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Projeto Conceitual de Aeronaves de Transporte

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Content<br />

I. Introduction<br />

I.1 Economic and social importance of aviation<br />

I.2 History of commercial aviation<br />

I.2.1<br />

The dawn of aviation<br />

I.2.2 Interwar period<br />

a. Junkers F13<br />

b. Dornier Wal<br />

c. Junkers Ju 49<br />

d. Han<strong>de</strong>ly Page H.P. 42<br />

e. Junkers Ju 52/3m<br />

f. Focke-Wulf 200C<br />

g. Boeing 247<br />

h. Douglas DC-3<br />

i. Boeing 307 Stratoliner<br />

I.2.3 Aviation after World War II<br />

a. Douglas DC-4<br />

b. Sud-Aviation Caravelle<br />

c. Boeing 707<br />

d. Boeing 737<br />

e. Boeing 747<br />

f. Boeing 767/757<br />

g. Boeing 747<br />

h. Fokker 100<br />

i. Concor<strong>de</strong> supersonic airliner


I.2.4 Aviation in the Post-Soviet era<br />

a. Embraer ERJ 145 e Bombardier CRJ-200/200<br />

b. Boeing 777<br />

c. Embraer E-jets<br />

d. Boeing 787<br />

II.<br />

III.<br />

IV.<br />

I.3 Aviation Market<br />

Aircraft <strong>de</strong>sign<br />

II.1 Aircraft <strong>de</strong>sign phases<br />

II.2 Aircraft conceptual phase<br />

II.2.1 Establishing requirements<br />

Simple method for weight estimation<br />

III.1 Weight <strong>de</strong>finitions<br />

III.2 Aerodynamics<br />

III.2.1 Aiplane drag<br />

III.3 Mission Profile<br />

III.4 Empty weight<br />

III.5 Mass fractions<br />

III.6 Range<br />

III.7 Simplified drag polar<br />

III.8 Fokker 100 mass estimation<br />

Class II method for weight and aerodynamics<br />

IV.1 Geometry<br />

IV.1.1 Fuselage<br />

IV.1.2 Wing<br />

IV.1.3 Vertical tail<br />

IV.1.4 Horizontal tail<br />

IV.1.5 Engine nacelle<br />

IV.1.6 Engine pylon<br />

IV.2 Weight<br />

IV.2.1 Wing<br />

IV.2.2 Horizontal tail<br />

IV.2.3 Vertical tail<br />

IV.2.4 Fuselage<br />

IV.2.5 Engine nacelle


IV.2.6 Trem <strong>de</strong> pouso<br />

ABREVIAÇÕES<br />

APU<br />

DOC<br />

EH<br />

EV<br />

FAA<br />

IATA<br />

MMO<br />

MLW<br />

RPM<br />

Unida<strong>de</strong> auxiliar <strong>de</strong> potência (do inglês, Auxiliar Power Unit)<br />

Custo direto operacional (do inglês, Direct Operating Cost)<br />

Empenagem horizontal<br />

Empenagem vertical<br />

Fe<strong>de</strong>ral Aviation Administration (EUA)<br />

International Air Transport Association<br />

Número <strong>de</strong> Mach máximo <strong>de</strong> operação<br />

Peso máximo <strong>de</strong> pouso (do inglês, Maximum Landing Weight)<br />

Peso máximo <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem (do inglês Maximum Take-Off Weight)<br />

Peso máximo sem combustível (do inglês Maximum Zero Fuel<br />

Weight)<br />

Peso vazio <strong>de</strong> operação (do inglês Operating Empty Weight)<br />

Somatório dos produtos nº <strong>de</strong> passageiros x milhas voadas nas pernas<br />

<strong>de</strong> vôo (do inglês, Revenue Passenger Miles)<br />

SÍMBOLOS<br />

M <br />

W TO , W 2<br />

Envergadura da asa<br />

Número <strong>de</strong> Mach doe scoamento não perturbado<br />

Fator <strong>de</strong> carga último para projeto<br />

Área <strong>de</strong> referência da asa<br />

Espessura máxima na raiz da asa<br />

Peso máximo <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem<br />

Peso da asa<br />

Peso da empenagem horizontal<br />

Área da empenagem horizontal<br />

Velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mergulho<br />

Peso da empenagem vertical<br />

Área da empenagem vertical<br />

Peso da fuselagem<br />

Largura máxima da fuselagem<br />

Altura máxima da fuselagem<br />

Peso da nacele<br />

Tração <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem<br />

Peso do trem <strong>de</strong> pouso<br />

Peso do grupo moto propulsor<br />

Peso do motor<br />

Peso do sistema <strong>de</strong> combustível<br />

Numero <strong>de</strong> motores<br />

Número <strong>de</strong> tanques<br />

Densida<strong>de</strong> do combustível<br />

Peso do sistema <strong>de</strong> propulsão<br />

Peso do combustível<br />

Peso do sistema <strong>de</strong> controle do motor


S wet,fus<br />

AR w<br />

S w<br />

Peso do sistema <strong>de</strong> partida<br />

Peso do sistema <strong>de</strong> reverso<br />

Peso do equipamento fixo<br />

Peso do sistema <strong>de</strong> comando <strong>de</strong> voo<br />

Peso do sistema elétrico<br />

Peso dos instrumentos, aviônicos e eletrônicos<br />

Peso dos sistemas <strong>de</strong> ar-condicionado, pressurização e anti-gelo<br />

Peso do sistema <strong>de</strong> oxigênio<br />

Massa da unida<strong>de</strong> auxiliar <strong>de</strong> potência (APU)<br />

Peso do mobiliário<br />

Peso da pintura<br />

Diâmetro da fuselagem<br />

Número <strong>de</strong> assentos por fileira<br />

Largura do assento<br />

Número <strong>de</strong> corredores<br />

Largura do corredor<br />

Espessura da fuselagem<br />

Comprimento da cabine <strong>de</strong> passageiros<br />

Número <strong>de</strong> passageiros<br />

Comprimento do cone <strong>de</strong> cauda<br />

Comprimento do posto <strong>de</strong> pilotagem (do inglês cockpit)<br />

Comprimento da fuselagem<br />

Área molhada da fuselagem<br />

Alongamento da asa<br />

Alongamento da asa trapezoidal<br />

Área da asa<br />

Área da asa trapezoidal<br />

Afilamento da asa trapezoidal<br />

Corda da raiz da asa trapezoidal<br />

Torção geométrica da asa<br />

Diedro da asa<br />

Corda da ponta da asa<br />

Corda média geométrica da asa trapezoidal<br />

Corda média aerodinâmica da asa trapezoidal<br />

Distância da corda média aerodinâmica à corda da raiz da asa<br />

trapezoidal<br />

Enflechamento do quarto <strong>de</strong> corda da asa<br />

Enflechamento do bordo <strong>de</strong> ataque da asa<br />

Enflechamento do bordo <strong>de</strong> fuga da asa<br />

Enlflechamento da asa em 50% da corda<br />

Distância da raiz da fuselagem à raiz da asa<br />

Distância da quebra da asa à raiz da asa<br />

Corda quebra da asa<br />

Corda da raiz da fuselagem na asa trapezoidal<br />

Corda da raiz da fuselagem na asa <strong>de</strong> referência<br />

Área exposta da asa <strong>de</strong> referência.<br />

Corda na raiz da asa <strong>de</strong> referência<br />

Corda na raiz da asa real


̅<br />

̅<br />

Afilamento da asa <strong>de</strong> referência<br />

Corda média geométrica da asa <strong>de</strong> referência<br />

Corda média aerodinâmica da asa <strong>de</strong> referência<br />

Distância da corda média aerodinâmica à corda da raiz da asa <strong>de</strong><br />

referência.<br />

Área molhada da asa<br />

⁄ Relação entre a espessura da corda na raiz da asa e a<br />

⁄ Relação entre a espessura da corda na ponta da asa e a<br />

Volume <strong>de</strong> cauda da empenagem vertical<br />

Distância entre o CG e o centro aerodinâmico da empenagem vertical<br />

Alongamento da empenagem vertical<br />

Envergadura da empenagem vertical<br />

Afilamento da empenagem vertical<br />

Torção geométrica da empenagem vertical<br />

Diedro da empenagem vertical<br />

Corda da raiz da empenagem vertical<br />

Corda da ponta da empenagem vertical<br />

Corda média geométrica da empenagem vertical<br />

Corda média aerodinâmica da empenagem vertical<br />

Distância da corda média aerodinâmica à corda da raiz da empenagem<br />

vertical.<br />

Enflechamento do quarto <strong>de</strong> corda da empenagem vertical<br />

Enflechamento do bordo <strong>de</strong> ataque da empenagem vertical<br />

Enflechamento do bordo <strong>de</strong> fuga da empenagem vertical<br />

Área molhada da empenagem vertical<br />

⁄ Relação entre a espessura da corda na raiz da empenagem vertical e a<br />

⁄ Relação entre a espessura da corda na ponta da empenagem vertical e<br />

a<br />

Volume <strong>de</strong> cauda da empenagem horizontal<br />

Distância entre o CG e o centro aerodinâmico da empenagem<br />

horizontal<br />

Alongamento da empenagem horizontal<br />

Envergadura da empenagem horizontal<br />

Afilamento da empenagem horizontal<br />

Torção geométrica da empenagem horizontal<br />

Diedro da empenagem horizontal<br />

Corda da raiz da empenagem horizontal<br />

Corda da ponta da empenagem horizontal<br />

Corda média geométrica da empenagem horizontal<br />

Corda média aerodinâmica da empenagem horizontal<br />

Distância da corda média aerodinâmica à corda da raiz da empenagem<br />

horizontal.<br />

Enflechamento do quarto <strong>de</strong> corda da empenagem horizontal<br />

Enflechamento do bordo <strong>de</strong> ataque da empenagem horizontal<br />

Enflechamento do bordo <strong>de</strong> fuga da empenagem horizontal<br />

Área molhada da empenagem horizontal


⁄ Relação entre a espessura da corda na raiz empenagem horizontal e a<br />

⁄ Relação entre a espessura da corda na ponta da empenagem horizontal<br />

e a<br />

Comprimento do motor/nacele<br />

Diâmetro do motor/nacele<br />

Diâmetro do motor/nacele<br />

Corda da asa na secção do motor<br />

Corda da raiz do pilone<br />

Corda da ponta do pilone<br />

Corda média geométrica do pilone<br />

Corda média aerodinâmica do pilone<br />

Área do pilone<br />

Alongamento do pilone<br />

Envergadura do pilone<br />

Afilamento do pilone<br />

Área molhada do pilone<br />

⁄ Relação entre a espessura da corda do pilone e a<br />

⁄ Relação entre a espessura da corda do pilone e a<br />

V MCA<br />

V MCG<br />

L.E.<br />

L<br />

D<br />

Razão entre tração e peso<br />

Tempo gasto no táxi<br />

Volume <strong>de</strong> combustível na asa<br />

Coeficiente máximo <strong>de</strong> sustentação na <strong>de</strong>colagem<br />

Comprimento <strong>de</strong> pista <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem<br />

Comprimento <strong>de</strong> pista <strong>de</strong> pouso<br />

Velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aproximação<br />

Velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estol<br />

Mínima velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controle no ar<br />

Mínima velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controle no solo<br />

Coeficiente máximo <strong>de</strong> sustentação no pouso<br />

Ângulo <strong>de</strong> ataque do perfil da asa para coeficiente <strong>de</strong> sustentação<br />

igual a zero<br />

Coeficiente <strong>de</strong> momento perfil da asa para coeficiente <strong>de</strong> sustentação<br />

igual a zero<br />

Inclinação da curva do perfil<br />

Centro aerodinâmico do perfil da asa<br />

Ângulo <strong>de</strong> ataque máximo do perfil da asa<br />

Coeficiente <strong>de</strong> sustentação máximo do perfil da asa<br />

Raio do bordo <strong>de</strong> ataque da asa<br />

Ângulo <strong>de</strong> ataque da asa para coeficiente <strong>de</strong> sustentação igual a zero<br />

Inclinação da curva<br />

Força <strong>de</strong> sustentação<br />

Força <strong>de</strong> arrasto<br />

Coeficiente <strong>de</strong> sustentação máximo da asa limpa<br />

Ângulo <strong>de</strong> sustentação máximo da asa limpa<br />

Incremento <strong>de</strong> sustentação no perfil <strong>de</strong>vido à <strong>de</strong>flexão <strong>de</strong> dispositivos<br />

hiper-sustentadores


̅<br />

̅<br />

̇<br />

̇<br />

Incremento <strong>de</strong> sustentação da asa <strong>de</strong>vido à <strong>de</strong>flexão do dispositivo<br />

hiper-sustentador no bordo <strong>de</strong> fuga<br />

Área da asa com flape<br />

Ângulo <strong>de</strong> <strong>de</strong>flexão do dispositivo hiper-sustentador<br />

Incremento <strong>de</strong> sustentação da asa <strong>de</strong>vido à <strong>de</strong>flexão do dispositivo<br />

hiper-sustentador <strong>de</strong> bordo <strong>de</strong> ataque<br />

Coeficiente <strong>de</strong> sustentação máximo da asa com dispositivos hipersustentadores<br />

<strong>de</strong>fletidos<br />

Arrasto parasita da asa ou arrasto para sustentação zero<br />

Arrasto induzido <strong>de</strong>vido à sustentação gerada pela asa<br />

Arrasto <strong>de</strong> onda <strong>de</strong>vido à formação <strong>de</strong> ondas <strong>de</strong> choque sobre a asa<br />

Fator <strong>de</strong> interferência asa-fuselagem<br />

Fator <strong>de</strong> correção da sustentação da superfície<br />

Coeficiente <strong>de</strong> fricção <strong>de</strong> uma placa plana em escoamento turbulento<br />

⁄ Razão <strong>de</strong> espessura <strong>de</strong>finida pela corda média geométrica da asa<br />

Coeficiente <strong>de</strong> sustentação da asa<br />

Fator <strong>de</strong> Oswald<br />

Número <strong>de</strong> Mach <strong>de</strong> divergência<br />

Arrasto parasita da fuselagem<br />

Arrasto induzido da fuselagem <strong>de</strong>vido à sustentação<br />

Arrasto <strong>de</strong> fricção da fuselagem<br />

Arrasto <strong>de</strong> pressão da fuselagem<br />

Arrasto <strong>de</strong> base da fuselagem<br />

Arrasto <strong>de</strong> onda da fuselagem<br />

Coeficiente <strong>de</strong> sustentação da aeronave<br />

Peso da aeronave no cruzeiro<br />

Ângulo <strong>de</strong> ataque da aeronave<br />

Coeficiente <strong>de</strong> momento no CG da aeronave<br />

Inclinação da reta do coeficiente <strong>de</strong> sustentação por ângulo <strong>de</strong> ataque<br />

do conjunto asa-fuselagem<br />

Fator <strong>de</strong> interferência asa-fuselagem<br />

Incidência da empenagem horizontal<br />

Incidência da asa<br />

Relação entre a pressão dinâmica na empenagem e na asa<br />

Gradiente <strong>de</strong> downwash na empenagem horizontal<br />

Centro aerodinâmico do conjunto asa-fuselagem-nacele<br />

Centro aerodinâmico da empenagem horizontal<br />

Variação da sustentação da aeronave <strong>de</strong>vido à variação do ângulo <strong>de</strong><br />

ataque<br />

Variação do momento <strong>de</strong>vido à variação do ângulo <strong>de</strong> ataque<br />

Variação da sustentação <strong>de</strong>vido à variação da <strong>de</strong>rivada do ângulo <strong>de</strong><br />

ataque<br />

Variação do momento <strong>de</strong>vido à variação da <strong>de</strong>rivada do ângulo <strong>de</strong><br />

ataque<br />

Variação da sustentação <strong>de</strong>vido à variação do momento <strong>de</strong> arfagem<br />

Variação do momento <strong>de</strong>vido à variação do momento <strong>de</strong> arfagem


sp<br />

sp<br />

Variação da sustentação <strong>de</strong>vido à variação na incidência da<br />

empenagem horizontal<br />

Variação do momento <strong>de</strong>vido à variação na incidência da empenagem<br />

horizontal<br />

Variação da sustentação <strong>de</strong>vido à variação a <strong>de</strong>flexão do profundor<br />

Variação do momento <strong>de</strong>vido à variação a <strong>de</strong>flexão do profundor<br />

Momento <strong>de</strong> inércia no eixo x<br />

Momento <strong>de</strong> inércia no eixo y<br />

Momento <strong>de</strong> inércia no eixo z<br />

Amortecimento do curto período<br />

Freqüência natural do curto período<br />

Custo por vôo<br />

Custo <strong>de</strong> manutenção<br />

Custo <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação<br />

Custo <strong>de</strong>vido às taxas aeroportuárias, navegação e registro<br />

Custo <strong>de</strong> financiamento<br />

Custo da tripulação<br />

Custo <strong>de</strong> óleo e combustível<br />

Custo com seguro<br />

Velocida<strong>de</strong> do bloco<br />

Distância percorrida no bloco<br />

Tempo do bloco<br />

Quantida<strong>de</strong> total <strong>de</strong> combustível consumido no bloco<br />

Custo da mão-<strong>de</strong>-obra <strong>de</strong> manutenção da estrutura e sistemas<br />

Custo da mão-<strong>de</strong>-obra <strong>de</strong> manutenção dos motores<br />

Custo com o material para a manutenção da estrutura e sistemas<br />

Custo com o material para a manutenção dos motores<br />

Outros custos <strong>de</strong> manutenção<br />

Números <strong>de</strong> horas por bloco necessárias para a manutenção da<br />

estrutura e sistemas.<br />

Números <strong>de</strong> horas por bloco necessárias para a manutenção dos<br />

motores<br />

Custo dos materiais <strong>de</strong> manutenção por hora voada<br />

Preço <strong>de</strong> mercado da aeronave diminuído o preço dos motores<br />

Fator <strong>de</strong> correção do preço do ano base 1989<br />

Preço <strong>de</strong> mercado da aeronave<br />

Preço do motor<br />

Custo dos materiais <strong>de</strong> manutenção do motor por hora voada<br />

Fator <strong>de</strong> custo <strong>de</strong> peças <strong>de</strong> reposição do motor<br />

Custo <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação da aeronave sem consi<strong>de</strong>rar os motores<br />

Custo <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação do motor<br />

Custo <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação do sistema <strong>de</strong> aviônicos<br />

Custo <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação das peças <strong>de</strong> reposição da aeronave<br />

Custo <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação das peças <strong>de</strong> reposição dos motores<br />

Fator <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação da estrutura<br />

Preço do sistema aviônico por aeronave<br />

Período <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação


Utilização anual da aeronave<br />

Fator <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação do motor<br />

Período <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação do motor<br />

Fator <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação do sistema aviônico<br />

Período <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação do sistema aviônico<br />

Fator <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação das peças <strong>de</strong> reposição da aeronave<br />

Fator <strong>de</strong> peças <strong>de</strong> reposição da aeronave<br />

Período <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação das peças <strong>de</strong> reposição da aeronave<br />

Fator <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação das peças <strong>de</strong> reposição do motor<br />

Fator <strong>de</strong> peças <strong>de</strong> reposição do motor<br />

Período <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação das peças <strong>de</strong> reposição do motor<br />

Custo <strong>de</strong>corrente das taxas aeroportuárias<br />

Custo <strong>de</strong>corrente das taxas <strong>de</strong> navegação<br />

Custo <strong>de</strong>corrente as taxas <strong>de</strong> registro<br />

Custo do pouso em função do peso da aeronave<br />

Taxa <strong>de</strong> navegação <strong>de</strong> uma aeronave por vôo


Prefácio<br />

Este material foi elaborado com o intuito <strong>de</strong> auxiliar no projeto conceitual <strong>de</strong> aviões <strong>de</strong><br />

linha (airliners). Ele foi elaborado com base em livros texto <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s autores <strong>de</strong><br />

projeto aeronáutico, como os professores Jan Roskam (Universida<strong>de</strong> do Kansas, EUA)<br />

e Egon Torenbeek (Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Delft, Holanda).<br />

A experiência dos autores em ministrar disciplinas <strong>de</strong> projeto em cursos <strong>de</strong> graduação<br />

e pós-graduação <strong>de</strong> engenharia aeronáutica contribuiu para o aperfeiçoamento <strong>de</strong><br />

algumas metodologias propostas por reconhecidos autores internacionais bem como a<br />

elaboração <strong>de</strong> algumas outras.<br />

O projeto conceitual <strong>de</strong> aeronaves inicia-se com os requisitos advindos <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong><br />

mercado tais como custos <strong>de</strong> fabricação, <strong>de</strong>sempenho, capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong><br />

carga e passageiros, conteúdo tecnológico e custo <strong>de</strong> operação, os quais são<br />

estabelecidos na fase anterior, <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong>. Finaliza-se com <strong>de</strong>talhes<br />

geométricos, layout estrutural, <strong>de</strong>finição do grupo motopropulsor, esquema dos<br />

sistemas e topologia da configuração. Há certo tempo atrás, as consi<strong>de</strong>rações<br />

aerodinâmicas iniciavam e ditavam o projeto <strong>de</strong> aeronaves, que eram projetadas <strong>de</strong><br />

forma que as disciplinas (aerodinâmica, cargas, estruturas, sistemas, etc…) eram<br />

empregadas <strong>de</strong> forma sequencial. Graças ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> métodos numéricos<br />

eficientes e do aumento impressionante do po<strong>de</strong>r computacional nas últimas décadas,<br />

plataformas <strong>de</strong> otimização multidisciplinar incorporaram-se ao contidiano dos<br />

<strong>de</strong>partamentos <strong>de</strong> projeto da indústria aeronáutica. Adicionalmente, metodologias<br />

muito simplificadas <strong>de</strong> outrora, e que até violavam fundamentos físicos e matemáticos,<br />

po<strong>de</strong>m ser dispensadas graças à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cáculo dos atuais computadores <strong>de</strong><br />

mesa, notebooks e ultrabooks.<br />

Neste material são fornecidas formulações simples para estimação <strong>de</strong> coeficientes<br />

aerodinâmicos, massas e posição do centro <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vários componentes <strong>de</strong><br />

uma aeronave <strong>de</strong> transporte para que <strong>de</strong> posse <strong>de</strong>les, possa-se estimar a massa da<br />

configuração completa e seu <strong>de</strong>sempenho. Na parte final. Irá se proce<strong>de</strong>r à otimização<br />

da nossa aeronave <strong>de</strong> referência, que é o Fokker 100. No texto, são fornecidos dados e<br />

informações sobre o Fokker 100, que será calculado ao longo <strong>de</strong>ste trabalho para<br />

melhor clareza e melhor entendimento dos conceitos por parte do leitor.<br />

É <strong>de</strong>sejável e mesmo necessário que o leitor <strong>de</strong>ste material tenha conhecimentos<br />

básicos <strong>de</strong> aeronáutica, principalmente nas áreas <strong>de</strong> aerodinâmica, <strong>de</strong>sempenho,<br />

estabilida<strong>de</strong> e controle e <strong>de</strong> otimização multidisciplinar.


Frases (Quotes)<br />

“Airbus will never launch the A380 airliner and we will build the Sonic Cruiser!”<br />

Phil Condit (Former Boeing CEO)<br />

“Airbus A300 is a typical government airplane. They will build a dozen or so and then<br />

go out of business.”<br />

A former Boeing vice presi<strong>de</strong>nt<br />

"The pilot who teaches himself has a fool for a stu<strong>de</strong>nt."<br />

Robert Livingston, Flying the Aeronca<br />

“The scientific theory I like best is that the rings of Saturn are composed entirely of lost<br />

airline luggage.”<br />

Mark Russell, American political satirist & comedian<br />

―It is dangerous to fly an airplane without thrust reverser.‖<br />

A professor of aerodynamics talking about an Airbus A320 acci<strong>de</strong>nt


I. Introdução<br />

I.1 Importância econômica e social da aviação<br />

Este capítulo contém informações que ilustram a importância econômica e social da<br />

aviação comercial. Dentro da aviação comercial, a maior fatia do mercado é o da<br />

aviação <strong>de</strong> linha, i. e., o transporte regular <strong>de</strong> passageiros e carga (com horários<br />

<strong>de</strong>finidos <strong>de</strong> partida e chegada). O transporte regular <strong>de</strong> passageiros e/ou carga é<br />

realizado pelos aviões <strong>de</strong> linha (existe transporte por helicópteros, mas constitui uma<br />

exceção). A importância do Deregulaton Act norte-americano na estrutura da aviação<br />

comercial e na indústria aeronáutica também é analisada e <strong>de</strong>stacada.<br />

I.1.1<br />

Tráfego aéreo, imigração e economia<br />

No início do século XX, Santos-Dumont <strong>de</strong>monstrou na Europa o vôo do mais-pesadoque-o-ar<br />

com o biplano 14 Bis . Des<strong>de</strong> então, a aviação cresceu enormente e contabiliza<br />

enormes benefícios econômicos e sociais: ela une países, pessoas e culturas; provê<br />

acesso a mercados globais; gera e promove o turismo e negócios; forja relações entre<br />

países com diferentes níveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. De acordo com a agência <strong>de</strong> turismo<br />

australina, 99% dos turistas que visitam a Austrália são transportados por via aérea. Isto<br />

mostra a importância da aviação para economia daquele país continente.<br />

Em 2012, <strong>de</strong> acordo com a IATA, a aviação comercial gerou US$ 679 bilhões em<br />

receitas (e colocou na atmosfera 609 milhões <strong>de</strong> toneladas <strong>de</strong> CO 2 ). Também <strong>de</strong> acordo<br />

com a IATA, 56,6 milhões <strong>de</strong> empregos no mundo <strong>de</strong>vem-se a aviação (empregos<br />

diretos são 8,4 milhões). Cerca <strong>de</strong> 3,1 bilhões <strong>de</strong> passageiros foram transportados em<br />

2013.<br />

A empresa britânica NATS que fornece serviços <strong>de</strong> controle do tráfego áereo, e dispõe<br />

<strong>de</strong> enorme quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dados sobre a movimentação <strong>de</strong> aviões no espaço aéreo<br />

europeu. De acordo com a NATS, em um dia típico julho, existem cerca <strong>de</strong> 30 mil vôos<br />

nos céus europeus. A distância total percorrida por essas aeronaves é <strong>de</strong> 25 milhões <strong>de</strong><br />

milhas náuticas. Isso são 998 voltas ao redor da Terra, ou 104 viagens à Lua. A alemã<br />

Lufthansa é uma das maiores companhias aéreas européias. A Fig. I.1 mostra as rotas<br />

da Lufthansa partindo da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Frankfurt. São rotas sem escalas e internacionais. A<br />

Fig. I.1 ilustra a dimensão global que uma companhia aérea po<strong>de</strong> atingir graças ao<br />

alcance impressionante <strong>de</strong> vários aviões <strong>de</strong> linha mo<strong>de</strong>rnos.<br />

Figura I.1 – Mapa <strong>de</strong> rotas aéreas internacionais sem escalas da companhia aérea<br />

alemã Lufthansa em 2014 (Fonte: Lufthansa).


