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A SOCIEDADE FRANKENSTEIN - UFSM

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do telespectador em relação aos desdobramentos e construção sequencial da<br />

trama, investindo-se, ao contrário, em sua demolição.<br />

Conforme Dieter Prokop, os modelos dramatúrgicos da televisão<br />

trabalham com extremos de questionamento e reconstrução da ordem na<br />

sociedade. Para estes produtos, sejam eles telenovelas, séries criminais, filmes<br />

de aventuras ou histórias de família usa-se de esquemas simplificados e de<br />

fácil assimilação para construir formalmente as tramas. (Prokop, 1986). Prokop<br />

fala em esportividade, em agilidade formal, em fantasia-clichê, em signos como<br />

componentes específicos da televisão para a montagem de seus dramas.<br />

Ocorre que por força da influência e da dominação da televisão sobre outros<br />

meios, também o cinema e, de certa forma, o teatro passaram a usar da mesma<br />

maneira estes componentes formais, simplificados, para obter fácil<br />

entendimento público e imediata resposta mercadológica.<br />

Para exemplificar, Prokop cita Brecht: "Para melhor chegar ao mercado,<br />

uma obra de arte, que seja expressão adequada de uma personalidade na<br />

ideologia burguesa, precisa ser submetida a uma operação específica que a<br />

dissocia de seus elementos. Os elementos chegam, de certa forma, isolados no<br />

mercado" (Brecht,1931). Prokop comenta que isso não se aplica apenas às<br />

obras de arte mas a qualquer obra que faça parte do universo televisivo.<br />

De acordo com Brecht, as obras feitas segundo as próprias leis, "são<br />

divididas, desmontadas em seus elementos aproveitáveis: essa desmontagem<br />

das obras de arte pode ocorrer, em primeiro lugar, segundo as mesmas leis do<br />

mercado que as dos carros que se tornaram inutilizáveis, com os quais já não<br />

se pode andar e que então são desmontados em suas unidades menores<br />

(metais, assentos de couro, lâmpadas etc.) e assim se vendem " (Brecht, 1931).<br />

Apesar desse "processo industrial" de criação de bens culturais de<br />

consumo para as massas, não há nenhuma garantia de que essa colcha de<br />

retalhos, que reúne peças de "sucesso garantido", retorne com o êxito<br />

esperado. A fórmula do sucesso público é e será sempre uma incógnita para<br />

todos os programadores de comunicação.<br />

2.2. A Informação<br />

Nos media em geral, mas com maior destaque na televisão, a<br />

informação ganha um caráter de "obscenidade". É o êxtase de tudo devassar, a<br />

ânsia de tornar demasiado visível e transparente, de eliminar qualquer regra<br />

restritiva de princípios.<br />

Paul Virilio faz uma interessante comparação entre o processo de<br />

iluminação da cidade de Paris e o desenvolvimento simultâneo do próprio<br />

Iluminismo, que não só etimologicamente é a ela próximo, bem como revela um<br />

novo tipo de espírito que se instalou na França a partir da Revolução Francesa<br />

e de seu caráter, em certos aspectos, bárbaro. As Luzes significaram para ele o<br />

terror da devassidão. A investigação policial (violação de correspondência na<br />

revolução) pretendia "esclarecer" o espaço privado como havia-se<br />

anteriormente iluminado o teatro, as ruas, as avenidas, o espaço público (Virilio,<br />

1988,p.78).<br />

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