construcción de ciudadanía en entornos de desigualda1
construcción de ciudadanía en entornos de desigualda1
construcción de ciudadanía en entornos de desigualda1
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
políticas públicas. A <strong>de</strong>p<strong>en</strong>dência dos recursos e da aprovação das medidas<br />
econômicas por parte das agências internacionais <strong>de</strong> financiam<strong>en</strong>to torna os<br />
governos <strong>de</strong>mocráticam<strong>en</strong>te eleitos cada vez mais restringidos em sua<br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão e mais ori<strong>en</strong>tados à busca <strong>de</strong> uma legitimida<strong>de</strong> "hacia<br />
afuera", romp<strong>en</strong>do acordos com seus aliados nacionais e frustando as<br />
expectativas daqueles que os elegeram.<br />
Sem o apoio político dos atores vinculados ao pacto corporativo, os governos<br />
eleitos buscam alianças internas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> com os setores das elites políticas<br />
tradicionais ou "oligarquias" até as novas elites, vinculadas à reprodução do<br />
capital financeiro. Contraditóriam<strong>en</strong>te, como os processos <strong>de</strong> privatização<br />
diminuíram os recursos disponíveis para que os governantes contemplem suas<br />
cli<strong>en</strong>telas, fica reduzida assim sua margem <strong>de</strong> manobra. Por outro lado, o custo<br />
das campanhas políticas cresceu expon<strong>en</strong>cialm<strong>en</strong>te <strong>de</strong>vido à importância<br />
cresc<strong>en</strong>te da mídia nas eleições governam<strong>en</strong>tais, gerando um processo <strong>de</strong> troca<br />
<strong>de</strong> apoios financeiros por at<strong>en</strong>ção aos interesses dos financiadores, que torna a<br />
corrupção e este tipo <strong>de</strong> cli<strong>en</strong>telismo quase legalizados.<br />
No c<strong>en</strong>ário <strong>de</strong> uma economia globalizada e subordinada à um processo <strong>de</strong><br />
especulação do capital financeiro sem prece<strong>de</strong>ntes, pot<strong>en</strong>cializado pelas<br />
tecnologias informacionais, as economias <strong>de</strong>p<strong>en</strong><strong>de</strong>ntes tornam-se prisioneiras<br />
<strong>de</strong> um ciclo perverso, no qual têm suas condições <strong>de</strong> governabilida<strong>de</strong> avaliadas<br />
por agências financeiras privadas, que <strong>de</strong>finem taxas <strong>de</strong> risco para investidores<br />
internacionais. Criar condições para atrair a inversão estrangeira <strong>de</strong> capitais, na<br />
maior parte das vezes voláteis, passa a ser um ponto crítico do qual <strong>de</strong>p<strong>en</strong><strong>de</strong>m<br />
os governos para administrar a moeda e o déficit, mesmo que isto repres<strong>en</strong>te<br />
aum<strong>en</strong>tos especulativos <strong>de</strong> juros, que prejudicam principalm<strong>en</strong>te aos produtores<br />
nacionais e transformam as economias <strong>de</strong>p<strong>en</strong><strong>de</strong>ntes em exportadoras <strong>de</strong> capital<br />
na forma <strong>de</strong> pagam<strong>en</strong>to da dívida que contrairam para garantir a estabilida<strong>de</strong> da<br />
economia,,,,<br />
Nestas circunstâncias, a hegemonia, sem prece<strong>de</strong>ntes e sem contrapesos, dos<br />
interesses do capital financeiro terminaram por levar as economias nacionais a<br />
processos <strong>de</strong> recessão, com a década <strong>de</strong> 90 s<strong>en</strong>do hoje percebida como um<br />
retrocesso sem prece<strong>de</strong>ntes para o <strong>de</strong>s<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to nacional, cujos altos custos<br />
sociais som<strong>en</strong>te foram ap<strong>en</strong>as aliviados pelos programas <strong>de</strong> combate à pobreza.<br />
No <strong>en</strong>tanto, a conc<strong>en</strong>tração da riqueza não foi alterada, ap<strong>en</strong>as sua distribuição,<br />
que prejudicou o setor produtivo e conc<strong>en</strong>trou os lucros em mãos do capital<br />
financeiro.<br />
O <strong>de</strong>bate rec<strong>en</strong>te sobre as condições <strong>de</strong> governabilida<strong>de</strong> na América Latina<br />
t<strong>en</strong>tou dissociar-se da matriz conservadora que havia produzido nos anos 60<br />
uma int<strong>en</strong>sa discussão sobre as relações <strong>en</strong>tre mo<strong>de</strong>rnização, <strong>de</strong>s<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to<br />
e governabilida<strong>de</strong>. Naquela oportunida<strong>de</strong>, a necessida<strong>de</strong> da or<strong>de</strong>m, vista como<br />
imprescindível para assegurar o <strong>de</strong>s<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to econômico, passou a ser o<br />
valor que justificava soluções pollíticas autoritárias (Huntington,1968 8 ,<br />
8 Huntington, Samuel. Political Or<strong>de</strong>r in Changing Societies. New Hav<strong>en</strong>: Yale University Press,<br />
1968.<br />
5