Arte, Artistas e Arteiros - MultiRio
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Tecendo e participando da festa<br />
150<br />
O repertório de lembranças de infância de<br />
Louise constituiu a própria matéria-prima de<br />
seu trabalho. Desde pequena, ela conviveu<br />
com as tecelãs, em meio a rocas, novelos<br />
e agulhas no ateliê de restauração de tapetes<br />
de seus pais. Esses materiais aparecem<br />
constantemente em seus trabalhos, principalmente<br />
as agulhas, que, para ela, significavam<br />
a costura e a união com seus afetos.<br />
A artista desenvolveu uma série de aranhas<br />
escultóricas na década de 1990, nas quais as<br />
agulhas aparecem representadas nas patas<br />
do animal.<br />
196 . Louise Bourgeois. Maman, 1999.<br />
Em um gesto simbólico, ela homenageou<br />
sua mãe, intitulando essas obras de Maman.<br />
Minha melhor amiga era minha mãe.<br />
Ela era reflexiva, inteligente, paciente,<br />
apaixonada, razoável, delicada,<br />
refinada, indispensável, ordenada e<br />
útil, como uma aranha.<br />
louise Bourgeois<br />
Na mitologia grega, Aracne personifica uma<br />
inigualável tecelã que, com tênues fios,<br />
constrói sua enorme teia pelo infinito, tramando<br />
vidas e fiando destinos.<br />
Esse tema mitológico inspirou o espanhol<br />
Diego Velázquez na construção de sua obra<br />
As Fiandeiras, também conhecida como Fábula<br />
de Aracne. A pintura atesta o domínio,<br />
pelo artista, do espaço e da perspectiva. É<br />
uma tela que apresenta o trabalho artesanal<br />
das fiandeiras, com ritmo e vida, na qual<br />
a maestria de Velázquez se vale das cores<br />
para conferir uma surpreendente luminosidade<br />
à cena.<br />
197 . Diego Velázquez. As Fiandeiras, 1657.<br />
Quem sabe se do mito de Aracne nasceu o<br />
homem artesão que, desde os tempos primitivos,<br />
entrelaça fios?<br />
A inspiração do ser humano para tecer, certamente,<br />
veio da observação das tramas<br />
construídas pelos animais na natureza. São<br />
infinitas as possibilidades de criação por<br />
meio da tecelagem manual, usando fios e<br />
urdiduras diversos.<br />
DIEGO VELÁZQUEZ<br />
(Sevilha, 1599 – Madri, 1660)<br />
Pintor espanhol, membro da corte de Filipe IV, chegou em suas maiores pinturas a um efeito de realidade singular.<br />
Influenciado pelo Naturalismo de Caravaggio, foi absolutamente fiel à impressão visual e subordinou regras de<br />
composição e perspectiva clássicas a um sentido absoluto de verdade. Ele não nos ilude: deixa a tinta e as pinceladas<br />
bem nítidas na superfície da tela, da qual devemos nos afastar para obter uma impressão geral – a sensação é a de<br />
que quase podemos tocar os objetos.<br />
198 . Página à direita: Louise Bourgeois. Maman, 1999 (detalhe).