Figura I.2 – Alguns aviões da frota da Lufthansa em 2014 . Aviões não estão em<br />

escala (Fonte: Lufthansa).<br />

A maior economia do mundo, a dos Estados Unidos, tem o tráfego aéreo mais intenso<br />

do planeta. A Tabela Ia contém informações sobre o tráfego aéreo nos EUA no mês <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2013. Os dados foram disponibilizados pelo Departamento <strong>de</strong> <strong>Transporte</strong><br />

do governo dos Estados Unidos e confirmam a pujança do setor <strong>de</strong> aviação norteamericano.<br />

A Fig. I.4 mostra o tráfego aéreo em uma manhã do dia 11 <strong>de</strong> março <strong>de</strong><br />

2014 nos Estados Unidos. A imagem é uma cortesia do serviço Flightradar24.com e<br />

também atesta o impressionante volume diário <strong>de</strong> aviões no ar nos EUA.<br />

Atualmente, as companhias aéreas estão organizadas em três gran<strong>de</strong>s alianças globais<br />

<strong>de</strong>: Star Alliance, SkyTeam e da oneworld. As cias. pertencentes a estas três alianças<br />

são responsáveis por 61% do das receitas por passageiro por km (Revenue passenger<br />

km, ou RPK) mundial e 69% da receita operacional global (Fig.I.3). É possível para<br />

uma parceria companhia aérea <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma aliança para obter imunida<strong>de</strong> antitruste<br />

que se refere à isenção <strong>de</strong> perseguição sob as leis antitruste, e embora a competição tem<br />

sido principalmente entre companhias aéreas individuais, foi mudando, e ao presente<br />

concurso é entre alianças.<br />

Figura I.3 – Fatia <strong>de</strong> mercado das três principais alianças <strong>de</strong> companhias aéreas<br />

(Fonte: Japan Aircraft Development Corporation).


Item<br />

Regular<br />

Não<br />

programado<br />

Total<br />

Passageiros embarcados (000) 62.483 427 62.910<br />

RPM (000) 70.371.217 594.228 70.965.445<br />

Oferta assentos x milhas (000) 83.370.766 1.149.424 84.520.190<br />

Taxa <strong>de</strong> ocupação <strong>de</strong> passageiros (%) 84,41 51,70 83,96<br />

Milhas voadas por cargueiros (000) 525.520 19.946 545.466<br />

Taxa <strong>de</strong> ocupação <strong>de</strong> carga (%) 65,22 31,62 64,52<br />

Vôos realizados 729.964 9.640 739.604<br />

Milhas voadas pela frota (000) 577.978 6.046 584.024<br />

Horas voadas pela frota<br />

(após a <strong>de</strong>colagem e até o pouso) 1.360.542 15.364 1.375.906<br />

Tabela Ia – Dados do transporte aéreo comercial nos Estados Unidos em<br />

<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2013. (Fonte: U.S. Department of Transportation).<br />

Os números e dados revelados nos parágrafos anteriores certamente nos permite afirmar<br />

que os gran<strong>de</strong>s aeroportos são essenciais para a competitivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vários países e são<br />

vetores do crescimento econômico regional. A aviação permite que pessoas distantes<br />

entre si rapidamente se conectem e produtos sejam transportados para aten<strong>de</strong>r às mais<br />

diversas necessida<strong>de</strong>s. A importância combinada <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>, agilida<strong>de</strong> e<br />

conectivida<strong>de</strong> em um ritmo cada vez mais acelerado transformou a economia mundial.<br />

A malha <strong>de</strong> transporte áereo comercial está criando uma nova geografia econômica,<br />

com re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aviação <strong>de</strong> condução e formação local <strong>de</strong> negócios e <strong>de</strong>senvolvimento<br />

econômico no século XXI como tanto quanto rodovias do século XX, ferrovias no XIX,<br />

e os rios e portos marítimos no XVIII. O resultado é que o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> rotas,<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> negócios e <strong>de</strong>senvolvimento econômico regional andam <strong>de</strong> mãos<br />

dadas ao redor do mundo.<br />

Fig. I.4 - Tráfego aéreo na América do Norte no dia 11 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2014 (Cortesia<br />

Flightradar24.com).


Para <strong>de</strong>stacar a importância econômica da aviação <strong>de</strong> negócio, a lista dada a seguir<br />

mostra trinta e quatro utilizações possíveis para ela.<br />

1) <strong>Transporte</strong> <strong>de</strong> empregados e executivos<br />

<strong>Transporte</strong> <strong>de</strong> funcionários chaves<br />

Facilitar oportunida<strong>de</strong>s estratégicas<br />

Venda e mercado<br />

Prestar serviço ao cliente<br />

Esten<strong>de</strong>r controle <strong>de</strong> gestão<br />

Relações com investidores<br />

Relações públicas<br />

Eventos publicitários<br />

Relações governamentais e lobby<br />

Resolução <strong>de</strong> litígios<br />

<strong>Transporte</strong> regular corporativo<br />

Montagem / Equipes <strong>de</strong> implantação<br />

Produção, engenharia e equipes operativas<br />

Equipe <strong>de</strong> vendas e propaganda<br />

Gestão, RH, equipes financeiras<br />

Vistoria <strong>de</strong> oficinas autorizadas<br />

Conexões <strong>de</strong> vôo<br />

Resposta <strong>de</strong> ermergência para funcionários em perigo ou feridos<br />

Viagem pessoal<br />

2) <strong>Transporte</strong> <strong>de</strong> clientes<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Trazer o cliente até a empresa<br />

<strong>Transporte</strong> da imprensa<br />

<strong>Transporte</strong> <strong>de</strong> funcionários públicos selecionados<br />

Criação <strong>de</strong> ambiente <strong>de</strong> vendas voador<br />

<strong>Transporte</strong> <strong>de</strong> analistas financeiros<br />

<strong>Transporte</strong> <strong>de</strong> grupos interessados<br />

3) <strong>Transporte</strong> <strong>de</strong> fornecedores<br />

<br />

<strong>Transporte</strong> <strong>de</strong> fornecedores até a empresa<br />

4) <strong>Transporte</strong> <strong>de</strong> carga, componentes e correio<br />

Expedição <strong>de</strong> pacotes para regiões remotas<br />

Expedição <strong>de</strong> componentes ou peças para clientes em situação <strong>de</strong><br />

emergência<br />

Entrega rápida <strong>de</strong> correspondência <strong>de</strong> carga ou correio<br />

5) <strong>Transporte</strong> aeromédico<br />

<strong>Transporte</strong> <strong>de</strong> pacientes para tratamento médico<br />

Evacuação aeromédica<br />

<strong>Transporte</strong> <strong>de</strong> medicamentos, pesssoal ou suprimentos para alguma<br />

localida<strong>de</strong> em situação <strong>de</strong> emergência<br />

6) Aplicações diretas<br />

<br />

<br />

Arrendamento <strong>de</strong> aeronaves a terceiros<br />

Levantamento áereo <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> negócio ou cartografia


Para relembrar como era o transporte <strong>de</strong> pessoas antes do advento dos aviões<br />

transcontinentais, vamos abordar a imigração <strong>de</strong> europeus para os Estados Unidos. De<br />

acordo coma Wikipedia, entre 1850 e 1930, cerca <strong>de</strong> cinco milhões <strong>de</strong> alemães<br />

imigraram para os Estados Unidos (Fig. I.5), com um pico nos anos entre 1881 e 1885,<br />

quando um milhão <strong>de</strong> alemães <strong>de</strong>ixaram a Alemanha e se estabeleceram principalmente<br />

no Centro-Oeste norte-americano. Entre 1820 e 1930, <strong>de</strong> 3,5 milhões <strong>de</strong> britânicos e <strong>de</strong><br />

4,5 milhões <strong>de</strong> irlan<strong>de</strong>ses entraram nos Estados Unidos da América. Antes <strong>de</strong> 1845, a<br />

maioria dos imigrantes irlan<strong>de</strong>ses era protestante. Depois <strong>de</strong> 1845, católicos irlan<strong>de</strong>ses<br />

começaram a chegar a gran<strong>de</strong> número. Em gran<strong>de</strong> parte, esta leva <strong>de</strong> imigração<br />

irlan<strong>de</strong>sa foi impulsionada pela Gran<strong>de</strong> Fome, causada pela contaminação <strong>de</strong> fungos nas<br />

plantações <strong>de</strong> batata. A partir <strong>de</strong> 1880, navios maiores e mais rápidos a vapor, com<br />

tarifas mais baixas foram o motor das imigrações. Enquanto isso, as melhorias agrícolas<br />

no sul da Europa e do Império Russo ocasionou mão-<strong>de</strong>-obra exce<strong>de</strong>nte. Então, jovens<br />

<strong>de</strong> 15 a 30 anos estavam predominantemente entre os recém-chegados. Esta nova onda<br />

<strong>de</strong> imigração, que constituiu o terceiro episódio da história da imigração dos EUA,<br />

registrou cerca <strong>de</strong> 25 milhões <strong>de</strong> europeus fezque <strong>de</strong>sembarcaram nos Estados Unidos.<br />

Os italianos, gregos, húngaros, poloneses e outros povos que falam línguas eslavas<br />

constituiu a maior parte do contigente <strong>de</strong>sta imigração. Entre eles estavam 2,5-4,0<br />

milhões <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us.<br />

Fig. I.5 - Imigrantes alemães embarcando em um vapor para os EUA em 1874.<br />

Um dos imigrantes alemães, contava-se Wilhelm Böing, que em 1864, aos 22 anos,<br />

<strong>de</strong>ixou a sua cida<strong>de</strong> natal <strong>de</strong> Limburg na Alemanha e imigrou para os Estados Unidos,<br />

estabelecendo-se na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Detroit. Ele mudou o seu nome para Wilhelm Boeing e<br />

foi o pai <strong>de</strong> William Boeing, fundador da companhia Boeing, um dos maiores<br />

fabricantes <strong>de</strong> aviões comerciais da atualida<strong>de</strong>. Então, po<strong>de</strong>-se afirmar que transporte<br />

marítmo pelos navios que faziam rotas regulares mudou o mapa do mundo em vários<br />

aspectos, incluindo o econômico e financeiro. O <strong>de</strong>senvolvimento dos Estados Unidos,<br />

que o transformou no país com o maior produto interno bruto do mundo, <strong>de</strong>ve muito aos


imigrantes europeus. E isto graças às passagens na 2ª e 3ª classe nos navios<br />

relativamente baratas, à época das gran<strong>de</strong>s levas <strong>de</strong> imigração aos Estados Unidos.<br />

I.1.2<br />

Desregulation Act<br />

Até o Airline Desregulation Act (Lei da <strong>de</strong>sregulamentação das cias áreas) <strong>de</strong> 1978, a<br />

aviação era um transporte para poucos. A <strong>de</strong>sregulamentação foi concebida para acabar<br />

com o controle do governo sobre as tarifas, rotas e entrada no mercado (<strong>de</strong> novas<br />

companhias aéreas) <strong>de</strong> aviação comercial. Po<strong>de</strong>res <strong>de</strong> regulação do Conselho <strong>de</strong><br />

Aviação Civil foram eliminados, o que acabou por permitir que os passageiros fossem<br />

beneficiados pelas forças <strong>de</strong> mercado no setor aéreo. A lei, no entanto, não removeu ou<br />

diminuiu os po<strong>de</strong>res <strong>de</strong> regulamentação do FAA sobre todos os aspectos da segurança<br />

aérea.<br />

Frank Sinatra, cantor e ator norte-americano, conta com Come Fly With Me entre as<br />

suas canções mais notórias. Foi capa <strong>de</strong> um álbum lançado em 1958. Este álbum foi o<br />

mais vendido nos Estados Unidos durante cinco semanas naquele ano. Contudo, a ironia<br />

é que sua popularida<strong>de</strong> não está alinhada com o acesso ao transporte aéreo àquela<br />

época. Nos anos das décadas <strong>de</strong> 1950 e 1960, a maioria das pessoas sequer po<strong>de</strong>ria<br />

sonhar em viajar <strong>de</strong> avião. Naquela época, mais <strong>de</strong> 80% dos cidadãos norte americanos<br />

jamais havia tido a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma viagem aérea. Havia uma razão simples: voar<br />

era absurdamente caro; e a razão simples pela qual voar era absurdamente caro: essa era<br />

a lei. A <strong>de</strong>stituição do governo do negócio <strong>de</strong> regulamentar os céus levou a um colapso<br />

notável dos preços dos bilhetes aéreos. A Fig. I.6 mostra a queda no preço médio do<br />

bilhete aéreo nos Estados Unidos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1979, ano posterior a <strong>de</strong>sregulamentação.<br />

Figura I.6 – Variação do preço médio do bilhete aéreo nos Estados Unidos no período<br />

1979-2011 (Fonte: Airlines for America).<br />

Antes <strong>de</strong> 1978, as companhias aéreas obe<strong>de</strong>ciam às regras ditadas por Washington. O<br />

governo <strong>de</strong>terminava se uma nova companhia aérea po<strong>de</strong>ria voar para uma <strong>de</strong>terminada<br />

cida<strong>de</strong> e ainda especificava o preço da tarifa. Com a concorrência limitada, as


companhias aéreas tinham lucro garantido, esbanjando folhetos com serviços caros<br />

cobertos por passagens aéreas caras.<br />

Com os custos <strong>de</strong> operação aumentando, e, também, os preços dos bilhetes, por conta da<br />

crise do petróleo da década <strong>de</strong> 1970, um time senadores e economistas <strong>de</strong>cidiu que<br />

Washington <strong>de</strong>veria <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> tutelar as companhias aéreas. O trabalho <strong>de</strong>les resultou no<br />

Airline Deregulation Act, que entrou em vigor em 1978.<br />

Contudo, há aspectos criticados por muitos analistas do setor aéreo. Esses afirmam que<br />

nos 27 anos anteriores à <strong>de</strong>sregulamentação do setor, nenhuma companhia aérea faliu.<br />

Des<strong>de</strong> 1978, 160 companhias aéreas fecharam as portas nos Estados Unidos. No último<br />

quarto <strong>de</strong> século, a taxa <strong>de</strong> falência entre as transportadoras aéreas tem foi 10 vezes<br />

maior do que a da comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> negócios em geral. Em 2005, praticamente todas as<br />

gran<strong>de</strong>s companhias aéreas dos EUA estavam ou entraram em processo <strong>de</strong> concordata.<br />

Há, também, muita crítica na qualida<strong>de</strong> dos serviços prestados pelas companhias aéreas<br />

atualmente.<br />

O papel do transporte aéreo internacional mudou radicalmente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu início,<br />

quando foi visto como i<strong>de</strong>al para o transporte <strong>de</strong> correio expresso. Tornou-se então um<br />

exclusivo dos ricos e como uma forma <strong>de</strong> os governos para alcançar as fronteiras <strong>de</strong><br />

suas esferas <strong>de</strong> influência. Posteriormente, tornou-se o meio <strong>de</strong> transporte preferencial<br />

para viagens <strong>de</strong> negócios <strong>de</strong> longa distância como a expansão do comércio após a<br />

Segunda Guerra Mundial. Posteriormente, <strong>de</strong>senvolveu-se como transporte <strong>de</strong> massa<br />

para lazer e viagens pessoais, possibilitado pelos avanços tecnológicos, aviões <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> alcance, seguros e econômicos, e pela reforma <strong>de</strong>sregulatória, que reduziu<br />

custos, e também pelo aumento do tempo <strong>de</strong> lazer e <strong>de</strong> renda da população, estimulando<br />

o turismo. Enquanto todas essas <strong>de</strong>mandas por serviços aéreos internacionais<br />

permanecem, houve outro adicional que po<strong>de</strong> ser pelo menos importante no futuro<br />

imediato, ou seja, a <strong>de</strong>manda por transporte aéreo para facilitar a migração e imigração<br />

<strong>de</strong> trabalhadores [Buttom e Vega, 2008].<br />

Os Estados Unidos sofreram várias levas <strong>de</strong> imigração a partir da década <strong>de</strong> 1980. As<br />

Figs. I.7 e I.8 foram obtidas com o aplicativo Imigration Explorer disponibilizado na<br />

Internet pelo jornal The New York Times. Po<strong>de</strong>-se facilmente notar que os latinos<br />

respo<strong>de</strong>m por gran<strong>de</strong> parte dos imigrantes. Com execção daqueles vindos do México, os<br />

<strong>de</strong>mais, incluindo os brasileiros, utilizaram o transporte aéreo para chegar aos Estados<br />

Unidos. Assim, como os navios <strong>de</strong> linha do século XIX, os aviões <strong>de</strong>sempenharam um<br />

papel importante na mudança da composição dos povos <strong>de</strong> muitos países.<br />

Usualmente, os imigrantes ou ficam para sempre no país anfitrião (colonos<br />

permanentes), ou estabelecem-se em outro lugar (remigração) ou voltam para o seu país<br />

<strong>de</strong> origem <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> certo período. Mas essas atitu<strong>de</strong>s em um mundo globalizado e <strong>de</strong><br />

fácil mobilida<strong>de</strong> sofreram alterações. No passado, os imigrantes mais recentes tiveram<br />

pouca escolha a não ser tornarem-se colonos permanentes. Mais recentemente, muitos<br />

imigrantes têm sido vistos como trabalhadores convidados, como, por exemplo, na<br />

Alemanha na década <strong>de</strong> 1970, Nesses casos, eles eram muitas vezes <strong>de</strong>sprovidos <strong>de</strong><br />

qualificações e eram contratados por curto prazo. Isso agora mudou em muitos lugares.<br />

Globalmente, também houve alguma tentativa <strong>de</strong> liberalizar a circulação temporária <strong>de</strong><br />

trabalhadores <strong>de</strong> serviços no âmbito do Acordo Geral sobre Comércio e Serviços, mas a<br />

sua implantação tem sido fragmentada. O Acordo focou no pessoal qualificado, os quais<br />

são mais propensos a usar o transporte aéreo se acabam por se tornarem imigrantes<br />

temporários.


Figura I.7 - Mapa <strong>de</strong> imigração aos Estados Unidos no ano <strong>de</strong> 1980 (Fonte: The New<br />

York Times).<br />

Figura I.8 - Mapa <strong>de</strong> imigração aos Estados Unidos no ano 2000 (Fonte: The New York<br />

Times).


A <strong>de</strong>sregulamentação do setor aéreo norte americano teve também um gran<strong>de</strong> impacto<br />

no <strong>de</strong>stino da EMBRAER, um fabricante aeronáutico brasileiro. Depois <strong>de</strong> várias<br />

tentativas fracassadas <strong>de</strong> se estabelecer uma indústria aeronáutica sólida no Brasil, a<br />

EMBRAER foi criada para preencher esta meta. Contudo, a empresa ao ser criada já<br />

contava com um produto competitivo, o bimotor turboélice Ban<strong>de</strong>irante EMB-100 (Fig.<br />

I.9), projetado e construído no Centro Técnico <strong>de</strong> Aeronáutica em São José dos campos.<br />

As tentativas anteriores <strong>de</strong> se projetar e construir aviões no Brasil fracassaram ou<br />

obtiveram um sucesso relativo, basicamente porque apenas aviões ultrapassados foram<br />

projetados e/ou construídos, os quais não tinham qualquer chance <strong>de</strong> serem exportados.<br />

Isto, a exportação em gran<strong>de</strong> escala, é imperativa para o sucesso <strong>de</strong> qualquer indústria<br />

aeronáutica que <strong>de</strong>senvolva e manufature aviões comerciais, pois apenas a <strong>de</strong>manda<br />

interna não é suficiente para manter uma fábrica mo<strong>de</strong>rna, principalmente no Brasil.<br />

Contudo, a EMBRAER nasceu com um produto competitivo, o bimotor turboélice<br />

Ban<strong>de</strong>irante que havia sido <strong>de</strong>senvolvido no Centro Técnico <strong>de</strong> Aeronáutica (CTA), em<br />

São José dos Campos, São Paulo. Teria o bimotor Ban<strong>de</strong>irante alguma chance no<br />

mercado internacional?<br />

Fig. I.9 – O segundo protótipo do Ban<strong>de</strong>irante no Museu Aeroespacial Brasileiro<br />

em São José dos Campos, São Paulo (Foto do autor).<br />

A EMBRAER iniciou suas operarações em janeiro <strong>de</strong> 1970, tendo sido fundada em<br />

agosto do ano anterior. Enquanto os protótipos do Ban<strong>de</strong>irante (EMB 100) foram<br />

ganhando experiência <strong>de</strong> vôo, a equipe <strong>de</strong> projeto estava realizando mudanças e<br />

adaptações necessárias para a produção <strong>de</strong> um terceiro protótipo. Apesar do bom<br />

<strong>de</strong>sempenho do Ban<strong>de</strong>irante, verificou-se que o mercado havia mudado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início<br />

do seu <strong>de</strong>senvolvimento. Assim, os oito assentos do avião se mostraram ser<br />

insuficientes em face dos novos requisitos da FAB e das empresas aéreas. Dentro <strong>de</strong>sta<br />

nova ótica, a Embraer <strong>de</strong>cidiu refazer completamente o avião, e assim o EMB-110<br />

Ban<strong>de</strong>irante surgiu (Fig. I.10). Era maior, com 12 lugares na versão militar, e teve<br />

alguns avanços técnicos adicionais, quando comparado com os primeiros protótipos,<br />

como, por exemplo, trem <strong>de</strong> pouso totalmente escamoteável.


Fig. I.10 – Ban<strong>de</strong>irante EMB-110C da Transbrasil.<br />

No dia 09 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1972, o primeiro Ban<strong>de</strong>irante <strong>de</strong> série efetuou a primeira corrida<br />

<strong>de</strong> pista e, em um dos ensaios, chegou efetivamente e se elevar por uns dois ou três<br />

metros antes <strong>de</strong> retornar ao solo, evento que ficou conhecido como ―o salto <strong>de</strong> pulga‖. O<br />

primeiro vôo ocorreu no dia 19 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1972, data do terceiro aniversário da<br />

EMBRAER. A homologação do EMB-110 pelo CTA veio no mês <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro. Em<br />

fevereiro <strong>de</strong> 1973, foram entregues os três primeiros Ban<strong>de</strong>irante à Força Aérea<br />

Brasileira (FAB), on<strong>de</strong> foi <strong>de</strong>signado <strong>de</strong> C-95. Em 11 <strong>de</strong> abril do mesmo ano, o<br />

primeiro Ban<strong>de</strong>irante foi entregue a uma empresa <strong>de</strong> aviação comercial, Transbrasil<br />

(Fig. I.8), cuja or<strong>de</strong>m havia sido feita apenas três meses antes. Tratou-se do primeiro<br />

avião projetado e construído no Brasil a ser operado por uma companhia aérea<br />

brasileira. O primeiro vôo comercial do Ban<strong>de</strong>irante ocorreu em 16 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1973, em<br />

cida<strong>de</strong>s do sul do país. O avião foi bem aceito pelo público e as companhias aéreas. Era<br />

robusto e <strong>de</strong> apresentava baixo custo operacional.<br />

O EMB-110 foi equipado com um motor confiável, o Pratt&Whitney PT6-34, <strong>de</strong> baixo<br />

custo <strong>de</strong> manutenção. O Ban<strong>de</strong>irante atendia a<strong>de</strong>quadamente às exigências do mercado<br />

aéreo regional brasileiro nos anos 70, regulado e subvencionado pelo governo fe<strong>de</strong>ral.<br />

Ele também respon<strong>de</strong>u <strong>de</strong> forma muito positiva para a primeira crise do petróleo em<br />

1973, quando houve um aumento muito significativo dos preços dos combustíveis, o<br />

tornou as operações com jatos muito caras. Em 1975, a Embraer exportou os primeiros<br />

aviões Ban<strong>de</strong>irante: duas unida<strong>de</strong>s foram vendidas para a Força Aérea Uruguaia. Dois<br />

anos mais tar<strong>de</strong>, a exportação do Ban<strong>de</strong>irante para companhias aéreas comerciais<br />

começou. A primeira companhia aérea estrangeira a operar um Ban<strong>de</strong>irante foi a<br />

empresa francesa Air Littoral.<br />

Ano 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981<br />

Produção 0 13 26 36 50 26 36 50 65 61<br />

Tabela Ib – Produção do EMB-110 Ban<strong>de</strong>irante (Fonte: aeromuseu.com.br).<br />

A fim <strong>de</strong> buscar o sucesso do Ban<strong>de</strong>irante fora do Brasil, a Embraer começou a buscar a<br />

certificação <strong>de</strong> organizações internacionais. Em 21 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1977, o Ban<strong>de</strong>irante<br />

recebeu a certificação da DGAC (Gerência Geral <strong>de</strong> Aviação Civil francesa). Em 15 <strong>de</strong><br />

agosto <strong>de</strong> 1978, o Ban<strong>de</strong>irante recebeu a certificação emitida pela CAA do Reino<br />

Unido, autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aviação civil daquele país (Atualmente, o Joint Aviation<br />

Authoritiues, JAA, congrega as funções <strong>de</strong> homologação <strong>de</strong> países europeus).


