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A SOCIEDADE XAVANTE E A EDUCAÇÃO: UM OLHAR ... - UCDB

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como aconteceu com os de Botovi. Nós tivemos quatro grupos: os Abare’u, os Nodzö’u, os<br />

Anarowa e os Tsada’ro. Em São Marcos já havia esses grupos, portanto era só encaixar nos<br />

seus respectivos grupos e não precisava fazer mais nada, mas quem era Abare’u passou para<br />

ser Nodzö’u e quem era Nodzö’u passou para ser Anarowa e quem era Anarowa passou para<br />

ser Tsada’ro isso com a determinação dos missionários. Como resultado, os grupos de<br />

Marãiwatsédé sofreram profundas mudanças.<br />

Os Xavante não conheciam a outra realidade que estavam vivenciando neste contato<br />

com os missionários, significava mudanças na cultura indígena. Só com o tempo começaram a<br />

perceber que isso era mostrar o contrário do costume, os indígenas que eles mesmos<br />

conviviam no seu modo de ser em liberdade. Perguntei sobre isso a Zeferino Tsimrihu de<br />

Marãiwatsédé do grupo nodzö’u da turma de 1966, ele respondeu:<br />

Quando meu grupo foi embora para outros grupos de São Marcos, fiquei<br />

triste e com muita saudade do resto que foi inserido nos outros grupos. Eu<br />

permaneci no nodzö’u, ao qual já pertencia. Alguns eram de idade. Eu não<br />

entendia nada o que estava acontecendo, também não sabíamos falar<br />

português. Acho que os missionários pensaram que nós não tínhamos<br />

grupos ou não sabiam da nossa cultura. Isso foi uma semana depois da<br />

nossa chegada e ainda teve a corrida com a tora de buriti. Até aqui tudo<br />

bem. Logo depois da corrida nós de Marãiwatsédé, cada grupo, com seus<br />

respectivos grupos de São Marcos, fomos nos inserindo para dançar como<br />

de costume. Logo depois que encerramos, houve então as separações dos<br />

grupos. Os grupos de São Marcos ficaram a nossa frente e nós, cada um<br />

com seu grupo, um missionário nos encaminhava para outro grupo. Foi<br />

assim que o grupo de nodzö’u de Marãiwatsédé recebeu os<br />

encaminhamentos para nos inserirmos em outros grupos de São Marcos,<br />

para nodzö’u, ao anarowa, tsada’ro.<br />

Para entender melhor, posso citar quatro nomes que estiveram presentes no<br />

momento: Boaventura Tserewamariwe, Cláudio Moritu, Ciro Tsereteme e o Tito Xavante.<br />

Eles em São Marcos foram conduzidos a tornarem tsada’ro que em Marãiwatsédé eram do<br />

grupo nodzö’u. Só o finado Cláudio Tserenhitomo que, por sua própria conta e vontade, mais<br />

tarde se tornou tsada’ro. Em 1966, ainda em Marãiwatsédé, Tserewamariwe foi conduzido<br />

pelo seu pai ao grupo anarowa. O finado Tserenhitomo, também no mesmo ano, foi<br />

conduzido para o grupo anarowa em São Marcos pelo missionário. No entanto, o Tsereteme<br />

se diz hoje que é do grupo nodzö’u. A fala do Tsimrihu, a narração final deste comentário:<br />

“nós respeitamos os ihö’a (padres) e vemos hoje que ninguém mais respeita as suas ideias”.<br />

Como apresentamos, os Xavante aprendem através da observação do que vê. Por sua<br />

vez imitam o que alguém faz. Entre os Xavante a vida social era comum, não havia no grupo<br />

alguém autoritário, na verdade quem influenciou de forma diferente os Xavante, em primeira<br />

mão, foram os próprios missionários.<br />

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