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entreatos de uma vida não fascista - Grupo de Estudos em ...

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1.3 Por on<strong>de</strong> andará Pagu: a historiografia literária que silencia e esquece<br />

As séries discursivas que penetram no universo da educação e continuam formando<br />

leitorxs envoltos pela perspectiva canônica <strong>de</strong> segregar e relegar à <strong>de</strong>turpação, ao<br />

esquecimento, o que é dissonante, marginal interfer<strong>em</strong> no conhecimento/ apreensão <strong>de</strong><br />

Patrícia Galvão. Mediante o mapeamento <strong>em</strong>preendido sobre a historiografia literária nacional<br />

no que concerne ao Mo<strong>de</strong>rnismo e Antropofagia, os resultados revelaram as ancoragens<br />

canônicas <strong>de</strong>ssas narrativas sobre a artista que a partir ora da exposição, ora do silenciamento<br />

formatam suas estratégias que controlam tanto os sentidos como as verda<strong>de</strong>s consumidas.<br />

Esses livros, ainda baluartes <strong>de</strong> <strong>em</strong>entas acadêmicas, são acessados por futurxs<br />

professorxs que replicam e retomam ensinamentos unívocos e monolíticos — legitimados<br />

pelo campo literário —, <strong>em</strong> salas <strong>de</strong> aula. Essas produções também são acessadas por alunxs<br />

nas prateleiras <strong>de</strong> bibliotecas, <strong>em</strong> momentos <strong>de</strong> pesquisas e trabalhos sobre fases/períodos da<br />

literatura brasileira. Na esteira <strong>de</strong>sses arranjos pedagógicos, do imaginário escolar, minhas<br />

r<strong>em</strong>iniscências sobre a artista acenam a imag<strong>em</strong> da moça mo<strong>de</strong>rnista que pela sensualida<strong>de</strong>,<br />

charme, atrevimento, conquista e retira Oswald do espaço <strong>de</strong> conjugalida<strong>de</strong> que mantinha<br />

com a pintora do quadro ―Abaporu‖.<br />

A produção <strong>de</strong> sentidos opera na interface dos três t<strong>em</strong>pos históricos: entre a<br />

construção social dos conteúdos culturais do t<strong>em</strong>po longo, as linguagens sociais que<br />

apren<strong>de</strong>mos no t<strong>em</strong>po vivido e os processos dialógicos do t<strong>em</strong>po curto, conforme a distinção<br />

<strong>de</strong> Mary Jane Spink e Benedito Medrado (2000, p. 57). Nesse sentido, esses estereótipos e<br />

esquecimentos engendrados sobre Pagu perpassam essas t<strong>em</strong>poralida<strong>de</strong>s que se encarregam,<br />

envoltas <strong>em</strong> relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>res, <strong>de</strong> distribuir e conservar os dizeres e conhecimentos no<br />

social.<br />

Resultado <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> negociações canônicas que invest<strong>em</strong> <strong>em</strong> marcos e<br />

representantes abalizados pelo campo literário 13 /jornalístico/cin<strong>em</strong>atográfico esses<br />

13 Pierre Bourdieu (1996a) parte da leitura <strong>de</strong> A educação sentimental <strong>de</strong> Flaubert para probl<strong>em</strong>atizar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as<br />

condições <strong>de</strong> produção e enunciação da obra até a constituição e funcionamento do campo literário que a<br />

abriga. A discussão do sociólogo sobre a imposição <strong>de</strong> <strong>uma</strong> subordinação estrutural que se <strong>de</strong>sdobra e<br />

inscreve <strong>de</strong> maneira muito <strong>de</strong>sigual os diferentes autores segundo sua posição no campo (BOURDIEU, 1996a,<br />

p. 65) atravessa <strong>uma</strong> questão cara a essa pesquisa: o lugar simbólico que Patrícia Galvão adquire no universo<br />

da historiografia literária. Sobre o campo literário o autor coloca que: ―é um campo <strong>de</strong> forças a agir sobre<br />

todos aqueles que entram nele, e <strong>de</strong> maneira diferencial segundo a posição que aí ocupam (seja para tomar<br />

pontos muito afastados, a do autor <strong>de</strong> peças <strong>de</strong> sucesso ou a do poeta <strong>de</strong> vanguarda) ao mesmo t<strong>em</strong>po que um<br />

campo <strong>de</strong> lutas <strong>de</strong> concorrência que ten<strong>de</strong>m a conservar ou a transformar esse campo <strong>de</strong> forças. E as tomadas<br />

<strong>de</strong> posição (obras, manifestos ou manifestações políticas etc.) que se po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve tratar como um ―sist<strong>em</strong>a‖ <strong>de</strong><br />

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