Apesar do sucesso limitado no exterior, faltavam ainda vendas em números expressivos<br />

no mercado civil. A Força Aérea Brasileira havia encomendado 200 unida<strong>de</strong>s, o que<br />

garantia a produção por um longo período, mas apenas vendas militares não tornariam a<br />

EMBRAER viável.<br />

O Ban<strong>de</strong>irante era um produto competitivo no mercado internacional, mas o gran<strong>de</strong><br />

impulso veio com a certificação nos Estados Unidos em junho <strong>de</strong> 1978, ano do Airline<br />

Deregulation Act. Depois <strong>de</strong> ganhar a aprovação oficial <strong>de</strong> vários países, a empresa<br />

buscou aprovação oficial dos Estados Unidos FAA (Fe<strong>de</strong>ral Aviation Administration).<br />

A Tabela Ib ilustra que as entregas do Ban<strong>de</strong>irante registraram um salto consi<strong>de</strong>rável<br />

após o ano <strong>de</strong> 1978.<br />

Várias versões e variantes do EMB-110 foram <strong>de</strong>senvolvidas e colocadas no mercado,<br />

incluindo uma variante <strong>de</strong> patrulhamento marítimo (EMB-111) armada com foguetes e<br />

equipada com um radar <strong>de</strong> busca, a qual ficou conhecida como Ban<strong>de</strong>irulha. A Fig. I.11<br />

ilustra as várias versões e variantes do Ban<strong>de</strong>irante. A Embraer também realizou alguns<br />

estudos para um a variante a jato do Ban<strong>de</strong>irante, que não saiu do <strong>de</strong>senho (Fig. I.12).<br />

Figura I.11 – Versões e variantes do EMB-110 Ban<strong>de</strong>irante.<br />

Figura I.12 – Conceito <strong>de</strong> variante a jato do Ban<strong>de</strong>irante, que não se materalizou.


Até o final da década <strong>de</strong> 1970, o uso <strong>de</strong> pequenas aeronaves em rotas regionais não era<br />

permitido nos Estados Unidos. Depois <strong>de</strong> vários acordos em maio <strong>de</strong> 1978, o FAA<br />

estabeleceu os requisitos para a operação <strong>de</strong> aeronaves menores. Com isso, a Embraer<br />

precisava encontrar um comprador, a fim <strong>de</strong> iniciar o processo <strong>de</strong> certificação pelo<br />

FAA, o que ocorreu em 21 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1978, quando Robert Terry, presi<strong>de</strong>nte do Aero<br />

Industries, fechou um acordo para a compra <strong>de</strong> três Ban<strong>de</strong>irantes, que seriam usados<br />

pela Aero Commuter, uma subsidiária da empresa. Assim, em 18 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1978,<br />

três dias após a aprovação oficial na Inglaterra, o Ban<strong>de</strong>irante EMB- 110P1 foi<br />

oficialmente aprovado pelo FAA nos Estados Unidos. A <strong>de</strong>sregulamentação do setor<br />

aéreo norte americano possibilitou o surgimento <strong>de</strong> várias empresas aéreas <strong>de</strong> pequeno<br />

porte, muitas se especializando no transporte <strong>de</strong> carga e em alimentar com passageiros<br />

gran<strong>de</strong>s aeroportos a partir <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s pequenas e <strong>de</strong> médio porte. A partir daí, com o<br />

selo do FAA, o Ban<strong>de</strong>irante começou a ser exportado para vários outros países. O<br />

gran<strong>de</strong> sucesso <strong>de</strong> vendas da Ban<strong>de</strong>irante no exterior foi um dos fatores que levaram a<br />

Embraer a criar uma filial nos Estados Unidos, a Embraer Aircraft Corporation (EAC),<br />

em Fort Lau<strong>de</strong>rdale, Florida, em 1979. Após o Ban<strong>de</strong>irante, a EMBRAER colocou no<br />

mercado o EMB-120 Brasília, mais sofisticado, msis veloz e pressurizado.<br />

Diferentemente do que havia acontecido com o Ban<strong>de</strong>irante, on<strong>de</strong> a certificação nos<br />

EUA <strong>de</strong>u-se anos após a certificação brasileira, a EMBRAER obteve a certificação para<br />

o EMB-120 nos Estados Unidos semanas após a certificação no Brasil. O sucesso<br />

comercial da EMBRAER, que se esten<strong>de</strong>u aos dias atuais, <strong>de</strong>ve-se em gran<strong>de</strong> parte à<br />

<strong>de</strong>sregulamentação <strong>de</strong> 1978. Para tal, basta ver a gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sproporção entre aviões<br />

comerciais que ela ven<strong>de</strong>u no Brasil em relação àqueles que foram exportados. Sem<br />

conquistar os mercados internacionais, ela teria sido mais uma história <strong>de</strong> fracasso.<br />

Aviões em serviço<br />

Demanda por tamanho<br />

2012-2032 2013-2032<br />

Configuração 2012 2032 Configuração<br />

Dois corredores e<br />

seção transversal<br />

gran<strong>de</strong><br />

Dois corredores e<br />

seção transversal<br />

média<br />

Dois corredores e<br />

seção transversal<br />

pequena<br />

780 910<br />

1.520 3.610<br />

2.310 5.410<br />

Dois corredores e<br />

seção transversal<br />

gran<strong>de</strong><br />

Dois corredores e<br />

seção transversal<br />

média<br />

Dois corredores e<br />

seção transversal<br />

pequena<br />

Novos<br />

aviões<br />

Valor<br />

(US$B)<br />

760 280<br />

3.300 1.090<br />

4530 1.100<br />

Um corredor 13.040 29.130 Um corredor 24.670 2.290<br />

Jatos regionais 2.260 2.180 Jatos regionais 2.020 80<br />

Total 20.310 41.240 Total 35.280 4.840<br />

Tabela Ic – Previsão <strong>de</strong> mercado da companhia Boeing Co. (Fonte: Boeing).<br />

Atualmente, a EMBRAER divi<strong>de</strong> com a Bombardier as maiores fatias <strong>de</strong> mercado para<br />

aviões com 130 assentos ou menos. Acima <strong>de</strong>sta categoria, Boeing e Airbus divi<strong>de</strong>m o<br />

mercado. Essas empresas e outras também divulgam anualmente as suas previsões <strong>de</strong><br />

volume <strong>de</strong> tráfego aéreo e <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> avião (market outlook) em uma janela <strong>de</strong> tempo<br />

<strong>de</strong> 20 anos. Este tipo <strong>de</strong> previsão tem várias aplicações práticas importantes. Ela ajuda<br />

aos fabricantes aeronáuticos a moldar aestratégia <strong>de</strong> seus produtos, bem como fornece<br />

orientação para o planejamento <strong>de</strong> negócios <strong>de</strong> longo prazo. A empresa Boeing, em


especial, compartilha a sua previsão com o público <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1964 com o intuito <strong>de</strong> ajudar<br />

as companhias aéreas, fornecedores e da comunida<strong>de</strong> financeira tomar <strong>de</strong>cisões bem<br />

informadas. A Tabela Ic mostra a previsão <strong>de</strong> mercado da empresa Boeing Co. Para<br />

várias categorias <strong>de</strong> aviões <strong>de</strong> linha. A maior fatia em tremos <strong>de</strong> valor monetário é o <strong>de</strong><br />

aviões <strong>de</strong> um corredor, aviões na faixa 130-220 assentos. A categoria com<br />

menornvolume <strong>de</strong> negócios é a <strong>de</strong> jatos regionais, com US$ 80 bilhões.<br />

I.1.3<br />

Indicadores operacionais econômicos<br />

Importantes indicadores operacionais da ativida<strong>de</strong> econômica das empresas aéreas estão<br />

aqui colocadas para melhor entendimento do seto. Os indicadores <strong>de</strong>finem a eficiência<br />

operacional da empresa e são a maneira controlável <strong>de</strong> se alcançar resultados<br />

satisfatórios.<br />

ASK: Available seat kilometers, ou assento-quilômetro disponível, que correspon<strong>de</strong> ao produto<br />

da multiplicação da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assentos disponíveis em todas as aeronaves pela distância em<br />

quilômetros dos vôos da Companhia. Com este indicador chega-se ao potencial <strong>de</strong> receita da<br />

empresa, ou seja, obtêm-se a oferta .<br />

RPK: Revenue passenger kilometer, ou passageiro receita-quilômetro transportado, que<br />

correspon<strong>de</strong> ao produto da multiplicação da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> passageiros transportados pagantes<br />

pela quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> quilômetros voados. Com este indicador po<strong>de</strong>-se, através <strong>de</strong> uma análise<br />

junto com o ASK <strong>de</strong>finir o aproveitamento do potencial <strong>de</strong> vendas da empresa.<br />

Taxa <strong>de</strong> ocupação (Load Factor): Percentual da aeronave que esta sendo ocupada nos vôos,<br />

calculada pelo quociente entre RPK e ASK, chegando-se assim ao aproveitamento dos assentos<br />

oferecidos.<br />

BELF: Break-even load factor, ou taxa <strong>de</strong> ocupação em que as receitas são equivalentes aos<br />

custos e <strong>de</strong>spesas operacionais. Este parâmetro representa a ocupação mínima da aeronave para<br />

que a empresa não tenha prejuízo com o vôo.<br />

CASK*: Custo operacional por ASK, ou quociente da divisão dos custos operacionais totais<br />

pela quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assentos disponíveis por quilômetro. O resultado é geralmente apresentado<br />

em centavos <strong>de</strong> reais por assento-quilômetro. Com este parâmetro consegue-se comparar os<br />

custos <strong>de</strong> operação <strong>de</strong> empresas diferentes (aeronaves <strong>de</strong> tamanhos diferentes) e assim qual<br />

possue uma melhor eficiência operacional em termos <strong>de</strong> custo.<br />

RASK*: Receita por ASK ou quociente da divisão da receita operacional total pela quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> assentos disponíveis por quilômetro. O resultado é apresentado em centavos <strong>de</strong> reais por<br />

assento-quilômetro. Com este parâmetro consegue-se comparar a receita operacional <strong>de</strong><br />

empresas diferentes (aeronaves <strong>de</strong> tamanhos diferentes) e assim qual possue uma melhor<br />

eficiência operacional em termos <strong>de</strong> receita.<br />

CFK: Cost of fuel per kilometer, ou custo <strong>de</strong> combustível por km, que correspon<strong>de</strong> ao quociente<br />

do custo total <strong>de</strong> combustível da Companhia pelo total <strong>de</strong> quilômetros voados pela Companhia.<br />

Yield: Valor médio pago por passageiro para voar um quilômetro. Com este parâmetro<br />

consegue-se analisar qual empresa cobra mais por passageiro pagante.<br />

Tarifa média: Quociente da divisão da receita proveniente <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> passageiros pela<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> passageiros transportados pagantes.<br />

*Estes parâmetros po<strong>de</strong>m ser apresentados como CASK por passageiro ou RASK por<br />

passageiro, o que então representará não o custo operacional total, mas sim o custo<br />

operacional por passageiro.


I.2 Breve história da aviação comercial<br />

Nesta seção, dados técnicos e a história <strong>de</strong> vários aviões <strong>de</strong> linha selecionados pelos<br />

autores estão disponíveis. Antes <strong>de</strong> se passar a história individual dos aviões escolhidos,<br />

é importante proporcionar ao leitor uma visão da evolução das configurações dos aviões<br />

<strong>de</strong> linha.<br />

I.2.1<br />

Período pré Primeira Guerra Mundial<br />

O início do vôo do mais pesado-que-o-ar teve a contribuição <strong>de</strong> vários pioneiros, entre<br />

os quais o brasileiro Santos-Dumont, que se estabeleceu na França no final do Séc. XIX.<br />

Santos-Dumont ocupou-se na França com o vôo <strong>de</strong> balões e em seguida dirigíveis, com<br />

os quais se tornou uma celebrida<strong>de</strong> mundial. Após o seu sucesso com os dirigíveis,<br />

Dumont voltou-se ao projeto e construção <strong>de</strong> aviões.<br />

Santos-Dumont conquistou o Prêmio Deutsch em 1901, quando partindo do Campo <strong>de</strong><br />

Saint Clou<strong>de</strong> com o seu dirigível Nº 6, contornou a Torre Eiffel e voltou ao ponto <strong>de</strong><br />

partida no tempo estipulado pelo Aeroclube da França (Fig. I.13). Ele havia tentado este<br />

feito anteriormente com o seu dirigível Nº 5, mas <strong>de</strong>vido ao vazando do higrogênio do<br />

compartimento sustentador acabou por se chocar com o Hotel Troca<strong>de</strong>ro (que não existe<br />

mais na Paris <strong>de</strong> hoje).<br />

Figure I.13 – À esquerda: Um marco para a engenharia aeronáutica: dirigíveis<br />

<strong>de</strong> Santos-Dumont ao redor da Torre Eiffel. Esquerda – O Número 5<br />

experimentou vazamento <strong>de</strong> gás <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> contornar a Torre Eiffel. A imagem é<br />

erroneamente interpretada por muitos historiadores, pois eles se referem ao<br />

aparelho na foto como o Número 6. À Direita: o Número 6 a caminho <strong>de</strong><br />

conce<strong>de</strong>r ao Santos-Dumont o prêmio Deutsch <strong>de</strong> la Meurthe.<br />

Santos-Dumont dcontinuou <strong>de</strong>senvolvendo dirigíveis. O menor <strong>de</strong>les, foi o Nº 9,<br />

semirrígido, batizado como La Bala<strong>de</strong>use, foi um dos menores que Santos-Dumont<br />

construiu (Fig. I.14). Ele foi i<strong>de</strong>alizado e construído para ser um "carro aéreo" e aten<strong>de</strong>u<br />

as expectivas <strong>de</strong> Dumont, que com o dirigível <strong>de</strong>scia em locais públicos, como<br />

restaurantes, lojas e lanchonetes, visitava amigos e ia com freqüência a clubes, on<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ixava com os porteiros as "ré<strong>de</strong>as" do seu "corcel alado". Voava sobre as casas <strong>de</strong><br />

Paris, quase resvalando sobre seus telhados. Em 14 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1903, participou das<br />

comemorações da queda da Bastilha, <strong>de</strong>sfilando com o dirigível. Nesse dirigível<br />

permitiu que, pela primeira vez, uma outra pessoa o conduzisse, a cubana Aida <strong>de</strong>


Acosta. Primeiro balão a motor a transportar uma criança. Sofreu, no entanto, um<br />

"retour <strong>de</strong> flamme" sobre o Rio Sena no episódio conhecido como "chapéu panamá".<br />

Figura I.14 – Ainda D’Acosta pilotando o dirigível Santos-Dumont No. 9.<br />

A Fig I.15 mostra alguns aviões que marcaram época no período 1908-1909. Em<br />

janeiro <strong>de</strong> 1908, o anglo-francês Henri Farman realizou o primeiro vôo <strong>de</strong> kilômetro da<br />

história com o Farman-Voisin I. Ao Farman também é atribuído o primeiro vôo com<br />

passageiro em avião da história, transportando Léon Delagrange em 29 <strong>de</strong> março <strong>de</strong><br />

1908. O vôo foi curto: apenas 138 m foram percorridos a uma altura <strong>de</strong> 4 m do solo. Os<br />

irmãos Wright realizaram um vôo com passageiro em público seis semanas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

Farman, em Kitty Hawk, EUA, percorrendo uma distância <strong>de</strong> 600 m.<br />

Fig. I.15 – Aviões que se <strong>de</strong>stacaram no período 1908-1909.


I.2.2<br />

Período entre guerras<br />

No período imediatamente <strong>de</strong>pois da Primeira Guerra Mundial, muitos aviões <strong>de</strong><br />

transporte foram <strong>de</strong>rivados diretos <strong>de</strong> aviões <strong>de</strong> combate empregados no conflito,<br />

notadamente bombar<strong>de</strong>iros. Houveram gran<strong>de</strong>s saltos tecnológicos advindos da guerra<br />

como o emprego <strong>de</strong> perfis espessos, motores refrigerados a água e construção <strong>de</strong><br />

alumínio, esta última pioenirada pela empresa alemã Junkers.<br />

A empresa <strong>de</strong> eletricida<strong>de</strong> alemã AEG (Allgemeine Elektricitäts-Gemeinschaft) também<br />

fabricou aviões para o exército daquele país durante a Primeira Guerra Mundial. O AEG<br />

J.I foi utilizado na Primeira Guerra como avião <strong>de</strong> ataque ao solo pelos alemães. Findo<br />

o conflito, representou uma das primeiras conversões <strong>de</strong> aviões militares para uso civil<br />

com a sua variante J.II (Fig. I.16).<br />

Figura I.16 – O avião <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> passageiros AEG J.II foi <strong>de</strong>rivado do J.I,<br />

um avião militar.<br />

O AEG J.I foi <strong>de</strong>rivado <strong>de</strong> um avião <strong>de</strong> reconhencimento e equipado com motores mais<br />

potentes, dispondo também <strong>de</strong> blindagem para o piloto e motor. Duas metralhadoras <strong>de</strong><br />

7,92 milímetros foram instaladas no piso do compartimento do observador e eram<br />

usadas contra alvos terrestres. Uma metralhadora Parabellum <strong>de</strong> 7,92 milímetros foi<br />

instalada em uma posição voltada para trás, para <strong>de</strong>fesa do aparelho. As aeronaves<br />

equipadas com ailerons na asa inferior, bem como na superior foram <strong>de</strong>signadas AEG<br />

J.Ia. Uma versão melhorada do J.I foi <strong>de</strong>senvolvida como AEG J.II, a qual recebeu<br />

ailerons balanceados aerodinamicamente e fuselagem traseira foi estendida para<br />

acomodar uma maior barbatana dorsal (para melhorar a estabilida<strong>de</strong> direcional). Depois<br />

da guerra, vários J.IIs foram operados no primeiro serviço diário com aviões <strong>de</strong><br />

passageiros do mundo, entre Berlim e Weimar, estabelecido pela Cia. Deutsche Luft-<br />

Ree<strong>de</strong>rei. Este percurso começou em 5 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 1919. Os primeiros J.II tinham o<br />

posto <strong>de</strong> pilotagem abertos, mas as versões modificadas com cabines fechadas para dois<br />

passageiros rapidamente os substituiram.<br />

<strong>Transporte</strong> aéreo no Atlântico<br />

Lignes Aeriennes Latécoère<br />

Próximo do término da Primeira Guerra Mundial, um industrial <strong>de</strong> Toulouse, Pierre<br />

Georges Latécoère, entusiasmado pelo progresso da aviação, <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> iniciar ativida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> aviação. Durante a Guerra, ele havia convertido sua fábrica <strong>de</strong> vagões ferroviários<br />

em fábrica <strong>de</strong> aviões.<br />

Em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1924, uma missão aérea da Latécoère veio ao Rio <strong>de</strong> Janeiro com três<br />

aviões Bréguet 14, A2, novos, com objetivos comerciais <strong>de</strong> ligar o Rio <strong>de</strong> Janeiro à<br />

Buenos Aires por via aérea. Esta viagem já havia sido feita anteriormente pelo piloto


asileiro Edu Chaves, mas agora a questão era estabelecer uma linha regular (Fig.<br />

I.17).<br />

Em 14 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1925, os aviões partem do Rio <strong>de</strong> Janeiro em uma missão <strong>de</strong><br />

reconhecimento em direção ao sul, entre Rio e Buenos Aires, a bordo dos três Bréguet<br />

14, com os pilotos Roig, Vachet, Hamm, Lafay e três mecânicos, que aterrissam em São<br />

Paulo, Florianópolis, Porto Alegre, Pelotas, Montevidéu e Buenos Aires. O percurso é<br />

realizado com sucesso.<br />

Em Florianópolis, do que se <strong>de</strong>preen<strong>de</strong> dos acontecimentos, a missão teria passado pela<br />

ilha em 14 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1925, como po<strong>de</strong> ser visto na foto reproduzida acima.<br />

Desconhecemos a existência <strong>de</strong> outras fotografias que testemunhem a atuação da<br />

companhia em Florianópolis.<br />

Esta parece ter sido a primeira <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> viagens que passaram pela ilha que<br />

segundo registros mostram a ocorrência <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 70 pousos realizados entre os anos<br />

<strong>de</strong> 1927 e 1931. Concomitantemente a missão em direção ao sul, a Latécoère<br />

empreen<strong>de</strong>u um vôo <strong>de</strong> reconhecimento em direção ao norte (Rio – Recife).<br />

Em outubro <strong>de</strong> 1926, o famoso Antoine <strong>de</strong> Saint-Exupéry passa a integrar a equipe <strong>de</strong><br />

pilotos. Ele é <strong>de</strong>signado ao setor sul e <strong>de</strong>pois a Cabo July, como chefe da praça aérea.<br />

Nesta época é colocado em serviço o Laté 17, que possuía cabine para cinco<br />

passageiros, além <strong>de</strong> compartimento para mala postal. Antes disso, a correspondência<br />

era carregada em caixas alongadas dispostas nas asas.<br />

Em abril <strong>de</strong> 1927 a socieda<strong>de</strong> Lignes Aériennes Latécoère é vendida em quase na sua<br />

totalida<strong>de</strong> ao empresário Marcel Bouilloux-Lafont e passa a se chamar Compagnie<br />

Générale Aéropostale.


Figura I.17– Cartaz da Aéropostale indicando a rota aérea para a América do Sul.


