Vol 13 - Nº 3
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Neves J, et al. Uso de Stents no Tratamento da Coarctação da Aorta. Rev Bras Cardiol Invas 2005; <strong>13</strong>(3): 153-166.<br />
Figura 1 - Coarctação da aorta em paciente adolescente. O arco<br />
e o istmo têm diâmetro conservado. A lesão é localizada e notase<br />
prateleira posterior conferindo um aspecto assimétrico à lesão.<br />
STENTS<br />
Os stents são implantes tubulares feitos de ligas<br />
metálicas (aço inoxidável 316 L, cobalto, platina, titânio,<br />
titânio-níquel), biocompatíveis e resistentes à corrosão e<br />
fraturas. Atuam primariamente evitando o colapso vascular,<br />
funcionando como suporte à parede do vaso 25-27 .<br />
No caso do stent balão-expansível, as forças radiais do<br />
balão são dispersas em áreas maiores, promovendo a<br />
aposição da íntima vascular à média durante o implante.<br />
Esse feito, provavelmente, minimiza a extensão das<br />
lesões vasculares, controlando pequenas dissecções e<br />
reduzindo o risco de formação de aneurismas 25-27 .<br />
O stent ideal deve ser flexível, ter baixo perfil e<br />
grande força radial. Bordas arredondadas são também<br />
desejadas para prevenir injúria da parede vascular e<br />
ruptura do balão. Deve ser longo o suficiente para<br />
cobrir a lesão (30-60 mm), altamente resistível a fraturas<br />
secundárias à fadiga, bem visível à fluoroscopia e sofrer<br />
encurtamento mínimo após a expansão 25,27 . Além do<br />
mais, deve ser expansível até 18-25 mm em diâmetro,<br />
tamanho normal da aorta ao nível do diafragma em<br />
adultos. Infelizmente, nenhum stent disponível atualmente<br />
no mercado tem todas estas características. Os stents<br />
balão-expansíveis são os mais utilizados para o tratamento<br />
da CoA. O mais comum deles, o Palmaz ® grande<br />
(30 mm) e extra-grande (40 e 50 mm), é composto de<br />
aço inoxidável (Cordis, Johnson & Johnson Interventions,<br />
NJ, USA). Têm força radial adequada e são altamente<br />
resistentes à fadiga. Entretanto, são extremamente rígidos,<br />
o que dificulta sua navegabilidade em vasos tortuosos,<br />
o que não chega a ser problemático nos casos de<br />
CoA. Além disto, apresentam encurtamento significativo<br />
e bordas pontiagudas, o que tem feito alguns<br />
pesquisadores explorarem novas endopróteses para o<br />
tratamento da CoA 25,27 . Uma delas é o stent Cheatham-<br />
Platinum ® - CP - (Numed, NY, USA) de liga de platina<br />
(90%) e iridium (10%), com estrutura arranjada em<br />
padrão de “zig-zag” 28,29 . Próteses com oito “zig-zags”<br />
são capazes de expandir até 25 mm se necessário, e<br />
aquelas com 34-45 mm de comprimento promovem<br />
cobertura adequada em casos de CoA. São compatíveis<br />
com ressonância magnética e mais visíveis à fluoroscopia.<br />
O CP tem encurtamento menor que o Palmaz após<br />
expansão (Figura 2), é discretamente mais flexível e<br />
possui bordas arredondadas. Embora experiências in<br />
vitro tenham sugerido boa força radial e ótima resistência<br />
à fadiga, a ocorrência de fraturas localizadas ou circunferenciais<br />
com este stent no seguimento tem sido<br />
bem documentada em ensaios clínicos 30,31 . Recentemente,<br />
os Palmaz ® grandes (série P8) foram substituídos<br />
pelo Genesis ® (Cordis, Johnson & Johnson Interventions,<br />
NJ, USA), que também vem sendo usado para tratamento<br />
da CoA 32 . São mais flexíveis devido ao seu desenho<br />
do sistema de articulações, embora existam discussões<br />
a respeito de sua força radial e resistência à fratura<br />
quando expandido aos grandes diâmetros da aorta.<br />
Outras endopróteses balão-expansíveis têm sido<br />
utilizadas para o tratamento da CoA. O Max LD ® (EV3,<br />
MN, USA), com 36 mm de comprimento, composto de<br />
aço inoxidável, tem desenho de células abertas, o que<br />
propicia maior flexibilidade e diminui o risco de oclusão<br />
de ramos adjacentes 25 . Quando expandido de forma<br />
estagiada, com balões de diâmetros progressivamente<br />
maiores, apresenta encurtamento mínimo. Entretanto,<br />
ainda não há seguimento a longo prazo deste stent,<br />
sendo questionada a sua resistência quando expandido<br />
a diâmetros de 20-25 mm na aorta. Além disto, balões<br />
de alto perfil (>9F) são necessários para sua liberação<br />
e, como não é altamente radiopaco, a proliferação<br />
neointimal não pode ser bem avaliada na evolução.<br />
Figura 2 - Na porção superior da figura, encontra-se o stent Palmaz<br />
4014 e na inferior, o stent CP. Após expansão dos stents até 20 mm,<br />
o encurtamento é visivelmente menor no stent CP. Ver texto para<br />
maiores detalhes.<br />
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