29.06.2013 Views

construcción de ciudadanía en entornos de desigualda1

construcción de ciudadanía en entornos de desigualda1

construcción de ciudadanía en entornos de desigualda1

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

civis gera <strong>de</strong>mocracias <strong>de</strong> baixa int<strong>en</strong>sida<strong>de</strong> – como <strong>de</strong>f<strong>en</strong>dido por O’Donnell<br />

para explicar a situação da América Latina – parece contradizer as evidências<br />

históricas e reduzir o Estado a um papel passivo no processo <strong>de</strong> ampliação da<br />

esfera pública.<br />

A reconstrução da esfera pública que estamos assistindo na América Latina é<br />

parte dos processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocratização, fortalecim<strong>en</strong>to do po<strong>de</strong>r local,<br />

emergência <strong>de</strong> novas <strong>de</strong>mandas e novos sujeitos sociais, rearticulação da<br />

inserção econômica regional em uma economia globalizada e int<strong>en</strong>sificação do<br />

uso da tecnologia informacional na mediação das relações e processos sociais.<br />

A construção da igualda<strong>de</strong> pressuposta na esfera pública requer a introdução <strong>de</strong><br />

princípios normativos relativos à inclusão, participação e redistribuição. Em<br />

socieda<strong>de</strong>s nas quais a cidadania, como dim<strong>en</strong>são igualitária e cívica não foi<br />

g<strong>en</strong>eralizada e que, portanto, convive-se com altos níveis <strong>de</strong> exclusão e<br />

<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s, o papel do Estado é crucial na indução <strong>de</strong> processos sociais que<br />

promovam condições <strong>de</strong> inovação e inclusão social. No <strong>en</strong>tanto, a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> emancipação e difer<strong>en</strong>ciação só po<strong>de</strong>m ser asseguradas através da<br />

complexificação do tecido social, em um duplo movim<strong>en</strong>to <strong>de</strong> construção <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s e formas orgânicas autônomas e inserção <strong>de</strong> seus interesses na<br />

ar<strong>en</strong>a pública. Este f<strong>en</strong>ôm<strong>en</strong>o começa a se fazer pres<strong>en</strong>te na América Latina a<br />

partir <strong>de</strong> múltiplas experiências locais inovadoras, indicando a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

construção <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cidadãos, a partir <strong>de</strong> uma nova articulação<br />

<strong>en</strong>tre o nacional e o popular.<br />

Portanto, a esfera pública po<strong>de</strong> ser caracterizada por sua inclusivida<strong>de</strong>, em<br />

termos da multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atores que po<strong>de</strong>m participar nos processos <strong>de</strong><br />

integração e exercício do po<strong>de</strong>r e por sua efetivida<strong>de</strong>, ou seja, na capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> g<strong>en</strong>eralizar os interesses dos cidadãos organizados, <strong>de</strong> tal forma que<br />

possam influ<strong>en</strong>ciar e controlar o exercício e as estratégias <strong>de</strong> dispersão do<br />

po<strong>de</strong>r político (Oxhorn, 1999) 75 .<br />

A partir das lutas sociais <strong>de</strong>s<strong>en</strong>ca<strong>de</strong>adas nas três últimas décadas, processa-se<br />

uma revolução cultural na região, com a introdução <strong>de</strong> novas <strong>de</strong>mandas e novas<br />

práticas políticas, ori<strong>en</strong>tadas para conquista efetiva dos direitos sociais negados,<br />

na prática, a uma parcela significativa da população. A reivindicação cidadã<br />

pres<strong>en</strong>te em todas as lutas sociais na região introduz a noção do sujeito como<br />

portador <strong>de</strong> direitos, quer ela comece por direitos sociais ou civis. É o direito a<br />

ter direito que transforma a cultura do cli<strong>en</strong>telismo na cultura da cidadania,<br />

permitindo colocar na ag<strong>en</strong>da pública a questão da inclusão social.<br />

Este processo social, no <strong>en</strong>tanto, não é alheio ao Estado por, pelo m<strong>en</strong>os, três<br />

razões. Primeiram<strong>en</strong>te, porque estas <strong>de</strong>mandas cidadãs se dirigem a alterar o<br />

processo político <strong>de</strong> construção da ag<strong>en</strong>da pública. Em segundo lugar, porque,<br />

para os setores mais marginalizados, o Estado exerce papel crucial na<br />

mobilização dos recursos necessários à sua organização. Em terceiro lugar,<br />

porque um Estado capaz <strong>de</strong> absorver as <strong>de</strong>mandas por inclusão social não<br />

será mais o mesmo, quer seja em termos do pacto <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, quer seja na sua<br />

75 Oxhorn, P. (1999). “ Wh<strong>en</strong> Democracy isn’t all that Democratic - social Exclusion and the<br />

Limits of the Public Sphere in Latin America”, paper pres<strong>en</strong>ted at American Political<br />

Sci<strong>en</strong>ce Association Confer<strong>en</strong>ce, Georgia.<br />

27

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!