A Companhia Latécoère à Toulouse continuou sua existência com a fabricação <strong>de</strong><br />

aviões. Após a Segunda Guerra Mundial, a Latécoère <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> produzir aviões e<br />

tornou-se fornecedora <strong>de</strong> partes <strong>de</strong> aeronaves para fabricantes <strong>de</strong> aviões. A Embraer é<br />

um dos clientes, que use partes fabricadas pelas Latécoère em seus E-jets.<br />

Fig. I.18 - Primeiros aviões a transportar passageiros.<br />

Na década <strong>de</strong> 1930, o único meio <strong>de</strong> atravessar o Atlântico por via aérea sem escalas era<br />

por meio <strong>de</strong> dirigível. A única companhia que fabricava e operava dirigíveis em escala<br />

comercial era a companhia alemã Zeppelin. Baseado no LZ 126 Los Angeles, dirigível<br />

militar que fora entregue aos Estados Unidos como reparação <strong>de</strong> guerra, a Zeppelin<br />

construiu o LZ 127 Graf Zeppelin. O LZ 127 foi empregado em rotas para o Brasil e<br />

Estados Unidos. O Graf Zeppelin fez sua primeira viagem ao Brasil em 1930, chegando<br />

à cida<strong>de</strong> do Recife, no estado <strong>de</strong> Pernambuco, em 21 <strong>de</strong> maio. O primeiro brasileiro a<br />

viajar nele foi o engenheiro e escritor Vicente Licínio Cardoso. Este vôo iniciou uma<br />

regular e bem sucedida rota comercial entre o Brasil e Alemanha. Inicialmente, <strong>de</strong>vido à<br />

ausência <strong>de</strong> instalações a<strong>de</strong>quadas no Campo dos Afonsos, na |cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

o Graf Zeppelin, atracava na cida<strong>de</strong> do Recife on<strong>de</strong> os passageiros eram <strong>de</strong>sembarcados,<br />

e seguiam viagem para o Rio <strong>de</strong> Janeiro em aviões da empresa aérea Syndicato Condor.<br />

Até hoje, a estação <strong>de</strong> atracação <strong>de</strong> dirigíveis em Recife, o Torre do Zeppelin existe.<br />

Funcionários da empresa alemã Luftschiffbau-Zeppelin GmbH viajaram ao Brasil em<br />

1933 para selecionar um local apropriado às operações <strong>de</strong> pouso, <strong>de</strong>colagem e<br />

armazenamento dos gigantescos zeppelins. Após realizarem um <strong>de</strong>talhado estudo<br />

climatológico, levando em consi<strong>de</strong>ração, principalmente, a velocida<strong>de</strong> e direção dos<br />

ventos, optou-se pelo uso <strong>de</strong> uma área próxima à Baía <strong>de</strong> Sepetiba, no estado do Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro. A área, que media 80.000m², foi cedida pelo Ministério da Agricultura. No<br />

período <strong>de</strong> um ano, um enorme hangar foi erguido para abrigo dos dirigíveis, que mais<br />

tar<strong>de</strong> recebeu o nome <strong>de</strong> Aeródromo Bartolomeu <strong>de</strong> Gusmão. Foi instalada também no<br />

local, uma usina produtora <strong>de</strong> gás hidrogênio para abastecimento dos dirigíveis, além <strong>de</strong><br />

um ramal ferroviário que po<strong>de</strong>ria transportar os passageiros do centro da cida<strong>de</strong> do Rio


<strong>de</strong> Janeiro até o aeródromo. Em 26 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1936, a instalação foi inaugurada,<br />

contando com uma linha regular <strong>de</strong> transportes aéreos que fazia a ligação entre o Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro e a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Frankfurt, na Alemanha, com escala em Recife. Em abril <strong>de</strong> 1936,<br />

o maestro Heitor Villa-Lobos embarcou no LZ-129 Hin<strong>de</strong>nburg (Fig. I.19) em direção<br />

à Europa. O hangar foi utilizado por pouco tempo, sendo que em 1938 suas ativida<strong>de</strong>s<br />

foram encerradas. Dos nove vôos da linha aérea alemã ligando o Brasil à Europa nesse<br />

curto período, quatro <strong>de</strong>ssas viagens foram realizadas pelo Hin<strong>de</strong>nburg e as outras cinco<br />

pelo Graf Zeppelin. Em 1942, o Aeródromo Bartolomeu <strong>de</strong> Gusmão foi transformado<br />

na Base Aérea <strong>de</strong> Santa Cruz.<br />

a. Junkers F 13<br />

Figura I.19 – Dirigível Hin<strong>de</strong>nburg sobre Nova Yorque.<br />

O Junkers F.13 (também conhecido como F 13) foi o primeiro avião <strong>de</strong> transporte<br />

metálico do mundo (Fig. I.20). Ele foi possível graças Aos esforços próprios da<br />

empresa Junkers, a qual <strong>de</strong>senvolveu durante a Primeira Guerra Mundial tecnologias<br />

capazes <strong>de</strong> construir uma aeronave inteiramente metálica. Este empreendimento<br />

resultou no Junkers D.I (J 7 a J 9), um caça monoplano inovador (Fig. I.20). Durante os<br />

ensaios em vôo, o J 9 <strong>de</strong>monstrou não possuir a manobrabilida<strong>de</strong> requerida para um<br />

caça <strong>de</strong> primeira linha, mas foi consi<strong>de</strong>rado apto para ser empregado como caça naval, e<br />

um lote <strong>de</strong> 12 unida<strong>de</strong>s foi então pedido. Após terem sido entregues à unida<strong>de</strong> naval em<br />

questão em 1918, os aviões foram redistribuídos para Frente Leste após o Armistício.<br />

Um exemplar do D.I sobreviveu à Guerra e está exposto no Musée <strong>de</strong> l'Air et <strong>de</strong><br />

l'Espace, nos arredores <strong>de</strong> Paris, França.


Fig. I.20 – Junkers D.I (à esquerda) e F 13.<br />

Sendo a única empresa no mundo àquela época capaz <strong>de</strong> projetar e fabricar aeronaves<br />

inteiramente metálicas, a Junkers iniciou o <strong>de</strong>senvolvimento do F 13 ainda no final da<br />

Primeira Guerra Mundial. O avião era monoplano em cantilever (em balanço), com<br />

capacida<strong>de</strong> para quatro passageiros. Mais <strong>de</strong> 300 unida<strong>de</strong>s foram vendidas e ficou em<br />

produção por 13 anos e em serviço comercial por quase vinte anos.<br />

Similarmente ao D.I, o F 13 era aerodinamicamente limpo, sem estais e montantes<br />

externos. Na década <strong>de</strong> 1920, os aviões da Junkers não eram usuais, pois muitos<br />

biplanos estavam ainda sendo empregados como aviões <strong>de</strong> linha.<br />

A partir <strong>de</strong> 1918, aproximadamente, 35 mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> aviões da empresa Junkers<br />

utilizaram uma liga <strong>de</strong> alumínio (duralumínio) como revestimento corrugado e prétensionado,<br />

uma característica e patente da Junkers.<br />

Atrás do único motor do F 13, havia um posto <strong>de</strong> pilotagem semiaberto, com teto, mas<br />

sem janelas laterais. A cabina <strong>de</strong> passageiros, com acomodação para quatro pessoas, era<br />

fechada, aquecida e apresentava portas e janelas na lateral da fuselagem. Assentos <strong>de</strong><br />

passageiros foram equipados com cintos <strong>de</strong> segurança, um avanço para a época. O F 13<br />

dispunha <strong>de</strong> um trem <strong>de</strong> pouso principal fixo e uma bequilha <strong>de</strong> patim. Algumas<br />

variantes foram equipadas com flutuadores e esquis.<br />

O Junkers F 13 voou pela primeira vez em 25 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1919, movido por um motor<br />

Merce<strong>de</strong>s em linha e refrigerado a água <strong>de</strong> 127 kW (170 hp). As primeiras unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

produção tinham uma asa <strong>de</strong> maior envergadura e <strong>de</strong> maior área em relação ao<br />

protótipo, e ainda receberam motorização <strong>de</strong> maior potência: um BMW <strong>de</strong>140 kW (185<br />

hp) refrigerado a água. Muitas variantes foram construídas com motores Merce<strong>de</strong>s,<br />

BMW e Junkers com refrigeração líquida e cilindros em linha e também com o<br />

Armstrong Sid<strong>de</strong>ley Puma, Gnome-Rhône Júpiter e Hornet e motores radiais Pratt &<br />

Whitney.<br />

b. Dornier Wal<br />

O hidroavião Dornier Wal (Do J) tinha asa alta com dois motores acomodados em uma<br />

única nacele sobre a asa (Fig. I.21). Um motor acionava uma hélice tratora e o outro<br />

uma propulsora. O Do J realizou o seu primeiro vôo em 6 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1922. O vôo,<br />

bem como a maior parte da produção até 1932, teve lugar em Itália por causa das<br />

restrições à aviação na Alemanha após a I Guerra Mundial, nos termos do Tratado <strong>de</strong><br />

Versalhes. A Dornier começou a produzir o Wal na Alemanha em 1931, durando até<br />

1936.


Fig. I.21 – Dornier Wal (Foto: Wikipedia).<br />

Na variante militar <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> Militärwal a tripulação acomodava-se em uma área<br />

aberta no nariz do aparelho. Havia uma estação com metralhadora na proa e outra na<br />

meta<strong>de</strong> da aronave. A Espanha foi o primeiro país a receber a variante militar.<br />

Argentina, Chile, Holanda, Iugoslávia, União Soviética, Itália e Alemanha também<br />

foram clientes da variante militar. Os principais utilizadores militares, Espanha e<br />

Holanda, fabricadaram o Dornier Wal sob licença. Vários países, notadamente a Itália,<br />

Noruega, Portugal, Uruguai, Grã-Bretanha e Alemanha, empregaram o Wal para<br />

ataques militares.<br />

A variante civil tinha uma cabina na parte dianteira da fuselagem, acomodando até 12<br />

passageiros. Alemanha, Itália, Brasil e Colômbia foram os principais operadores civis.<br />

O Do J recebeu inicialmente a motorização composta por dois 265 kW (355 hp) Rolls-<br />

Royce Eagle IX. Versões posteriores utilizaram quase todos os tipos <strong>de</strong> motores<br />

disponíveis no mercado <strong>de</strong> fabricantes como a Hispano-Suiza, Napier & Son, Lorraine-<br />

Dietrich, BMW, e até mesmo o motor norte-americano Liberty. A 10 a Wal utilizado<br />

pelo Deutsche Luft Hansa para o seu serviço <strong>de</strong> correio <strong>de</strong> todo o Atlântico Sul 1934-<br />

1938 tinha um alcance <strong>de</strong> 3.600 km (2.200 milhas), e um teto <strong>de</strong> operação <strong>de</strong> 3.500 m.<br />

Mais <strong>de</strong> 250 Wals foram construídas por CMASA e Piaggio, na Itália, na Espanha<br />

CASA, Kawasaki, no Japão, Aviolanda na Holanda, e Dornier, na Alemanha.<br />

Várias companhias aéreas operaram Dornier Wals em serviço regular <strong>de</strong> passageiros <strong>de</strong><br />

correio com gran<strong>de</strong> sucesso. Alguns operadores: SANA e Aero Espresso da Itália; Aero<br />

Lloyd e Deutsche Luft Hansa da Alemanha; SCADTA <strong>de</strong> Columbia; Syndicato Condor<br />

do Brasil; Nihon Koku Yuso Kaisha do Japão. O Dornier Wal foi à época um dos<br />

maiores sucessos da história da aviação naval.<br />

A Força Aérea Colombiana empregou o Dornier Wal na Guerra Colômbia-Peru, que<br />

aconteceu no período 1932-1933.


c. Junkers Ju 49<br />

Hugo Junkers teve a visão das viagens aéreas <strong>de</strong> longa distância entre os continentes já<br />

nos anos vinte. Correntamente raciocinou que os aviões voariam em altitu<strong>de</strong>s elevadas<br />

para melhorar o <strong>de</strong>sempenho graças a menor resistência do ar. Isto, além <strong>de</strong> exigir uma<br />

alimentação especial para os motores, requeria também que um ambiente amigável<br />

<strong>de</strong>veria ser proporcionado à tripulação e aos passageiros.<br />

O uso <strong>de</strong> oxigênio através <strong>de</strong> uma máscara facial, suportando frio extremo e hipoxia foi<br />

experimentado por alguns aviadores experimentalmente com aviões com posto <strong>de</strong><br />

pilotagem aberto: Cyril Uwins atingiu 13.408 m em um Vickers Vespa em setembro <strong>de</strong><br />

1932; e Renato Donati voou em 14.433 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong> em um Caproni Ca 114 no final <strong>de</strong><br />

1933. Vôo contínuo em altas altitu<strong>de</strong>s nestes dois casos seriam fatais.<br />

Figura I.22 – À esquerda: cabina pressurizada <strong>de</strong>senvolvida pela empresa Junkers.<br />

À direita: o avião experimental Junkers Ju 49 (Foto: Deutsches Bun<strong>de</strong>sarchiv, Bild<br />

102-12368, 1931).<br />

Para solucionar o problema <strong>de</strong> vôos prolongados em altitu<strong>de</strong>s levadas, Hugo Junkers<br />

projetou e construiu o Ju 49, um avião <strong>de</strong> pesquisa com cabine pressurizada (Fig. I.22),<br />

o que proporcionava uma atmosfera artificial para os dois tripulantes. O esguio avião<br />

era movido por um motor Junkers L 88a <strong>de</strong> 800 hp. O Ju 49 alcançou em vôos <strong>de</strong> ensaio<br />

altitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 14 mil metros - era a primeira vez que uma aeronave po<strong>de</strong> operar<br />

em tais altitu<strong>de</strong>s sem pôr em risco a tripulação.<br />

d. Handley Page H.P.42<br />

A empresa britânica Han<strong>de</strong>ly Page Limited foi fundada por Fre<strong>de</strong>rick Han<strong>de</strong>ly Page em<br />

1909. Foi a primeira fabricante <strong>de</strong> aviões da Grã-Bretanha. Ele <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> existir em<br />

1970 e ficou conhecida pelo projeto e fabricação <strong>de</strong> aviões <strong>de</strong> transporte e<br />

bombar<strong>de</strong>iros. O que <strong>de</strong>stacamos nesta seção é o avião <strong>de</strong> linha Handley Page H.P.42.<br />

O H.P.42 (Fig. I.23) se <strong>de</strong>stacou na década <strong>de</strong> 1920 e 30. Eram biplanos quadrimotores,<br />

que foram projetados especialmente para a companhia britânica <strong>de</strong> aviação Imperial<br />

Airways. Havia duas versões do H.P.42, a ―E‖ e a ―W‖, <strong>de</strong>dicadas a rotas para colônias<br />

do Império Britânico no leste e oeste, respectivamente. A versão ―W‖ foi <strong>de</strong>signada<br />

também <strong>de</strong> H.P.45. No total, oito aviões H.P.42 e 45 foram fabricados, quatro <strong>de</strong> cada<br />

tipo. Operaram até o início da Segunda Guerra Mundial, quando foram requisitados<br />

pelas forças armadas britânicas. Nenhuma vida foi perdida durante o serviço civil. O


H.P.42 tinha quatro tripulantes e acomodava 24 passageiros em sua cabina com amplas<br />

janelas.<br />

O aerodinamicista alemão Gustav Lachman inventou o slate em 1918. O slate é um<br />

dispositivo colocado no bordo <strong>de</strong> ataque das asas para melhorar suas características em<br />

elevados ângulos <strong>de</strong> ataque (Fig. I.24). Lachman tentou patentear a sua invenção, mas o<br />

pedido foi inicialmente rejeitado pelo Instituto Alemão <strong>de</strong> Patentes com a argumentação<br />

<strong>de</strong> que faltavam provas <strong>de</strong> que ele iria funcionar <strong>de</strong> acordo com o pretendido. Lachman<br />

<strong>de</strong>sistiu da idéia e se matriculou na Universida<strong>de</strong> Técnica <strong>de</strong> Darmstadt para um curso<br />

<strong>de</strong> engenharia mecânica. Graduou-se em junho <strong>de</strong> 1921 e começou a trabalhar na<br />

empresa <strong>de</strong> automóveis Opel. Por acaso, ele ficou sabendo <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>monstração<br />

pública do uso <strong>de</strong> fendas (slots, em inglês) no bordo <strong>de</strong> ataque pela empresa Han<strong>de</strong>ly<br />

Page. Isto o encorajou a renovar o seu pedido <strong>de</strong> patente. Para tal, ele precisava<br />

<strong>de</strong>monstrar que seu invento fucionava através <strong>de</strong> ensaios em túnel <strong>de</strong> vento. Pediu então<br />

1000 RM (Reichsmark) a sua mãe para pagar os ensaios que seriam realizados por<br />

Ludwig Prandtl na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Göttingen. De posse dos resultados, submeteu novo<br />

pedido e a patente foi concedida retrospectivamente. Uma reunião entre Lachman e a<br />

empresa Han<strong>de</strong>ly Page, resolveu a questão <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> em benefício mútuo, os<br />

direitos <strong>de</strong> patente sendo compartilhados, e Lachmann sendo contratado como consultor<br />

pela Handley Page Ltd. Outros fabricantes aeronáuticos resolveram adotar slates em<br />

configurações <strong>de</strong> aviões e a Han<strong>de</strong>ly Page teve muitos ganhos advindos <strong>de</strong> pagamentos<br />

<strong>de</strong> royalties.<br />

É preciso ressaltar que na década <strong>de</strong> 30, quando começaram a serem empregados em<br />

maior escala, os slates eram fixos, o que comprometia muito o arrasto em cruzeiro, on<strong>de</strong><br />

o ângulo <strong>de</strong> ataque típico é muito menor do que aqueles encontrados no pouso e<br />

<strong>de</strong>colagem. Portanto, eles prejudicavam o <strong>de</strong>sempenho em cruzeiro por conta do maior<br />

arrasto que causavam. Ao longo do tempo, foram <strong>de</strong>senvolvidos mecanismos <strong>de</strong> atuação<br />

que permitiam que o slate se recolhese durante a fase <strong>de</strong> cruzeiro. De qualquer modo,<br />

mesmo não causando diretamente maior arrasto em cruzeiro, os slates móveis conferem<br />

maior peso ao avião e também maior custo <strong>de</strong> manutenção.<br />

Figura I.23 – O britânico Handley Page H.P.42 foi um avião <strong>de</strong> transporte bem<br />

sucedido na década <strong>de</strong> 1930 (Imagem: Microsoft Flight Simulator X).


Figura I.24 – Ilustração do funcionamento do slate.


e. Junkers Ju 52<br />

O Junkers 52 (Fig. I.25) foi um avião inteiramente metálico concebido para transporte<br />

<strong>de</strong> 17 passageiros. É também um dos aviões <strong>de</strong> transporte mais bem sucedidos da<br />

história, com 4845 unida<strong>de</strong>s fabricadas.<br />

Figura I.25 – Junkers Ju 52/3m (Imagem: Microsoft Flight Simulator X).<br />

Projetado por Ernst Zin<strong>de</strong>l na fábrica da Junkers na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Dessau, Alemanha, o<br />

mo<strong>de</strong>lo inicial tinha apenas um motor, e foi <strong>de</strong>signado Ju 52/1m. O protótipo realizou o<br />

primeiro vôo em 1931 e foi certificado no mesmo ano pelo Ministério dos <strong>Transporte</strong>s<br />

alemão. Devido à falta <strong>de</strong> interesse por parte dos compradores, principalmente da<br />

Deutsche Lufthansa, foram adicionados ao avião mais dois motores para melhorar o seu<br />

<strong>de</strong>sempenho, mudando sua <strong>de</strong>nominação para Ju 52/3m. Fabricado com motores BMW,<br />

alguns mo<strong>de</strong>los para exportação também utilizavam motores Pratt & Whitney Wasp ou<br />

Bristol Pegasus. Os primeiros aviões com esta nova configuração, equipados com<br />

motores Pratt & Whitney, foram entregues ao Lloyd Aéreo Boliviano (LAB).<br />

A extinta empresa aérea brasileira VASP adquiriu dois Ju-52/3 m, batizados <strong>de</strong> ―Cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> São Paulo‖ e ―Cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro‖. As partes dos dois trimotores foram<br />

<strong>de</strong>spachadas da Alemanha para o Brasil, com a montagem final se dando em solo<br />

nacional. As duas aeronaves inauguram a rota São Paulo-Rio em 5 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1936.


Outras unida<strong>de</strong>s do Ju 52 foram adquiridas posteriormente pela VASP. Para mencionar<br />

duas <strong>de</strong>las: a ―Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiânia‖, que foi <strong>de</strong>scomissionada em 1943; e o Ju 52 com<br />

prefixo PP-SPF, ―Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Santos‖, que colidiu com um D.H.90 Dragonfly argentino<br />

nos céus do Rio <strong>de</strong> Janeiro em 1940.<br />

Em 1944, a Junkers licenciou a construção do mo<strong>de</strong>lo pela Construcciones<br />

Aeronáuticas S.A. (CASA) da Espanha, sendo então <strong>de</strong>signado <strong>de</strong> CASA 352-L. Os Ju<br />

52 também foram produzidos na França a partir <strong>de</strong> 1942, em uma fábrica da empresa<br />

aeronáutica francesa Amiot, a qual foi incorporada pela Junkers durante a Segunda<br />

Guerra Mundial. Esta fábrica estava localizada na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Colombes e os aviões lá<br />

produzidos foram batizados <strong>de</strong> Amiot AAC.1 Toucan. Após a guerra, alguns <strong>de</strong>stes<br />

mo<strong>de</strong>los foram para a Força Aérea Portuguesa, Air France e CSA Czech Airlines.<br />

O Ju 52 também esteve em serviço na Força Aérea Suíça até a década <strong>de</strong> 1980.<br />

Atualmente, alguns exemplares ainda voam na Alemanha, Suíça e Estados Unidos,<br />

notadamente realizando vôos panorâmicos. Outros dois exemplares restaurados estão na<br />

África do Sul e França.<br />

Sua primeira utilização militar foi no transporte <strong>de</strong> tropas e equipamentos bolivianos<br />

pela LAB para a linha <strong>de</strong> frente <strong>de</strong> batalha da Guerra do Chaco (1932-1935), conflito<br />

entre Bolívia e Paraguai.<br />

Na guerra civil espanhola, o Ju 52 foi utilizado como transporte <strong>de</strong> tropas,<br />

principalmente <strong>de</strong> soldados vindos do Marrocos para a Espanha, além <strong>de</strong> servir <strong>de</strong><br />

bombar<strong>de</strong>iro e transporte para missões <strong>de</strong> pára-quedistas pela Legião Condor, uma força<br />

<strong>de</strong> aviadores enviados pela Alemanha para ajudar o Ditador Francisco Franco. O mesmo<br />

uso foi feito durante a Segunda Guerra Mundial para o transporte <strong>de</strong> tropas e<br />

suprimentos para a frente oriental (Stalingrado) e para o norte da África (Afrika Korps).<br />

A versão Ju 52/3m W, hidroavião, serviu na campanha da Noruega em 1940 e<br />

posteriormente no teatro <strong>de</strong> operações do Mediterrâneo.<br />

O Ju 52 também foi uma peça fundamental na Operação Merkur (invasão alemã da ilha<br />

<strong>de</strong> Creta) no ano <strong>de</strong> 1941, como avião <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> pára-quedistas. A operação foi<br />

consi<strong>de</strong>rada um sucesso, pois seus objetivos <strong>de</strong> conquista foram alcançados. No entanto,<br />

as baixas <strong>de</strong> pára-quedistas foram gran<strong>de</strong>s e pouco mais da meta<strong>de</strong> dos 493 aviões que<br />

participaram da invasão foram danificados ou <strong>de</strong>struídos. Devido às altas perdas<br />

humanas e materiais <strong>de</strong>sta operação, não foi realizada pela Alemanha mais nenhuma<br />

gran<strong>de</strong> ofensiva utilizando tropas aerotransportadas.<br />

Hugo Junkers mais uma vez inovou com o uso do aileron como flape na <strong>de</strong>colagem no<br />

trimotor Ju 52 (Fig. I.26). Os ailerons também podiam ser ajustados para alterar<br />

localmente a sustentação na asa para gerar menor arrasto induzido (o arrasto ligado à<br />

geração <strong>de</strong> sustentação, como veremos mais adiante).


Figura I.26 – Hugo Junkers concebeu pioneiramente a utilização do aileron como<br />

auxílio na <strong>de</strong>colagem, configurando-o para atuar como flape (Imagem: Microsoft<br />

Flight Simulator X).<br />

f. Focke-Wulf Fw 200<br />

O Focke-Wulf 200A Condor foi um avião <strong>de</strong> longo alcance <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> passageiros<br />

projetado pelo Prof. Kurt Tank da empresa alemã Focke-Wulf Flugzeugbau AG. O Prof.<br />

Heinrich Focke, Georg Wulf e o Dr, Werber Naumann fundaram a empresa Fock-Wulf<br />

em 1923. Em 1936, Focke foi retirado da Focke-Wulf por pressão dos acionistas. Na<br />

verda<strong>de</strong>, o regime nazista não o consi<strong>de</strong>rava confiável. Assim, em 1937 ele redirecionou<br />

o seu trabalho para helicópteros e fundou a empresa Focke Achgelis em socieda<strong>de</strong> com<br />

Gerd Achgelis. O Prof. Tank, da Diretoria Técnica e que havia trabalhado no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do Fw 44 Stieglitz, foi também responsável pelo projeto <strong>de</strong> vários<br />

outros aviões da Focke-Wulf, entre eles, o do avião <strong>de</strong> linha Fw 200.<br />

O Fw 200A (Fig. I.27) foi projetado para aten<strong>de</strong>r às necessida<strong>de</strong>s da empresa aérea<br />

Lufthansa, que <strong>de</strong>sejava um avião capaz <strong>de</strong> operar em rotas ligando a Europa à América<br />

do Sul. Sua fuselagem esbelta, asa <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> alongamento eram características típicas<br />

<strong>de</strong> planadores. Era propulsado por quatro motores Hornet S1E-G da Pratt & Whitney,<br />

mais tar<strong>de</strong> substituídos por motores BMW 132L (Hornets licenciados). Tinha uma<br />

capacida<strong>de</strong> máxima <strong>de</strong> combustível <strong>de</strong> 4360 litros e foi concebido para transportar 26<br />

passageiros em longas distâncias.<br />

Em agosto <strong>de</strong> 1938, um exemplar do Fw 200 realizou um voo <strong>de</strong> Berlim a Nova York<br />

em 20 horas, sem escalas. Mais tar<strong>de</strong>, naquele ano, um Fw 200 voou para Tóquio com<br />

três paradas em 46 horas. Em razão do impressionante <strong>de</strong>sempenho do quadrimotor, a<br />

Lufthansa requereu a abertura <strong>de</strong> uma rota aérea entre a Alemanha e os Estados Unidos.<br />

Como os EUA não dispunham <strong>de</strong> uma aeronave equivalente ao Fw 200, ou seja, <strong>de</strong><br />

cruzar o Atlântico Norte sem escalas, o pedido da Lufthansa foi in<strong>de</strong>ferido.<br />

A produção do Fw 200 começou em 1938 com o Fw 200 A. Uma dos exemplares<br />

tornou-se o avião <strong>de</strong> transporte pessoal <strong>de</strong> Hitler. Outras unida<strong>de</strong>s foram para a<br />

Lufthansa, o Sindicato Condor - uma subsidiária da Lufthansa que operava vôos


domésticos na América do Sul - e a DDL dinamarquêsa. A Focke-Wulf logo lançou o<br />

mais potente e mais pesado Fw 200 B. O Fw 200 C, que dispunha ainda <strong>de</strong> maior<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> combustível.<br />

Fig. I.27 – Focke-Wulf Fw 200A (Imagem: Microsoft Flight Simulator X).<br />

A Marinha Imperial Japonesa manifestou interesse em uma versão <strong>de</strong> reconhecimento<br />

<strong>de</strong> longo alcance do Condor. O projetista do Fw 200, Kurt Tank, modificou um Fw 200<br />

B-1 para criar o protótipo Fw 200 V10, com mais combustível, três metralhadoras, uma<br />

gôndola ventral e com metralhadoras frontal e traseira O exemplar jamais foi entregue<br />

ao seu cliente. Em 1939, a Luftwaffe <strong>de</strong>cidiu que o Fw 200 po<strong>de</strong>ria satisfazer a sua<br />

própria exigência <strong>de</strong> um avião <strong>de</strong> reconhecimento e ataque marítimo <strong>de</strong> longo alcance, e<br />

solicitou à Focke-Wulf para tornar o Fw 200 V10 uma aeronave mais robusta, com<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> bombas. Assim, surgiu o Fw 200C (Fig. I.28), com reforços<br />

estruturais, capotas do motor melhoradas para abrigar cada uma os quatro BMW 132H<br />

<strong>de</strong> 830 hp (versões posteriores foram equipadas com o BMW Bramo 323R-2 com 1000<br />

hp <strong>de</strong> potência) e hélices tripás, além <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> fixação <strong>de</strong> bombas. A capacida<strong>de</strong><br />

máxima <strong>de</strong> bombas era <strong>de</strong> 2100 kg. Elas eram colocadas na gôndola ventral, sob as<br />

naceles <strong>de</strong> cada motor externo e outras também na parte externa das asas. Ao invés <strong>de</strong><br />

bombas, o Fw 200 C era capaz <strong>de</strong> transportar dois torpedos. A aeronave tinha uma<br />

tripulação <strong>de</strong> cinco homens, mas outras versões dispuham <strong>de</strong> acomodação para até sete<br />

tripulantes.


