29.06.2013 Views

construcción de ciudadanía en entornos de desigualda1

construcción de ciudadanía en entornos de desigualda1

construcción de ciudadanía en entornos de desigualda1

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A perda do refer<strong>en</strong>te nacional em uma socieda<strong>de</strong> cujas características são ser<br />

cada vez mais difer<strong>en</strong>ciada e policêntrica é também i<strong>de</strong>ntificada como questão<br />

crucial para a coesão social. Se, por um lado a perda do monopólio do po<strong>de</strong>r<br />

pelo Estado é vista como uma processo que gera fragm<strong>en</strong>tações e ameaça a<br />

coesão, por outro lado, alguns autores i<strong>de</strong>ntificam nas estratégias <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sc<strong>en</strong>tralização, subsidiarieda<strong>de</strong> e <strong>de</strong>legação a única possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

reconciliar a cidadania com a comunida<strong>de</strong>, resgatando a cidadania ativa como<br />

núcleo c<strong>en</strong>tral <strong>de</strong>ste conceito. Para Crouch (1999:262), <strong>en</strong>quanto a elite po<strong>de</strong><br />

organizar-se e participar nacionalm<strong>en</strong>te, as massas populares som<strong>en</strong>te po<strong>de</strong>m<br />

faze-lo localm<strong>en</strong>te, o que introduz uma <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> que obstaculiza a<br />

concretização da cidadania.<br />

Ao lado das t<strong>en</strong>tativas dos movim<strong>en</strong>tos sociais <strong>de</strong> buscar formas <strong>de</strong> articulação<br />

e passar a <strong>de</strong>mandar, cresc<strong>en</strong>tem<strong>en</strong>te, a construção <strong>de</strong> uma esfera pública<br />

global <strong>de</strong>mocrática (s<strong>en</strong>do o melhor exemplo o Fórum Social Mundial), o que se<br />

observa é a convivência <strong>de</strong>ste movim<strong>en</strong>to em direção à uma cidadania global<br />

com a existência <strong>de</strong> uma cidadania política nacional cada vez mais restringida<br />

pela existência <strong>de</strong> instituições supranacionais que <strong>de</strong>terminam o exercício do<br />

po<strong>de</strong>r político, subordinando a seus ditames o Estado nacional.<br />

A t<strong>en</strong>sionalida<strong>de</strong> <strong>en</strong>tre o local, o nacional e o global <strong>de</strong>finem uma nova<br />

territorialida<strong>de</strong> para a cidadania, cujo <strong>de</strong>s<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to em todos estes níveis<br />

não está is<strong>en</strong>ta da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que os difer<strong>en</strong>tes direitos seja reivindicados<br />

em distintos níveis (direitos humanos e ambi<strong>en</strong>tais a nível global, direitos<br />

políticos e sociais a nível nacional e direitos <strong>de</strong> <strong>de</strong>liberação, ou <strong>de</strong> 5a. geração,<br />

a nível local). Se esta tese for correta, este f<strong>en</strong>ôm<strong>en</strong>o po<strong>de</strong>ria, inclusive, gerar<br />

uma dissociação e até mesmo a oposição <strong>en</strong>tre os compon<strong>en</strong>tes da cidadania,<br />

como já ocorreu em outras circunstâncias (como apontado por Marshall 43 e<br />

Polaniy 44 em relação à oposição que ocorreu, no século XVIII, na Inglaterra,<br />

<strong>en</strong>tre direitos civis e direitos sociais).<br />

À fragm<strong>en</strong>tação percebida com a simultaneida<strong>de</strong> dos espaços políticos, em<br />

uma realida<strong>de</strong> policêntrica, se acresc<strong>en</strong>tam as questões relativas à aceitação<br />

da diversida<strong>de</strong> ao interior <strong>de</strong> uma noção igualitária como a da cidadania.<br />

A equalização jurídica e política na condição <strong>de</strong> cidadania abriu um campo <strong>de</strong><br />

lutas em torno da noção <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong>, <strong>en</strong>t<strong>en</strong>dida pelos liberais como natural e<br />

<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s (Friedman e Friedman, 1980) 45 ou também <strong>de</strong> resultados, em<br />

uma perspectiva social-<strong>de</strong>mocrata. A perman<strong>en</strong>te t<strong>en</strong>são <strong>en</strong>tre liberda<strong>de</strong> e<br />

igualda<strong>de</strong>, fundam<strong>en</strong>tos da cidadania aos quais se associa a solidarieda<strong>de</strong>,<br />

dão lugar a difer<strong>en</strong>tes concepções <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia, com a ênfase colocada nas<br />

liberda<strong>de</strong>s iner<strong>en</strong>tes ao individualismo possessivo, na igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> resultados<br />

substantivos ou na autonomia do sujeito.<br />

O predomínio do princípio da liberda<strong>de</strong> dá lugar à concepção <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia<br />

com ênfase no estabelecim<strong>en</strong>to <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> regras <strong>de</strong> exercício do<br />

po<strong>de</strong>r político e na não discriminação da preferência dos cidadãos como<br />

43<br />

Marshall, T.H. (1965) - "Citiz<strong>en</strong>ship and Social Class" in Class, Citiz<strong>en</strong>ship and Social<br />

Developm<strong>en</strong>t, New York, Anchor<br />

44<br />

Polanyi, K. - A Gran<strong>de</strong> Transformação, Ed. Campus, Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

45<br />

Friedman, Milton e Friedman, Rose (1980) - Liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Escolher, Record, Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

15

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!