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construcción de ciudadanía en entornos de desigualda1

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projeto (Castells, 1999, Vol. II) 5 , passando <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> que se cria em<br />

torno <strong>de</strong> uma resistência à uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> projetada, que pot<strong>en</strong>cialm<strong>en</strong>te po<strong>de</strong><br />

reconstruir não ap<strong>en</strong>as seu lugar, mas ao fazê-lo, transformar a socieda<strong>de</strong>?<br />

São muitos os interrogantes, mas certam<strong>en</strong>te isto implicaria <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a criação <strong>de</strong><br />

uma comunida<strong>de</strong>, e não ap<strong>en</strong>as uma manifestação <strong>de</strong> pura violência, até a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transc<strong>en</strong><strong>de</strong>r a resistência específica, forjando i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s<br />

políticas e organizações, em direção à reconstrução da esfera pública.<br />

Fundam<strong>en</strong>talm<strong>en</strong>te, a reconstrução da esfera pública implica um processo que<br />

requer a aceitação da institucionalização do conflito e sua negociação, requisitos<br />

não facilm<strong>en</strong>te aceitos em nossas socieda<strong>de</strong>s, nem pela elites dominantes e<br />

nem pelos manifestantes atomizados. Em outras palavras, o <strong>de</strong>s<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to <strong>de</strong><br />

uma cultura da <strong>de</strong>mocracia <strong>de</strong>p<strong>en</strong><strong>de</strong> da constituição <strong>de</strong> atores sociais capazes<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>en</strong>volverem formas <strong>de</strong> organização e recursos estratégicos que lhes<br />

permitam serem incluídos em processos <strong>de</strong> negociação e construção <strong>de</strong> projetos<br />

hegemônicos.<br />

A ausência <strong>de</strong>stas condições repõe a crise <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> e legitimida<strong>de</strong> no<br />

c<strong>en</strong>ário regional, gerando uma recorr<strong>en</strong>te situação <strong>de</strong> ingovernabilida<strong>de</strong>. Reis<br />

(2001) 6 i<strong>de</strong>ntifica, na conjuntura atual, três tipos <strong>de</strong> crise <strong>de</strong> ingovernabilida<strong>de</strong>,<br />

às <strong>de</strong>nomina <strong>de</strong> ingovernabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> "sobrecarga", "pretoriana" e<br />

"hobbesiana".<br />

A ingovernabilida<strong>de</strong> por sobrecarga correpon<strong>de</strong> à crise das social-<strong>de</strong>mocracias<br />

iniciada há aproximadam<strong>en</strong>te um quarto <strong>de</strong> século. A crise pretoriana refere-se à<br />

condição <strong>de</strong> precarieda<strong>de</strong> institucional e instabilida<strong>de</strong> política própria <strong>de</strong> muitos<br />

países da periferia do capitalismo mundial no século XX. Já a crise hobbesiana é<br />

fruto das conseqüências políticas que se esboçam com os <strong>de</strong>sdobram<strong>en</strong>tos<br />

sociais da globalização e da reafirmação do mercado, acopladas à p<strong>en</strong>etração<br />

do narcotráfico (violência urbana, criminalida<strong>de</strong> int<strong>en</strong>sificada, insegurança).<br />

Para este autor, nesta última situação o que está em questão é a manut<strong>en</strong>ção<br />

da or<strong>de</strong>m e da segurança, problema constitucional <strong>de</strong> preservação da<br />

autorida<strong>de</strong> do qual se ocupou Hobbes.<br />

A América Latina está conviv<strong>en</strong>do, simultânem<strong>en</strong>te, com estas três difer<strong>en</strong>tes<br />

crises <strong>de</strong> governabilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> tal maneira que em algumas situações, como a<br />

Colombiana, fica difícil compre<strong>en</strong><strong>de</strong>r como se interconectam as <strong>de</strong>ficiências <strong>de</strong><br />

políticas públicas capazes <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r às <strong>de</strong>mandas sociais, a sublevação<br />

revolucionária e a p<strong>en</strong>etração do crime organizado, nos dois lados da guerra. No<br />

<strong>en</strong>tanto, a mior parte das manifestações rec<strong>en</strong>tes na região, cobra a<br />

ilegitimida<strong>de</strong> dos governos e instituições, mas não propõe uma solução fora dos<br />

marcos da <strong>de</strong>mocracia. Ao contrário, propõem o aprofundam<strong>en</strong>to da<br />

<strong>de</strong>mocracia.<br />

A crise <strong>de</strong> gobernabilida<strong>de</strong> que atravessamos nos anos rec<strong>en</strong>tes é fruto <strong>de</strong> dois<br />

f<strong>en</strong>ôm<strong>en</strong>os concomitantes, o esgotam<strong>en</strong>to do pacto corporativo que legitimou o<br />

5 Castells, Manuel. O Po<strong>de</strong>r da I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Vol. II, São Paulo, Paz e Terra, 1999<br />

6 Reis, Fábio W. – “Brasil ao quadrado? Democracia, subversão e reforma”, XII Fórum Nacional, Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, 2001<br />

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