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entreatos de uma vida não fascista - Grupo de Estudos em ...

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1.2 Frequências e transmissões: closes e enquadramentos <strong>de</strong> Pagu<br />

Partindo do pressuposto <strong>de</strong> que a socieda<strong>de</strong> e cultura são terrenos <strong>de</strong> disputa e <strong>de</strong> que<br />

as produções culturais nasc<strong>em</strong> e produz<strong>em</strong> efeitos <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminados contextos, Douglas<br />

Kellner (2001, p. 13) enfatiza a importância da análise da cultura da mídia <strong>em</strong> sua matriz <strong>de</strong><br />

produção e recepção, na ajuda à elucidação <strong>de</strong> suas produções e seus possíveis efeitos e usos,<br />

b<strong>em</strong> como os contornos e as tendências <strong>de</strong>ntro do contexto sociopolítico mais amplo. Sob<br />

esse aspecto, nessa pesquisa também são analisadas séries audiovisuais e levantadas suas<br />

matrizes <strong>de</strong> inteligibilida<strong>de</strong> sobre a representação e o <strong>de</strong>sdobrar artístico e militante <strong>de</strong><br />

Patrícia Galvão.<br />

Os sentidos materializados nesses agenciamentos discursivos formatam<br />

representações e confer<strong>em</strong> significados às realida<strong>de</strong>s. Com efeito, as reflexões <strong>de</strong> Roger<br />

Chartier sobre a constituição, funcionamento e operações que tornam a realida<strong>de</strong> social<br />

inteligível, oferec<strong>em</strong> um olhar meticuloso às lutas <strong>de</strong> representações, suas escolhas, exclusões<br />

e autorida<strong>de</strong>:<br />

A probl<strong>em</strong>ática do ―mundo como representação‖, moldado através das séries <strong>de</strong><br />

discursos que o apreen<strong>de</strong>m e o estruturam, conduz obrigatoriamente a <strong>uma</strong> reflexão<br />

sobre o modo como <strong>uma</strong> figuração <strong>de</strong>sse tipo po<strong>de</strong> ser apropriada pelos leitores dos<br />

textos (ou das imagens) que dão a ver e a pensar o real (CHARTIER, 2002, p. 21-2)<br />

Ao discutir o tripé conceitual: representação, prática e apropriação, Chartier alerta<br />

que as configurações e estruturas do social são historicamente produzidas por práticas<br />

políticas, sociais e discursivas articuladas 12 que dão significado ao mundo. A partir da análise<br />

das regras que mediaram a produção do mito Pagu, faz-se estratégico a retomada do conceito<br />

do autor (CHARTIER, 2002, p. 27-8) <strong>de</strong> práticas discursivas: como produtoras <strong>de</strong><br />

or<strong>de</strong>namento, <strong>de</strong> afirmação <strong>de</strong> distâncias, <strong>de</strong> divisões.<br />

A minissérie, produção da teledramaturgia global, Um só coração (2004), produziu<br />

matrizes <strong>de</strong> sentido que insistiam na produção <strong>de</strong> atributos: <strong>de</strong>vassa, ninfeta, mãe ruim para<br />

apresentar a artista. O marco cronológico da minissérie, dirigida por Maria A<strong>de</strong>lai<strong>de</strong> Amaral e<br />

Alci<strong>de</strong>s Nogueira, com<strong>em</strong>orativo aos 450 anos <strong>de</strong> São Paulo, vai <strong>de</strong> 1922 a 1954 e cont<strong>em</strong>pla<br />

12 Encontra-se aqui as probl<strong>em</strong>atizações do autor à <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> história cultural: ―Por um lado, é preciso pensála<br />

como a análise do trabalho <strong>de</strong> representação, isto é, das classificações e das exclusões que constitu<strong>em</strong>, na<br />

sua diferença radical, as configurações sociais e conceptuais próprias <strong>de</strong> um t<strong>em</strong>po ou <strong>de</strong> um espaço. (...) São<br />

estas <strong>de</strong>marcações, e os esqu<strong>em</strong>as que as mo<strong>de</strong>lam, que constitu<strong>em</strong> o objecto <strong>de</strong> <strong>uma</strong> história cultural levada a<br />

repensar completamente a relação tradicionalmente postulada entre o social, i<strong>de</strong>ntificado com um real b<strong>em</strong><br />

real, existindo por si próprio, e as representações, supostas como reflectindo-o ou <strong>de</strong>le se <strong>de</strong>sviando‖.<br />

(CHARTIER, 2002, p. 27)<br />

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