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Revista Ótima - Março

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| galeria | sem meios tons<br />

res. Imagina pais músico e pintora? Eles pagavam<br />

meus cursos, mas eu também trabalhava muito, me<br />

virava, pra poder me preparar. Minha mãe sempre<br />

me empolgou. Eu queria cantar, meu pai dizia que<br />

eu não tinha muito talento (risos). Meu irmão, o<br />

Dr. Francisco Frazao, foi um gênio. Tive vários problemas<br />

na minha vida, com droga, e o meu irmão<br />

me incentivou muito a fazer análise, a ter uma estrutura<br />

interna saudável, e assim, conseguir ser um<br />

artista, conseguir enfrentar o mundo, suportar viver<br />

fora de casa e abrir mão da minha cidade.<br />

R.O - E como foi esse tempo de descobertas na<br />

análise?<br />

G.F - Eu comecei pra saber o que eu ia fazer da<br />

vida. Eu estava numa fase muito confusa. Fui querer<br />

saber quem é o Geraldo, o que eu queria fazer. Eu<br />

descobrir que a minha curiosidade era algo exagerado<br />

e esse exagero curioso era uma das melhores<br />

qualidades que eu tinha como artista. Lá eu descobri<br />

que eu deveria ser um artista, que eu já era<br />

um artista. Logo depois eu viajei para o Rio, estudei<br />

no Parque Lage, uma escola excelente. Foi quando<br />

eu conheci o professor Charles Watson (educador<br />

e palestrante, especializado no Processo Criativo),<br />

ele me levou a Londres pela primeira vez, passei um<br />

mês estudando arte na capital inglesa.<br />

R.O - Você sempre foi franco?<br />

G.F - Sempre fui muito franco e isso sempre me<br />

deu problema. Quando eu fui estudar com um artista<br />

renomado da cidade e ele me mandava fazer<br />

copias de artistas europeus, não era uma metodologia<br />

que incentivava a usar meu pensamento,<br />

a desenvolver minhas ideias, a colocar pra fora o<br />

que me interessava. Era algo que só ensinava a pintar<br />

telas, copiar.. Eu não queria fazer isso, eu era<br />

meio controversial na época, tinha minhas próprias<br />

ideias. Quando você expõe essas suas ideias controversas<br />

muitos não concordam com você e acham<br />

que é pessoal, o ser humano escolhe o que a gente<br />

quer na vida.<br />

R.O - Como foi se virar em Londres, longe de tudo<br />

e todos?<br />

G.F - Vim para Londres decidido a morar, a enfrentar<br />

a frieza das pessoas, o frio do inverno, a enfrentar<br />

uma sociedade com outros valores. Ia me<br />

reinventar e estava disposto a aprender. Aqui é todo<br />

mundo é muito educado, e eu gosto de ser tratado<br />

bem, por isso que eu moro aqui. A gente tem o<br />

dever de respeitar o outro mesmo não gostando<br />

dessa pessoa.<br />

R.O - Tem algum episódio desse começo de carreira<br />

que te marcou?<br />

G.F - Na pintura, fiz uma exposição num hospital<br />

renomado de Londres que tem uma coleção de pintores<br />

super famosos, como Frida Kahlo e Picasso,<br />

por exemplo. Estava saindo da abstração e começando<br />

a trabalhar com fotografia. O colecionador<br />

do hospital comprou dois quadros meus, ou seja,<br />

eu ia compor uma coleção junto com Velasques e<br />

outros grandes artistas. Nesse momento eu vi que<br />

meu trabalho poderia ser exposto em qualquer lugar<br />

do mundo.<br />

R.O - Como você começou a despontar como maquiador?<br />

G.F - Eu encontrei com a Isabela Blow (ícone da<br />

moda internacional), eu a conheci na rua e daí eu<br />

falei pra ela: eu adorei teu visual. Ela perguntou o<br />

que eu fazia e disse que era pintor. Pronto, ela pediu<br />

pra eu fazer uma maquiagem nela. Imagina, ela<br />

era uma das pessoas mais respeitadas da Europa,<br />

gostou do meu trabalho e foi me apresentando<br />

a grandes figuras da moda. Hoje eu escolho com<br />

quem eu quero trabalhar.<br />

Eu costumo dizer que sempre fui muito sortudo em<br />

Londres, mas também me preparei pra isso. O conhecimento<br />

é a base, sem conhecimento você não<br />

vai conseguir desenvolver um projeto por mais de<br />

seis anos, você vai se repetir sempre.<br />

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