Arte, Artistas e Arteiros - MultiRio
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Quem tem arte reparte<br />
146<br />
A artista autodidata afirmava: “Eu é que sou<br />
ingênua, não a minha pintura”. A arte intuitiva<br />
da paulista Djanira é uma crônica da vida<br />
brasileira na qual cenas simples revelam aspectos<br />
comuns do trabalho e da vida diária<br />
do povo.<br />
As emoções têm história. Há uma<br />
sociologia das emoções. Há qualquer<br />
coisa nos quadros de Djanira que<br />
ensina ao sociólogo brasileiro.<br />
Guerreiro Ramos<br />
Mantendo vínculos com o passado, no interior<br />
de São Paulo, a artista pintou o país de<br />
Norte a Sul, sua gente, seus costumes, sua<br />
terra, sua luz.<br />
190 . Djanira. Costureira, 1951.<br />
A pintura era para Djanira um modo natural de<br />
se relacionar com a vida. Sua obra reflete essa<br />
espontaneidade em vários aspectos: na procura<br />
da pureza das cores e na relação entre elas,<br />
na ousadia das combinações vibrantes, nos ritmos<br />
que as linhas construíam com a cor, criando<br />
formas simplificadas nas superfícies planas.<br />
Djanira não mantinha com a<br />
linguagem da pintura uma relação<br />
questionadora e crítica. (...) A sua<br />
história é outra, o seu mundo<br />
cultural é outro: a relação com<br />
o mundo é simples, ingênua.<br />
É nessa simplicidade e nessa<br />
ingenuidade que está a sua força,<br />
porque é a expressão natural<br />
de sua personalidade.<br />
Ferreira Gullar<br />
Os artistas autodidatas reinventaram a memória<br />
iconográfica brasileira esquecida nas periferias<br />
das cidades e nos interiores do país.<br />
É também evidente a incorporação desses<br />
elementos culturais na obra de artistas dos<br />
grandes centros urbanos, tais como Glauco<br />
Rodrigues, Aldemir Martins, Rubem Valentim.<br />
191 . Aldemir Martins. Bumba Meu Boi, 1992.<br />
192 . Glauco Rodrigues. O Estado da Guanabara, 1960-1970.