Fig. I.26 – Fw 200C <strong>de</strong> reconhecimento e ataque marítimo.<br />

As modificações est8uturais da nova missão <strong>de</strong> ataque e reconhecimento do Fw 200C<br />

não foram suficientes pra suportar as cargas do novo envelope <strong>de</strong> operação. que foi<br />

originalmente concebida para uso civil resultou em várias falhas estruturais ao longo da<br />

carreira do Fw 200C, várias <strong>de</strong>las ocorrendo durante o pouso (Fig. I.29).<br />

Figura I.29 – Ruptura da fuselagem do Fw 200 <strong>de</strong> ataque marítmo durante o<br />

pouso.<br />

Exemplares do Fw 200C foram então entregues Kampfgruppe 40, que a partir <strong>de</strong> junho<br />

1940 operava baseado em Bor<strong>de</strong>aux-Merignac. Operações sistemáticas contra<br />

embarcações navais, notadamente contra comboios mercantes vindos dos EUA,<br />

começaram em agosto daquele ano. O naufrágio <strong>de</strong> 90.000 toneladas <strong>de</strong> navios foi<br />

reivindicado nos dois primeiros meses <strong>de</strong> operações, e 363 mil toneladas em fevereiro<br />

<strong>de</strong> 1941. Churchill alcunhou o Fw 200 <strong>de</strong> "Flagelo do Atlântico".<br />

Fábrica do Galeão e o Fw 200C<br />

Antes da criação do Ministério da Aeronáutica em 1941, as ativida<strong>de</strong>s aeronáuticas no<br />

Brasil eram conduzidas pela Marinha e Exército. O Instituto Militar <strong>de</strong> Engenharia<br />

(IME), localizado no Rio <strong>de</strong> Janeiro, formava engenherios aeronáuticos para essas duas<br />

forças aramadas.


Em relação à indústria aeronáutica, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Governo Provisório, implantado em 1930,<br />

Getúlio também daria claros sinais da predisposição para estimular o setor. Naquele<br />

ano, criou a Comissão <strong>de</strong> Estudos para Instalação <strong>de</strong> uma Fábrica <strong>de</strong> Aviões (CEIFA),<br />

da qual faziam parte o engenheiro César Grillo, Antonio Gue<strong>de</strong>s Muniz e Vitor <strong>de</strong><br />

Carvalho, estes dois últimos sendo militares. Iniciando as ativida<strong>de</strong>s em 1932, o<br />

objetivo da Comiisõ era a <strong>de</strong> avaliar a viabilida<strong>de</strong> da produção <strong>de</strong> aeronaves no País<br />

com a utilização <strong>de</strong> matérias-primas nacionais, bem como organizar uma concorrência<br />

para a instalação <strong>de</strong> uma fábrica.<br />

Em meados da década <strong>de</strong> 1930, militares brasileiros fecharam um acordo <strong>de</strong> cooperação<br />

com a empresa alemã Focke-Wulf para a produção licenciada <strong>de</strong> aviões no Brasil.<br />

Basicamente, os alemães enviariam técnicos, engenheiros, instrutores e gabaritos,<br />

enquanto a Marinha Brasileira respon<strong>de</strong>ria pelas obras civis <strong>de</strong> uma fábrica. Nela,<br />

planejava-se construir quatro mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> aeronaves: o Focke Wulf 44 Stieglitz (<strong>de</strong><br />

treinamento); o Focke-Wulf 56 (<strong>de</strong> treinamento avançado); o Focke Wulf 58 Weihe<br />

(bimotor <strong>de</strong> bombar<strong>de</strong>io); e o Focke Wulf 200.<br />

A área escolhida para a construção da fábrica foi a Ponta do Galeão, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1924<br />

funcionava a Escola <strong>de</strong> Aviação Naval, região que, muitas décadas <strong>de</strong>pois, abrigaria<br />

também o Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim, mais conhecido como<br />

Aeroporto do Galeão. Uma equipe <strong>de</strong> trabalho, li<strong>de</strong>rada por Raymundo Vasconcellos<br />

Aboim, foi organizada e era composta, sobretudo, por marinheiros, técnicos e<br />

engenheiros, que aceitaram receber honorários <strong>de</strong> simples operários. Em junho <strong>de</strong> 1936,<br />

a pedra fundamental das Oficinas Gerais da Aviação Naval foi lançada, que ficaria<br />

conhecida posteriormente como Fábrica do Galeão. Com muito esforço e poucos<br />

recursos, a Marinha conseguiria, afinal, construir excelentes pavilhões industriais,<br />

inaugurados exatos três anos <strong>de</strong>pois, em junho <strong>de</strong> 1939. Eram 19 mil m 2 <strong>de</strong> área<br />

construída, que começaram a receber as máquinas e os técnicos alemães para o início da<br />

produção. Essa equipe era li<strong>de</strong>rada pelo engenheiro William Friedrich Stein e teve<br />

importância inestimável na formação <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra aeronáutica especializada no<br />

Brasil.<br />

O primeiro avião construído pela Fábrica do Galeão foi o Fw 44 Stieglitz, com 40<br />

exemplares fabricados em 1940, sob a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> 1 AVN (Primeiro Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

Aviação Naval). Após a criação do Ministério da Aeronáutica, em 1941, essa aeronave<br />

teria a <strong>de</strong>nominação mudada para I FG (primeiro mo<strong>de</strong>lo da Fábrica do Galeão) e foi<br />

batizada <strong>de</strong> Pintassilgo. Era um biplano biposto, dotado <strong>de</strong> um motor alemão Siemens<br />

Sh 14, <strong>de</strong> 150 hp, estrutura <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e cobertura <strong>de</strong> tela e contraplacado. Sua<br />

utilização no Brasil foi breve e quase todos os exemplares tiveram vida útil muito curta.<br />

Na sequência, foi cancelada a produção dos monomotores Fw 56 Stösser, avião<br />

acrobático <strong>de</strong> treinamento usado na formação <strong>de</strong> pilotos <strong>de</strong> caça, uma vez que um novo<br />

conflito bélico <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s proporções estava para eclodir na Europa. Para ganhar tempo,<br />

a Marinha <strong>de</strong>cidiu partir à produção do bimotor Fw 58 Weihe, uma aeronave mais<br />

sofisticada, <strong>de</strong>stinada a treinar pilotos <strong>de</strong> bombar<strong>de</strong>iro e realizar missões <strong>de</strong> patrulha.<br />

O primeiro exemplar chegou ao Brasil em 1939, após partes terem sido transportadas<br />

por navio. Foi remontado na Fábrica do Galeão e registrado como protótipo, servindo<br />

para treinamento <strong>de</strong> pilotos e mecânicos que construiriam os <strong>de</strong>mais da série.<br />

Posteriormente, chegaram mais componentes para construir <strong>de</strong>z aeronaves que ficaram<br />

prontas em 1940 e registradas pela Aviação Naval como D-2FW. Eram praticamente<br />

idênticos ao original alemão, sendo as únicas diferenças a tela externa, produzida por<br />

uma fábrica <strong>de</strong> Campinas, além das tintas nacionais e os armamentos norte-americanos.


O segundo lote, <strong>de</strong> 15 aviões, caracterizou-se pelo maior porcentual <strong>de</strong> componentes<br />

nacionais: a ma<strong>de</strong>ira das asas, os pneumáticos e freios, a tela externa fabricada em<br />

Campinas e o contraplacado <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira para a cobertura <strong>de</strong> partes da fuselagem e das<br />

asas, produzido pelo Instituto <strong>de</strong> Pesquisas Tecnológicas (IPT) <strong>de</strong> São Paulo. Essa<br />

segunda linha foi <strong>de</strong>signada 2 AVN, mais tar<strong>de</strong> recebendo o nome oficial <strong>de</strong> 2 FG<br />

(segundo mo<strong>de</strong>lo fabricado na Fábrica do Galeão).<br />

A primeira <strong>de</strong>ssas aeronaves voou em 15 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1940 e a última, em 12 <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1942, ano em que o Brasil envolveu-se diretamente na II Guerra Mundial<br />

(1939-1945), contra as nações do Eixo, do qual a Alemanha fazia parte, inviabilizando<br />

assim todos os negócios que existiam com o país. Por isso, o FW-200 Condor não teve a<br />

produção sequer iniciada. Caso isso tivesse acontecido, certamente o Brasil teria dado<br />

um gran<strong>de</strong> slato no domínio da técnica <strong>de</strong> construção aeronáutica, pois o primeiro avião<br />

totalmente metálico <strong>de</strong> fabricação nacional, o Regente fabricado pela Neiva, foi<br />

entregue à FAB apenas em 1960 e era um avião consi<strong>de</strong>ravelmente menor e menos<br />

sofisticado do que o Focke-Wulf 200C.<br />

g. Boeing 247<br />

O Boeing 247 (Fig. I.30) voou pela primeira vez em 8 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1933 e entrou em<br />

serviço no final daquele ano. O mo<strong>de</strong>lo 247 é consi<strong>de</strong>rado por muitos especialistas<br />

aeronáuticos o arquétipo do avião <strong>de</strong> linha mo<strong>de</strong>rno. Ele incorporou avanços como uso<br />

do alumínio anodizado, construção semi-monocoque metálica, asa em cantilever, hélice<br />

<strong>de</strong> passo variável (247D) e trem <strong>de</strong> pouso retrátil, semi-escamoteeável. Outras<br />

características avançadas incluíam compensadores (tabs) em superfícies <strong>de</strong> controle,<br />

piloto automático e sistema <strong>de</strong> <strong>de</strong>gelo nas asas e no estabilizador horizontal.<br />

Figura I.30 – O Boeing 247 foi concebido para o transporte <strong>de</strong> 10 passageiros e 200<br />

kg <strong>de</strong> mala postal (Imagem: Microsoft Flight Simulator X).<br />

O aparecimento do Boeing 247 no mercado significou o obsolência dos aviões <strong>de</strong><br />

transporte existentes no mercado. O novo bimotor da Boeing era mais veloz do que o<br />

caça padrão norte-americano, o Boeing P-12, um biplano com o posto <strong>de</strong> pilotagem<br />

aberto. Apesar disso, exibia uma velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pouso relativamente baixa, <strong>de</strong> 100 km/h.<br />

Para velocida<strong>de</strong>s a partir <strong>de</strong> 20 km/h o Boeing 247 podia ser taxiado com a cauda no ar,<br />

o que facilitava em muito o seu manuseio no solo. Outra característica pioneira, o<br />

Boeing 247 foi o primeiro bimotor transporte <strong>de</strong> passageiros que era capaz <strong>de</strong> voar com


um só motor. Com hélices <strong>de</strong> passo variável (equipamento <strong>de</strong> série no 247D), o 247<br />

po<strong>de</strong>ria atingir 4720 m com o peso máximo bruto <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem.<br />

O Air Mail Act <strong>de</strong> 1934 proibia companhias aéreas e fabricantes <strong>de</strong> avião <strong>de</strong> ser a<br />

mesma corporação. Assim, A Boeing dividiu-se em três companhias menores: Boeing<br />

Airplane Company, Boeing Air Transport (BAT) e United Aircraft Corportaion. A BAT<br />

mais tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixou o grupo e transformou-se na empresa United Airlines. A United<br />

Aircraft Corporation viria a se tornar a United Technolgias, atualmente, o grupo<br />

controlador da Pratt&Whitney e Sikorsky, entre outras várias empresas.<br />

Toda a produção do Boeing 247 foi <strong>de</strong>stinada a BAT. A Transcontinental and Western<br />

Airlines (TWA), não conseguindo adquirir o avião da Boeing, dirigiu-se à empresa<br />

Douglas e participou dos requisitos <strong>de</strong> um novo avião que viria a se tornar o lendário<br />

DC-3.<br />

Uma preocupação dos pilotos em relação ao Boeing 247 era a <strong>de</strong> que nenhuma pista<br />

seria capaz <strong>de</strong> suportar uma aeronave <strong>de</strong> oito toneladas. Eles também se opuseram ao<br />

uso <strong>de</strong> motores Hornet porque a maioria dos pilotos estava acostumada com os Vespas,<br />

menos potentes. Havia o temor <strong>de</strong> não se po<strong>de</strong>r controlar a<strong>de</strong>quadamente os Hornet. O<br />

Engenheiro-chefe da Pratt & Whitney, George Mead, sabia que esse raciocínio era<br />

equivocado e que <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> algum tempo era ficaria ultrapassado. O presi<strong>de</strong>nte da<br />

Pratt&Whitney, Fre<strong>de</strong>rick Rentschler, diante <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>cisão difícil, <strong>de</strong>cidiu concordar<br />

com a <strong>de</strong>manda unânime dos pilotos. A <strong>de</strong>cisão criou um racha entre Mead e<br />

Rentschler. Apesar das divergências profundas sobre a configuração dos motores, o 247<br />

ainda era um avião notável e foi vitrine exposição da Boeing na feira <strong>de</strong> Chicago<br />

Mundial em 1933.<br />

O pára-brisa do posto <strong>de</strong> pilotagem do primeiro 247S foi inclinado "para frente", em vez<br />

da montagem convencional. Esta foi a solução <strong>de</strong> projeto (semelhante ao adotado por<br />

outras aeronaves contemporâneo que usou um pára-brisas para a frente passou) para o<br />

problema dos instrumentos do painel <strong>de</strong> controle iluminado refletindo o pára-brisa da<br />

noite, mas <strong>de</strong>scobriu-se que o pára-brisa para a frente inclinada refletiria luzes terrestres<br />

em vez disso, especialmente durante aterragens, e também aumentou ligeiramente<br />

arrasto. , por introdução do 247D, o pára-brisas é inclinado ré da maneira usual, e o<br />

problema <strong>de</strong> reflexo à noite foi resolvido através da instalação <strong>de</strong> uma extensão (a<br />

glarescreen) sobre o painel <strong>de</strong> controlo.<br />

Boeing <strong>de</strong>stacou que o novo avião <strong>de</strong>veria oferecer maior segurança operacional, ser<br />

mais resistente estruturalmente, bem como proporcionar maior conforto aos passageiros.<br />

No item conforto, o ar da cabine era controlado por termostatos e material para<br />

isolamento acústico foi empregado. A tripulação incluía um piloto e co-piloto, bem<br />

como uma aeromoça que po<strong>de</strong>ria aten<strong>de</strong>r às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> passageiros.<br />

O trem <strong>de</strong> pouso principal não retraía completamente, era, portanto, semi-escamoteável.<br />

Assim, uma parte das rodas aparecia abaixo das naceles, típico <strong>de</strong> projetos daquele<br />

tempo, como um meio <strong>de</strong> reduzir o dano estrutural em aterrissagens em caso do<br />

conjunto do trem <strong>de</strong> pouso não baixar por alguma falha hidráulica ou travamento<br />

mecânico. A bequilha não era retrátil. Enquanto o mo<strong>de</strong>lo 247 e 247A tinham hélices <strong>de</strong><br />

passo fixo, o mo<strong>de</strong>lo 247D incorporou hélices <strong>de</strong> passo variável.


Informações gerais<br />

Entrada em serviço Maio <strong>de</strong> 1933<br />

Capacida<strong>de</strong> máxima <strong>de</strong> passageiros (classe única) 10<br />

Peso máximo <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem<br />

Comprimento<br />

Motorização<br />

Desempenho:<br />

Asa:<br />

Velocida<strong>de</strong> máxima<br />

Teto <strong>de</strong> serviço<br />

Alcance máximo com 10 passageiros<br />

Distância <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem (ISA, nível do mar,<br />

MTOW)<br />

Alongamento<br />

Envergadura<br />

7623 kg<br />

15,7 m<br />

2 × Pratt & Whitney S1H1-G Wasp<br />

<strong>de</strong> 550 hp cada<br />

320 km/h<br />

7620 m<br />

1200 km<br />

6,54 m<br />

22,6 m<br />

Área <strong>de</strong> referência 78 m 2<br />

Afilamento<br />

Corda média aerodinâmica<br />

Enflechamento à ¼ da corda<br />

h. Douglas DC-3<br />

Tabela Id – Informações sobre o Boeing 247D.<br />

O bimotor DC-3 (Fig. I.31) originou-se a partir <strong>de</strong> uma solicitação da Transcontinental<br />

and Western Airlines (TWA) para Donald Douglas, presi<strong>de</strong>nte da Douglas Aviation.<br />

Rival da TWA no serviço aéreo transcontinental, United Airlines, estava inaugurando o<br />

serviço com o Boeing 247 e Boeing se recusou a ven<strong>de</strong>r qualquer 247S para outras<br />

companhias aéreas até o fim do United para 60 aeronaves haviam sido preenchidos. [4]<br />

TWA pediu Douglas para projetar e construir uma aeronave que permitiria TWA para<br />

competir com a United. <strong>Projeto</strong> resultante Douglas ', <strong>de</strong> 1933 DC-1, foi promissor, e<br />

levou para o DC-2 em 1934. Enquanto o DC-2 foi um sucesso, ainda há espaço para<br />

melhorias.<br />

O DC-3 foi o resultado <strong>de</strong> uma chamada telefônica maratona da American Airlines<br />

CEO CR Smith para Donald Douglas, durante o qual Smith convenceu um Douglas<br />

relutante para projetar uma aeronave com camas baseado no DC-2 para substituir o<br />

biplano Curtiss Condor da América II. Douglas concordou em ir em frente com o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento só <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> Smith o informou da intenção <strong>de</strong> adquirir vinte<br />

aeronaves. A nova aeronave foi projetada por uma equipe li<strong>de</strong>rada pelo engenheirochefe<br />

Arthur E. Raymond ao longo <strong>de</strong> dois anos, e o prot[ptipo <strong>de</strong>signado <strong>de</strong> DST<br />

(Douglas Sleeper Transport) voou pela primeira vez em 17 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1935. A<br />

versão com 21 lugares, em vez dos berços <strong>de</strong> dormir da DST <strong>de</strong> passageiros também foi<br />

projetado e dada a <strong>de</strong>signação DC-3. Não houve protótipo DC-3, o primeiro DC-3 built<br />

seguido sete DSTs fora da linha <strong>de</strong> produção e foi entregue ao americano.


Figura I.31 – Douglas DC-3 (Imagem: Microsoft Flight Simulator X).<br />

As comodida<strong>de</strong>s do DC-3 e DST popularizou o transporte aéreo nos Estados Unidos.<br />

Com apenas três paradas <strong>de</strong> reabastecimento, vôos transcontinentais que atravessam os<br />

EUA em aproximadamente 15 horas tornaram-se possíveis. Viagens no sentido oeste<br />

levou 171/2 horas <strong>de</strong>vido a ventos contrários-que ainda prevalece uma melhoria<br />

significativa em relação ao concorrente Boeing 247. Durante uma época anterior, como<br />

uma viagem implicaria saltos curtos em aviões mais lentos e curtos-range durante o dia,<br />

juntamente com a viagem <strong>de</strong> trem durante a noite.<br />

Uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> motores radiais estava disponível para o DC-3 ao longo do seu<br />

<strong>de</strong>senvolvimento. <strong>Aeronaves</strong> civis em início <strong>de</strong> produção utilizado Wright R-1820<br />

Cyclone 9s, mas mais tar<strong>de</strong> aviões (e mais versões militares) usou a Pratt & Whitney R-<br />

1830 Twin Wasp, que ofereceu o <strong>de</strong>sempenho do motor <strong>de</strong> alta altitu<strong>de</strong> e único melhor.<br />

Três DC-3 Super DC-3 com Pratt & Whitney R-2000 Wasps Gêmeas foram construídas<br />

na década <strong>de</strong> 1940.<br />

i. Boeing 307 Stratoliner<br />

O Boeing mo<strong>de</strong>lo 307 Stratoliner (Fig. I.32) foi a primeira aeronave <strong>de</strong> transporte<br />

comercial com uma cabine pressurizada. Esta característica permitiu que a aeronave<br />

voasse a uma altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 20.000 pés (6.000 m), bem acima <strong>de</strong> vários tipos <strong>de</strong> distúrbios<br />

atmosféricos. O diferencial <strong>de</strong> pressão entre a cabine e o meio externo era <strong>de</strong> 2,5 psi (17<br />

kPa), <strong>de</strong> modo a 14.700 pés (4.480 m), a altitu<strong>de</strong> da cabine equivalia a uma altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> 8.000 pés (2.440 m). O Mo<strong>de</strong>lo 307 tinha capacida<strong>de</strong> para cinco tripulantes e 33<br />

passageiros e o diâmetro da cabine <strong>de</strong> passageiros era <strong>de</strong> 3,51 m. O Boeing 307 foi a<br />

primeira aeronave baseada em terra a incluir um engenheiro <strong>de</strong> v0o como um membro<br />

da tripulação (vários barcos voadores tinham incluído uma posição <strong>de</strong> engenheiro <strong>de</strong><br />

voo anteriormente).


Figura I.32 – Boeing 307 Stratoliner, o primeiro avião comercial pressurizado da<br />

história (Imagem: Microsoft Flight Simulator X).<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento do Boeing 307 iniciou-se me 1935, com base no bombar<strong>de</strong>iro<br />

pesado B-17 (Boeing mo<strong>de</strong>lo 299), então em produção. Ele combinava as asas, cauda,<br />

do leme, trem <strong>de</strong> pouso e motores do B-17C com uma seção transversal circular nova da<br />

fuselagem <strong>de</strong> maior diâmetro, projetada para permitir a pressurização da cabine.<br />

O primeiro pedido, <strong>de</strong> dois 307s (batizado então <strong>de</strong> Stratoliner), foi colocado em 1937<br />

pela Pan American Airways seguido <strong>de</strong> um segundo pedido <strong>de</strong> cinco unida<strong>de</strong>s da<br />

Transcontinental & Western Air (TWA), o que levou a Boeing a iniciar a produção<br />

seriada. Na época, os EUA entraram na Segunda Guerra Mundial (em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong><br />

1941). A guerra exigida que funcionários do governo e militares fossem transportados a<br />

lugares distantes e assim aeronaves comerciais, incluindo 14 hidroaviões da Pan Am e<br />

da TWA e cinco Boeing 307s, foram <strong>de</strong>slocados para emprego <strong>de</strong> transporte militar.<br />

Tanques <strong>de</strong> combustível adicionais foram adicionados aos 307 para dar-lhes o alcance<br />

extra que eraq necessário para cruzar as gran<strong>de</strong>s distâncias na região do Pacífico. Após<br />

a conversão, foram <strong>de</strong>signados C-75.<br />

Antes da Segunda Guerra Mundial, a produção dos 307 foi encerrada, sendo que apenas<br />

10 unida<strong>de</strong>s foram construídas. A TWA voou rotas domésticas entre Nova York e Los<br />

Angeles por 18 meses até que o Exército adquiriu seus Stratoliners para uso em tempo<br />

<strong>de</strong> guerra como transporte transatlântico <strong>de</strong> longo alcance <strong>de</strong> oficiais ou carga crítica.<br />

TWA converteu sua frota <strong>de</strong> 307 para o serviço militar em janeiro <strong>de</strong> 1942, e sua<br />

Divisão Intercontinental operou estes C-75s sob contrato para o Comando <strong>de</strong> <strong>Transporte</strong><br />

Aéreo do Exército até julho <strong>de</strong> 1944. Esses foram os únicos aviões comerciais<br />

construídos nos EUA capazes <strong>de</strong> atravessar o Atlântico até a chegada do Douglas C-54<br />

Skymaster em novembro <strong>de</strong> 1942.<br />

Conversão para o C-75 incluiu a remoção do equipamento <strong>de</strong> pressurização para<br />

economizar peso, a remoção dos quatro <strong>de</strong> nove assentos reclináveis ao longo do perto<br />

da porta dianteira, e alteração dos dois compartimentos do tipo Pullman. O espaço foi<br />

assim <strong>de</strong>stinado às tripulações <strong>de</strong> voos extremamente longos e para a adição <strong>de</strong> cinco<br />

tanques <strong>de</strong> combustível, com capacida<strong>de</strong> total <strong>de</strong> 815 litros. O trem <strong>de</strong> pouso foi<br />

reforçado, o peso máximo <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem foi aumentado <strong>de</strong> 20.400 para 25.400 kg e o<br />

exterior pintado em um monótono ver<strong>de</strong>-oliva militar.


