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entreatos de uma vida não fascista - Grupo de Estudos em ...

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interpretação assentada na rigi<strong>de</strong>z e na distância <strong>de</strong> referências ao universo histórico vivido<br />

pela artista. Recolocada nesse registro <strong>de</strong> produção seriada, Patrícia Galvão é consumida<br />

pelxs telespectadorxs <strong>de</strong> diferentes faixas etárias como a ninfeta que <strong>de</strong>sata o enlace mais<br />

pródigo do Mo<strong>de</strong>rnismo. Ao articular sentidos sobre <strong>uma</strong> parte específica da história do Brasil<br />

e ativar mecanismos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação-projeção no público, Um só Coração produz<br />

implicações políticas exteriores ao universo da ficção.<br />

Para Esther Hamburger (2005, p. 160) a <strong>em</strong>ergência <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rosos conglomerados <strong>de</strong><br />

mídia ou re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> televisão torna-se el<strong>em</strong>ento significativo na configuração <strong>de</strong> forças, i<strong>de</strong>ias e<br />

estéticas <strong>em</strong> imaginários que já foram regidos por ditaduras Nesse percurso a relação traçada<br />

pela autora entre o gênero novela e os mecanismos da or<strong>de</strong>m do fazer e assistir ilustra como<br />

essas vias <strong>de</strong> integração social engendradas pela televisão re<strong>de</strong>fin<strong>em</strong> a realida<strong>de</strong>.<br />

Sobre a dinâmica interativa <strong>de</strong>sigual <strong>de</strong> recepção <strong>de</strong> novelas que capta e expressa os<br />

mecanismos distorcidos <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> significados no Brasil cont<strong>em</strong>porâneo, a autora<br />

refuta a tese dicotômica <strong>de</strong> que esse produto da indústria cultural produza essencialmente<br />

sujeitos passivos ou sujeitos resistentes. Além <strong>de</strong>ssas reflexões Esther Hamburger chama a<br />

atenção para a formatação <strong>de</strong> configurações inesperadas por parte dos cidadãos consumidores.<br />

Retomando a questão <strong>de</strong> constituição das novelas como combinação <strong>de</strong> notícia e<br />

ficção a autora atenta para o universo verossímil construído a partir <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas regras,<br />

que se vale da interação com os espectadores para configurar verda<strong>de</strong>s:<br />

Em sua tentativa <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> incluídos no mundo ―real‖ do glamour e do espetáculo, os<br />

telespectadores lançam mão <strong>de</strong> <strong>uma</strong> varieda<strong>de</strong> heterodoxa <strong>de</strong> repertórios que a<br />

televisão, <strong>de</strong>ntre outras fontes <strong>de</strong> informação, torna acessível. Os telespectadores se<br />

apropriam do repertório da novela, reconhecido como comum aos brasileiros, para<br />

se posicionar, <strong>em</strong> termos publicamente reconhecíveis, sobre questões na maioria das<br />

vezes, mas <strong>não</strong> só, afetas a mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> comportamento <strong>em</strong> âmbito privado.<br />

(HAMBURGER, 2005, p. 168)<br />

Entre a prática <strong>de</strong> releitura midiática da história, mais especificamente da<br />

personag<strong>em</strong> Pagu, <strong>em</strong>preendida pela minissérie e a assimilação das representações da trama<br />

como verda<strong>de</strong>ira pelo público-telespectador, fica evi<strong>de</strong>nte o funcionamento dos estereótipos<br />

na diluição das informações históricas.<br />

Ainda com o intuito <strong>de</strong> pensar <strong>de</strong> modo mais abrangente a questão da narrativa<br />

seriada histórica na televisão, Adayr Tesche (2006, p. 2) traz probl<strong>em</strong>atizações pertinentes a<br />

essa pesquisa, pois realça a importância das escolhas estéticas, discursivas, técnicas feitas na<br />

montag<strong>em</strong> e os efeitos <strong>de</strong>ssas na produção/recepção do produto final. Segundo o autor, essas<br />

escolhas têm um impacto sobre o que está sendo enfatizado ou questionado na narrativa, sobre<br />

as diferentes reações dos participantes, sobre as explicações porque os eventos aconteceram e<br />

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