E que eu não caia sem antes ter entesado a última ... - cpvsp.org.br
E que eu não caia sem antes ter entesado a última ... - cpvsp.org.br
E que eu não caia sem antes ter entesado a última ... - cpvsp.org.br
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
MARÇO/93 TUPARI<<strong>br</strong> />
CASO MARÇAL<<strong>br</strong> />
10 ANOS DE IMPUNIDADE<<strong>br</strong> />
HÁ DEZ ANOS, O LÍDER<<strong>br</strong> />
MARÇAL TUPA-I FOI ASSASSINADO<<strong>br</strong> />
E A JUSTIÇA BRASILEIRA,<<strong>br</strong> />
ATÉ HOJE AINDA NAO REALIZOU<<strong>br</strong> />
O JULGAMENTO DOS ACUSADOS.<<strong>br</strong> />
1 - A VIDA DE MARÇAL TUPÃ-I<<strong>br</strong> />
Marcai Tupã-I nasc<strong>eu</strong> no dia 24 de de-<<strong>br</strong> />
zem<strong>br</strong>o de 1920, na região de Doura-<<strong>br</strong> />
dos, Estado do Mato Grosso do Sul,<<strong>br</strong> />
Brasil. De<strong>sem</strong>penhou nas aldeias fun-<<strong>br</strong> />
ções de professor de crianças órfãs<<strong>br</strong> />
("nhanderoga"), enfermeiro e intér-<<strong>br</strong> />
prete, pois além de dominar todo os<<strong>br</strong> />
dialetos de sua língua guarani, falava o<<strong>br</strong> />
português e o inglês. Considerado um<<strong>br</strong> />
dos índios mais intelectualizados do sé-<<strong>br</strong> />
culo, foi porta-voz e representante de<<strong>br</strong> />
nações indígenas na ONU. Proferiu<<strong>br</strong> />
muitas palestras na Universidade de S.<<strong>br</strong> />
Paulo e na Associação Brasileira de<<strong>br</strong> />
Imprensa. Participou de inúmeros se-<<strong>br</strong> />
minários nacionais e in<strong>ter</strong>nacionais,<<strong>br</strong> />
<strong>sem</strong>pre falando em benefício de s<strong>eu</strong>s<<strong>br</strong> />
irmãos indígenas. Foi um dos fundado-<<strong>br</strong> />
res e primeiro vice-presidente da<<strong>br</strong> />
União das Nações Indígenas (UNI).<<strong>br</strong> />
Nos últimos anos de vida. Marcai ca-<<strong>br</strong> />
nalizou toda a sua capacidade em favor<<strong>br</strong> />
da demarcação da área indígena de Pi-<<strong>br</strong> />
rakuá, município de Bela Vista, Mato<<strong>br</strong> />
Grosso do Sul.<<strong>br</strong> />
"M<strong>eu</strong> nome é Tupã-I. Este é m<strong>eu</strong> no-<<strong>br</strong> />
me, m<strong>eu</strong> verdadeiro nome. M<strong>eu</strong> nome<<strong>br</strong> />
de batismo pelo ritual guarani. Quando<<strong>br</strong> />
era pe<strong>que</strong>no, fui batizado por caci<strong>que</strong>.<<strong>br</strong> />
Não sou um homem grande, sou pe-<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong>nino. Sou da Tribo Guarani. Falo<<strong>br</strong> />
m<strong>eu</strong> idioma e m<strong>eu</strong> dialeto com cari-<<strong>br</strong> />
nho" (Marcai)<<strong>br</strong> />
2 - SUA LUTA FINAL<<strong>br</strong> />
Foi por volta dos anos 70 <strong>que</strong> Marcai<<strong>br</strong> />
começou a se destacar como lutador<<strong>br</strong> />
pela causa indígena e aí começaram<<strong>br</strong> />
s<strong>eu</strong>s problemas com fazendeiros, com<<strong>br</strong> />
a FUNAI (Fundação Nacional do índio<<strong>br</strong> />
— órgão governamental) e com o Go-<<strong>br</strong> />
verno. Passou a ser considerado "sub-<<strong>br</strong> />
versivo" e "revolucionário", sendo<<strong>br</strong> />
constantemente transferido de uma<<strong>br</strong> />
