Vol 13 - Nº 3
Vol 13 - Nº 3
Vol 13 - Nº 3
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Chamié F, et al. Fechamento Percutâneo do Forame Oval Patente. Rev Bras Cardiol Invas 2005; <strong>13</strong>(3): 185-197.<br />
tados estarão disponíveis no início de 2006, o que<br />
certamente trará mais subsídios para a indicação de<br />
fechamento do FOP na enxaqueca.<br />
OUTRAS CONDIÇÕES CLÍNICAS ASSOCIADAS<br />
AO FOP<br />
Síndrome descompressiva em mergulhadores<br />
Embora embolia paradoxal através de FOP tenha<br />
sido descrita em 1877 4 e a embolia gasosa paradoxal<br />
em 1979 32 , os primeiros relatos de uma possível relação<br />
entre a síndrome de descompressão e a patência do<br />
forame oval datam somente de 1989 33 .<br />
O mergulho envolve um risco para lesões neurológicas<br />
causadas por doença de descompressão: embolia<br />
gasosa arterial, anóxia, e aos efeitos tóxicos das altas<br />
pressões parciais dos gases inalados 34,35 . A síndrome<br />
descompressiva relacionada ao forame é causada, presumivelmente,<br />
por bolhas de nitrogênio passando através<br />
do septo interatrial 36 .<br />
Em 1986, Wilmshurst et al. 37 sugeriram que a comunicação<br />
interatrial e o FOP pudessem ser importantes<br />
na etiologia da embolia gasosa arterial em mergulhadores.<br />
Tem sido mostrado que síndrome descompressiva<br />
(SDC) causa mais freqüentemente lesões cerebrais em<br />
mergulhadores que possuem forame patente do que<br />
em indivíduos sãos 6,36 . Ainda, é relatada uma prevalência<br />
aumentada de complicações, mesmo na ausência de<br />
SDC reconhecida 16 . Alguns estudos retrospectivos têm<br />
confirmado esta informação. Num estudo de Knauth et<br />
al. 38 , em 1997, foi utilizado o Doppler transcraniano<br />
para detectar a presença de shunt direita-esquerda em<br />
87 mergulhadores. Múltiplas lesões cerebrais visualizadas<br />
à ressonância magnética ocorreram exclusivamente<br />
naqueles com grande shunt direita-esquerda, o que<br />
se presumiu seria causado por um forame oval patente.<br />
Germonpré et al. 39 , utilizando o ecocardiograma<br />
transesofágico (ETE) com contraste, demonstraram uma<br />
prevalência de FOP de 59,9% em mergulhadores com<br />
síndrome descompressiva contra 36,1% em controles,<br />
fornecendo uma OR de 5,6.<br />
Schwerzmann et al. 35 também estudaram a prevalência<br />
de sintomas de descompressão e lesões cerebrais<br />
isquêmicas e sua relação com FOP. A população estudada<br />
foi de 52 mergulhadores num grupo, e 52 indivíduos<br />
não mergulhadores no grupo controle. Os resultados<br />
mostraram que apenas o ato de mergulhar, independente<br />
da presença do FOP, está relacionado com um<br />
aumento de 5 vezes na incidência de lesões cerebrais<br />
isquêmicas, quando comparado com pessoas que não<br />
mergulham. Contudo, mergulhadores portadores de<br />
FOP têm aumento de 4,5 vezes nos eventos de descompressão<br />
e de 2 vezes mais lesões cerebrais isquêmicas<br />
que os mergulhadores sem FOP.<br />
De acordo, Cantais et al. 40 , utilizando o Doppler<br />
transcraniano, demonstraram uma prevalência de FOP<br />
de 58,4% nos mergulhadores que sofreram síndrome<br />
descompressiva, contra 24,8% em controles não comparados,<br />
fornecendo uma OR de 4,3.<br />
Mais recentemente, Torti et al. 41 , também com o<br />
uso do ETE com contraste, mostraram uma prevalência<br />
de 64% de FOP nos mergulhadores com SDC contra<br />
25,7% nos controles, com uma OR de 4,8.<br />
Esses resultados têm, concordantemente, revelado<br />
uma maior incidência de complicações neurológicas<br />
em mergulhadores portadores de forame oval patente<br />
que sofrem SDC e sugerem que a pesquisa sistemática<br />
e o fechamento do defeito septal possa ser uma recomendação<br />
definitiva num futuro próximo.<br />
Síndrome Platipnéia-Ortodeoxia (SPO)<br />
É uma síndrome rara e peculiar. Sua primeira descrição<br />
foi feita, em 1949, por Burchell et al. 42 .<br />
É mais freqüentemente observada em idosos e se<br />
caracteriza por dispnéia e cianose (desaturação arterial)<br />
quando se adota a posição ortostática, melhorando<br />
ao adotar-se a posição supina. O reconhecimento dessa<br />
síndrome requer um alto nível de suspeição clínica e<br />
é estabelecido pela análise de amostras de gasometria<br />
arterial em posições ortostática e supina, mostrando<br />
queda da saturação de O 2<br />
na amostra colhida em<br />
ortostatismo. Várias entidades clínicas têm sido associadas<br />
a esta síndrome, envolvendo acometimento de<br />
diversos órgãos (Quadro 1).<br />
Embora a fisiopatologia precisa da desaturação<br />
arterial ortostática ainda não tenha sido completamente<br />
elucidada, um pré-requisito necessário é a presença<br />
de shunt direita-esquerda (D-E). De acordo com isso,<br />
a classificação etiológica da síndrome de platipnéiaortodeoxia<br />
é baseada na localização do shunt:<br />
Quadro 1<br />
Entidades clínicas associadas à<br />
Síndrome de Platipnéia-Ortodeoxia<br />
Causas Cardíacas<br />
FOP, CIA, ASA, derrame pericárdico, dilatação da<br />
raiz da aorta, valva de Eustáquio persistente,<br />
pericardite constrictiva<br />
Causas Pulmonares<br />
Enfisema, fístulas arteriovenosas, pneumectomia,<br />
embolia pulmonar<br />
Causas Gastrointestinais<br />
Síndrome hepatopulmonar<br />
Causas Músculo-esqueléticas<br />
Deficiência da musculatura abdominal, cifo-escoliose<br />
Causas Neurológicas<br />
Disfunção autonômica<br />
188<br />
FChamie.p65 188<br />
9/6/2006, 17:43