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construcción de ciudadanía en entornos de desigualda1

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incapacida<strong>de</strong> do Estado em at<strong>en</strong>dê-las, têm sido, na América Latina, o principal<br />

fator <strong>de</strong> dinamização e transformação, tanto da socieda<strong>de</strong> quanto do Estado.<br />

Este raciocínio nos leva a refletir sobre a dim<strong>en</strong>são institucional da cidadania,<br />

tão interessantem<strong>en</strong>te exposta por Marshall e tão freqü<strong>en</strong>tem<strong>en</strong>te esquecida<br />

por seus críticos, que o i<strong>de</strong>ntificam ap<strong>en</strong>as como porta-voz da cidadania<br />

jurídica.<br />

É impossível <strong>de</strong>sconhecer que a burocracia estatal é requerida como<br />

fundam<strong>en</strong>to e suporte material da igualda<strong>de</strong> política dos cidadãos. No <strong>en</strong>tanto,<br />

a cidadania não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser reduzida à normativida<strong>de</strong> estatal, per<strong>de</strong>ndo<br />

<strong>de</strong>sta forma sua dim<strong>en</strong>são subjetiva e emancipatória.<br />

Enquanto a administração patrimonial caracteriza-se pela utilização privada dos<br />

recursos públicos e o uso <strong>de</strong> critérios pessoais e particularistas na alocação<br />

<strong>de</strong>stes recursos, a cidadania pressupõe a difer<strong>en</strong>ciação <strong>en</strong>tre o interesse público<br />

e o privado e/ou pessoal, com a adoção <strong>de</strong> critérios objetivos e universais na<br />

distribuição dos recursos públicos, em base à relações contratuais e ao acesso<br />

universalizado às <strong>de</strong>cisões (Fedozzi, 1997) 55 .<br />

No <strong>en</strong>tanto, a construção <strong>de</strong> uma esfera pública revigorada requer a superação<br />

da exclusivida<strong>de</strong> dos mecanismos <strong>de</strong> repres<strong>en</strong>tação territorial e <strong>de</strong> existência<br />

<strong>de</strong> uma burocracia Weberiana, que foram os suportes materiais da cidadania<br />

universal, mas que não foram capazes <strong>de</strong> incluir na esfera pública a múltiplos<br />

grupos excluídos. A inclusão ativa em uma esfera pública plural e diversificada<br />

requer uma nova institucionalida<strong>de</strong> que possibilite a transformação da<br />

igualda<strong>de</strong> simples em complexa, da universalida<strong>de</strong> em diversida<strong>de</strong> e da<br />

<strong>de</strong>mocracia tradicional em formas inovadoras <strong>de</strong> participação e co-gestão em<br />

estruturas governam<strong>en</strong>tais <strong>de</strong>sc<strong>en</strong>tralizadas.<br />

O sistema <strong>de</strong> repres<strong>en</strong>tação <strong>de</strong> base territorial e a competição eleitoral são<br />

imprescindíveis para garantir a pluralida<strong>de</strong> e a repres<strong>en</strong>tação <strong>de</strong>mocrática, mas<br />

são insufici<strong>en</strong>tes, em função da distribuição <strong>de</strong>sigual <strong>de</strong> recursos e dos<br />

mecanismos <strong>de</strong> exclusão social. Portanto, a combinação do sistema <strong>de</strong><br />

repres<strong>en</strong>tação territorial com mecanismos <strong>de</strong> repres<strong>en</strong>tação corporativa ou<br />

grupal po<strong>de</strong> reduzir as disfuncionalida<strong>de</strong>s do sistema repres<strong>en</strong>tativo.<br />

No <strong>en</strong>tanto, novas formas e arranjos institucionais <strong>de</strong> combinação do sistema<br />

repres<strong>en</strong>tativo com a participação direta das organizações públicas autogeridas<br />

são requeridos para a transformação <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> a estrutura<br />

<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r é caracterizada pela c<strong>en</strong>tralida<strong>de</strong>, iniqüida<strong>de</strong> e exclusão.<br />

Neste s<strong>en</strong>tido, a <strong>de</strong>mocratização da esfera pública <strong>de</strong>ve ter em conta aspectos<br />

cruciais, como a participação cidadã nas <strong>de</strong>cisões coletivas que afetam a<br />

comunida<strong>de</strong> política, resguardada por um corpo <strong>de</strong> regras reconhecidas e,<br />

mais que aceitas, coletivam<strong>en</strong>te construídas, em relação à repres<strong>en</strong>tação dos<br />

interesses e à negociação dos conflitos.<br />

As estratégias propostas como mais profícuas, <strong>en</strong>volv<strong>en</strong>do a <strong>de</strong>sc<strong>en</strong>tralização,<br />

municipalização e participação po<strong>de</strong>m cair em um vazio tecnocrático ou<br />

voluntarista, se não forem submetidas à uma qualificação em termos da sua<br />

55 Fedozzi, Luciano (1997)- Orçam<strong>en</strong>to Participativo- Reflexões sobre a Experiência <strong>de</strong> Porto<br />

Alegre, Editora Tomo, Porto Alegre.<br />

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