área indígena para outra. Nos últimos<<strong>br</strong> />
anos de vida. Marcai decidiu mudar-se<<strong>br</strong> />
para Pirakuá, em defesa de s<strong>eu</strong>s irmã-<<strong>br</strong> />
os.<<strong>br</strong> />
A comunidade indígena de Pirakuá es-<<strong>br</strong> />
tava passando por momentos difíceis,<<strong>br</strong> />
pois o fazendeiro vizinho. Libero<<strong>br</strong> />
Monteiro de Lima considerava <strong>que</strong> sua<<strong>br</strong> />
fazenda a<strong>br</strong>angia também a área de Pi-<<strong>br</strong> />
raKuá. Este fazendeiro tentou subornar<<strong>br</strong> />
Marcai com uma oferta de Cr$<<strong>br</strong> />
5.000.000,00, valor da época, o <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
<strong>não</strong> foi aceito, o mesmo acontecendo<<strong>br</strong> />
com Lázaro Morei, capitão da Aldeia<<strong>br</strong> />
Indígena de Pirakuá, e finalmente Li-<<strong>br</strong> />
bero Monteiro de Lima fez uma denún-<<strong>br</strong> />
cia à polícia de invasão de sua proprie-<<strong>br</strong> />
dade pelos índios guarani. Marcai foi<<strong>br</strong> />
simplesmente irredutível na luta pela<<strong>br</strong> />
permanência dos índios em Pirakuá. A<<strong>br</strong> />
situação se agravou e as autoridades<<strong>br</strong> />
governamentais <strong>não</strong> tomaram provi-<<strong>br</strong> />
dências. Em setem<strong>br</strong>o de 1983, o líder<<strong>br</strong> />
indígena fez sua <strong>última</strong> palestra na As-<<strong>br</strong> />
sociação Brasileira de Imprensa e ali<<strong>br</strong> />
gravou sua <strong>última</strong> mensagem, falando<<strong>br</strong> />
como <strong>que</strong>m se despedia: "Sou uma<<strong>br</strong> />
pessoa marcada para morrer, mas por<<strong>br</strong> />
uma causa justa a gente morre".<<strong>br</strong> />
3 - SUA MORTE<<strong>br</strong> />
No dia 25 de novem<strong>br</strong>o de 1983, às 20<<strong>br</strong> />
horas, quando se recolhida para dor-<<strong>br</strong> />
mir. Marcai Tupã-I foi assassinado no<<strong>br</strong> />
in<strong>ter</strong>ior de s<strong>eu</strong> rancho, a poucos metros<<strong>br</strong> />
da enfermaria da FUNAI, na Aldeia<<strong>br</strong> />
Campestre, Município de Antônio Jo-<<strong>br</strong> />
ão, Mato Grosso do Sul. Foram cinco<<strong>br</strong> />
tiros fatais, cali<strong>br</strong>e 38, um deles atin-<<strong>br</strong> />
gindo sua boca. Mais tarde, foi consta-<<strong>br</strong> />
tado <strong>que</strong> pelo menos uma das balas foi<<strong>br</strong> />
disparada pela arma encontrada em<<strong>br</strong> />
posse de Ròmulo Gamarra.<<strong>br</strong> />
(Texto elaborado pelo Fórum<<strong>br</strong> />
Marcai, de Campo Grande, MS).<<strong>br</strong> />
Maria Helena Brancher<<strong>br</strong> />
CHOREI.<<strong>br</strong> />
Durante os debates comandados por<<strong>br</strong> />
Junina, falam <strong>ter</strong>enas, falam Kadi-<<strong>br</strong> />
w<strong>eu</strong>s, falam Kaiuás, falam carajás,<<strong>br</strong> />
falam guatós, falam Xav<strong>antes</strong>, mas<<strong>br</strong> />
quando fala o índio guarani — Mar-<<strong>br</strong> />
cai de Sousa, <strong>que</strong> em sua língua<<strong>br</strong> />
tem um nome mais digno — Tupã-i<<strong>br</strong> />
(pe<strong>que</strong>no D<strong>eu</strong>s), me arrebento em<<strong>br</strong> />