I.2.3 Pós Segunda Guerra Mundial até o início da década <strong>de</strong> 1960<br />

a. Douglas DC-4<br />

A história do DC-4 inicia-se quando a United Airlines elaborou uma especificação para<br />

um avião quadrimotor <strong>de</strong> longo alcance. A empresa United solicitou à Douglas para<br />

<strong>de</strong>senvolver um avião que aten<strong>de</strong>sse a esses e outros requisitos. Assim, surgiu o que<br />

DC-4E (on<strong>de</strong> o E ficou para experimental), que realizou ensaios em vôo em junho <strong>de</strong><br />

1938. Era cerca <strong>de</strong> três vezes o tamanho do DC-3 (sua envergadura era <strong>de</strong> 42,17 m e o<br />

comprimento <strong>de</strong> 29,76 m), tinha o estabilizador vertical triplo, trem <strong>de</strong> pouso triciclo,<br />

era pressurizado e tinha alcance para voar sem escalas <strong>de</strong> Chicago a São Francisco. No<br />

entanto, o DC-4E era caro, complexo e tinha custo operacional maior que o previsto.<br />

Assim, a Douglas reviu completamente o conceito, resultando em uma aeronave menor<br />

e mais simples, o DC-4 (Fig. I.33).<br />

O novo DC-4 foi <strong>de</strong>senvolvido sob as nuvens escuras da II Guerra Mundial, e com a<br />

entrada dos EUA na guerra todos os DC-4s então na linha <strong>de</strong> produção foram<br />

requisitados para os militares dos EUA. O resultado foi que o primeiro DC-4 voou pela<br />

primeira vez em 14 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1942 em cores militares, tendo recebido a<br />

<strong>de</strong>signação C-54 Skymaster. O DC-4 encaixou-se muito bem nas exigências do USAAF<br />

para um transporte <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> longo alcance, e 1162 foram construídos ao longo dos<br />

anos <strong>de</strong> guerra. Como foi o caso com o DC-3, o fim da guerra tornou exce<strong>de</strong>nte gran<strong>de</strong><br />

parte dos C-54 existentes, tendo sido vendidos para companhias aéreas do mundo. Para<br />

além <strong>de</strong>ste Douglas construído um adicional <strong>de</strong> 78 DC-4s para novas encomendas. Ao<br />

longo dos anos os sobreviventes foram passadas para fretar e as companhias aéreas <strong>de</strong><br />

carga, e, hoje, um pequeno número sobreviver em serviço como cargueiros.<br />

Figura I.33 – O quadrimotor DC-4 (acima) e os seus sucessores o DC-6 e DC-7<br />

dominaram os céus nos anos 40 e início dos 50 (Imagem: Microsoft Flight<br />

Simulator X).<br />

Desenvolvimentos notáveis do DC-4 incluem o cargueiro Carvair, modificado pela<br />

Aviação Tra<strong>de</strong>r, enquanto a Canadair construiu uma série com os motores RollsRoyce<br />

Merlin e fuselagens pressurizadas. A DC-4, também serviu <strong>de</strong> base para o DC-6 e o<br />

DC-7. O DC-4 foi o primeiro avião para apresentar uma secção circular, <strong>de</strong> diâmetro<br />

constante, tornando facilitando versões alongadas <strong>de</strong>rivadas.


. Vickers Viscount<br />

O Vickers Viscount (Fig. I.34) é um turboélice britânico <strong>de</strong> curto e médio alcance,<br />

tendo voado pela primeira vez em 1948. A Vickers-Armstrong foi o fabricante do<br />

Viscount, que história como o primeiro turboélice comercial a entrar em operação. Foi<br />

operado no Brasil pela VASP e pela Força Aérea Brasileira como avião <strong>de</strong> transporte,<br />

incluindo transporte presi<strong>de</strong>ncial.<br />

O Viscount foi bem recebido pelo público <strong>de</strong>vido ao conforto proporcionado em sua<br />

cabina, que incluía pressurização, reduções significativas na vibração e ruído, e gran<strong>de</strong>s<br />

janelas. Devido a estas vantagens, ele passou a ser um dos tipos mais bem sucedidos e<br />

rentáveis da primeira geração <strong>de</strong> aviões <strong>de</strong> transporte do pós-guerra, e um total <strong>de</strong> 445<br />

exemplares foram construídos para uma ampla gama <strong>de</strong> clientes internacionais,<br />

incluindo alguns norte-americanos.<br />

Figura I.34 – O Turboélice Vickers Viscount 700 (Imagem: Microsoft Flight<br />

Simulator X).<br />

O Viscount foi <strong>de</strong>senvolvido em resposta às especificações propostas pelo Comitê<br />

Brabazon do pós-guerra, na faixa <strong>de</strong> pequeno e médio alcance <strong>de</strong> uma aeronave<br />

pressurizada para voar em rotas com menor <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> passageiros. As especificações<br />

referiam-se a uma aeronave com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 24 passageiros e alcance <strong>de</strong> 2,816 km,<br />

voando a 320 km/h. Durante as discussões entre o Comitê e a Vickers, o Chefe <strong>de</strong><br />

<strong>Projeto</strong>s Rex Pierson da Vickers <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u o uso da motorização turboélice, acreditando<br />

que os motores à pistão já tinha chegado ao seu final na aviação <strong>de</strong> linha. Os membros<br />

do Comitê Brabazon não estavam tão convencidos disso, mas concordaram em dividir a<br />

especificação em dois tipos: e o tipo IIa usando o motor à pistão; e o Tipo Iib. A<br />

Vickers foi selecionada para levar adiante o programa doem 1945; a empresa Airspeed<br />

sendo a escolhida para <strong>de</strong>senvolver o avião a pistão, o que resultou no Ambassador<br />

(Fig. I.35).


Figura I.35 – Airspeed Ambassador (Imagem: Microsoft Flight Simulator X).<br />

A British European Airways (BEA) foi envolvida no projeto do turboélice e solicitou o<br />

acréscimo da capacida<strong>de</strong> para um total <strong>de</strong> 32 passageiros. O primeiro conceito saiu em<br />

junho <strong>de</strong> 1945. Ele foi baseado no Viking com quatro motores turbo-hélice e 24 lugares<br />

e foi <strong>de</strong>signado <strong>de</strong> VC-2 ou Tipo 453. Mais tar<strong>de</strong>, uma fuselagem em dupla-bolha foi<br />

proposta para dar mais espaço <strong>de</strong> carga. Esses primeiros conceitos não eram<br />

pressurizados e logo se percebeu que para as operações econômicas em 20.000 pés<br />

(6.100 m) cabinas pressurizadas eram necessárias. Assim, os dois primeiros conceitos<br />

foram abandonados e uma variante <strong>de</strong> secção circular foi oferecida no início <strong>de</strong> 1946. A<br />

configuração resultante dispunha <strong>de</strong> 28 assentos e o VC-2 foi financiado pelo Ministério<br />

do Abastecimento, com uma encomenda <strong>de</strong> dois protótipos. Contudo, antes do contrato<br />

para os protótipos ser assinado, o governo pediu que a capacida<strong>de</strong> fosse aumentada para<br />

32 assentos. Isto resultou num aumento da fuselagem 19,94 m para 22,71 m, além do<br />

aumento da envergadura para 27 m.<br />

O contrato para a aeronave Air Ministério especificação C.16/46 foi assinado em 9 <strong>de</strong><br />

março <strong>de</strong> 1946. A Vickers <strong>de</strong>signou o mo<strong>de</strong>lo como Tipo 609. O motor Rolls-Royce<br />

Dart <strong>de</strong> 800 hp era o preferido da Vickers, mas outros motores ainda estavam sendo<br />

consi<strong>de</strong>rados, incluindo o Armstrong Sid<strong>de</strong>ley Mamba, que o governo acabou por<br />

especificar para os dois protótipos. A escolha do motor Mamba aumentou o peso bruto<br />

da aeronave, mas Vickers avaliou que a nacele do motor era capaz <strong>de</strong> acomodar tanto a<br />

Mamba quanto o Dart. Enquanto o Dart estava fazendo melhor progresso no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do que o Mamba, o governo requisitou em agosto <strong>de</strong> 1947 para que o<br />

segundo protótipo fosse equipado com os Dart. O segundo protótipo foi então <strong>de</strong>signado<br />

<strong>de</strong> Tipo 630 e posteriormente foi batizado <strong>de</strong> Viscount. O primeiro protótipo em<br />

construção já foi convertido para o motor <strong>de</strong> dardo como Tipo 630, bem.<br />

O Vickers projeto Tipo 630 resultante foi concluído em Brooklands pela equipe<br />

chefiada por Rex Pierson e sua equipe, em 1945, um avião <strong>de</strong> 32 lugares equipado com<br />

quatro motores Dart proporcionando uma velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cruzeiro <strong>de</strong> 443 km/h. Um<br />

pedido para a construção <strong>de</strong> dois protótipos foi colocado em março <strong>de</strong> 1946, e a<br />

manufatura começou quase imediatamente em Foxwarren. Originalmente, era para ser<br />

batizada <strong>de</strong> vice-rei, <strong>de</strong>pois do vice-rei da Índia, Lor<strong>de</strong> Louis Mountbatten. Contudo, a<br />

aeronave foi rebatizada como Viscon<strong>de</strong> após a in<strong>de</strong>pendência da Índia em 1947.<br />

c. Sud-Aviation Caravelle<br />

O Sud-Aviation 210 Caravelle (Fig. I.36) foi o primeiro avião comercial a jato <strong>de</strong><br />

curtas/médias etapas, produzido pela empresa francesa Sud-Aviation a partir <strong>de</strong> 1955<br />

(quando a mesma ainda era conhecida por SNCASE daí a sigla do mo<strong>de</strong>lo da aeronave<br />

conter um "SE"). O Caravelle foi o primeiro jato a entrar em serviço no Brasil,


iniciando a era dos jatos naquele país. Ele foi operado pelas empresas brasileiras<br />

Cruzeiro do Sul, VARIG e Panair do Brasil.<br />

O Caravelle é geralmente consi<strong>de</strong>rado o primeiro jato comercial <strong>de</strong> sucesso, pois o seu<br />

pre<strong>de</strong>cessor, o De Havilland Comet, sofreu uma série <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes que obrigaram à sua<br />

retirada prematura <strong>de</strong> operação. Durante vários anos, o Caravelle foi sendo utilizado na<br />

Europa e Estados Unidos. Historicamente, o Caravelle foi importante por ser a primeira<br />

aeronave com os motores montados na fuselagem traseira, <strong>de</strong>ixando as asas<br />

completamente livres. Esta disposição foi <strong>de</strong>pois seguida por vários mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong><br />

aeronaves, entre os quais o DC-9 e o Boeing 727.<br />

Fig. I.36 – Sud-Aviation Caravelle, o primeiro avião <strong>de</strong> linha com motores a jato<br />

na fuselagem traseira (Imagem: Microsoft Flight Simulator X)..<br />

Como resultado da experiência adquirida com a construção e operação do quadrimotor<br />

a pistão Armagnac (Fig. I.37), a Sud Aviation <strong>de</strong>cidiu fazer uso <strong>de</strong> solda para a<br />

construção do bireator Caravelle. O Armagnac empregou mais <strong>de</strong> 150 mil pontos <strong>de</strong><br />

solda e embora as máquinas <strong>de</strong> soldagem utilizadas fossem <strong>de</strong> conceito relativamente<br />

antigo, os resultados obtidos com este tipo <strong>de</strong> fabricação provaram ser eminentemente<br />

satisfatórios. Em pelo menos um aci<strong>de</strong>nte com o Armagnac, foi <strong>de</strong>monstrado que<br />

embora as linhas <strong>de</strong> rebite tenham falhado, a construção no local <strong>de</strong> soldagem tinha<br />

permanecido boa, o que <strong>de</strong>monstra que tanto a segurança e força <strong>de</strong> solda na construção<br />

aeronáutica.<br />

Fig. I.37 – SNCASE Armagnac.


Sud Aviation analisou o uso <strong>de</strong> soldagem no Caravelle e constatou que:<br />

(i) A solda a ponto permite uma estrutura hermética, necessária para a fuselagem<br />

pressurizada.<br />

(ii) A solda a ponto não afetou a qualida<strong>de</strong> aerodinâmica da fuselagem da aeronave, isto<br />

é, a lisura da superfície não foi afetada pela soldagem.<br />

(iii) Redução <strong>de</strong> peso – a soldagem a ponto permite maior <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reforços do que<br />

a rebitagem <strong>de</strong>vido a ausência <strong>de</strong> orifícios.<br />

(iv) O processo <strong>de</strong> solda a ponto permite rápida produção, é fácil <strong>de</strong> realizar e é mais<br />

barato do que rebitagem.<br />

Como as vantagens <strong>de</strong> solda a ponto pareciam ser muito pronunciadas para Sud-<br />

Aviation, o Caravelle foi projetado para fazer uso extensivo da técnica <strong>de</strong> soldagem <strong>de</strong><br />

resistência. A soldagem foi usada em toda a aeronave, exceto em áreas como a asa<br />

central e, em particular, todos os reforços estruturais na fuselagem, painéis, piso, fim da<br />

cauda, portas, escadas, motor carenagem e reforços <strong>de</strong> abertura, estão no local soldada<br />

(Fig. I.38). O Caravelle contém mais <strong>de</strong> 300.000 pontos <strong>de</strong> solda.<br />

Fig. I.38 – Partes soldadas no Caravelle são maioria (em vermelho ferrugem).<br />

Em 12 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1951, o Comité du Matériel Civil (Comissão <strong>de</strong> <strong>Aeronaves</strong> Civis<br />

da França) publicou uma especificação para um avião <strong>de</strong> etapa média, que fosse,<br />

posteriormente enviado para a indústria pela Direction Technique et Industrielle. Esta<br />

estabeleceu os requisitos para <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma aeronave com capacida<strong>de</strong> para<br />

entre 55 e 65 passageiros em percursos <strong>de</strong> até 2.000 km, e, ainda, com uma velocida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> cruzeiro <strong>de</strong> aproximadamente 600 km/h. O tipo e o número dos motores não foram<br />

especificados. Os vários estudos <strong>de</strong> projeto para um avião nesta categoria tinham vindo<br />

a ser realizados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1946 por diversos fabricantes aeronáuticos franceses, mas<br />

nenhum teve a capacida<strong>de</strong> financeira para iniciar o <strong>de</strong>senvolvimento da aeronave.<br />

Cerca <strong>de</strong> 20 propostas foram recebidas pelas autorida<strong>de</strong>s aeronáuticas francesas. A<br />

maioria <strong>de</strong>las contemplava a utilização <strong>de</strong> turbojatos. A Breguet apresentou um conceito<br />

com turboélice. Entre estes um era para um tri-jato propulsado por motores Atar, a ser<br />

<strong>de</strong>senvolvido em associação com a SNCA du Nord e um tipo <strong>de</strong> turbo propulsor, ambos


<strong>de</strong>signados por Br. 978. A Hurel-Dubois apresentou diversos projetos <strong>de</strong> turbo<br />

propulsores baseados numa fuselagem estreita com asa alta, semelhante a muitos aviões<br />

regionais <strong>de</strong> turbopropulsores. As propostas da SNCA Sud-Ouest incluíram o S.O.60<br />

com dois motores Rolls-Royce Avon RA.7 e com dois menores Turbomeca Marborés<br />

como motores auxiliares. A SNCA du Sud-Est apresentou um número <strong>de</strong> projetos<br />

<strong>de</strong>signados <strong>de</strong> X-200 a X-210, todos <strong>de</strong> puro jato.<br />

Após ter estudado as várias propostas, o Comité du Matériel Civil reduziu a lista a três<br />

em 28 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 1952: o Avon/Marbore S.0.60 quadrimotor, o projeto <strong>de</strong> dois<br />

motores Avon da Hurel-Dubois, e o <strong>de</strong> três motores Avon Sud-Est X-210. Por esta<br />

altura a Royce-Royce começou a oferecer uma versão nova do Avon que po<strong>de</strong>ria ser<br />

capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver uma tração <strong>de</strong> 9.000 lbf (40 kN), fazendo os motores auxiliares no<br />

S.O.60 e o terceiro motor no X-210 <strong>de</strong>snecessários.<br />

O comité solicitou à SNCASE para submeter novamente o X-210 como um projeto com<br />

dois motores Avon. Ao fazer assim <strong>de</strong>cidiram não se preocupar em mover os motores<br />

restantes da sua posição montada na cauda. A maioria <strong>de</strong> projetos apresentava os<br />

motores sob a asa on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>riam ser montados na estrutura para um peso total mais<br />

baixo, mas a SNCASE sentiu que as economia não compensava o esforço. Isto tornouse<br />

num benefício para o projeto, já que o ruído da cabine foi bastante reduzido. O<br />

projeto X-210 revisto com dois Avons foi submetido novamente ao SGACC em Julho<br />

<strong>de</strong> 1952.<br />

Dois meses mais tar<strong>de</strong> o SNCASE recebeu a notificação oficial <strong>de</strong> que o seu projeto<br />

tinha sido aceite. Em 6 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1953 o SGACC encomendou dois protótipos e duas<br />

fuselagens estáticas para testes <strong>de</strong> fadiga. O projeto da Sud incorporava diversas<br />

características da fuselagem da <strong>de</strong> Havilland, uma companhia com a qual a Sud teve<br />

contactos anteriores para diversos projetos. A área do nariz e a disposição da cabina <strong>de</strong><br />

pilotagem foram ambas retiradas do Comet, enquanto que o resto da aeronave foi<br />

projetado localmente.<br />

O primeiro protótipo foi concluído em 21 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 1955 e voou em 27 <strong>de</strong> Maio, o<br />

segundo seguiu-se um ano mais tar<strong>de</strong> em 6 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1956. O primeiro protótipo tinha<br />

uma porta <strong>de</strong> carga no lado esquerdo inferior da fuselagem, mas esta foi removida no<br />

segundo protótipo para uma disposição só com assentos. A primeira encomenda foi<br />

realizada pela Air France em 1956, seguida por uma da SAS em 1957. Nesse ano a Sud-<br />

Est fundiu-se com a Sud-Ouest para se transformar na Sud-Aviation, mas <strong>de</strong>signação<br />

original SE foi mantida. Mais encomendas se seguiram, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adas principalmente<br />

por apresentações em espetáculos aeronáuticos e por <strong>de</strong>monstrações aos clientes<br />

potenciais. O Caravelle foi certificado em maio <strong>de</strong> 1959 e entrou logo após em serviço<br />

com a SAS e a Air France.<br />

Diversos mo<strong>de</strong>los foram produzidos já durante a fase <strong>de</strong> produção, já que a potência dos<br />

motores disponíveis foi crescendo e permitindo pesos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scolagem mais elevados.<br />

Nesta altura o <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> projetos da Sud-Aviation orientou-se para um transporte<br />

supersónico do mesmos tamanho e alcance gerais que o Caravelle, <strong>de</strong>signado<br />

naturalmente Super-Caravelle. Porém este trabalho seria fundido mais tar<strong>de</strong> com aquele<br />

semelhante a ser <strong>de</strong>senvolvido pela Bristol que iria dar origem ao Concor<strong>de</strong>. Em<br />

algumas configurações, o avião dispunha <strong>de</strong> um número <strong>de</strong> assentos <strong>de</strong> passageiro<br />

voltados para a traseira, um arranjo incomum numa aeronave civil. No total, além <strong>de</strong><br />

dois protótipos, 280 Caravelles <strong>de</strong> todos os tipos foram produzidos.


d. Boeing 707<br />

O Boeing 707 (Fig. I.39) foi o gran<strong>de</strong> trunfo da Boeing, que permitiu a empresa se<br />

tornar a maior fabricante <strong>de</strong> aviões comerciais do mundo, posição antes ocupada pela<br />

Douglas. O Boeing 707 foi o terceiro jato comercial produzido no mundo, mas foi o<br />

primeiro a fazer enorme sucesso e foi operado pelas principais companhias aéreas <strong>de</strong><br />

todo o mundo. Com ele a duração dos voos foi reduzida pela meta<strong>de</strong> e mais voos sem<br />

escalas foram criados, graças a sua rapi<strong>de</strong>z e autonomia.<br />

O Boeing 707 foi um subproduto direto dos programas militares dos bombar<strong>de</strong>iros B-47<br />

e B-52. A Boeing estava concebendo uma aeronave militar para reabastecer outros<br />

aviões no ar quando resolveu modificá-la para o transporte <strong>de</strong> passageiros. Várias<br />

versões foram apresentadas e a escolhida foi o mo<strong>de</strong>lo 367. Em 30 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1952, a<br />

Boeing anunciou uma nova aeronave a jato com quatro motores turbojatos. O nome do<br />

avião inicialmente era Boeing 367-80, também conhecido como Dash 80. O Dash 80<br />

voou pela primeira vez em 15 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1954. Mas a Boeing queria diferenciar os seus<br />

mo<strong>de</strong>los comerciais a jato dos seus mo<strong>de</strong>los militares e a hélice. Então a empresa criou<br />

a <strong>de</strong>nominação 7x7 para seus jatos e sendo assim o Dash 80 passou a ser conhecido<br />

como Boeing 707.<br />

A primeira companhia aérea a encomendar a aeronave foi a Pan Am, que encomendou<br />

vinte Boeing 707-120 outubro <strong>de</strong> 1955. No dia 26 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1958 aconteceu o<br />

primeiro voo do B707-120 da Pan Am, entre Nova York e Paris. O Boeing 707 logo se<br />

tornou um sucesso e a Boeing aproveitou para lançar variantes do mo<strong>de</strong>lo. A versão<br />

Boeing 707-138 era 3,05 metros menor que a versão 120. A versão Boeing 707-120B<br />

incorporou melhorias como novos motores menos barulhentos, mais potentes e mais<br />

econômicos. O mesmo foi feito com na versão 138B.<br />

O Boeing 707-220 tinha novos motores Pratt & Whitney JT4A-3, mais potentes e<br />

apropriados para operar em regiões quentes e <strong>de</strong> altas atitu<strong>de</strong>s. Apenas cinco unida<strong>de</strong>s<br />

foram produzidos, todas para a Braniff.<br />

Figura I.39 – Boeing 707-300 (Imagem: Microsoft Flight Simulator X).<br />

e. Boeing 737-200<br />

O programa do Boeing 737 surgiu para fazer frente aos aviões dos concorrentes tais<br />

como o BAC 1-11 (One-Eleven), o Sud-Aviation Caravelle e o Douglas DC-9, no<br />

mercado para jatos <strong>de</strong> curtas-distâncias e baixa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> passageiros. No entanto, a<br />

Boeing estava bem atrás nesta disputa, já que, no início do programa do B-737 em<br />

1964, o DC-9 estava prestes a realizar o primeiro voo, o One-Eleven encontrava-se no<br />

programa <strong>de</strong> ensaios e o Caravelle estava em serviço há 5 anos. Foi então preciso


agilizar o <strong>de</strong>senvolvimento, e a Boeing utilizou o máximo possível <strong>de</strong> tecnologias e<br />

peças dos 707 e 727, principalmente os componentes <strong>de</strong> fuselagem. Assim, o Boeing<br />

737 foi acresecntado também para completar o portifólio <strong>de</strong> aviões comerciais da<br />

empresa Boeing, que já dispunha do trireator 727 e do quadrireator 707. Anunciado em<br />

fevereiro <strong>de</strong> 1965, o 737 foi originalmente projetado para acomodar <strong>de</strong> 60 a 85<br />

passageiros, embora, após consulta com o cliente lançador, a Lufthansa, a capacida<strong>de</strong><br />

foi aumentada para 100 assentos. Algumas características do 737 incluem dois motores<br />

turbofan <strong>de</strong> baixíssima razão <strong>de</strong> passagem sob a asa e 60% <strong>de</strong> comunalida<strong>de</strong> estrutural<br />

e <strong>de</strong> sistemas com o 727, incluindo a mesma seção transversal da fuselagem (tornandose<br />

mais largo do que os competidores com 5 fileiras <strong>de</strong> assentos, o DC-9 e o BAC-111).<br />

Figura I.40 – O Boeing 737 foi concebido nos anos 60. Acima, a versão 737-200<br />

(Imagem: Microsoft Flight Simulator X).<br />

O 737-100 fez seu primeiro vôo em 9 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1967 e entrou em serviço em fevereiro<br />

<strong>de</strong> 1968 com a Lufthansa, enquanto o último dos 30 que foram construídos foi entregue<br />

à Malásia Singapore Airlines em outubro <strong>de</strong> 1969. A essa altura, o 737-200 já se<br />

encontrava em operação com as cias aéreas, após ter feito seu primeiro vôo em 8 <strong>de</strong><br />

agosto <strong>de</strong> 1967. A primeira entrega, à empresa United Airlines, foi em <strong>de</strong>zembro<br />

daquele ano. O Boeing 737-200 (Fig. I.40) é uma versão alongada do 737-100,<br />

apresentando 30,53 m <strong>de</strong> comprimento total. Duas secções foram adicionadas à<br />

fuselagem do 737-100: uma <strong>de</strong> 36 polegadas antes da asa e a restante, <strong>de</strong> 40 polegadas,<br />

logo após a asa. Todas as outras dimensões do 737-100 se mantiveram na versão<br />

alongada. Variações do 737-200 incluem a -200C conversível e a 200QC <strong>de</strong><br />

reconfiguração rápida, Um conjunto oprcional para operação em pistas não preparadas<br />

também foi oferecido. O 737-200 Advanced apareceu em 1971, com refinamentos<br />

aerodinâmicos e com maior alcance.<br />

As vendas do 737-200 exce<strong>de</strong>ram em muito a da versão original, o 737-100, e<br />

permaneceu em produção até 1988, quando foi substituído pelo 737-300. Até este<br />

ponto, 1114 unida<strong>de</strong>s haviam sido construídas. Muitos foram equipados com conjuntos<br />

<strong>de</strong> redução <strong>de</strong> ruído do motor para aten<strong>de</strong>r ás regras do Estágio III da ICAO. Várias<br />

unida<strong>de</strong>s foram convertidas para cargueiros, recebendo uma porta <strong>de</strong> carga.


