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2013 1º Vol Morfologia e função Fasc I.pdf - Biblioteca Digital do IPB ...

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34 Escola Superior Agrária de Bragança -­‐ Botânica para Ciências Agrárias e <strong>do</strong> Ambiente<br />

As características genéticas de cada indivíduo são fixadas durante a fecundação, consequentemente, não são<br />

influenciadas pelo ambiente (embora a sua expressão o possa ser). Consequentemente, nem todas as diferenças<br />

observáveis na forma e na <strong>função</strong> entre os indivíduos de uma mesma espécie têm um controlo ambiental. A<br />

variabilidade genética intraespecífica é a matéria-­‐prima da evolução sobre a qual atua a seleção natural (vd. A<br />

síntese evolucionária moderna [vol. II]).<br />

As relações entre os mecanismos de regulação génica, os mecanismos fisiológicos e a variação morfológica<br />

intraespecífica (= plasticidade intraespecífica) estão para além <strong>do</strong>s objectivos deste <strong>do</strong>cumento.<br />

Adaptação e aclimatação<br />

Uma adaptação é uma característica morfológica ou fisiológica, geneticamente transmissível, favorecida por<br />

seleção natural. De acor<strong>do</strong> com o modelo de evolução por seleção natural originalmente postula<strong>do</strong> por Darwin, as<br />

características adaptativas primeiro surgem por acaso e só posteriormente a sua frequência é incrementada por<br />

seleção (vd. A síntese evolucionária moderna [vol. II]). O corpo vegetativo de um cacto xeromórfico (adapta<strong>do</strong> a<br />

climas de grande secura) envolveu a acumulação e a concatenação de um grande número de “acasos felizes”, i.e. de<br />

adaptações. Os raciocínios adaptativos simplistas <strong>do</strong> tipo “as plantas têm espinhos para se defenderem <strong>do</strong>s animais<br />

herbívoros” envolvem grandes riscos porque se sustentam em evidências circunstanciais potencialmente mal<br />

interpretadas (vd. Prólogo). A identificação de adaptações, i.e. a demonstração das vantagens adaptativas de<br />

caracteres, é complexa e morosa.<br />

O conceito de aclimatação é aplica<strong>do</strong> às modificações verificadas no corpo <strong>do</strong>s seres vivos em resposta a<br />

alterações <strong>do</strong> habitat, geralmente envolven<strong>do</strong> variáveis climáticas ou de solo. A adaptação é um processo<br />

genericamente lento, dirigi<strong>do</strong> pela seleção natural, acompanha<strong>do</strong> de alterações genéticas qualitativas e<br />

quantitativas sexualmente transmissíveis. A aclimatação, pelo contrário, não acarreta alterações genéticas mas tão-­‐<br />

somente modificações fenotípicas, na morfologia e/ou na fisiologia da planta: é uma consequência direta da<br />

plasticidade fenotípica. A colocação ao ar livre de plantas propagadas em estufa para melhor suportarem condições<br />

climáticas mais extremas é um exemplo prático de aclimatação. Recentemente, foi prova<strong>do</strong> que alguns tipos de<br />

aclimatação são, pelo menos em parte, sexualmente transmissíveis. Os descendentes de plantas aclimatadas a<br />

determinadas condições ambientais – e.g. solos secos ou pobre de nutrientes – frequentemente crescem mais, e<br />

reproduzem-­‐se com mais sucesso, nestas condições <strong>do</strong> que os descendentes de indivíduos não aclimata<strong>do</strong>s. A<br />

transmissão de caracteres adquiri<strong>do</strong>s por aclimatação está relacionada com modificações ao nível da repressão e<br />

expressão génica (e.g. metilação de genes), ainda não totalmente compreendidas. O estu<strong>do</strong> da transmissão de<br />

caracteres sem alterações <strong>do</strong> código genético – a epigenética – é uma área recente, de ponta e em franco progresso<br />

da biologia evolutiva (vd. Síntese evolucionária estendida [vol. II]).<br />

Espinhos<br />

4. Sistema vegetativo das plantas-­‐com-­‐semente<br />

4.1. Aspectos morfológicos comuns a to<strong>do</strong> o corpo vegetativo<br />

No corpo vegetativo das plantas é frequente a presença de vários tipos de estruturas aguçadas, geralmente, com<br />

a <strong>função</strong> de dissuadir a herbivoria e/ou de fincar as plantas a suportes. Reserva-­‐se o termo espinho para as<br />

estruturas pontiagudas, rijas e difíceis de destacar, providas de feixes vasculares, resultantes da modificação total ou<br />

parcial de ramos, folhas, estípulas ou gomos. Os acúleos, como mais adiante de esclarece, são emergências.<br />

A posição <strong>do</strong>s espinhos no cormo permite, muitas vezes, identificar o órgão que lhes deu origem (Figura 11). Os<br />

espinhos de origem caulinar situam-­‐se na axila de uma folha ou da sua cicatriz; e.g. espinhos de Echinospartum<br />

ibericum (Fabaceae) «cal<strong>do</strong>neira», Ulex (Fabaceae) «tojos» e Olea europaea var. sylvestris (Oleaceae) «zambujeiro».<br />

A superfície destes espinhos podem apresentar folhas mais ou menos modificadas ou as suas cicatrizes . Os espinhos<br />

de origem foliar por regra axilam uma gema ou um caule com origem numa gema axilar; e.g. espinhos de Cactaceae

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