lágrimas.<<strong>br</strong> />
ÍNDIOS SOMOS NÓS<<strong>br</strong> />
De <strong>que</strong> fala esse índio miúdo, de<<strong>br</strong> />
óculos, com quase 60 anos? Fala da<<strong>br</strong> />
mesma coisa <strong>que</strong> os outros falam,<<strong>br</strong> />
mas fala diferente; mais fundo e<<strong>br</strong> />
mais forte. Pertence à tradição gua-<<strong>br</strong> />
rani e realiza aquilo <strong>que</strong> Pierre<<strong>br</strong> />
Clastres anotou ao estudá-los no li-<<strong>br</strong> />
vro Sociedade contra o Estado:<<strong>br</strong> />
"uma transmutação lingüística do<<strong>br</strong> />
universo cotidiano, em um Grande<<strong>br</strong> />
Falar <strong>que</strong> se chegou a pensar <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
era uma língua secreta".<<strong>br</strong> />
O <strong>que</strong> Tupâ-i fala <strong>não</strong> tem, contu-<<strong>br</strong> />
do, nenhum mistério. E a história<<strong>br</strong> />
do ex<strong>ter</strong>mínio das nações indíge-<<strong>br</strong> />
nas. E, de repente, <strong>não</strong> são a<strong>que</strong>les<<strong>br</strong> />
índios <strong>que</strong> ali vejo. Somos nós to-<<strong>br</strong> />
dos, índios de segunda classe, já<<strong>br</strong> />
distanciados de nossas tradições e<<strong>br</strong> />
costumes e perdidos na história.<<strong>br</strong> />
A<strong>que</strong>les índios somos nós partici-<<strong>br</strong> />
pando das r<strong>eu</strong>niões in<strong>ter</strong>nacionais<<strong>br</strong> />
com ban<strong>que</strong>iros e mendigando em-<<strong>br</strong> />
préstimo e ajuda financeira. A<strong>que</strong>-<<strong>br</strong> />
les índios somos nós, nas as<strong>sem</strong>-<<strong>br</strong> />
bléias in<strong>ter</strong>nacionais do lado escuro<<strong>br</strong> />
e incômodo dos países do "<strong>ter</strong>ceiro<<strong>br</strong> />
mundo".<<strong>br</strong> />
ALDEIA PADRÃO<<strong>br</strong> />
Estou numa aldeia dos <strong>ter</strong>enas em<<strong>br</strong> />
Limão Verde, há uns 20 quilôme-<<strong>br</strong> />
tros de Aquidauana. Mais um pou-<<strong>br</strong> />
co e poderia chegar ao Paraguai e à<<strong>br</strong> />
Bolívia. Há um churrasco para ín-<<strong>br</strong> />
dios e autoridades no encerramento<<strong>br</strong> />
dessa Semana do índio.<<strong>br</strong> />
O lugar é esplêndido. E como nós<<strong>br</strong> />
índios <strong>br</strong>asileiros estamos tão con-<<strong>br</strong> />
taminados da cultura americana,<<strong>br</strong> />
<strong>não</strong> posso fugir à comparação: pa-<<strong>br</strong> />
rece cenário de filme americano,<<strong>br</strong> />
pois tem até a<strong>que</strong>las serras de ro-<<strong>br</strong> />
chas velhas ao fundo.<<strong>br</strong> />
O presidente da Funai, vendo o fa-<<strong>br</strong> />
buloso artesanato da índia Romana<<strong>br</strong> />
(<strong>ter</strong>ena) e os vasos dos kadiw<strong>eu</strong>s,<<strong>br</strong> />
enfatiza: Essa é a aldeia padrão, to-<<strong>br</strong> />
da aldeia tem <strong>que</strong> ser daqui pra me-<<strong>br</strong> />
lhor, olha <strong>que</strong> beleza! Nós temos<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> aprender com os índios! E su-<<strong>br</strong> />
gere <strong>que</strong> se faça um selo de chum-<<strong>br</strong> />
