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A SOCIEDADE XAVANTE E A EDUCAÇÃO: UM OLHAR ... - UCDB

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para garantir seus limites externos desejava „fronteiras vivas‟, formadas por<br />

grupos indígenas aliados.<br />

Naquela época, a Coroa pensava que os índios e os brancos formariam um povo<br />

único, como comenta Carneiro da Cunha (1992, p. 16) sobre a formação:<br />

Em épocas mais tardias, principalmente na do marquês de Pombal, a Coroa<br />

prentendia enfim, numa visão mais ampla, promover a emergência de um<br />

povo brasileiro livre, substrato de um Estado consistente (Perrone) 7 : índios e<br />

brancos formariam este povo enquanto os negros continuariam escravos.<br />

Os Xavante são sempre aqueles que procuraram um lugar de acomodação e liberdade<br />

para seus filhos e netos. Até hoje, os nossos velhos, em geral, têm consciência disso: que os<br />

Xavante não se misturaram com povos de outras raças ou nação. Eles são bastante<br />

desconfiados com pessoas estranhas. Carneiro da Cunha (1992, p. 16) aponta que:<br />

O início do século XX verá um movimento de opinião dos mais importantes,<br />

que culminará com a criação do Serviço de Proteção aos Índios (SPI), em<br />

1910 (Souza Lima). O SPI extingue-se melancolicamente em 1966 em meio<br />

a acusações de corrupção e é substituído em 1967 pela Fundação Nacional<br />

do Índio (FUNAI): a política indigenista continua atrelada ao Estado e as<br />

suas prioridades. Os anos 70 são os do „milagre‟, dos investimentos em<br />

infraestrutura e em prospecção mineral - é a época da transamazônica, da<br />

barragem de Tucuruí e da de Balbina, do Projeto Carajás. Tudo cedia ante a<br />

hegemonia do „progresso‟, diante do qual os índios eram empecilhos:<br />

forçava-se o contato com grupos isolados para que os tratores pudessem<br />

abrir estradas e realocavam-se os índios mais de uma vez, primeiro para<br />

afastá-los da estrada, depois para afastá-los do lago da barragem que<br />

inundava as suas terras.<br />

Atualmente, os índios de Marãiwatsédé sofrem ameaças do próprio Estado que<br />

pretende transferir os indígenas para a área chamada Parque Estadual do Araguaia. Como os<br />

índios conhecem aquela área querem permanecer onde estão morando atualmente, que a terra<br />

é demarcada, homologada e registrada, embora não esteja totalmente ainda liberada pelos<br />

posseiros, fazendeiros e latifundiários.<br />

Segundo Garfield (1967), o SPI tinha dificuldade de se locomover até onde os índios<br />

de Marãiwatsédé se encontravam naquela época. Até os próprios Xavante de Marãiwatsédé<br />

não viam favoravelmente a presença de alguns funcionários do SPI junto com eles a não ser o<br />

padre Pedro Sbardellotto conhecido como protetor dos índios Xavante. Ele sim estava com os<br />

Xavante na hora da conversa e no momento da sua despedida.<br />

7 Beatriz Perrone-Moisés é antropóloga, e seu trabalho está mais na tradução das obras de Claude Lévi-Strauss,<br />

falecido em 2010, importante por ser antropólogo conhecido como pai do estruturalismo.<br />

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