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Arte, Artistas e Arteiros - MultiRio

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socialmente, ocasionando, frequentemente,<br />

um desnível de prestígio e de poder entre<br />

o trabalho manual e o trabalho intelectual.<br />

É importante lembrar que as produções artísticas<br />

artesanais mostram a sabedoria popular<br />

em vários campos do conhecimento.<br />

O conhecimento das numerosas matérias-<br />

-primas utilizadas: barro, madeira, palmeiras,<br />

cipós, fibras e outras. O conhecimento<br />

do local onde essas matérias podem ser<br />

encontradas, da forma correta de coletá-las<br />

e prepará-las para serem trabalhadas. O conhecimento<br />

sobre tinturas, vernizes e colas<br />

para dar terminalidade ao trabalho. O conhecimento<br />

sobre os elementos decorativos,<br />

sua adequação e organização espacial.<br />

A soma desses e tantos outros conhecimentos<br />

presentes no artesanato evidenciam<br />

que ação e pensamento seguem juntos no<br />

caminho da criação, valorizando a obra e o<br />

artista popular.<br />

Caminhamos para um redirecionamento no<br />

uso dessas categorias, pois, na verdade, o<br />

fazer e o saber não são realidades distantes<br />

e distintas entre si nem devem ser transformados<br />

em instrumento de discriminação,<br />

criando hierarquização entre objetos e pessoas.<br />

Eles se complementam na construção<br />

artística e em seus conteúdos simbólicos,<br />

não produzindo arte popular nem arte erudita,<br />

mas, simplesmente, arte.<br />

Afirmemos, sem discutir por enquanto,<br />

que todo artista tem de ser ao mesmo<br />

tempo artesão. Isso parece incontestável<br />

e, na realidade, se perscrutamos a<br />

existência de qualquer grande pintor,<br />

escultor, desenhista ou músico, encontramos,<br />

por detrás do artista, o artesão.<br />

Mário de Andrade<br />

A parte de cada um<br />

Não é possível o desenvolvimento de<br />

uma cultura sem o desenvolvimento<br />

de suas formas artísticas.<br />

Ana Mae Barbosa<br />

Através dos tempos, muitos músicos, cantores,<br />

bailarinos, poetas, escritores, pintores,<br />

atores e escultores desenvolvem seus talentos<br />

apenas por amor e paixão, de modo informal.<br />

Já se identificaram com alguma linguagem<br />

da arte, percebendo seu próprio potencial<br />

criativo, mas, por algum motivo, não se inseriram<br />

profissionalmente no meio artístico.<br />

Na verdade, todos nós fazemos arte ou nos<br />

relacionamos com os outros através dela. Temos<br />

a capacidade inata para apreciar o sentido<br />

estético e a poética da vida, mas precisamos<br />

vivenciar a experiência da criação.<br />

Como nos tornamos artistas?<br />

Ao direcionarmos nossa capacidade criativa<br />

para o campo das linguagens da arte, assumimos<br />

também as responsabilidades que<br />

a profissionalização em qualquer área exige.<br />

Além de respeito às regras, ao estudo e ao<br />

trabalho, o comprometimento com essa atividade<br />

requer dedicação, e não só prazer.<br />

Desse modo, podemos até nos considerar<br />

artistas, mas o reconhecimento público envolve<br />

muitos outros fatores.<br />

Convém lembrar que, em muitas civilizações,<br />

a arte foi construída por artistas anônimos.<br />

E, muitas vezes, eles não eram aceitos na<br />

sociedade intelectual, porque trabalhavam<br />

com as próprias mãos para viver, sendo por<br />

Quem tem arte reparte<br />

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