bo da Funai para autenticar as pe-<<strong>br</strong> />
ças de artesanato.<<strong>br</strong> />
Acho <strong>que</strong> uma aldeia padrão, den-<<strong>br</strong> />
tro de um sentido moderno de res-<<strong>br</strong> />
peito antropológico ao índio, <strong>não</strong><<strong>br</strong> />
deveria <strong>ter</strong> nenhuma igreja dentro<<strong>br</strong> />
de s<strong>eu</strong> espaço. Impor ali uma reli-<<strong>br</strong> />
gião, seja qual for, é uma violên-<<strong>br</strong> />
cia. A Igreja, <strong>que</strong> já se penitenciou<<strong>br</strong> />
de tantos erros, deveria urgente<<strong>br</strong> />
corrigir este também. Man<strong>ter</strong>-se à<<strong>br</strong> />
distância e com respeito. Dar<<strong>br</strong> />
exemplo aos invés de catequizar.<<strong>br</strong> />
Os protest<strong>antes</strong> também, principal-<<strong>br</strong> />
mente quando envolvidos com sus-<<strong>br</strong> />
peitas missões estrangeiras.<<strong>br</strong> />
Não é de hoje <strong>que</strong> religiosos sensí-<<strong>br</strong> />
veis confessam <strong>que</strong>, do ponto de<<strong>br</strong> />
vista moral e religioso, os índios<<strong>br</strong> />
<strong>sem</strong>pre foram superiores aos inva-<<strong>br</strong> />
sores. É só ler Jean de Lery ou<<strong>br</strong> />
qual<strong>que</strong>r viajante <strong>que</strong> por aqui<<strong>br</strong> />
aportou e <strong>que</strong> tenha escrito com o<<strong>br</strong> />
mínimo de cará<strong>ter</strong> e honestidade. É<<strong>br</strong> />
só consultar os missionários mais<<strong>br</strong> />
sensíveis, <strong>que</strong> muitos deles é <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
acabam-se convertendo aos índios.<<strong>br</strong> />
IDEOLOGIA TERENA<<strong>br</strong> />
De alguma maneira a<strong>que</strong>les ín-<<strong>br</strong> />
dios ali r<strong>eu</strong>nidos espelham algumas<<strong>br</strong> />
realidades do Brasil. O guarani, ti-<<strong>br</strong> />
po Marcai de Sousa, é o intelectual.<<strong>br</strong> />
Estranhamente ele aprend<strong>eu</strong> e de-<<strong>br</strong> />
senvolv<strong>eu</strong> s<strong>eu</strong> vocabulário em por-<<strong>br</strong> />
tuguês lendo Seleções. E de repente<<strong>br</strong> />
surge essa <strong>que</strong>stão: Como pode um<<strong>br</strong> />
leitor guardar o vocabulário e <strong>não</strong><<strong>br</strong> />
se contaminar com a ideologia do<<strong>br</strong> />
texto?<<strong>br</strong> />
Na verdade, muitos índios, muitas<<strong>br</strong> />
tribos têm operado esse milagre:<<strong>br</strong> />
usam a gramática do <strong>br</strong>anco mas<<strong>br</strong> />
continuam a fazer um discurso fun-<<strong>br</strong> />
damentalmente indígena: A isso<<strong>br</strong> />
Oswald de Andrade e outros teóri-<<strong>br</strong> />
cos chamariam muito apropriada-<<strong>br</strong> />
mente de "antropofagia cultural".<<strong>br</strong> />
Mas muitos <strong>ter</strong>enas são diferentes.<<strong>br</strong> />
Se os ' guaranis desenvolveram<<strong>br</strong> />
a<strong>que</strong>le mito segundo o qual se dan-<<strong>br</strong> />
ças<strong>sem</strong> noite e dia, poderiam se tor-<<strong>br</strong> />
nar tão leves <strong>que</strong> s<strong>eu</strong>s pés sairiam<<strong>br</strong> />
do chão e os levariam à Terra <strong>sem</strong><<strong>br</strong> />
