Vol 13 - Nº 3
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Sabedotti M, et al. Stents na Circulação Pulmonar. Rev Bras Cardiol Invas 2005; <strong>13</strong>(3): 146-152.<br />
O stent é manualmente de diâmetro montado sobre<br />
um balão de diâmetro apropriado. Uma bainha longa<br />
(Mullins) é utilizada para proteger o stent enquanto se<br />
ultrapassa a lesão. Duas técnicas podem ser utilizadas.<br />
Na primeira, a bainha longa é posicionada através da<br />
lesão e o stent montado sobre o balão é avançado<br />
através da bainha. Na segunda técnica, o stent montado<br />
é avançado até a parte distal da bainha, fora do<br />
paciente, e o sistema é avançado sobre a guia. A<br />
última técnica tem duas vantagens; ela elimina o problema<br />
de avançar o stent sobre os kinks que podem se<br />
desenvolver no caminho e permite o uso de bainhas<br />
menores, vital em lactentes pequenos. O tamanho da<br />
bainha pode variar de 7F a 12F, dependendo do stent<br />
utilizado, sendo que para sua escolha, deve-se tomar<br />
a medida do shaft do balão e adicionar-se 2F. Quando<br />
o stent está adequadamente posicionado, o que é<br />
visualizado através de injeções manuais de contraste,<br />
a bainha é tracionada e o balão expandido. As medidas<br />
hemodinâmicas e as angiografias são repetidas após a<br />
liberação do stent.<br />
RESULTADOS<br />
Entre junho de 1996 e novembro de 2002, 75<br />
stents foram implantados em 66 pacientes, no Instituto<br />
de Cardiologia do Rio Grande do Sul. A idade média<br />
foi de 7 anos (0,1 a 20 anos). A grande maioria dos<br />
pacientes (93,9%) havia sido submetida a cirurgia prévia,<br />
sendo que em 63,6% a cirurgia fora realizada no local<br />
da lesão. As características do procedimento e das doenças<br />
associadas estão sumarizadas nas Tabelas 1 e 2.<br />
Estão incluídos, neste grupo de pacientes, stents<br />
isolados para os ramos (Figura 2), stents telescopados,<br />
implantes bilaterais seqüenciais e tratamento da bifurcação<br />
pela técnica de kissing stents. A grande maioria<br />
TABELA 1<br />
Características do procedimento,<br />
casuística do Instituto de Cardiologia do RS<br />
Ramo pulmonar esquerdo 43 (56,9%)<br />
Ramo pulmonar direito 11 (<strong>13</strong>,8%)<br />
Dois ramos pulmonares 7 (8,6%)<br />
Kissing stents 6 (6,9%)<br />
Dois stents no ramo pulmonar esquerdo 2 (3,4%)<br />
Dois stents no ramo pulmonar direito 1 (1,7%)<br />
Anastomose entre AD e AP 2 (3,4%)<br />
Tubo entre VD e AP 1 (1,7%)<br />
Via saída VD 2 (3,4%)<br />
Stent sobre stent fraturado 1 (1,7%)<br />
Cirurgia prévia 62 (93,9%)<br />
Cirurgia prévia no local da lesão 47 (63,6%)<br />
AD: Átrio direito; AP: Artéria pulmonar; VD: Ventrículo direito.<br />
dos pacientes recebeu stents passíveis de redilatação<br />
futura até tamanho compatível com a idade adulta<br />
(Figura 3), embora vários lactentes pequenos, em situação<br />
de urgência ou pelo seu pequeno tamanho e com<br />
risco de perda de leito vascular pulmonar, tenham<br />
sido submetidos ao implante de stents pré-montados,<br />
que terão que ser retirados cirurgicamente no futuro.<br />
Um grupo interessante desta população é a dos<br />
seis pacientes em pós-operatório imediato de cirurgia<br />
de Fontan, acompanhada de estenose grave pós-ampliação<br />
de ramo pulmonar. Essas crianças, pelas características<br />
deste tipo de circulação, encontravam-se criticamente<br />
doentes e foram tratadas com reperfusão pulmonar<br />
com stent, horas após a operação (Figuras 4 e 5).<br />
Se observarmos a complexidade anatômica da circulação<br />
pulmonar do grupo estudado e o estado clínico<br />
de muitos dos pacientes, chega a ser surpreendente<br />
o pequeno número de complicações ocorridas.<br />
Ocorreram dois casos de embolização do stent<br />
para artérias pulmonares mais distais, sendo que em<br />
um deles foi realizada cirurgia para retirada do stent<br />
e realização de plastia no ramo pulmonar. No outro<br />
paciente, o stent foi deixado na artéria do lobo inferior<br />
esquerdo, sem complicações tardias. Houve uma fratura<br />
de stent em lactente com estenose de ramo esquerdo<br />
e em pós-operatório de cirurgia de Glenn, sendo necessário<br />
implante de um novo stent através dele. Houve<br />
um caso de edema agudo de pulmão ipsilateral ao<br />
ramo em que foi implantado o stent, provavelmente<br />
por lesão tipo reperfusão, que melhorou com 48 horas<br />
de ventilação mecânica.<br />
TABELA 2<br />
Doenças associadas, casuística do<br />
Instituto de Cardiologia do RS<br />
Tetralogia de Fallot 24 (36,3%)<br />
Atresia pulmonar com CIV 9 (<strong>13</strong>,6%)<br />
Transposição de grandes vasos 8 (12,1%)<br />
Estenose de ramos pulmonares isolada 5 (7,6%)<br />
Atresia tricúspide 4 (6,0%)<br />
Dupla via de entrada para VE 4 (6,0%)<br />
Atresia pulmonar com septo íntegro 3 (4,5%)<br />
Truncus arteriosus 2 (3,0%)<br />
Dupla via de saída VD 2 (3,0%)<br />
Estenose supravalvar aórtica 1 (1,5%)<br />
Dupla via de entrada para VE com 1 (1,5%)<br />
valva AV comum<br />
CIV 2 (3,0%)<br />
CIV e coarctação de aorta 1 (1,5%)<br />
CIV: Comunicação interventricular; VE: Ventrículo esquerdo;<br />
VD: Ventrículo direito; AV: atrioventricular.<br />
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