A Força Àrea dos Estados Unidos (USAF) pediu 19 aviões para instrução <strong>de</strong> navegação<br />

aérea. Alguns <strong>de</strong>les foram posteriormente convertidos em aeronaves <strong>de</strong> transporte<br />

padrão e <strong>de</strong>signadas <strong>de</strong> CT-43A. Algumas outras forças aéreas receberam 737-200s para<br />

servir em tarefas <strong>de</strong> transporte transportes, vigilância ou configuração VIP.<br />

Figura I.41 – As séries iniciais do Boeing 737-200 tinham o pilone mais fino e<br />

slates menos extensos do que as séries posteriores (ver figura a seguir).<br />

Figura Fig. I.42 – Slates internos e pilone foram modificados nas séries<br />

posteriores do Boeing 737-200. Essas modificações também foram incorporadas<br />

no -200 Advanced.


Peso máximo <strong>de</strong> táxi (kg)<br />

MTOW (kg)<br />

45.722 47.174 49.895 50.349 52.617<br />

45.359 46.720 49.442 49.895 52.390<br />

Peso máximo <strong>de</strong> pouso (kg) 43.091 43.091 44.452 44.906 46.720<br />

MZFW 38.555 38.555 39.916 41.731 43.091<br />

OEW<br />

Carga paga máxima<br />

(limitação estrutural, kg)<br />

Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> passageiros<br />

Volume carga máximo no<br />

compartimento inferior<br />

(m 3 )<br />

27.170 27.624 27.578 28.032 27.125<br />

11.385 10.932 12.338 13.698 15.966<br />

97: 24 primeira classe e 73 na econômica<br />

90 com 5 fileiras, ou 124 com 6 fileiras; Limite do FAA para evacuação: 136<br />

24,8 24,8 24,8 24,8 24,8<br />

Combustível utilizável (kg) 10.515 12.734 12.855 14.527 14.527<br />

Tabela Ie – Massas e capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> variações do Boeing 737-200 (Fonte: Boeing<br />

Co., Boeing 737Airport Planning Manual).


Informações gerais<br />

Entrada em serviço 1967<br />

Capacida<strong>de</strong> máxima <strong>de</strong> passageiros (classe única) 124<br />

Comprimento<br />

Motorização<br />

Desempenho:<br />

Asa:<br />

EH:<br />

EV:<br />

30,53 m<br />

Número <strong>de</strong> Mach máximo <strong>de</strong> operação 0,84<br />

Teto <strong>de</strong> serviço<br />

Máximo alcance com 120 passageiros e peso<br />

máximo <strong>de</strong> taxi <strong>de</strong> 52617 kg em 30000 pés e com<br />

motores JT8D-15A<br />

Distância <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem (ISA, nível do mar,<br />

MTOW)<br />

2 x JT8D-9/9A<br />

ou<br />

2 x JT8D-15/15A com 71,2 kN <strong>de</strong><br />

tração cada<br />

35000 pés<br />

1650 milhas náuticas<br />

2800 m<br />

Alongamento 8,83<br />

Envergadura<br />

28,35 m<br />

Área <strong>de</strong> referência 102 m 2<br />

Afilamento 0,266<br />

Corda média aerodinâmica<br />

Enflechamento à ¼ da corda<br />

3,80 m<br />

25 o<br />

Área 31,31 m 2<br />

Alongamento 5,15<br />

Afilamento 0,260<br />

Enflechamento à ¼ da corda<br />

30 o<br />

Área 19,70 m 2<br />

Alongamento 1,74<br />

Afilamento 0,288<br />

Enflechamento à ¼ da corda<br />

35 o<br />

Tabela If – Dados gerais e geométricos do Boeing 737-200.


Informações sobre o motor Pratt&Whitney JT8D do Boeing 737-200<br />

Figura I. 43 – Pratt&Whitney JT8D-9A (Foto: Wikipedia).<br />

O JT8D (Fig. I.43) tem suas raízes no motor tubojato J52. O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste<br />

turbofan teve início em 1959, como um projeto levado adiante pela própria<br />

Pratt&Whitney para equipar o Boeing 727. Posteriormente, foi selecionado para outros<br />

tipos <strong>de</strong> aeronaves, notadamente o McDonnell Douglas DC-9 e o Boeing 737-100 e -<br />

200. A Snecma <strong>de</strong>senvolveu uma versão francesa completa para o Caravelle, incluindo<br />

reversor. Algumas unida<strong>de</strong>s com um pacote <strong>de</strong> redução<strong>de</strong> ruído foram fornecidas para<br />

10 Dassault-Breguet Mercure. Derivados militares supersônicos equipados com póscombustor<br />

foram <strong>de</strong>senvolvidos na Suécia pela Volvo Flygmotor.<br />

O JT8D é um motor <strong>de</strong> dois eixos, feitos principalmente <strong>de</strong> aço e titânio. O duto anelar<br />

do jato frio percorre todo o comprimento do motor, com mistura equilibrada dos fluxos<br />

<strong>de</strong> ar quente e frio na tubeira. A razão <strong>de</strong> passagem é em torno da unida<strong>de</strong>.<br />

O JT8D entrou em serviço comercial com o 727 em 1º <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1964. Ele<br />

rapidamente se tornou o motor mais utilizado no mundo, e também adquiriu horas <strong>de</strong><br />

operação mais rapidamente do que qualquer outro motor anterior na história, em virtu<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> operação intensiva no Boeing 727, Boeing 737 e DC-9 aviões. Quando cessou a<br />

produção em 1982, um total <strong>de</strong> 11845 motores JT8D (excluindo o JT8D-200 e RM8) foi<br />

produzido, do quais 11.757 foram enviados para clientes. No final <strong>de</strong> 2002, estes<br />

motores tinham alimentado cerca <strong>de</strong> 4.500 aviões aten<strong>de</strong>ndo a mais <strong>de</strong> 350 operadores e<br />

tinha ultrapassado 530 milhões hora. Em 2008, o tempo <strong>de</strong> voo total dos motores tinha<br />

ultrapassado 600 milhões <strong>de</strong> horas, enquanto o número <strong>de</strong> aeronaves em operação caiu<br />

abaixo <strong>de</strong> 1600. Em 2009, o banco <strong>de</strong> dados da Pratt &Whitney tinha registrados 4592<br />

motores em ativida<strong>de</strong>, não incluindo motores mantidos como peças <strong>de</strong> reposição, sob a<br />

revisão ou armazenada.


Taxa <strong>de</strong> compressão total: 16,4<br />

Taxa <strong>de</strong> compressão do fan: 2,05<br />

Razão <strong>de</strong> passagem: 1,08<br />

Diâmetro: 1,080 m<br />

Peso seco: 1576 kg<br />

Tração máxima <strong>de</strong> cruzeiro (Mach <strong>de</strong><br />

0,80 em 10670 m):<br />

Consumo específico:<br />

18,2 kN (4100 lb)<br />

Decolagem: 0,587 lb/h/lb st<br />

Cruzeiro: 0,811 lb/h/lb st<br />

Tabela Ig - Dados do motor JT8D-15A (Fonte: Jane’s Aero Engines)<br />

Figura I.44 - Variação <strong>de</strong> temperatura e pressão ao longo do motor JT8D (Tração<br />

<strong>de</strong> 14000 lb).


f. Boeing 747


g. Boeing 767 e 757<br />

O Boeing 767 (Fig. I.45) entrou em operação juntamente com o Boeing 757 (Fig. I.46),<br />

no final da década <strong>de</strong> 1980. O B-757 foi concebido para rotas domésticas (dispunha <strong>de</strong><br />

um corredor), enquanto que o B-767 foi <strong>de</strong>stinado a rotas mais longas, internacionais.<br />

Anunciados com uma <strong>de</strong>fasagem <strong>de</strong> apenas cinco meses um do outro, o 767 e 757 são<br />

muito semelhantes. Ambos os mo<strong>de</strong>los compartilham os mesmos avanços tecnológicos<br />

na propulsão, aerodinâmica, aviônicos e material. Eles também consomem menos<br />

combustível e geram menos ruído do que os aviões <strong>de</strong> linha anteriores. O Boeing 757 e<br />

767 são equipados com dois motores turbofan e têm muitos dos mesmos componentes,<br />

incluindo um convés <strong>de</strong> voo eletrônico que substitui os instrumentos e medidores<br />

mecânicos dos aviões <strong>de</strong> gerações anteriores por terminais <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o, dando origem ao<br />

termo glass cockpit (Fig. I.47). Pilotos qualificados para voar em um dos mo<strong>de</strong>los<br />

podiam ser habilitados para voar no outro com pouco treinamento adicional. De fato,<br />

várias companhias aéreas operaram ambos os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>vido à redução <strong>de</strong> custos <strong>de</strong><br />

treinamento <strong>de</strong> pilotos e <strong>de</strong> peças <strong>de</strong> reposição.<br />

O 767 foi o segundo avião <strong>de</strong> dois corredores da Boeing e foi conhecido em sua<br />

infância como <strong>Projeto</strong> 7X7 – uma <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> um avião que a Boeing iria<br />

<strong>de</strong>senvolver no passado com a Aeritalia. Quando o programa daquele avião não foi<br />

adiante, o 7X7 evoluiu para uma configuração transcontinental situada entre o 747 e o<br />

727, mas ainda menor do que o DC-10. O 767 foi concebido para rotas <strong>de</strong> alta<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e a Boeing consi<strong>de</strong>rava que as principais companhias aéreas dos Estados<br />

Unidos seriam os principais clientes do tipo. Ele foi originalmente pensado como uma<br />

versão <strong>de</strong> dois corredores do Boeing 727 e, portanto, com uma configuração com três<br />

motores (Fig. I.48).<br />

Enquanto isso, o 757 foi <strong>de</strong>signado internamente <strong>de</strong> 7N7. Os primeiros estudos do 7N7<br />

começaram em 1976, estritamente para ser <strong>de</strong>rivado do 727. A principal diferença entre<br />

os dois mo<strong>de</strong>los seria <strong>de</strong>vida ao fato do 757 ser equipado com dois motores sob a asa ao<br />

invés <strong>de</strong> três, como no caso do Boeing 727. Também, o 757 não estava inicialmente<br />

<strong>de</strong>stinado ter similarida<strong>de</strong>s com o 767.<br />

Do início até meados da década 1970 foi um período que trouxe muitos novos <strong>de</strong>safios<br />

para a indústria da aviação. Nos Estados Unidos, a indústria experimentava em uma fase<br />

ruim, e nenhuma companhia dispunha <strong>de</strong> fundos suficientes para um novo programa <strong>de</strong><br />

aeronave. Mesmo quando as companhias aéreas começaram a ganhar dinheiro<br />

novamente, em 1976, as cicatrizes <strong>de</strong> recessão e o alto preço do combustível ainda<br />

permaneciam na memória <strong>de</strong> todos, e não foi até meados <strong>de</strong> 1978, que o novo programa<br />

<strong>de</strong> 767 pô<strong>de</strong> então começar. Pela primeira vez na história, o objetivo era reduzir os<br />

custos por assento, sem ter que construir um avião maior.<br />

Em maio <strong>de</strong> 1976, a Boeing estabeleceu um duas forças tarefas <strong>de</strong> projeto: uma para a<br />

configuração com dois motores; a restante para se ocupar com um avião com três<br />

motores. Elas <strong>de</strong>veriam se fixar na <strong>de</strong>cisão para três dos maiores problemas: dois<br />

motores contra três, cauda convencional ou uma cauda em forma <strong>de</strong> ―T‖ e se a cabina<br />

<strong>de</strong> passageiros <strong>de</strong>veria ter 7 ou oito fileiras <strong>de</strong> assentos. Como resultado <strong>de</strong>ssas<br />

discussões, a Boeing tinha em 10 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1976 duas configurações préselecionadas:<br />

um mo<strong>de</strong>lo trireator, <strong>de</strong>signado <strong>de</strong> 751-336, e outro bireator, o mo<strong>de</strong>lo<br />

751-251. Ambos dispunham <strong>de</strong> oito fileiras <strong>de</strong> assentos e capacida<strong>de</strong> para 203<br />

passageiros. Eles evoluíram por volta <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1976 para o mo<strong>de</strong>lo 751-337,<br />

outro trijato, e o 751-275A, um bireator.


Figura I.45 – Boeing 767-200 (Imagem: Microsoft Flight Simulator X).<br />

Figura I.46 – Boeing 757-200 (Imagem: Microsoft Flight Simulator X).<br />

Figura I.47 – Ilustração esquemática dos instrumentos dos painéis central e <strong>de</strong><br />

topo dos Boeings 767 e 757.


Figura 1.48 – Configurações inicialmente consi<strong>de</strong>radas para o <strong>Projeto</strong> 7X7, o qual<br />

iria resultar no Boeing 767.<br />

O Programa do 7X7 evoluiu rapidamente para uma série <strong>de</strong> propostas, a maioria fora <strong>de</strong><br />

esquadro. Em 14 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1977, a Boeing apresentou duas propostas com cauda<br />

convencional e 203 passageiros <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>, uma com três e a outra com dois<br />

motores. No fevereiro seguinte, as asas adquiriram um enflechamento <strong>de</strong> 25 graus,<br />

envergadura <strong>de</strong> 45.7 m e flapes <strong>de</strong> dupla fenda (double-slotted flaps). Em março <strong>de</strong><br />

1977, a Boeing novamente apresenta um trireator com oito fileiras <strong>de</strong> assentos. Este<br />

mo<strong>de</strong>lo ficou conhecido como 751-424. Este foi seguido pelo 751-434 com oito fileiras<br />

<strong>de</strong> assentos e cauda em ―T‖.<br />

Entre meados <strong>de</strong> 1976 e o último quarto <strong>de</strong> 1977, a Boeing realizou gran<strong>de</strong>s mudanças<br />

na configuração, adotando uma cauda em ―T‖ para o 7X7 e o 7N7, herdada do 727. O<br />

Programa do 7X7 estava mais adiantado e já contava com um gran<strong>de</strong> esforço <strong>de</strong> projeto<br />

da asa, já praticamente concluído. A esta altura, a configuração com oito fileiras <strong>de</strong><br />

assentos parecia estar congelada. A empresa Boeing consi<strong>de</strong>rava que certas operações e<br />

clientes potenciais, incluindo voos longos sobre oceanos, a configuração trireatora<br />

parecia ser a mais a<strong>de</strong>quada. Assim, surgiu a configuração 751-440 com oito fileiras <strong>de</strong><br />

assentos, cauda em ―T‖ e <strong>de</strong> três motores.<br />

Em junho <strong>de</strong> 1977, a Boeing ainda estava tendo dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> congelar a configuração<br />

e a esperança do gerenciamento do Programa 7X7 <strong>de</strong> obter o go-ahead em outubro <strong>de</strong><br />

1977 provou ser otimista. Isto se <strong>de</strong>veu ao fato das companhias aéreas interessadas<br />

tinham opiniões divergentes em muitos tópicos, tais como o número <strong>de</strong> motores. Em<br />

uma tentativa <strong>de</strong> obter um compromisso, a Boeing colocou a configuração bireatora<br />

como preferencial no final <strong>de</strong> 1977, juntamente com uma fuselagem <strong>de</strong> 5,03 m <strong>de</strong><br />

diâmetro.<br />

Em agosto <strong>de</strong> 1977, duas configurações e sete fileiras <strong>de</strong> assentos haviam surgido, uma<br />

família <strong>de</strong> dois motores conhecidas como 751-2016 e a outra 751-3006. Por volta <strong>de</strong><br />

outubro, um bimotor com 190 assentos (751-2042) e um trireator com 210 assentos<br />

(751-3011) foram oferecidos. No mesmo mês, a Boeing <strong>de</strong>terminou que o novo avião


<strong>de</strong>vesse ter sete fileiras <strong>de</strong> assentos. Em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1977, esta configuração foi revista<br />

e passou a ter oito fileiras <strong>de</strong> assentos. Uma seção transversal com sete fileiras era<br />

consi<strong>de</strong>rada mais a<strong>de</strong>quada para um avião com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 200 passageiros,<br />

provendo 2% menos consumo <strong>de</strong> combustível <strong>de</strong>vido ao menor arrasto aerodinâmico do<br />

que a cabina com oito fileiras.<br />

A Boeing consi<strong>de</strong>rou que uma cabina com sete fileiras e dois corredores seria um salto<br />

tecnológico, e esta configuração tornou-se posteriormente um padrão na aviação. Com<br />

esta <strong>de</strong>cisão-chave tomada, qu teve a participação do mais alto escalão da companhia, a<br />

versão do que viria a se tornar o 767 finalmente surgiu. Este já era o mo<strong>de</strong>lo 751-2050,<br />

com sete fileiras <strong>de</strong> assentos, mas ainda com a cuada em ―T‖. Esta versão foi mostrada<br />

ao Conselho da empersa para aprovação em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1977.<br />

Inicialmente, o 767 oferecia uma versão menor, a 767-100, e um mo<strong>de</strong>lo maior, o -200.<br />

O -100 foi concebido para satisfazer a necessida<strong>de</strong> da American Airlines <strong>de</strong> um avião <strong>de</strong><br />

175 assentos; o -200 para aten<strong>de</strong>r à United com uma aeronave com, no mínimo, 190<br />

assentos. O -100 não vingou e não foi construído.<br />

A configuração com cauda convencional foi finalmente adotada em 23 <strong>de</strong> maior <strong>de</strong><br />

1978, no mo<strong>de</strong>lo 751-2085C. A cauda convencional permitia uma redução do 2,7% no<br />

consumo <strong>de</strong> combustível graças a menor arrasto em cruzeiro. Tinha também a vantagem<br />

<strong>de</strong> manutenção mais fácil e conferia ao avião menor comprimento, melhorando o suas<br />

características <strong>de</strong> estacionamento e operação na rampa.<br />

Boeing 767<br />

O Boeing 767 tem a fuselagem com dois corredores e configuração <strong>de</strong> assentos 2x3x2<br />

na classe econômica (Figura I.49). O Boeing 767, com um gran<strong>de</strong> alcance e baixo<br />

custo operacional, foi o principal responsável pela gran<strong>de</strong> popularização dos voos<br />

transatlânticos a partir da década <strong>de</strong> 1980. É capaz <strong>de</strong> acomodar entre 200 e 300<br />

passageiros, e surgiu para aten<strong>de</strong>r uma exigência do mercado, que necessitava <strong>de</strong> uma<br />

aeronave intermediária entre o mo<strong>de</strong>lo 737 e o Boeing 747. O primeiro protótipo do 767<br />

realizou o seu primeiro voo em 26 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1981. Tratava-se <strong>de</strong> um 767-200,<br />

matriculado como N767BA e dotado <strong>de</strong> dois motores Pratt & Whitney mo<strong>de</strong>lo JT9D <strong>de</strong><br />

50.000 lb <strong>de</strong> empuxo cada. O 767 também foi a primeira aeronave <strong>de</strong> dois corredores<br />

projetada para que apenas dois pilotos pu<strong>de</strong>ssem comandá-la, não exigindo um terceiro<br />

tripulante, o engenheiro <strong>de</strong> voo.<br />

Sua história teve início em 14 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1978 com a encomenda <strong>de</strong> 30 mo<strong>de</strong>los pela<br />

empresa aérea United Airlines. Em 19 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1982, o primeiro 767 foi entregue,<br />

porém, a aeronave só entrou em serviço em 8 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1982, na rota Chicago-<br />

Denver.<br />

Em março <strong>de</strong> 1984, surgiu o 767-200ER, uma versão que tem um alcance superior,<br />

graças a um tanque central adicional. A primeira companhia a operá-lo foi a Ethiopian<br />

Airlines. Ainda durante o início da década <strong>de</strong> 1980, a Boeing fazia estudos para<br />

conceber uma versão alongada do Boeing 767. O resultado foi o 767-300, que possui<br />

6,4 metros a mais <strong>de</strong> comprimento que o mo<strong>de</strong>lo -200, teve seu <strong>de</strong>senvolvimento<br />

iniciado em 29 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1983, quando a Japan Airlines encomendou a aeronave.<br />

O primeiro 767-300 foi entregue em 25 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1986, e entrou em operação em<br />

20 <strong>de</strong> outubro do mesmo ano.<br />

Ainda no ano <strong>de</strong> 1986 a Boeing realizou o primeiro voo, da versão com alcance<br />

estendido, do mo<strong>de</strong>lo -300, o 767-300ER, que teve como primeira operadora a<br />

American Airlines, que recebeu a primeira aeronave em 19 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1988. Anos


mais tar<strong>de</strong>, surgiu a versão cargueira <strong>de</strong>ste mo<strong>de</strong>lo, dando origem ao 767-300ERF, que<br />

teve como primeira operadora a UPS (United Parcel Service).<br />

O Boeing 767 tornou-se uma das aeronaves mais populares para a realização <strong>de</strong> voos <strong>de</strong><br />

travessia do Atlântico, e foi uma aeronave pioneira no uso <strong>de</strong> ETOPS (Exten<strong>de</strong>d Twin-<br />

Engine Operations), que é um certificado que as aeronaves bimotoras recebem para<br />

po<strong>de</strong>r voar mais tempo sobre áreas aon<strong>de</strong> não existe uma alternativa próxima.<br />

Quase vinte anos após o início do programa do 767, a empresa Boeing lançou em 1997<br />

o 767-400, que tem 6,4 metros a mais <strong>de</strong> comprimento que o mo<strong>de</strong>lo -300, e 12,8<br />

metros a mais que o mo<strong>de</strong>lo -200. Devido ao novo tamanho da fuselagem, o trem <strong>de</strong><br />

pouso do 767-400 teve sua altura aumentada em 46 centímetros. Também foram feitas<br />

mudanças nos pneus, rodas e freios, que neste mo<strong>de</strong>lo, são compatíveis com o Boeing<br />

777. Mudanças no psoto <strong>de</strong> pilotagem e na cabine <strong>de</strong> passageiros também foram feitas,<br />

seguindo o estilo do Boeing 777. O 767-400 entrou em serviço em 14 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong><br />

2000, com as cores da companhia americana Continental Airlines. A Tabela Ih contém<br />

informações técnicas do Boeing 767-200.<br />

Figura I.49 – Seção transversal da cabina do Beoing 767 mostrando o arranjo<br />

típico da classe econômica.


