COMUNICAÃÃES - Unimep
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eis a tarefa da história. Contudo, esse estado não pode ser<br />
expresso através da descrição pragmática dos pormenores,<br />
da qual ele antes se furta, mas só pode ser compreendido em<br />
sua estrutura metafísica, como reino messiânico ou a idéia da<br />
Revolução Francesa. O significado histórico atual dos<br />
estudantes e da universidade, a forma de sua existência no<br />
presente merece, portanto, ser descrita apenas como parábola,<br />
como imagem de um momento mais elevado e metafísico da<br />
história. (...) O único caminho para tratar do lugar histórico<br />
do estudantado e da universidade é o sistema. Enquanto para<br />
isso faltam ainda várias condições, resta apenas libertar o<br />
vindouro de sua forma desfigurada, reconhecendo-o no<br />
presente. Somente para isso serve a crítica (BENJAMIN, 1984,<br />
p.31).<br />
Neste texto, Benjamin coloca um problema que será o cerne de suas teses<br />
Sobre o Conceito de História: a idéia de uma nova percepção da temporalidade<br />
histórica. Idéia essa que se assenta na crítica da ideologia do progresso. Em Benjamin<br />
o progresso é entendido como matriz do produtivismo econômico, técnico e científico,<br />
no sentido da razão instrumental. Tal progresso encontra sua expressão máxima na<br />
burocracia estatal, a qual regula também a vida universitária. A crítica de Benjamin<br />
procura evidenciar o outro lado da moeda deste progresso: o retrocesso da humanidade.<br />
A idéia de história concentrada em foco e repousada em uma imagem utópica implica<br />
uma nova forma de pensar a história e o tempo histórico (BENJAMIN, 1985).<br />
Essa nova concepção de história, como bem mostrou Löwy (1989), une por<br />
“afinidade eletiva” o messianismo judaico à utopia libertária. A união é tecida no pano<br />
de fundo do romantismo alemão, mais especificamente, na crítica neo-romântica do<br />
progresso, bem diferente do romantismo clássico, como se pode notar pela leitura do<br />
texto acima citado. Trata-se de uma crítica cultural romântica da civilização capitalista,<br />
do progresso técnico e da razão instrumental.<br />
Em A Vida dos Estudantes, Benjamin já dizia que as grandes questões que se<br />
colocam para a sociedade não são as da técnica e da ciência, mas, sim, as colocadas<br />
pelos românticos e pelos metafísicos. Elas constituem a fonte inspiradora das<br />
comunidades livres de estudantes em “permanente revolução do espírito”.<br />
Vejamos como ele desenvolve o problema nas teses Sobre o Conceito de<br />
História.<br />
A idéia de que um progresso da humanidade na história é<br />
inseparável da idéia de sua marcha no interior de um tempo<br />
vazio e homogêneo. A crítica da idéia do progresso tem como<br />
pressuposto a crítica da idéia dessa marcha. A história é objeto<br />
de uma construção cujo lugar não é o tempo homogêneo e<br />
vazio, mas o tempo saturado de agora. Assim, a Roma Antiga<br />
era para Robespierre um passado carregado de ‘agoras’ que<br />
32 COMUNICAÇÕES • Revista do Programa de Pós-Graduação em Educação da UNIMEP • Ano 13 • Nº 2 • p. 28-46 • nov. de 2006<br />
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11/13/2007, 10:47 AM