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A SOCIEDADE XAVANTE E A EDUCAÇÃO: UM OLHAR ... - UCDB

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E, para poder continuar os meus estudos, tive de sair para a cidade e assim continuar<br />

estudando. Isso só para ir ao seminário dos salesianos no ano de 1991.<br />

Meus pais queriam que eu fosse com eles para Couto Magalhães, mas preferi ficar na<br />

Missão, e eles me deixaram, porque eu tinha chorado para ficar. Como estava no internato não<br />

podia ir com eles, pois fui influenciado pela fala do mestre salesiano Cosma Salvatore, fala<br />

que ainda está na minha memória: “você não deve ir embora, aqui você tem tudo, lá você não<br />

vai ter nada, você não vai estudar, como você pode fazer aqui. Lá, você não vai ter os padres,<br />

a comida, como a merenda e outras coisas mais que você tem aqui”. Várias vezes ouvi a fala<br />

do mestre Salvatore antes do dia da saída do grupo de Marãiwatsédé. Então não fui.<br />

Nos anos 70, tive problema no meu dedão do pé esquerdo, isso porque eu andava<br />

sem calçado não tinha como comprar, para proteger os meus pés, que naquela época ninguém,<br />

nenhum Xavante ganhava salário, nem aposentadoria, funcionário da FUNAI, professor de<br />

Estado. A espinha de pequi era o mais terrível que eu experimentei. Isso por eu não ter<br />

calçado.<br />

Padre Mário Gosso que era diretor da missão em 1976 cuidou dos meus dedos do pé,<br />

ele esquentava meus dedos dos pés com a água morna, eu colocava os meus dois pés dentro<br />

da bacia, depois padre Mário enxugava com uma toalha para secar. Depois disso ele aplicava<br />

pomada bibetox nos meus dedos dos pés e algumas vezes ele usava spray azul contra ferida.<br />

Cresci e estudei em São Marcos. Lembro-me de que repeti vários anos a mesma<br />

série, pois naquela época, em 1974, quando o aluno não atingia a nota para passar, tinha que<br />

repetir o ano até conseguir a média para mudar de série. Em 1977, começou o estudo de modo<br />

seriado, estendendo-se até 1980, quando conclui a 4ª série. Saí de São Marcos no ano de<br />

1982. Tive de ir para Barra do Garças - MT, município distante a 126 km da aldeia, em busca<br />

de mais estudos. Saí de São Marcos com um objetivo: estudar. Em 1978, quando o padre José<br />

Winkler era inspetor dos salesianos, eu perguntei-lhe se podia estudar no aspirantado. A<br />

resposta foi uma pergunta: se eu tinha estudo. Respondi que estava na 2ª série naquele ano de<br />

1978. E então ele me disse para estudar mais. Quando ouvi isso, pensei por mim mesmo, que<br />

teria de estudar mais. E agora, como estudar? Não tinha informações de como ser orientado.<br />

Guardei silêncio a partir do momento em que falei com o padre Winkler e outros<br />

missionários.<br />

Mostrei o meu desejo de ser aspirante e até de ser padre como os missionários, mas,<br />

antes, eu tinha sempre em mente ser um mestre (Coadjuntor) como se fala hoje. Por isso, falei<br />

sobre a possibilidade de ir ao seminário desses padres das missões. Na época, eu não sabia<br />

distinguir: a congregação salesiana, os diocesanos, os franciscanos e outras instituições<br />

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