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COMUNICAÇÕES - Unimep

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com a filosofia kantiana.<br />

Seja por ter discordado de Kant, seu contemporâneo, seja pela força enunciativa do<br />

título do seu livro - Educação Estética do Homem - seja pela força do próprio idealismo<br />

alemão do século XIX, que lhe sucedeu com os nomes de Fitche, Schelling e Hegel, o fato<br />

é que Schiller tornou-se um nome de destaque na teorização sobre Estética filosófica em<br />

algumas dissertações brasileiras na área da educação (MONTEIRO, 2005).<br />

A ESTÉTICA DO MATERIALISMO HISTÓRICO VIGOTSKIANO<br />

A força do idealismo alemão atinge também a Rússia do século XX, espaçotempo<br />

de Vigotski, em que pese este espaço-tempo estar revolucionado pelas premissas<br />

do materialismo histórico de Karl Marx. Como conseqüência, Vigotskii esclarece que<br />

o idealismo alemão e sua compreensão de estética, baseados em premissas metafísicas<br />

e em suas ‘demonstrações da alma’, está decadente na Rússia do seu tempo.<br />

Parafraseando Fechner, Vigotski chama esta estética de ‘estética de cima’<br />

esclarecendo que o método especulativo do idealismo alemão pós-kantiano fora quase<br />

que inteiramente abandonado, apesar de ainda presente num ou noutro dos grandes<br />

psicólogos russos da sua época.<br />

A discussão iniciada por Vigotski aponta um “divisor de águas”, que separa<br />

as correntes estéticas em duas grandes tendências o “(...) psicológico e o não<br />

psicológico – que abrangem quase tudo que há de vivo nessa ciência” (VIGOTSKI,<br />

2001 p.7). Se esta divisão da estética esteve nas últimas décadas do século XIX e<br />

início do século XX entre o psicológico e o filosófico, ela irá sofrer nova configuração<br />

com a introdução das premissas marxistas na Rússia, o que irá possibilitar a Vigotski<br />

pensá-la em nova dicotomia: “(...) o divisor de águas (...) passa hoje por uma linha<br />

inteiramente diversa: agora separa a sociologia da arte da psicologia da arte (...)”<br />

(VIGOTSKI, 2001 p. 9).<br />

Rejeitando a sociologia da arte como constructo decisivo para entendermos o<br />

que é arte Vigotski nos diz que “(...) ninguém, como Plekhanov explicou com tanta<br />

clareza a necessidade teórica e metodológica do estudo da psicologia para uma teoria<br />

marxista da arte” (VIGOTSKI, 2001, p.10). Assim, pode-se dizer que a estética do<br />

materialismo histórico em Vigotski é uma psicologia da arte, título do seu livro. Talvez<br />

devido ao enraizamento do materialismo histórico na Rússia, Vigotski entende ser<br />

urgente “(...) delimitar com toda a precisão o problema psicológico da arte do problema<br />

sociológico”. (VIGOTSKI, 2001, p. 23). Entende que a arte não pode ser explicada<br />

diretamente a partir das relações econômicas. As relações da arte com a sociedade<br />

são complexas “(...) e de modo algum podem ser reduzidas a uma forma simples e<br />

unívoca de reflexo” (VIGOTSKI, 2001, p. 21).<br />

Vigotski menciona então o próprio Marx no texto da critica à economia política,<br />

dizendo-nos que “(...) no fundo é a mesma questão da complexa influência da<br />

superestrutura que Marx levanta” (VIGOTSKI, 2001, p. 22), isto é, deve haver um<br />

motivo para que obras do passado ainda continuem a nos encantar no presente, se as<br />

relações econômico-sociais do passado e do presente são tão díspares. A resposta de<br />

Vigotski é que nenhuma estética evita a psicologia.<br />

Estamos então num registro completamente diferente do idealismo alemão, não<br />

COMUNICAÇÕES • Revista do Programa de Pós-Graduação em Educação da UNIMEP • Ano 13 • Nº 2 • p. 78-88 • nov. de 2006 81<br />

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11/13/2007, 3:11 PM

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