O Herói Byroniano Brasileiro de J. M. de Macedo: O Trovador de
O Herói Byroniano Brasileiro de J. M. de Macedo: O Trovador de
O Herói Byroniano Brasileiro de J. M. de Macedo: O Trovador de
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Revista Crop - nº 15/2010<br />
Revista <strong>de</strong> Estudos Linguísticos e Literários em Inglês<br />
www.fflch.usp.br/dlm/lingles/Lcorpo_ingles.htm<br />
PIRES, Ramira. O <strong>Herói</strong> <strong>Byroniano</strong> <strong>de</strong> J. M. <strong>Macedo</strong>: O <strong>Trovador</strong> <strong>de</strong> A Nebulosa. pp. 3-25<br />
Meu Deus! Daí que essa ingrata seja eterna,<br />
E fazei que num vôo os anos volvam;<br />
Envelheça a cruel, grisalhas fiquem<br />
As negras tranças; que seu rosto enrugue,<br />
Morram-lhe as graças, dobre o corpo esbelto<br />
E feia, hirsuta, hedionda, abominável,<br />
Constante viva aborrecendo a vida,<br />
De todos <strong>de</strong>sprezada e <strong>de</strong> si própria!<br />
[...]<br />
Fera, que as feras arremedas todas!<br />
Tigre! Meu coração <strong>de</strong>spedaças-te;<br />
Tigre! fui teu na vida; morto, oh! nunca!<br />
Abutre! Não terás o meu cadáver.<br />
Eu corro à morte... a<strong>de</strong>us, terra nefanda!<br />
(A Harpa Quebrada, XX, p. 242, 243)<br />
A Doida, jovem e bela feiticeira, <strong>de</strong>le apaixonada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância, acompanha-o no salto<br />
final, <strong>de</strong> mãos entrelaçadas lançam-se às ondas do ponto mais alto do rochedo. Desaba<br />
horrenda tempesta<strong>de</strong>.<br />
Demoníaco, vingativo, belo, fatal e sensível é o <strong>Trovador</strong>, mas também contrito e<br />
quase <strong>de</strong>voto. Seguindo o projeto do Romantismo brasileiro, Joaquim Manuel <strong>de</strong> <strong>Macedo</strong><br />
volta-se para a construção do imaginário nacional com seu herói byrônico dos trópicos,<br />
além <strong>de</strong> revelar sua sintonia com as questões do Romantismo em suas fontes européias.<br />
Nenhuma cultura é totalmente autônoma e impermeável, toda cultura resulta <strong>de</strong><br />
trocas e amálgamas. Nas palavras <strong>de</strong> Leila Perrone-Moisés, “Nenhuma das gran<strong>de</strong>s<br />
culturas reconhecidas como tal se <strong>de</strong>senvolveu fechada ao estrangeiro: a cultura <strong>de</strong> Roma<br />
fortaleceu-se ao assimilar a da Grécia, a inconfundível cultura japonesa foi criada a partir<br />
23