O Herói Byroniano Brasileiro de J. M. de Macedo: O Trovador de
O Herói Byroniano Brasileiro de J. M. de Macedo: O Trovador de
O Herói Byroniano Brasileiro de J. M. de Macedo: O Trovador de
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Revista Crop - nº 15/2010<br />
Revista <strong>de</strong> Estudos Linguísticos e Literários em Inglês<br />
www.fflch.usp.br/dlm/lingles/Lcorpo_ingles.htm<br />
PIRES, Ramira. O <strong>Herói</strong> <strong>Byroniano</strong> <strong>de</strong> J. M. <strong>Macedo</strong>: O <strong>Trovador</strong> <strong>de</strong> A Nebulosa. pp. 3-25<br />
Paixão infrene que turvou-lhe a mente,<br />
Da loucura aos impulsos o abandona;<br />
E ele, um cristão, em <strong>de</strong>sespero acaba;<br />
Ele, um bravo, <strong>de</strong>sonra-se covar<strong>de</strong>;<br />
[...]<br />
Oh! Que fraqueza, e que miséria humana!<br />
[...]<br />
O suicida se expõe a eternas penas,<br />
E louco troca o mundo pelo inferno,<br />
Os homens por Satã, e a Deus ultraja!...<br />
Eis das paixões ao que nos leva o excesso.<br />
(A Harpa Quebrada, IX, p. 234)<br />
Em uma estrofe, <strong>de</strong> forma implacável, quase perversa, <strong>Macedo</strong> <strong>de</strong>strói sua bela<br />
composição <strong>de</strong> herói byroniano. Como já observamos, certamente pesaram o receio da<br />
recepção <strong>de</strong> seu público, acostumado a seus romances leves e bem comportados; sua<br />
própria formação católica; além <strong>de</strong> sua ligação à figura do imperador Pedro II, por meio do<br />
Instituto Histórico e Geográfico <strong>Brasileiro</strong>. Como lembra Brito Broca, “O imperador [...]<br />
nunca viu com bons olhos aos byronianos” (p.101). A Nebulosa foi <strong>de</strong>dicada ao imperador<br />
e sua publicação foi por ele custeada e, antes, foi lida pessoalmente por <strong>Macedo</strong> para<br />
imperador, no palácio <strong>de</strong> São Cristovão, em uma das salas do passo imperial, cedida pelo<br />
imperador para o IHGB. 10<br />
São <strong>de</strong>zessete linhas <strong>de</strong>sestabilizadoras, entretanto, restritas, pontuais. Já nos versos<br />
seguintes o poeta <strong>de</strong>ixa novamente falar o <strong>Trovador</strong> amargurado:<br />
10 A <strong>de</strong>dicatória aparece na primeira página: À Sua Magesta<strong>de</strong> (sic) Imperial, O Senhor D. Pedro II,<br />
Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil, O.D.C. o seu reverente e muito leal súdito, Joaquim<br />
Manuel <strong>de</strong> <strong>Macedo</strong>.”<br />
21