqueles sítios, <strong>de</strong> florestas virgens<br />

E serranias turvas circulado,<br />

Rompia <strong>de</strong>ntre o bosque altivo monte,<br />

[...]<br />

Outrora em seu cabeço mãos piedosas<br />

Erguido haviam protetora ermida.<br />

O monge que essa luz levara às selvas,<br />

Ao túmulo baixou; correram anos;<br />

Dormiu a fé no coração do povo;<br />

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