O Herói Byroniano Brasileiro de J. M. de Macedo: O Trovador de
O Herói Byroniano Brasileiro de J. M. de Macedo: O Trovador de
O Herói Byroniano Brasileiro de J. M. de Macedo: O Trovador de
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Revista Crop - nº 15/2010<br />
Revista <strong>de</strong> Estudos Linguísticos e Literários em Inglês<br />
www.fflch.usp.br/dlm/lingles/Lcorpo_ingles.htm<br />
PIRES, Ramira. O <strong>Herói</strong> <strong>Byroniano</strong> <strong>de</strong> J. M. <strong>Macedo</strong>: O <strong>Trovador</strong> <strong>de</strong> A Nebulosa. pp. 3-25<br />
6<br />
(<strong>Macedo</strong>, 1857, Canto I, X pp.8-10) 1<br />
Este trecho inicial, emblemático, seria suficiente para caracterizar o <strong>Trovador</strong> como um<br />
herói tipicamente byroniano. A testa alta, os olhos negros, o traje imponente, aliados à<br />
postura ameaçadora e à misantropia são atributos que convergem para o <strong>de</strong>moníaco –<br />
caráter dominante do herói byroniano, que o <strong>de</strong>staca <strong>de</strong>ntro da tradição heróica mais<br />
ampla.<br />
Os protagonistas <strong>de</strong> Byron – seres <strong>de</strong>moníacos, fatais, sombrios e<br />
misteriosos – <strong>de</strong>ram origem ao termo “herói byroniano”, que entrou para o repertório<br />
literário. 2 Com o jovem herói <strong>de</strong> Child Harold’s Pilgrimage (1812, 1816, 1818), Byron<br />
primeiro esboçou o retrato do herói byroniano; com o Giaour (The Giaour, 1813), Selim<br />
(The Bri<strong>de</strong> of Abydos, 1813) e Conrad (The Corsair, 1814), Byron <strong>de</strong>senvolveu seu<br />
protagonista e com Lara (1814), o último <strong>de</strong> seus quatro contos versificados, o poeta inglês<br />
apresentou uma versão já bem completa do retrato do herói byroniano.<br />
Peter Thorslev faz um amplo estudo dos antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>ste herói, suas origens<br />
espalhadas, sobretudo, na tradição heróica pré-romântica e gótica, que já existia meio<br />
século antes <strong>de</strong> seu aparecimento. 3 A i<strong>de</strong>ntificação e a análise que Thorslev realiza <strong>de</strong>sses<br />
protagonistas propicia uma visão das características individuais que são <strong>de</strong>pois combinadas<br />
nas várias nuances do herói romântico byroniano.<br />
Os protagonistas <strong>de</strong> Byron, inclusive os das peças versificadas, como Manfred<br />
(1817), são versões ou fusões dos vilões e dos heróis do Pré-Romantismo (Gótico) e do<br />
Romantismo: Child Harold é o herói-vilão amante da natureza, com forte pendor para a<br />
meditação moralizante; o Giaour, Lara e Manfred <strong>de</strong>vem muito ao vilão gótico; todos os<br />
protagonistas dos contos versificados são nobres fora-da-lei, herdados <strong>de</strong> Walter Scott –<br />
piratas, salteadores, chefes <strong>de</strong> bandos –; enquanto outros são contemplativos como<br />
1<br />
Todas as citaçãoes <strong>de</strong> “A Nebulosa” são da segunda edição (1857), relacionada na bibliografia. Foram<br />
feitas atualizações ortográficas.<br />
2<br />
Existe um outro Byron, mais satírico e irreverente. É o Byron <strong>de</strong> Beppo, The Vision of Judgement e Don<br />
Juan. Mas este não é o Byron que nos interessa aqui.<br />
3<br />
Thorslev classifica sete tipos principais <strong>de</strong> protagonistas: O Filho da Natureza; o <strong>Herói</strong> <strong>de</strong> Sensibilida<strong>de</strong><br />
(subdividido em Homem <strong>de</strong> Sentimento e Egoísta Taciturno); o Vilão Gótico; o Bandido <strong>de</strong> Coração<br />
Sensível; o Faústico; o híbrido Caim-Ju<strong>de</strong>u Errante e o Satã-Prometeu.