19.06.2013 Views

entreatos de uma vida não fascista - Grupo de Estudos em ...

entreatos de uma vida não fascista - Grupo de Estudos em ...

entreatos de uma vida não fascista - Grupo de Estudos em ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

1. TIRO AO ALVO: ESPECTROS, DECALQUES, NACOS DE<br />

PATRÍCIA GALVÃO REVISITADOS<br />

Há <strong>uma</strong> discussão instigante e alentada sobre a formatação <strong>de</strong> sujeitos rígidos a partir<br />

das matrizes <strong>de</strong> pertencimento ao imperativo binário <strong>de</strong> gênero. Parte do <strong>de</strong>bate que marca<br />

esses diálogos propõe probl<strong>em</strong>atizações às suas políticas <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> e seus domínios <strong>de</strong><br />

capturas dos corpos. Judith Butler (1999, p. 155) argumenta que o sexo, por ser um construto<br />

i<strong>de</strong>al forçosamente materializado através do t<strong>em</strong>po se torna <strong>uma</strong> das normas pelas quais o<br />

―alguém‖ simplesmente se torna viável, é aquilo que qualifica um corpo para a <strong>vida</strong> no<br />

interior do domínio da inteligibilida<strong>de</strong> cultural.<br />

Segundo Michel Foucault as práticas e tecnologias cristãs tomavam o corpo como<br />

superfície para pecados e suplícios, aplicando interdições e vigilâncias quanto ao assunto<br />

sexo. Só a partir do século XVIII ―nasce <strong>uma</strong> incitação política, econômica, técnica, a falar do<br />

sexo‖. (FOUCAULT, 2010, p. 30). É nessas condições <strong>de</strong> existências que se dará a produção<br />

da sexualida<strong>de</strong>, suas táticas e estratégias.<br />

No entanto, é preciso observar a seguinte re<strong>de</strong> <strong>de</strong> relações:<br />

Não se <strong>de</strong>ve concebê-la como <strong>uma</strong> espécie <strong>de</strong> dado da natureza que o po<strong>de</strong>r tentaria<br />

domar, ou mesmo <strong>de</strong> um campo obscuro que o saber tentaria, pouco a pouco,<br />

<strong>de</strong>svelar. É o nome que se po<strong>de</strong> dar a um dispositivo histórico: <strong>não</strong> a realida<strong>de</strong><br />

subjacente sobre a qual se exerceriam difíceis controles, mas <strong>uma</strong> gran<strong>de</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

superfície on<strong>de</strong> a estimulação dos corpos, a intensificação dos prazeres, a incitação<br />

ao discurso, a formação <strong>de</strong> conhecimentos, o reforço dos controles e das resistências<br />

se imbricariam uns aos outros, segundo alg<strong>uma</strong>s gran<strong>de</strong>s estratégias <strong>de</strong> saber e<br />

po<strong>de</strong>r. (FOUCAULT, 2010, p. 116)<br />

O funcionamento <strong>de</strong>sse dispositivo da sexualida<strong>de</strong> imprime expectativas, normas e<br />

condutas convertidas <strong>em</strong> formações <strong>de</strong> saberes <strong>de</strong> viés positivo. Desse modo a ―política geral<br />

<strong>de</strong> verda<strong>de</strong>‖ 11 produz ressonâncias sobre Patrícia Galvão sustentadas por um dístico saber-<br />

po<strong>de</strong>r <strong>em</strong> seus <strong>de</strong>sdobramentos misóginos, móveis e polimorfos.<br />

específicos <strong>de</strong><br />

Na galeria dos quatro gran<strong>de</strong>s conjuntos estratégicos que <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong> dispositivos<br />

11 Michel Foucault ao enten<strong>de</strong>r como verda<strong>de</strong>: ―um conjunto <strong>de</strong> procedimentos regrados para a produção, a lei, a<br />

repartição, a circulação e o funcionamento dos enunciados‖ (FOUCAULT, 2006c, p. 14) observa como se dá<br />

a distribuição e regulação <strong>de</strong>sses enunciados, manifestados através dos discursos científicos: ―Cada socieda<strong>de</strong><br />

t<strong>em</strong> seu regime <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>, sua ‗política geral‘ <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>: isto é, os tipos <strong>de</strong> discurso que ela acolhe e faz<br />

funcionar como verda<strong>de</strong>iros; os mecanismos e as instâncias que permit<strong>em</strong> distinguir os enunciados<br />

verda<strong>de</strong>iros dos falsos, a maneira como se sanciona uns e outros; as técnicas e os procedimentos que são<br />

valorizados para a obtenção da verda<strong>de</strong>; o estatuto daqueles que têm o encargo <strong>de</strong> dizer o que funciona como<br />

verda<strong>de</strong>iro‖. (FOUCAULT, 2006c, p. 12).<br />

18

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!