14.06.2013 Views

Mestrado em Direito O ESTATUTO JURÍDICO DO EMBRIÃO ...

Mestrado em Direito O ESTATUTO JURÍDICO DO EMBRIÃO ...

Mestrado em Direito O ESTATUTO JURÍDICO DO EMBRIÃO ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

É cediço que o <strong>Direito</strong> não t<strong>em</strong> como fornecer respostas a todas as questões colocadas<br />

pelos avanços biotecnológicos, s<strong>em</strong> passar por campos mais específicos, como o da Biologia,<br />

da Medicina e da Bioética, <strong>em</strong> busca de conhecimento e de fundamentação para que as suas<br />

intervenções não represent<strong>em</strong> um freio absoluto à liberdade de expressão da atividade<br />

científica, reconhecida de forma per<strong>em</strong>ptória no artigo 5º da CRFB/88, mas, sim, limitações<br />

necessárias à proteção da vida humana, <strong>em</strong> todos os seus estágios de desenvolvimento.<br />

Sabe-se que a ciência é um processo, e que como tal é algo mutável, incompleto e<br />

inacabado. Não existe um conceito de ciência, como se pudesse partir de algo evidente e<br />

inquestionável, para também chegar a algo evidente e inquestionável, mas fazer ciência<br />

depende da nossa concepção da realidade, de um conjunto de atitudes e atividades racionais,<br />

que dev<strong>em</strong> ser submetidas a constantes revisões e reavaliações 10 .<br />

Neste sentido, a limitação às pesquisas científicas não deve ficar reduzida à<br />

consciência pessoal de cada cientista 11 , tampouco adstrita à determinada área do saber, visto<br />

que o assunto não se esgota <strong>em</strong> um único sist<strong>em</strong>a, cabendo ao <strong>Direito</strong>, com o auxílio da<br />

Biologia, a missão de estabelecer freios aos abusos decorrentes dos avanços biotecnológicos,<br />

principalmente aqueles que envolvam a vida humana.<br />

Neste sentido, FONTELES 12 afirma que “Nós t<strong>em</strong>os o princípio fundamental da<br />

dignidade da pessoa humana. Para fazer valer esse princípio, v<strong>em</strong> outro, que é a<br />

inviolabilidade da vida. Isso necessariamente r<strong>em</strong>ete o Judiciário a definir a vida. Aí ele não<br />

se basta. Precisa se socorrer de um diálogo multidisciplinar com outras ciências, como a<br />

medicina, a biologia, a genética”.<br />

Assim é que o mínimo ético a ser traçado pelo <strong>Direito</strong>, não pode abster-se do<br />

conhecimento necessário da Biologia e da Medicina, tampouco da realidade dos fatos,<br />

sobretudo, das práticas e possibilidades propiciadas pelos avanços biotecnológicos,<br />

ponderando esta realidade à eleição de valores, que a sociedade <strong>em</strong> determinado momento<br />

histórico, entende relevante e por isso anseia por proteção 13 .<br />

Dessa maneira, entende-se que um balanço consciente das questões inerentes aos<br />

t<strong>em</strong>pos cont<strong>em</strong>porâneos permitirá e favorecerá a ampliação dos horizontes de reflexão e de<br />

10<br />

BARBOZA, Heloisa Helena; MEIRELLES, Jussara M.L; BARRETO, Vicente de Paulo. Novos T<strong>em</strong>as de<br />

biodireito e bioética, Rio de Janeiro, Editora Renovar, 2003,p.145<br />

11<br />

CHUT, Marcos André. Tutela Jurídica do Genoma Humano e a Teoria do Mínimo Ético, Rio de Janeiro,<br />

Editora Juris Poesis,2007, p.88.<br />

12<br />

FONTELES, Cláudio. http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u378758.shtml, acessado <strong>em</strong><br />

06/03/2008.<br />

13 CHUT, op.cit., p.88.<br />

15

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!