29.06.2013 Views

construcción de ciudadanía en entornos de desigualda1

construcción de ciudadanía en entornos de desigualda1

construcción de ciudadanía en entornos de desigualda1

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

questões materiais ao mesmo tempo em que reduz os conflitos a essas<br />

questões.”<br />

A estruturação das ativida<strong>de</strong>s políticas que permitiu a compatibilização <strong>en</strong>tre<br />

<strong>de</strong>mocracia <strong>de</strong> massas e o capitalismo é i<strong>de</strong>ntificada por Offe (1984:361) 58<br />

como <strong>de</strong>corr<strong>en</strong>te <strong>de</strong> dois arranjos institucionais que permitiram a<br />

mercantilização da política e a politização da economia privada, quais sejam, a<br />

<strong>de</strong>mocracia partidária competitiva e o Welfare State Keynesiano.<br />

A tradução liberal da <strong>de</strong>mocracia, mo<strong>de</strong>lo hegemônico no século XX, afasta-se<br />

das orig<strong>en</strong>s clássicas do conceito, visto como governo dos cidadãos, t<strong>en</strong>do<br />

como base uma crítica ao <strong>de</strong>spotismo. Na tradição clássica, o fundam<strong>en</strong>to do<br />

po<strong>de</strong>r político é a noção da soberania popular, que se expressa, em Rousseau,<br />

como vonta<strong>de</strong> geral inali<strong>en</strong>ável e indivisível. (Bobbio, Matteucci e Pasquino,<br />

1995) 59<br />

A participação é vista como uma das liberda<strong>de</strong>s individuais do cidadão, que<br />

além do direito <strong>de</strong> exprimir a própria opinião, reunir-se ou associar-se para<br />

influir na política do país, passa a compre<strong>en</strong><strong>de</strong>r o direito <strong>de</strong> eleger<br />

repres<strong>en</strong>tantes no Parlam<strong>en</strong>to e <strong>de</strong> ser eleito.<br />

Schumpetter (1984:336) 60 critica a concepção da clássica da <strong>de</strong>mocracia<br />

fundada na realização do bem comum, para <strong>de</strong>fini-la em termos procedim<strong>en</strong>tais,<br />

como um método: “o método <strong>de</strong>mocrático é aquele acordo institucional para se<br />

chegar a <strong>de</strong>cisões políticas em que os indivíduos adquirem o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão<br />

através <strong>de</strong> uma luta competitiva pelos votos da população”.<br />

Na mesma linha Bobbio (1986:18-19) 61 fala da <strong>de</strong>mocracia como “caracterizada<br />

por um conjunto <strong>de</strong> regras (primárias ou fundam<strong>en</strong>tais) que estabelecem quem<br />

está autorizado a tomar as <strong>de</strong>cisões coletivas e com quais procedim<strong>en</strong>tos…<br />

s<strong>en</strong>do a regra fundam<strong>en</strong>tal da <strong>de</strong>mocracia a regra da maioria”.<br />

O esvaziam<strong>en</strong>to do conteúdo moral da <strong>de</strong>mocracia absolutiza os aspectos<br />

formais e procedim<strong>en</strong>tais em <strong>de</strong>trim<strong>en</strong>to dos valores relacionados ao bem<br />

comum, à igualda<strong>de</strong> e à participação ativa dos cidadãos. As regras da<br />

<strong>de</strong>mocracia dizem respeito a como se <strong>de</strong>ve chegar às <strong>de</strong>cisões, mas não ao<br />

conteúdo <strong>de</strong>stas <strong>de</strong>cisões. O mo<strong>de</strong>lo institucional que concretiza esta<br />

concepção <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia é a repres<strong>en</strong>tação, por meio da qual as vonta<strong>de</strong>s<br />

individuais, expressas através do voto em alternativas que são oferecidas pelos<br />

partidos políticos, são agregadas e autorizam o exercício do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> forma<br />

legítima.<br />

Atualm<strong>en</strong>te, é cresc<strong>en</strong>te o <strong>de</strong>scrédito em relação à <strong>de</strong>mocracia repres<strong>en</strong>tativa<br />

como mecanismo eficaz <strong>de</strong> agregação <strong>de</strong> interesses e resolução <strong>de</strong> conflitos,<br />

além da incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dar sust<strong>en</strong>tabilida<strong>de</strong> aos governos a partir da<br />

agregação <strong>de</strong> votos para composição das maiorias, haja vista os problemas <strong>de</strong><br />

governabilida<strong>de</strong> que vêm s<strong>en</strong>do <strong>en</strong>fr<strong>en</strong>tados como conseqüência da<br />

58 Offe, Claus. (1984). “A Democracia Partidária Competitiva e o Welfare State Keynesiano:<br />

Fatores <strong>de</strong> Estabilida<strong>de</strong> e Desorganização”. Dados. Rio <strong>de</strong> Janeiro. IUPERJ.<br />

59 Bobbio, N. Matteucci, N., Pasquino, G. (1995). Dicionário <strong>de</strong> Política. Brasília. UNB<br />

60 Schumpeter (1984) – Capitalismo, Socialismo e Democracia, Zahar Editores, Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

61 Bobbio, N. (1986). O Futuro da Democracia – Uma Defesa das Regras do Jogo. Sãp Paulo.<br />

Paz e Terra.<br />

21

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!