Males, já os <strong>ter</strong>enas têm os pés no<<strong>br</strong> />
chão.<<strong>br</strong> />
Pior. Deixaram-se envolver de tal<<strong>br</strong> />
modo pelos missionários e pelos<<strong>br</strong> />
"valores ocidentais", <strong>que</strong> hoje es-<<strong>br</strong> />
forçam-se por concorrer com o<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>anco. Querem escolas, <strong>que</strong>rem<<strong>br</strong> />
diplomas. Já há <strong>ter</strong>enas políticos,<<strong>br</strong> />
burocratas e bolsistas nos Estados<<strong>br</strong> />
Unidos.<<strong>br</strong> />
Não há como recriminá-los. Opta-<<strong>br</strong> />
ram por isto para fugir à extinção<<strong>br</strong> />
ou ao aviltamento completo. Des-<<strong>br</strong> />
confio, no entanto, <strong>que</strong> mais do <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
uma tribo, os <strong>ter</strong>enas são uma sín-<<strong>br</strong> />
drome. Depois de muita morte e<<strong>br</strong> />
destruição, vão optando, vão sendo<<strong>br</strong> />
cooptados para so<strong>br</strong>eviverem. Mui-<<strong>br</strong> />
tos falam o português melhor <strong>que</strong><<strong>br</strong> />
nós. Tão estrangeiros quanto Rui<<strong>br</strong> />
Barbosa <strong>que</strong>, em Londres, botou<<strong>br</strong> />
uma placa na porta de sua casa:<<strong>br</strong> />
"Ensina-se inglês".<<strong>br</strong> />
Terenas somos todos nós nos esfor-<<strong>br</strong> />
çando por mostrar ao estangeiro<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> podemos ser até mais estrangei-<<strong>br</strong> />
ros <strong>que</strong> eles em nossa própria <strong>ter</strong>ra,<<strong>br</strong> />
absorvendo mitos e costumes ao<<strong>br</strong> />
mesmo tempo <strong>que</strong> exportamos nos-<<strong>br</strong> />
sas ri<strong>que</strong>zas e nos endividamos até<<strong>br</strong> />
a alma. Somos uns índios às aves-<<strong>br</strong> />
sas. Não somente somos "atraí-<<strong>br</strong> />
dos" pelos colonizadores graças a<<strong>br</strong> />
uma série de "in<strong>ter</strong>mediários" e<<strong>br</strong> />
"indigenistas". Também os "atraí-<<strong>br</strong> />
mos" para <strong>que</strong> tragam s<strong>eu</strong>s capi-<<strong>br</strong> />
tais, a poluição e p peste atômica<<strong>br</strong> />
<strong>que</strong> nos dizimará a todos.<<strong>br</strong> />
Terenas somos nós correndo mer-<<strong>br</strong> />
cados africanos e do "<strong>ter</strong>ceiro<<strong>br</strong> />
mundo" revendendo quinquilharias<<strong>br</strong> />
das multinacionais. Terenas somos<<strong>br</strong> />
nós dentro de discotecas e buti<strong>que</strong>s,<<strong>br</strong> />
compristas desesperados nas aveni-<<strong>br</strong> />
das do mundo. Terena é o ministro<<strong>br</strong> />
demonstrando ao gringo <strong>que</strong> pode<<strong>br</strong> />
acreditar em nós, por<strong>que</strong> somos um<<strong>br</strong> />
país (ou uma tribo) "viável". Que<<strong>br</strong> />
podem investir em nós <strong>que</strong> <strong>não</strong> os<<strong>br</strong> />
decepcionaremos.<<strong>br</strong> />
Afonso Romano Sanfana é<<strong>br</strong> />
poeta, mineiro, de tradição<<strong>br</strong> />
metodista. Este texto é com-<<strong>br</strong> />
posto de extratos de s<strong>eu</strong> li-<<strong>br</strong> />
vro Política e Paixão.