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entreatos de uma vida não fascista - Grupo de Estudos em ...

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Selma Sarti, que encontra no bairro do Butantã <strong>uma</strong> sacola com vários pertences <strong>de</strong> Pagu.<br />

O enredo do romance apresenta Patrícia Galvão sob o olhar da narradora-catadora<br />

que, aqui, se chama Telma Marti e r<strong>em</strong>onta a biografia da artista com zelo e rigor. Uma<br />

amostra <strong>de</strong>sse mosaico <strong>de</strong> histórias <strong>de</strong>monstra o comprometimento da autora:<br />

Quando era pequena, na família era chamada <strong>de</strong> Zazá. Ela <strong>não</strong> gostava. Depois virou<br />

Pat ou Patrícia. Nunca ouviu falar <strong>de</strong>la? Pois é, eu também nunca tinha ouvido falar.<br />

Ela <strong>não</strong> aparece <strong>em</strong> nenhum livro <strong>de</strong> História do Brasil. Mas que <strong>de</strong>via, <strong>de</strong>via.<br />

Parece que o esquecimento é o <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> muitas mulheres, no Brasil e no mundo.<br />

Ainda estou besta, ainda estou pra <strong>de</strong>scobrir o porquê.<br />

A Pagu foi muitas coisas: escritora, jornalista, poeta, <strong>de</strong>senhista, tradutora, diretora<br />

<strong>de</strong> teatro. Militante revolucionária. Uma baita militante. Casou, teve um filho, viajou<br />

pelo mundo, <strong>de</strong>scasou, ficou presa muito t<strong>em</strong>po, casou <strong>de</strong> novo, teve outro filho.<br />

(ZATZ, 2005, p. 15)<br />

Pr<strong>em</strong>iado na categoria ―Biografia‖, do Concurso do Programa <strong>de</strong> Ação Cultural<br />

(PAC), da Secretaria <strong>de</strong> Cultura do Estado <strong>de</strong> São Paulo <strong>em</strong> 2006, Dos Escombros <strong>de</strong> Pagu<br />

(2008), livro <strong>de</strong> Tereza Freire é resultado <strong>de</strong> sua tese <strong>de</strong> mestrado. A obra <strong>de</strong> viés acadêmico<br />

foi transformada <strong>em</strong> <strong>uma</strong> peça e entregue para o diretor teatral Roberto Lage. O monólogo<br />

adaptado para o teatro pela própria autora a partir <strong>de</strong> seu livro homônimo, contou também<br />

com a participação da atriz Renata Zhaneta que interpreta <strong>uma</strong> Pagu aos 52 anos, que retorna<br />

para dialogar, e revolver sua m<strong>em</strong>orabília a <strong>uma</strong> platéia cont<strong>em</strong>porânea. Essa relação entre a<br />

personag<strong>em</strong> Pagu e o público permite que a recepção mediada pelo tom íntimo construa e<br />

apresente <strong>uma</strong> mulher que se sobreponha aos clichês.<br />

No Dicionário crítico <strong>de</strong> escritoras brasileiras <strong>de</strong> Nelly Novaes Coelho o verbete<br />

<strong>de</strong>dicado à Patrícia Galvão faz menção às varias ati<strong>vida</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhadas pela artista:<br />

―Romancista, jornalista, ardorosa militante f<strong>em</strong>inista e política, figura atuante nos<br />

movimentos <strong>de</strong> vanguarda dos anos 1930 e 1940‖ (COELHO, 2002, p. 539).<br />

A participação <strong>de</strong> Patrícia Galvão juntamente com Geraldo Ferraz no Supl<strong>em</strong>ento<br />

Literário do Diário <strong>de</strong> São Paulo i<strong>de</strong>alizado e financiado pelo <strong>em</strong>presário Assis<br />

Chateaubriand, nos anos 1940 é analisada pela socióloga Juliana Neves (2005). Aqui, o<br />

mapeamento da cena cultural <strong>de</strong> São Paulo, materializada na atuação conjunta do casal,<br />

através dos editoriais, crônicas, artigos, antologias <strong>de</strong> literatura estrangeira proporciona além<br />

da discussão, a visibilização <strong>de</strong> outro registro <strong>de</strong> produção da artista, agora no campo do<br />

jornalismo cultural.<br />

A letra ―Pagu‖, das cantoras Rita Lee e Zélia Duncan, exaustivamente tocada <strong>em</strong><br />

rádios, e, <strong>em</strong> canais <strong>de</strong> música como Multishow e Mtv à época <strong>de</strong> seu lançamento também<br />

inaugura novas sondagens e representação atreladas a matrizes <strong>de</strong> sentidos que a recolocam<br />

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