29.06.2013 Views

construcción de ciudadanía en entornos de desigualda1

construcción de ciudadanía en entornos de desigualda1

construcción de ciudadanía en entornos de desigualda1

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Se o conceito igualitário da cidadania serviu para <strong>en</strong>cobrir a exclusão, a<br />

homog<strong>en</strong>eida<strong>de</strong> do tratam<strong>en</strong>to por meio da administração impessoal e<br />

burocrática dos serviços do Estado <strong>de</strong> Bem-Estar Social normalizaram a<br />

socieda<strong>de</strong>, negando difer<strong>en</strong>ças nas <strong>de</strong>mandas e singularida<strong>de</strong>s dos sujeitos.<br />

Assim, a cidadania universalista é <strong>de</strong>nunciada como s<strong>en</strong>do, nos dias atuais,<br />

um impedim<strong>en</strong>to à expansão da <strong>de</strong>mocracia (Mouffe, 1996) 50 , na medida em é<br />

incapaz <strong>de</strong> incorporar as reivindicações atuais como a <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> complexa,<br />

proposta por Walzer (1993) 51 e a cidadania difer<strong>en</strong>ciada, proposta por Young<br />

(1989) 52 .<br />

Young consi<strong>de</strong>ra que a verda<strong>de</strong>ira igualda<strong>de</strong> requer a afirmação das difer<strong>en</strong>ças<br />

grupais, e propõe como formato da cidadania difer<strong>en</strong>ciada a criação <strong>de</strong> fundos<br />

públicos para prover formas <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa e garantia da repres<strong>en</strong>tação dos grupos<br />

oprimidos e a existência <strong>de</strong> políticas difer<strong>en</strong>ciadas para at<strong>en</strong><strong>de</strong>r às <strong>de</strong>mandas<br />

singulares <strong>de</strong>stes grupos.<br />

A proposta <strong>de</strong> cidadanias difer<strong>en</strong>ciadas, como forma <strong>de</strong> at<strong>en</strong>ção às<br />

necessida<strong>de</strong>s dos grupos excluídos, levantou sérias preocupações em relação<br />

à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coesão social e construção <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> política e <strong>de</strong><br />

s<strong>en</strong>tidos, a partir <strong>de</strong> reivindicações particulares.<br />

Da mesma forma, as políticas focalizadas <strong>de</strong> combate à exclusão foram<br />

divulgadas como opostas às políticas universalistas, gerando um falso<br />

antagonismos que, só rec<strong>en</strong>tem<strong>en</strong>te, começa a ser dissolvido ao p<strong>en</strong>sar em<br />

políticas seletivas, que favorecem e que permitam a inclusão dos grupos<br />

excluídos em sistemas universalizados <strong>de</strong> proteção social.<br />

Para Kimilicka e Norman (1997), os direitos especiais <strong>de</strong> repres<strong>en</strong>tação e os<br />

direitos multiculturais, não ameaçariam à coesão social porque são<br />

reivindicações <strong>de</strong> inclusão, <strong>en</strong>quanto os direitos <strong>de</strong> autogoverno po<strong>de</strong>riam<br />

corroer a função integradora da cidadania.<br />

A discussão sobre a i<strong>de</strong>ntificação dos atributos da cidadania com critérios<br />

pertin<strong>en</strong>tes ao universo masculino gerou a noção <strong>de</strong> cidadania difer<strong>en</strong>ciada<br />

que <strong>en</strong>caminha propostas <strong>de</strong> repres<strong>en</strong>tação grupal dos grupos oprimidos<br />

(Young, 1990:187). A negação da cidadania a grupos populacionais implica até<br />

mesmo na "ausência <strong>de</strong> espaços <strong>de</strong> reconhecim<strong>en</strong>to e <strong>de</strong> vínculos<br />

propriam<strong>en</strong>te civis, (o que) traduz-se na dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> formular os dramas<br />

cotidianos (individuais e coletivos) na linguagem pública dos direitos, t<strong>en</strong><strong>de</strong>ndo,<br />

por isso mesmo, a ser equacionados no interior dos códigos morais da vida<br />

privada" (Telles, 1994:45). 53<br />

A i<strong>de</strong>ntificação do cidadão com o homem trabalhador e provedor tem como<br />

conseqüência a construção da esfera pública como externa ao ambi<strong>en</strong>te<br />

familiar do trabalho feminino e da vida familiar, que permanece consi<strong>de</strong>rado<br />

50<br />

Mouffe, C. (1996) – op.cit.<br />

51<br />

Walzer, Michael (1993) – Las Esferas <strong>de</strong> la Justicia – Una Def<strong>en</strong>sa <strong>de</strong>l Pluralismo y <strong>de</strong> la<br />

Igualdad, Fondo <strong>de</strong> Cultura, México<br />

52<br />

Young, Iris Marion (1989) – “Polity and Group differ<strong>en</strong>ce: A Critique of the I<strong>de</strong>al of Universal<br />

Citiz<strong>en</strong>ship”, Ethics, no. 99, p.250-274 e Young, (1990) – Justice and the politics of differ<strong>en</strong>ce,<br />

Princeton University Press, NJ<br />

53<br />

Telles, Vera (1994) - "Socieda<strong>de</strong> Civil, Direitos e Espaços Públicos" in R<strong>en</strong>ata Villa-Boas (org)<br />

- Participação popular nos governos locais, São Paulo, Pólis, no 14.<br />

17

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!