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A SOCIEDADE FRANKENSTEIN - UFSM

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distribui-se em diversas cenas. O olhar da era das altas tecnologias é dispersão<br />

e cintilação.<br />

Com o desenvolvimento do fotograma em movimento (cinema) e no<br />

presente, com mais intensidade, através da imagem eletrônica, cada vez mais<br />

as imagens sobrepõem-se e constróem por si mesmas a realidade visual<br />

imaginária do receptor; cada vez menos as palavras são utilizadas para criar<br />

uma representação simbólica das coisas.<br />

Consequência é o processo de dislexia, a dificuldade progressiva de<br />

compreender o que se lê, pela dificuldade correlata de se representar. Antes, as<br />

imagens poderiam ser substituídas por palavras, criando relações conceituais,<br />

teóricas, intelectuais sobre as coisas que eram vistas. Hoje, as imagens<br />

substituem-se a si mesmas, deixando qualquer possibilidade de vinculação<br />

mais densa com um conteúdo conceitual, com uma profundidade de reflexão ou<br />

pensamento.<br />

A reprodução eletrônica das imagens fabrica, em oposição a um<br />

imaginário cultural herdado ou constituído através de outros media, um<br />

conjunto próprio de imagens, criação exclusiva, fabricação encerrada no próprio<br />

universo do meio. Com a imagerie, criam-se as imagens sem suporte,<br />

desenvolve-se um certo tipo de produção do imaginário através da máquina,<br />

que já pode dispensar a participação do homem. Assim o resume Edmund<br />

Couchot: "Uma imagem numérica é uma mensagem reduzida a números. O<br />

computador trabalha esses números e formas, visualiza os resultados por meio<br />

de um aparelho de vídeo ou de uma impressora. Pode-se assim reduzir uma<br />

imagem por meio da pura elaboração de dados... Não é preciso mais basear-se<br />

num modelo, num objeto real ... Partindo dos dados de um objeto dado, o<br />

computador pode produzir uma quantidade quase infinita de imagens. A<br />

imagem numérica não é mais a transposição de um modelo determinado, não é<br />

mais a reprodução mais ou menos exata de um original, uma duplicata ópticoquímica<br />

como a fotografia, é uma imagem com possibilidades infinitas".<br />

(Couchot, 1985, p.124).<br />

Já ultrapassamos o processo em que o simulacro devora seu modelo.<br />

Praticamente nesta fase eletrônica o modelo já perde totalmente sua<br />

necessidade de existência. O próprio sistema fabrica multiplicidades cada vez<br />

mais diversas e distintas de imagens. Este momento é radical: a partir de agora<br />

a produção de imagens deixou de ser uma característica essencialmente<br />

humana. Os sistemas eletrônicos substituem os homens inclusive nesta<br />

produção infinita de cenas, de objetos, de formas que outrora caracterizavam a<br />

experiência estética ou a experimentação artística em geral. O homem já passa<br />

a ser um componente dispensável em todo este processo. O sistema, ele<br />

próprio, pode produzir as formas de imagens e também de arte.<br />

Com o final da antropomorfia da forma e a criação de formas sempre<br />

novas, temos um processo de permanente metamorfose, que já não tem mais<br />

nada a ver com um original, como foi dito, nem com uma referência a um<br />

sujeito, que garantiria a própria lógica da criação. As imagens é que se alteram<br />

de forma arbitrária e livre como num caleidoscópio, com a única diferença de<br />

que nelas aqui se instala um processo criativo original.<br />

Da mesma forma, sistemas eletrônicos radicalizam a liquidação da<br />

geografia, iniciada pela rapidez do movimento com o trem e depois com os<br />

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