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Transformadas as forças produtivas, mudam-se os modos de produção; e os novos modos de produção trazem também novas relações de produção. A humanidade contemporânea tem procurado forma de acolher as mais recentes tecnologias sem que o ser humano se veja expropriado do sentido essencial de sua vida: o trabalho. Não será demasiado observarmos que, dentre as aqui denominadas mídias operacionais, será necessário ainda distinguirmos as mídias operacionais interativotécnicas (oferta de dados sem quaisquer intervenções) das mídias operacionais interativo-intervencionais (quando não há unilateralidade, sendo necessário “clicar” ou preencher campos para obter-se determinados resultados). De todo modo, paralelamente a uma mídia de opinião com características ideológicas, há uma mídia operacional que é técnica e mobiliza, praticamente sem mediações do trabalho humano, circulações econômicas e financeiras. Ora, se, ao crermos em Marx, “não é a consciência do homem que determina o seu ser, mas, pelo contrário, o seu ser social é que determina a sua consciência”, não teremos dificuldades de constatar que os atuais modos e relações de produção – amparados pelas mídias que lhes são porta-vozes – erigem tipos humanos muito peculiarmente empobrecidos espiritualmente. CONCLUSÕES Não estamos autorizados a ver, nos meios de comunicação de massas, apenas negatividades e problemas. Já vimos que os suportes midiáticos, além de deverem ser compreendidos por mais complexas investigações midiológicas (com seus aspectos históricos, sociológicos, econômicos e políticos), fazem parte desse quadro mais vasto denominado evolução humana. As teleconferências, em especial as médicas e científicas em geral, os esforços de educação à distância e outros benefícios da informação rápida são importantes conquistas humanas. Mas é inegável que esses primeiros tempos de mídia eletrônica têm posto problemas às realidades familial, escolar, social em termos mais gerais, e de trabalho. Por exemplo, hoje se vai estabelecendo uma tensão entre, de um lado, a coisa sadia da socialização pelo trabalho em ambientes nos quais as pessoas se reúnem para produzir e conviver e, de outro lado, o trabalho on line (feito solitariamente em casa). Estamos em um momento da vida social em que, visivelmente, velhos valores desgastaram-se e já não nos servem; e ainda não temos novos que firmemente nos amparem em nosso viver cotidiano. É uma hora nebulosa de nossa situação civilizatória. No entanto, não cessam avanços tecno-científicos que põem ao nosso dispor meios e suportes cujo uso exige muita ética – esta ética que esteve tão exilada, que foi a grande proscrita do século XX. Tudo vai mal? Não temos o que fazer por nós mesmos e por nossos semelhantes? Estas são questões impactantes que reboam em nossas mentes. Sejamos sinceros: não tudo, mas quase tudo tem andado mal. Mas é por isto que temos muito o que fazer; temos um imenso trabalho pela frente. Como costumava dizer o matemático e filósofo inglês Bertrand Russell, nos momentos civilizatórios ou predomina o impulsopoder, ou o impulso-amor. O que se verifica, não sem verdadeira lástima, é que o impulso-poder tem-se imposto e dirigido a realidade da mídia e das relações de trabalho; 104 COMUNICAÇÕES • Revista do Programa de Pós-Graduação em Educação da UNIMEP • Ano 13 • Nº 2 • p. 89-105 • nov. de 2006 capitulo6.pmd 104 11/13/2007, 3:29 PM
quanto à família e às escolas, por mais que se disfarce, não tem sido tão diferente. Certamente o impulso-amor haveria de fazer nosso mundo muito mais amigo e habitável. Pediríamos que estas palavras não fossem mal interpretadas. Ao pesquisador não compete ser pessimista e nem otimista. Compete-lhe historicizar e contextualizar o que investiga, para uma compreensão despreocupada de ornatos ou de enfeiamentos. Eis uma leitura das relações entre mídia e educação. Jamais pensamos que seja a leitura, no sentido de única ou definitiva. Fizemos nossas análises, expusemos nossos pontos de vista com possíveis elementos para reflexões outras dos que nos honrarem com sua leitura. Afinal, sem as forças da intersubjetividade expomo-nos ao encarceramento fanatizado de nossas próprias e solitárias idéias. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BACCEGA, M. A. Televisão e escola – uma mediação possível? São Paulo: Ed. SENAC, 2003. BELLONI, M. L. O que é mídia-educação. Campinas: Autores Associados, 2001. ECKHARDT, W. Civilizations, Empires and Wars – a quantitative study of the war. North Carolina/London: MacFarland and Company Ind./Publishers Jefferson, 1992. FISCHER, E. O que Marx realmente disse. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1970. JONSON, A. G. Dicionário de Sociologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997. LEMOS, A. Cibercultura – tecnologia e vida social na cultura contemporânea. Porto Alegre: Sulina, 2002. LESBAUPIN, I. Poder local x exclusão – a experiência das prefeituras democráticas no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2000. MATTELART, A. História da sociedade da informação. S. Paulo: Loyola, 2002. MORIN, E. Para sair do século XX. 30ª reimp. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002. SCHWARTZ, T. Mídia: o segundo deus. S. Paulo: Summus Edit., 1985. TOURNIER, P. Mito y neurosis en nuestro tiempo. Buenos Aires: Asociación Editorial La Aurora, 1976. WIENER, N. Cibernética e sociedade. 3. ed. S. Paulo: Cultrix, 1970. Artigo recebido em 21/11/2006 Aprovado para publicação em 30/03/2007 COMUNICAÇÕES • Revista do Programa de Pós-Graduação em Educação da UNIMEP • Ano 13 • Nº 2 • p. 89-105 • nov. de 2006 105 capitulo6.pmd 105 11/13/2007, 3:29 PM
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