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- Indigotina (INS-132)<br />
- Marron HT (INS-155)<br />
- Negro Brilhante (INS-151)<br />
- Ponceau 4R (INS-124)<br />
- Tartrazina (INS-102)<br />
- Vermelho 40 (INS-129)<br />
- Verde Sólido FCF (INS-143)<br />
A tartrazina, corante amarelo largamente utilizado<br />
em alimentos e medicamentos, vem sendo alvo de posições<br />
conflitantes a respeito de seu potencial para causar efeitos<br />
adversos em indivíduos portadores de rinite alérgica, asma,<br />
urticária, e de sensibilidade a analgésicos e antinflamatórios<br />
não-hormonais. Os relatos de hipersensibilidade à<br />
tartrazina ocorrem em 0,6 a 2,9% da população, com<br />
incidência maior nos indivíduos atópicos (alérgicos) ou<br />
com intolerância aos salicilatos. Possui estrutura química<br />
próxima à dos benzoatos, salicilatos e indometacina, daí<br />
a possibilidade de reações alérgicas cruzadas com esses<br />
fármacos. No entanto, recente estudo piloto de ensaios<br />
clínicos realizados em 26 pacientes portadores de asma<br />
brônquica, não ratificou a associação entre tartrazina e<br />
exacerbações da asma.<br />
O presente estudo desenvolvido no Centro de<br />
Pesquisa Clínica da Universidade Federal Fluminense,<br />
propos verificar se os participantes voluntários do estudo,<br />
portadores de rinite alérgica, asma, urticária ou sensibilidade<br />
a analgésicos e anti-inflamatórios não-esteróides, expostos<br />
ao corante tartrazina através de um estudo duplo-cego<br />
placebo controlado, apresentam exarcebações clínicas dos<br />
seus quadros de saúde, ou seja, foi avaliar se haveria ou não<br />
o aparecimento de reações alérgicas em voluntários que<br />
não tinham conhecimento prévio de que haviam ingerido a<br />
cápsulacom corante ou com placebo (cápsula com amido)<br />
1.1 – Racional<br />
1.1.1 – Ensaios em Animais<br />
Os azocorantes, grupo ao qual pertence a tartrazina,<br />
quando ingeridos, são metabolizados a aminas aromáticas<br />
a partir de azo-redutases elaboradas por microorganismos<br />
constituintes da flora intestinal. Os azocorantes também<br />
são metabolizados no fígado graças a redutases hepáticas,<br />
porém esse mecanismo é menos importante em virtude do<br />
papel preponderante de redução pela microflora intestinal<br />
durante a passagem pelo tubo digestivo . Em ratos, após a<br />
ingestão da tartrazina, quantidades que variam até 1,5%<br />
do corante intacto, foram encontradas na urina e na bile<br />
nas 24 horas posteriores à dose ingerida. Houve, ainda,<br />
absorção de cerca de 4% da tartrazina sob a forma de<br />
aminopirazolona, um produto metabólico deste agente. 11<br />
A Dose Letal média (DL 50 ) foi definida em ratos<br />
como sendo da ordem de 2.000 mg/kg e, nesta dosagem,<br />
pesquisas apontaram danos genotóxicos. Nos seres<br />
humanos a dose tóxica é de difícil ocorrência em virtude<br />
das marcantes alterações de cor e sabor produzidas pela<br />
elevação das concentrações normalmente utilizadas<br />
nos alimentos e medicamentos. Em um outro estudo<br />
de genotoxicidade, vinte e uma amostras de alimentos<br />
coloridos com tartrazina disponíveis no comércio, foram<br />
utilizadas em dois ensaios in vitro de mutação reversa em<br />
Salmonella typhimurium e Escherichia coli. Não foram<br />
encontradas evidências mutagênicas em nenhum dos dois<br />
experimentos.<br />
Em pesquisa conduzida por Collins e cols. , doses<br />
que variaram entre 67,4 e 1064 mg/kg/dia de tartrazina<br />
(FD&C yellow No. 5) ingeridas em solução, por ratas<br />
grávidas no 2º trimestre da gestação, não provocaram<br />
alterações na viabilidade fetal, no tamanho fetal, nem<br />
foram observados efeitos teratogênicos.<br />
Ensaio conduzido também por Collins e cols. 8 onde<br />
estudaram ratas grávidas tratadas com doses de tartrazina<br />
da ordem de 0, 60, 100, 200, 400, ou 1000 mg/kg/dia,<br />
em período gestacional, não houve efeitos relacionados<br />
à dose sobre a viabilidade ou desenvolvimento fetais. O<br />
desenvolvimento do esqueleto e das vísceras foi similar<br />
nos conceptos de todos os grupos. Os autores concluíram<br />
que, nas doses utilizadas, a tartrazina não foi tóxica ou<br />
teratogênica .<br />
As concentrações máximas permitidas nos<br />
medicamentos e nos alimentos variam de 10 a 30 mg por<br />
100g de alimento (Resolução 387, de 05 de agosto de 1999,<br />
da ANVISA).<br />
1.1.2. Ensaios Clínicos<br />
Lockey 14 foi o primeiro autor que relatou uma<br />
possível associação entre tartrazina e urticária, pelo uso<br />
de medicamentos corados de amarelo. Em três pacientes<br />
portadores de urticária, relatou exacerbação do quadro<br />
clínico pela administração da droga. Outras comunicações<br />
seguiram-se, associando exacerbações de asma, urticária e<br />
anafilaxia, ao uso de aditivos em alimentos e medicamentos.<br />
Ardern e cols. desenvolveram uma metanálise<br />
dos estudos publicados sobre o papel da tartrazina no<br />
desencadeamento de pioras em pacientes asmáticos.<br />
Encontraram 90 estudos que versavam sobre grupos de<br />
pacientes asmáticos que foram alvo de exposição controlada<br />
à tartrazina. Baseando-se nos critérios atualmente<br />
desejáveis para trabalhos científicos, eliminaram 84<br />
trabalhos. Os seis trabalhos restantes obedecem ao modelo<br />
técnico - científico estabelecido e são descritos a seguir.<br />
Hariparsad estudou 10 crianças asmáticas, pacientes<br />
ambulatoriais de Serviço especializado em atendimento a<br />
asmáticos, sendo 6 meninos e 4 meninas, com história de<br />
tosse ou sibilância após ingestão de bebidas alaranjadas. A<br />
idade média foi de 11,5 anos. A medicação antiasmática foi<br />
interrompida com 24 horas (aminofilina e cromoglicato) e<br />
8 horas (beta agonistas) antes do começo do estudo. Foram<br />
administrados em dias separados, de forma duplamente<br />
cega, 1 mg de tartrazina ou placebo. O indicador utilizado<br />
foi a medida da bronco - reatividade à histamina, antes,<br />
Revista Juris da Faculdade de Direito, São Paulo, v.3, jan/junho. 2010.