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A SOCIEDADE FRANKENSTEIN - UFSM

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Em vez de ser reflexo da forma mercadoria, a televisão é a expressão viva e<br />

mais acabada desta. Em vez de ser reprodução de ideologias, ela é a própria<br />

ideologia, aponta o autor canadense. Ela é, por um lado, exteriorização de<br />

nossos sentidos, na forma como MacLuhan interpreta os meios como nossos<br />

prolongamentos em relação ao mundo exterior, e ao mesmo tempo<br />

interiorização, desejo simulado como disposições programadas.<br />

2.1.3.. O tempo televisivo<br />

A televisão joga com a categoria do tempo operando-o de forma própria<br />

e independente dos conceitos cronológicos usuais. É um tempo artificial e<br />

manipulado. Diferente do congelamento fotográfico da imagem, a televisão, ao<br />

contrário, é um tempo de permanente fluidez. Nada pára, tudo circula a<br />

velocidades vertiginosas e alucinantes, de tal forma que a sucessão de cenas<br />

constitui um novo reordenamento da existência visual, agora segundo novos<br />

parâmetros, a saber, tecnológicos.<br />

Há na televisão a abolição dos diferentes tempos com a supressão da<br />

consciência do atrofiamento do presente: "só o simultâneo é o verdadeiro<br />

presente" (G. Anders, 1956, p.134). Trata-se do tempo da tecnologia, marcado<br />

por um sequenciamento de cenas e de interrupções que seguem uma lógica<br />

própria, segmentada; tempo visual que se sobrepõe a um tempo real e impõese<br />

de fato como o único tempo.<br />

2.1.4. A densidade televisiva<br />

A televisão é o veículo por excelência da pós-modernidade. Ela não<br />

conhece estruturas permanentes, densidades, aprofundamentos, investimentos<br />

intensivos, enraizamentos no social, no cultural, no histórico. Nela tudo é como<br />

que "chapado". É o primeiro medium cultural em toda a história a apresentar "a<br />

realização artística do passado como colagem estruturada junto com<br />

fenômenos equiimportantes e simultaneamente existentes, amplamente<br />

divorciados da história geográfica e material" (Taylor, cf. Harvey, 1988, p.61).<br />

É uma forma de liquidificador geral, que mistura as mais diferentes<br />

matérias e submete-as todas a um mesmo tipo de tratamento ou<br />

"branqueamento", tornando-as absolutamente inóquoas. É um sistema de pura<br />

fascinação, que as pessoas acionam para funcionar durante todo o tempo e<br />

que fica falando em geral para si mesma. Requena diz que sua fala é<br />

incessante e vazia, são estribilhos que se repetem, falando todo o tempo, não<br />

cessando de falar para nada dizer.<br />

2.1.5. A linguagem<br />

Na televisão, o que se fala está fora de qualquer contexto externo mas,<br />

acima de tudo, a maneira como a televisão se apresenta é como monólogo e,<br />

como mencionado, auto-referente. Nas suas "representações", o real<br />

desaparece completamente e é sua desintegração que aparece pelo processo<br />

eletrônico do medium.<br />

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