29.06.2013 Views

construcción de ciudadanía en entornos de desigualda1

construcción de ciudadanía en entornos de desigualda1

construcción de ciudadanía en entornos de desigualda1

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ampliação do político, no reconhecim<strong>en</strong>to da diversida<strong>de</strong> cultural no<br />

questionam<strong>en</strong>to acerca da capacida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>mocracia repres<strong>en</strong>tativa <strong>de</strong><br />

repres<strong>en</strong>tar ag<strong>en</strong>das e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s específicas, <strong>en</strong>fim <strong>de</strong> repres<strong>en</strong>tar a<br />

difer<strong>en</strong>ça. (Santos e Avritzer, 2002) 64<br />

Fraser (2001) 65 i<strong>de</strong>ntifica no <strong>de</strong>clínio <strong>de</strong> uma dada gramática da política,<br />

correspon<strong>de</strong>nte à política <strong>de</strong> classe, o <strong>de</strong>slocam<strong>en</strong>to do eixo da contestação<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a redistribuição até o reconhecim<strong>en</strong>to das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s e difer<strong>en</strong>ças,<br />

incluindo questões relativas a gênero, raça, etnia, sexualida<strong>de</strong>, etc.<br />

A busca <strong>de</strong> uma nova institucionalida<strong>de</strong> para a <strong>de</strong>mocracia, que seja capaz <strong>de</strong><br />

at<strong>en</strong><strong>de</strong>r, conjuntam<strong>en</strong>te, aos princípios <strong>de</strong> reconhecim<strong>en</strong>to, participação e<br />

redistribuição, marca o mom<strong>en</strong>to atual. Trata-se <strong>de</strong> uma articulação <strong>en</strong>tre<br />

inovação social e inovação institucional que permitiria a construção <strong>de</strong> uma nova<br />

institucionalida<strong>de</strong> para a <strong>de</strong>mocracia.<br />

A <strong>de</strong>mocracia passa a ser vista, mais do que um procedim<strong>en</strong>to, como uma<br />

prática social na qual se constróem as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s coletivas, uma nova<br />

gramática <strong>de</strong> organização da socieda<strong>de</strong> que permite a re<strong>de</strong>finição dos vínculos<br />

sociais, a inclusão <strong>de</strong> novos temas e atores, a ampliação do político.<br />

Mais do que um conjunto <strong>de</strong> regras, a <strong>de</strong>mocracia implica o reconhecim<strong>en</strong>to do<br />

outro, a inclusão <strong>de</strong> todos os cidadãos em uma comunida<strong>de</strong> política, a promoção<br />

da participação ativa e o combate à toda forma <strong>de</strong> exclusão. Enfim, a<br />

<strong>de</strong>mocracia requer o primado <strong>de</strong> um principio <strong>de</strong> justiça social, além <strong>de</strong> sujeitos<br />

políticos e instituições. A opção por uma <strong>de</strong>mocracia concertada em torno a<br />

cons<strong>en</strong>sos estratégicos, on<strong>de</strong> as políticas sejam negociadas com os difer<strong>en</strong>tes<br />

atores sociais <strong>en</strong>volvidos no processo e cujos interesses serão afetados é<br />

recom<strong>en</strong>dada em situações <strong>de</strong> alta complexida<strong>de</strong>, <strong>en</strong>volv<strong>en</strong>do fortes<br />

expectativas e interesses altam<strong>en</strong>te contraditórios, em especial em socieda<strong>de</strong>s<br />

com elevado grau <strong>de</strong> fragm<strong>en</strong>tação social e econômica. As iniqüida<strong>de</strong>s socioeconômicas<br />

são resultado <strong>de</strong> uma longa tradição <strong>de</strong> cultura política autoritária e<br />

exclu<strong>de</strong>nte. Nestes casos, só a radicalização da <strong>de</strong>mocracia, com a inclusão<br />

daqueles que foram alijados do po<strong>de</strong>r em um jogo aberto e institucionalizado <strong>de</strong><br />

negociação e/ou <strong>de</strong>liberação po<strong>de</strong> romper o círculo vicioso da política,<br />

caracterizado pela ali<strong>en</strong>ação da cidadania, ausência <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> dos<br />

repres<strong>en</strong>tantes e autoritarismo da burocracia.<br />

Este mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> funcionam<strong>en</strong>to at<strong>en</strong><strong>de</strong> aos requisitos que a teoria <strong>de</strong>mocrática<br />

contemporânea i<strong>de</strong>ntifica como o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Democracia Deliberativa. Segundo<br />

Elster (1998) 66 o ressurgim<strong>en</strong>to da idéia da <strong>de</strong>mocracia <strong>de</strong>liberativa, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

tantos anos <strong>de</strong> hegemonia do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia repres<strong>en</strong>tativa, está<br />

influ<strong>en</strong>ciado pela produção teórica <strong>de</strong> Habermas, que vê no processo <strong>de</strong><br />

discussão <strong>en</strong>tre cidadãos livres e iguais a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transformação, mais<br />

64<br />

Santos e Avritzel in Boav<strong>en</strong>tura Sousa Santos (2002)- Democratizar a Democracia. São Paulo.<br />

Civilização Brasileira.<br />

65<br />

Fraser, Nancy (2001). “Social Justice in the Knowkledge Society: Redistribution, Recognition,<br />

and Participation. www.wiss<strong>en</strong>sgesellschaft.org<br />

66<br />

ELSTER, Jon (1998) – “Deliberation and Constitution Making”in Ester (editor) – Deliberative<br />

Democracy, Cambridge, The Cambridge University Press<br />

23

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!