Informações gerais<br />

Entrada em serviço 8 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1982<br />

Capacida<strong>de</strong> máxima <strong>de</strong> passageiros (classe única)<br />

Comprimento<br />

255 em 7 fileiras <strong>de</strong> assentos<br />

48,51 m<br />

2xCF6-8C variando <strong>de</strong> 50600 a<br />

63500 lb <strong>de</strong> tração cada<br />

Motorização<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

PW4052 <strong>de</strong> 52300 lb<br />

PW4056 <strong>de</strong> 57100 lb<br />

PW4060 <strong>de</strong> 60200 lb<br />

PW4062 <strong>de</strong> 63300 lb<br />

Desempenho:<br />

Asa:<br />

EH:<br />

EV:<br />

Número <strong>de</strong> Mach máximo <strong>de</strong> operação 0,86<br />

Teto <strong>de</strong> serviço<br />

Máximo alcance com 216 passageiros e peso<br />

básico operacional <strong>de</strong> 79.878 kg em 35000-39000<br />

pés<br />

Distância <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem (ISA, nível do mar,<br />

MTOW)<br />

Alongamento 8,0<br />

Envergadura<br />

Diedro<br />

43.200 pés<br />

4.000 milhas náuticas<br />

1.768 m<br />

47,57 m<br />

Área <strong>de</strong> referência 283,4 m 2<br />

Afilamento 0,207<br />

Corda média aerodinâmica<br />

Enflechamento à ¼ da corda<br />

6 o<br />

6,98 m<br />

31,5 o<br />

Área 77,69 m 2<br />

Alongamento 4,46<br />

Afilamento 0,200<br />

Enflechamento à ¼ da corda<br />

Área 46,14 m 2<br />

32 o<br />

Alongamento 1,76<br />

Afilamento 0,306<br />

Enflechamento à ¼ da corda<br />

39 o<br />

Tabela Ih – Dados gerais e geométricos do Boeing 767-200


Boeing 757<br />

O Boeing 757 é um avião <strong>de</strong> linha birreator <strong>de</strong> médio alcance fabricado pela empresa<br />

Boeing. Foi <strong>de</strong>senvolvido simultaneamente com o Boeing 767 e, ao contrário <strong>de</strong>ste<br />

último, tem uma cabina com um corredor.<br />

As versões para passageiros do 757 po<strong>de</strong>m transportrar entre 186 e 279 passageiros, e<br />

possui um alcance máximo <strong>de</strong> 3.100 a 3.900 milhas náuticas (5.900 a 7.200 km)<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da variante e configuração <strong>de</strong> assentos. O Boeing 757 foi produzido em<br />

dois comprimentos <strong>de</strong> fuselagem: o original 757-200 entrou em serviço em 1983, e o<br />

757-300 entrou em serviço em 1999. Versões cargueiras do 757-200, o 757-200PF e o<br />

757-200SF, também foram produzidos.<br />

Lançado com pedidos da Eastern Air Lines e British Airways em 1978, o Boeing 757<br />

foi <strong>de</strong>senvolvido para substituir o trireator Boeing 727, em rotas curtas e médias. O 757<br />

compartilha com o 767 o mesmo posto <strong>de</strong> pilotagem. As similarida<strong>de</strong>s na operação<br />

entre as duas aeronaves permitiu aos pilotos obterem um certificado tipo único para<br />

operar ambos os jatos, após o término <strong>de</strong> um curso <strong>de</strong> transição. Após sua introdução, o<br />

757 se tornou comumente utilizado por vários operadores nos Estados Unidos e Europa,<br />

e particularmente com as empresas cargueiras americanas e empresas na Europa que<br />

realizam voo charter. O 757 também foi adquirido para uso governamental, militar, e<br />

transporte VIP.<br />

A produção do 757 se encerrou no dia 28 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2004 após terem sido<br />

fabricadas 1.050 unida<strong>de</strong>s.2 A última aeronave foi entregue à Shanghai Airlines em 28<br />

<strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2005. Um total <strong>de</strong> 945 Boeing 757 estavam em serviço ao mês <strong>de</strong><br />

Julho <strong>de</strong> 2010.3 A Delta Air Lines opera a maior frota <strong>de</strong> 757 no ano <strong>de</strong> 2010.<br />

Figura I.50 – Algumas companhias aéreas incorporaram winglets em seus 757.<br />

Preços elevados <strong>de</strong> combustível exercem gran<strong>de</strong> pressão para as empresas aéreas<br />

melhorarem a eficiência <strong>de</strong> combustível <strong>de</strong> suas frotas. Um 757-200 da American<br />

Airlines consomia US$ 4.153 <strong>de</strong> querosene para voar <strong>de</strong> St. Louis até São Francisco em<br />

dólar <strong>de</strong> 2004; em 2008, a mesma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> combustível custava US$14.676 [3].<br />

Winglets trazem vários benefícos ao <strong>de</strong>sempenho do avião, além <strong>de</strong> reduzir o ruído<br />

externo. Através <strong>de</strong> redução consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> arrasto, o consumo <strong>de</strong> combustível em<br />

aeronaves como o 757 po<strong>de</strong>m resultar em economias <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> dólares anuais.<br />

Assim, a empresa Aviation Partners oferece conjuntos <strong>de</strong> winglets que po<strong>de</strong>m ser<br />

instalados em aeronaves que saíram da fábrica sem eles, como é o caso do Boeing 757<br />

(Fig. I.50).


Referências Boeings 757 e 767<br />

[1] - Becher, T., ―Boeing 757 and 767,‖ Crowood Aviation Series, The Crowood<br />

Press Ltda, 1999.<br />

[2] - Bauer, E. E., ―BOEING - The First Centuty,‖ TABA Publishing, Inc.,<br />

Enumclaw, Washington, 7 th Ed, 2005.<br />

[3] - $3.3 Million a Day - That's How Much American Airlines is Losing in the Era of<br />

Insane Fuel Prices, Fortune, 12 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2008, p.94


h. Fokker 100<br />

O Fokker 100 (Fig. I.51) é uma aeronave bireatora <strong>de</strong> médio porte que foi projetada e<br />

construída pela extinta Fokker, da Holanda, para aten<strong>de</strong>r mercados domésticos e<br />

regionais. Seu lançamento foi anunciado em novembro <strong>de</strong> 1983 juntamente com o<br />

turboélice Fokker 50. O primeiro voo ocorreu em 1987. Foi o maior aparelho construído<br />

por aquele fabricante.<br />

Figura I.51 – Fokker 100 nas cores da Air France. O mair cliente do tipo foi a<br />

American Airlines (Imagem: Microsoft Flight Simulator X).<br />

O nome técnico da aeronave é Fokker 28 MK-0100 e seu projeto básico <strong>de</strong> fuselagem e<br />

asas, <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho inglês, teve origem em outra aeronave similar do mesmo fabricante: o<br />

Fokker F-28 com capacida<strong>de</strong> típica <strong>de</strong> 60 passageiros. Porém, difere do F-28 por uma<br />

fuselagem alongada, que acomoda até 109 passageiros, e na motorização. O Rolls-<br />

Royce Tay empregado no Fokker 100 são mais econômicos e silenciosos (e estão em<br />

conformida<strong>de</strong> com o padrão <strong>de</strong> ruído do Estágio III da ICAO) do que aqueles do F-28.<br />

Apesar da gran<strong>de</strong> maioria das partes entre o Fokker 100 e o F-28 serem diferentes, o<br />

Fokker 100 foi certificado pela FAA (Fe<strong>de</strong>ral Aviation Administration) como Fokker<br />

28-0100. A diferença mais facilmente perceptível foi o consi<strong>de</strong>ravelmente maior<br />

comprimento da fuselagem, permitindo que o número <strong>de</strong> assentos aumentasse em 65%,<br />

indo <strong>de</strong> 65, nas séries originais do F-28 para 109 em classe única, com fileira <strong>de</strong> cinco


assentos. A Fokker também introduziu uma asa re<strong>de</strong>senhada para o F-100, o que eles<br />

garantiam ser 30% mais eficiente em voo <strong>de</strong> cruzeiro do que a do F-28. Nova<br />

motorização foi provi<strong>de</strong>nciada (inevitável, por conta da consi<strong>de</strong>ravelmente maior<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> passageiros), com os Rolls-Royce Tay sendo escolhidos para equipar o<br />

Fokker 100. O cockpit foi melhorado com um pacote <strong>de</strong> instrumentos <strong>de</strong> tubos<br />

catódicos. O Fokker 100 apresenta motores montados na fuselagem e cauda em "T",<br />

similar àquele da família Douglas DC-9. O Fokker 100 não possuía janelas acima do<br />

posto <strong>de</strong> pilotagem (cockpit), conhecidas como eyebrow windows, diferentemente <strong>de</strong><br />

seu antecessor, o Fokker F-28.<br />

Dois protótipos foram construídos - o primeiro, PH-MKH, voou sua primeira vez em 30<br />

<strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1986, e o segundo, PH-MKC, seguido em 25 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 1987. O<br />

certificado tipo foi alcançado em Novembro <strong>de</strong> 1987. As primeiras entregas (com o Tay<br />

620-15) se iniciaram para a Swissair em Fevereiro <strong>de</strong> 1988. A American Airlines (75<br />

aeronaves encomendadas), a TAM <strong>Transporte</strong>s Aéreos Regionais (agora TAM Linhas<br />

Aéreas) (50 aeronaves) e a US Air (40 aeronaves) foram os principais clientes do<br />

Fokker 100, os quais adquiriram unida<strong>de</strong>s equipadas com os Tay 650-15, <strong>de</strong> maior<br />

tração.<br />

O Fokker 100 revelou ser um avião a<strong>de</strong>quado para operar em pequenos aeroportos, e<br />

<strong>de</strong>u o conforto e a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um avião a jato aos passageiros da aviação regional,<br />

garantindo-lhe assim boas vendas.<br />

No ano <strong>de</strong> 1991, a Fokker produziu 70 unida<strong>de</strong>s e tinha mais <strong>de</strong> 230 pedidos. Uma<br />

versão ER (Exten<strong>de</strong>d Range), com tanques adicionais das asas, foi introduzida em 1993;<br />

e uma versão <strong>de</strong> conversão rápida passageiro/cargueiro foi introduzida em 1994,<br />

<strong>de</strong>signada <strong>de</strong> 100QC. Uma versão encurtada, o Fokker 70, foi lançada voou pela<br />

primeira vez em 1994 como um substituto ao seu irmão mais velho. Foram removidos<br />

4,70 m (15,42 ft) da fuselagem do F-100 para obter aquela do F-70, que tinha a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transportar até 80 passageiros. Estudos em um provável Fokker 130, com<br />

130 assentos e o Fokker 100QC (cargueiro) não alcançaram estágios mais avançados <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento. Um Fokker 100EJ (Executive Jet) foi introduzido em 2003 como uma<br />

conversão <strong>de</strong> aeronaves Fokker 100 usadas.<br />

Apesar do Fokker 100 ter tido algum sucesso no mercado, a Fokker continuou<br />

<strong>de</strong>ficitária e, a certa altura dos acontecimentos, a empresa controladora, a Daimler Benz<br />

Aerospace AG, <strong>de</strong>cidiu por fechá-la. A Fokker faliu em 1996 e encerrou a produção <strong>de</strong><br />

aeronaves no final <strong>de</strong> 1997. Havia alguma discussão sobre a empresa ser adquirida pela<br />

Bombardier, mas os planos não se concretizaram.<br />

Um grupo baseado em Amsterdam, Rekkof Restart (Rekkof é Fokker ao contrário)<br />

negociaram para reiniciar a produção dos Fokker 70 e 100 em 1999, mas o acordo<br />

nunca se completou.<br />

Como qualquer outro projeto, o do 70/100 foi sendo cada vez mais esmagado pelos<br />

aviões concorrentes da Bombardier e pelos jatos regionais da Embraer, o que também<br />

<strong>de</strong>scartou um projeto do Fairchild 728JET/928JET e um <strong>de</strong>senho ainda sem nome da<br />

ATR. A versão conhecida por Fokker 130 nunca chegou a ser construída.<br />

A Figura I.52 mostra as três vistas do Fokker 100. Na Figura I.53, o arranjo dos<br />

assentos e a configuração da cabina <strong>de</strong> passageiros bem como a seção transversal acima<br />

do assoalho po<strong>de</strong>m ser vistas.<br />

A Tabela Ii fornece dados <strong>de</strong> massa do Fokker 100. A Tabela Ij outros dados<br />

importantes da configuração.


Massas vazias<br />

Fokker 100 com motores Tay 620<br />

Fokker 100 com motores Tay 650<br />

Fokker 100 com motores Tay 650 e<br />

MTOW <strong>de</strong> 45,810kg (101.000 lb):<br />

24.593 kg (54.217 lb)<br />

24.727 kg (54.514 lb)<br />

24.747 kg (54.558 lb)<br />

Massas Padrão Top com opcionais<br />

(com Tay 650 engines)<br />

MTW<br />

MTOW<br />

MLW<br />

MZFW<br />

MSP (Tay 620 engines)<br />

MSP (Tay 650 engines)<br />

43.320 kg (95.500 lb)<br />

43.090 kg (95.000 lb)<br />

38.780 kg (85.500 lb)<br />

35.835 kg (79.000 lb)<br />

11.242 kg (24.783 lb)<br />

11.108 kg (24.486 lb)<br />

Combustível<br />

46.040 kg (101.500 lb)<br />

45.810 kg (101.000 lb)<br />

39.915 kg ( 88.000 lb)<br />

36.740 kg ( 81.000 lb)<br />

----------<br />

11.993 kg (26.442 lb)<br />

Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> combustível<br />

(<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> do combustível consi<strong>de</strong>rada<br />

foi <strong>de</strong> 0,8029 kg/l )<br />

13.365 litros. Equivalente a 10.731 kg<br />

(23.658 lb)<br />

Tabela Ii – Dados <strong>de</strong> massa do Fokker 100.<br />

Figura I.52 - Três vistas e seção transversal da fuselagem do Fokker 100.


Figura I.53 – Layout da cabina <strong>de</strong> passageiros e seção transversal da fuselagem do<br />

Fokker 100. A configuração dos assentos é <strong>de</strong> uma classe econômica típica.<br />

Desempenho:<br />

Asa:<br />

EH:<br />

EV:<br />

Número <strong>de</strong> Mach máximo <strong>de</strong><br />

operação<br />

Teto <strong>de</strong> serviço<br />

Máximo alcance com carga paga<br />

máxima<br />

Velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aproximação<br />

0,77<br />

35000 pés<br />

1720 km<br />

128 nós<br />

Alongamento 8,43<br />

Área <strong>de</strong> referência 93,5 m 2<br />

Afilamento 0,235<br />

Corda média aerodinâmica<br />

Enflechamento à ¼ da corda<br />

3,80 m<br />

17,45 o<br />

Área 21,72 m 2<br />

Alongamento 4,64<br />

Afilamento 0,390<br />

Enflechamento à ¼ da corda<br />

26,00 o<br />

Área 12,30 m 2<br />

Alongamento 0,89<br />

Afilamento 0,740<br />

Enflechamento à ¼ da corda<br />

41,00 o<br />

Tabela Ij – Dados para o Fokker 100 com motores Tay 620


I.2.4<br />

Era pós União Soviética<br />

a. Embraer ERJ 145 e Canadair CRJ-100/200<br />

Fig. I.54 – Após <strong>de</strong>sitir da configuração com motores sobre as asas, a<br />

EMBRAER refez o projeto conceitual e adotou por um certo tempo uma<br />

configuração com motores sobs as asas para o EMB-145.<br />

Figura I.55 – Alguns ERJ 145 no pátio da EMBRAER em São José dos<br />

Campos aguardando entrega para o cliente (Foto: Roberto Novaes Hering).


Figura I.56 - ERJ 145 da empresa Rio Sul em São José dos Campos (Foto: autor).<br />

b. Bombardier CRJ-700<br />

c. Embraer E-170 e E-190<br />

Figura I.57 – Apresentação oficial do protótipo do EMBRAER 170 em 29 <strong>de</strong><br />

outubro <strong>de</strong> 2001 (Foto: autor).<br />

d. Boeing 787


I.3 Mercado <strong>de</strong> aviação


II<br />

II.1<br />

<strong>Projeto</strong> <strong>de</strong> aeronave <strong>de</strong> transporte<br />

Fases do <strong>Projeto</strong><br />

Fase Ativida<strong>de</strong>s Objetivos<br />

Estudo <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong><br />

Estudos <strong>de</strong> conceito ou<br />

projeto conceitual<br />

<strong>Projeto</strong> preliminar<br />

<strong>Projeto</strong> <strong>de</strong>talhado<br />

Produção<br />

Operação/<br />

<strong>de</strong>scomissionamento<br />

Análise <strong>de</strong> mercado;<br />

elaboração do plano <strong>de</strong><br />

negócio; avaliação<br />

tecnológica<br />

Estimativa <strong>de</strong> custos <strong>de</strong><br />

operação e fabricação;<br />

<strong>de</strong>sempenho; primeiros<br />

ensaios em túnel <strong>de</strong><br />

vento; CFD; MDO;<br />

arquitetura dos sistemas;<br />

seleção <strong>de</strong> parceiros e<br />

fornecedores<br />

Integração <strong>de</strong> sistemas;<br />

solução <strong>de</strong> problemas<br />

críticos <strong>de</strong> engenharia<br />

Construção <strong>de</strong><br />

protótipos; <strong>de</strong>senhos <strong>de</strong><br />

partes e componentes ;<br />

mock ups; bancadas <strong>de</strong><br />

sistema; pássaro <strong>de</strong><br />

ferro; ensaios em vôo<br />

Produção; preparação<br />

para entrada em serviço;<br />

plano <strong>de</strong> produção;<br />

campanhas <strong>de</strong> redução<br />

<strong>de</strong> peso e arrasto<br />

Certificação <strong>de</strong> oficinas<br />

<strong>de</strong> manutenção; boletins<br />

<strong>de</strong> serviço;<br />

acompanhamento da<br />

vida em fadiga<br />

Determinação da fatia<br />

<strong>de</strong> mercado; análise<br />

financeira<br />

Escolha da<br />

configuração,<br />

dimensionamento;<br />

seleção do motor;<br />

escolha <strong>de</strong> parceiros<br />

Definição completa<br />

da aeronave<br />

Certificação<br />

Manufatura, cadência<br />

<strong>de</strong> produção<br />

Suporte ao<br />

cliente/Reciclagem do<br />

produto e seus<br />

componentes


Figura II.1 – Vários tipos <strong>de</strong> aviões <strong>de</strong> linha.


II.2<br />

Estudos <strong>de</strong> mercado<br />

Duas análises <strong>de</strong> mercado são apresentadas nesta seção relativas a um programa <strong>de</strong> uma<br />

jato regional (JR) <strong>de</strong> 50 assentos. São duas equipes <strong>de</strong> alunos <strong>de</strong> graduação em<br />

engenharia aeronáutica que fizeram as análises em 2013. Os textos das análises foram<br />

reescritos pelo autor do presente trabalho para melhor clareza e precisão <strong>de</strong> linguagem.<br />

Os seguintes requisitos <strong>de</strong> alto nível foram passados às duas equipes <strong>de</strong> projeto:<br />

Parâmetro<br />

Número <strong>de</strong> Mach máximo<br />

operacional (MMO)<br />

Capacida<strong>de</strong> máxima <strong>de</strong><br />

passageiros<br />

Valor<br />

A ser <strong>de</strong>finido pela equipe <strong>de</strong> projeto<br />

50<br />

Teto <strong>de</strong> serviço<br />

Distância <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem<br />

(MTOW, ISA, nível do mar)<br />

Máximo alcance com carga<br />

paga máxima<br />

Custo direto operacional<br />

(DOC)<br />

Para uma etapa <strong>de</strong> 900 milhas<br />

náuticas, <strong>de</strong>colagem ao nível<br />

do mar com MTOW e<br />

cruzando no teto <strong>de</strong> serviço<br />

Conforto<br />

na cabine<br />

<strong>de</strong><br />

passageiros<br />

Janelas PAX<br />

Largura do<br />

corredor<br />

Nível <strong>de</strong> ruído<br />

interno na egião<br />

da asa<br />

Emissões LTO NO X<br />

Assinatura <strong>de</strong> ruído nos três<br />

pontos da ICAO<br />

A ser <strong>de</strong>finido pela equipe <strong>de</strong> projeto<br />

≤ 1700 m<br />

≥ 1600 milhas náuticas<br />

20% menor do que o do ERJ 145XR nas mesmas condições<br />

Com sistema <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> luz similar ao do<br />

Boeing 787<br />

≥ 0,50 m<br />

-15 dB em relação ao ERJ 145LR<br />

30% menor que àquelas do ERJ 145XR<br />

-15 dB abaixo do Estágio 4<br />

Tabela IIb – Especificações para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um avião <strong>de</strong> linha <strong>de</strong> 50<br />

assentos.<br />

a. Equipe No. 1<br />

O avião a jato <strong>de</strong> 50 assentos bem sucedido surgiu no início dos anos 1990,<br />

complementando o mercado dos turboélices e, também, substituindo-os em várias rotas.<br />

A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> voos menos custosos em rotas regionais foi uma oportunida<strong>de</strong> para<br />

empresas como Embraer e Canadair (posteriormente, adquirida pela Bombardier)<br />

dividirem o mercado <strong>de</strong> jatos <strong>de</strong> pequeno porte com seus jatos da família do ERJ 145 e<br />

CRJ-100/200, respectivamente. Esses pequenos aviões impulsionaram o mercado <strong>de</strong><br />

aviação criando riqueza em cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> médio porte por conta do turismo e aumento dos<br />

negócios. As empresas que os operavam eram intrinsicamente empresas <strong>de</strong> baixo custo,


que obtinham lucros maiores <strong>de</strong>vido ao baixo custo <strong>de</strong> operação <strong>de</strong>sses aviões, menores<br />

salários para os pilotos e altas taxas médias <strong>de</strong> ocupação. Contudo, a utilização <strong>de</strong>sses<br />

aviões diminui substancialmente após a crise <strong>de</strong> 2008, causada por políticas neoliberais<br />

e elevação do preço do petróleo. A Tabela IIc mostra os principais tipos <strong>de</strong> aeronaves<br />

retirados <strong>de</strong> operação e estacionados em lugares com pouca humida<strong>de</strong> para ajudar na<br />

sua conservação; a Tabela IId mostra os aviões regionais <strong>de</strong> algumas companhias<br />

aéreas norte-americanas que estão em operação e que também foram retirados <strong>de</strong><br />

serviço esperando dias melhores.<br />

Aircraft Type 2010 2009 2008<br />

MD-80 288 304 282<br />

Boeing 737 (CFMI) 265 303 247<br />

Boeing 737 (JT8D) 218 244 244<br />

Boeing 747 193 201 157<br />

DC-9 171 189 196<br />

Tupolev Tu-154 164 189 153<br />

Boeing 727 160 165 217<br />

Bombardier CRJ 144 105 100<br />

Antonov An-26 117 125 138<br />

Yakolev Yak-40 103 128 104<br />

Airbus A320 100 99 53<br />

Airbus A340 99 101 100<br />

Boeing 757 97 95 85<br />

Antonov An-24 93 108 126<br />

Tabela IIc – Tipos mais comuns <strong>de</strong> aviões retirados <strong>de</strong> operação (Fonte:<br />

AviationWeek, http://aviationweek.com/awin/parting-ways).<br />

Companhia aérea<br />

Mo<strong>de</strong>lo<br />

Em<br />

operação<br />

Fora <strong>de</strong><br />

operação<br />

American Eagle ERJ 135 0 36<br />

American Eagle ATR 42 0 3<br />

American Eagle ATR 72 0 16<br />

American Eagle SAAB 340 0 54<br />

Comair CRJ-100 0 77<br />

Comair EMB-120 Brasilia 0 7<br />

ExpressJet CRJ-200 92 9<br />

ExpressJet ERJ 135 8 22<br />

ExpressJet ERJ 145 240 2<br />

Republic Airways Dash 8-400 20 3<br />

Republic Airways Embraer 190 8 1<br />

Tabela IId - Dados <strong>de</strong> frota <strong>de</strong> algumas companhias regionais norteamericanas<br />

em julho <strong>de</strong> 2014 (Fonte: airfleet.net).


Figura II.2 – Jatos regionais estacionados no <strong>de</strong>serto. À esq.: CRJ-200; À direita:<br />

ERJ 135.<br />

A Fig. II.2 mostra alguns mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> jatos regionais armazenados no <strong>de</strong>serto em face<br />

<strong>de</strong> sua operação ser <strong>de</strong>ficitária. Os jatos <strong>de</strong> 50 assentos ou menos sofreram<br />

enormemente com a subida vertiginosa do preço do barril <strong>de</strong> petróleo nos anos 2000<br />

(Figura II.3). Nos patamares atuais do preço do petróleo, aviões <strong>de</strong> menor capacida<strong>de</strong><br />

se tornaram inviáveis <strong>de</strong> operar como atesta a Tabela IId. Outra razão que <strong>de</strong>sfavoreceu<br />

os aviões <strong>de</strong> 50 assentos e menores foi o relaxamento <strong>de</strong> várias scope clauses por parte<br />

<strong>de</strong> várias companhias aéreas dos Estados Unidos. Scope clauses são cláusulas <strong>de</strong> acordo<br />

contratuais entre companhias áreas e associações <strong>de</strong> pilotos que impõem restrições<br />

sobre quantos e qual o tamanho da aeronave que uma companhia aérea regional po<strong>de</strong><br />

operar. Devido a um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> companhias aéreas terem pedido concordata,<br />

eles conseguiram o relaxamento das scope clauses, permitindo que aeronaves <strong>de</strong> 70<br />

assentos ou mais pu<strong>de</strong>ssem ser adquiridas.<br />

Figura II.3 – Evolução do preço do barril do óleo cru.<br />

A Figura II.4 traça a eficiência energética, ou seja, a massa <strong>de</strong> combustível necessária<br />

para mover um passageiro uma milha, para vários jatos <strong>de</strong> transporte. Do gráfico, notase<br />

que a eficiência energética máxima se dá com aeronaves que apresentam cerca <strong>de</strong><br />

3000 milhas náuticas <strong>de</strong> alcance com carga típica <strong>de</strong> passageiros, como é o caso do<br />

Boeing 767-200. A partir daí, a eficiência volta a cair com o aumento <strong>de</strong> alcance até<br />

cerca <strong>de</strong> 5200 milhas náuticas. Novamente, vê-se uma melhora da eficiência até<br />

chegarmos ao Boeing 777-200LR. Os jatos regionais normalmente têm alcance com


carga típica <strong>de</strong> passageiros menor do que 2000 milhas náuticas. Do gráfico, vê-se então<br />

queeles apresentam baixa eficiência energética quando comparados com os aviões <strong>de</strong><br />

maior capacida<strong>de</strong>. O Fokker 70 tem a mesma asa do Fokker 100. Assim, ele está<br />

superdimensionado para transportar 79 passageiros em classe única e, por esta razão,<br />

revela um índice <strong>de</strong> eficiência energética relativamente ruim em relação aos aviões<br />

listados no gráfico da Fig. II.4.<br />

Figura II.4 – Eficiência energética para vários jatos <strong>de</strong> transporte.<br />

As perspectivas para o mercado <strong>de</strong> aeronaves <strong>de</strong> até 50 assentos a princípio não são<br />

promissoras [1]. A análise <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> mercado requer atenção ao mercado norteamericano,<br />

visto que ele possui uma gran<strong>de</strong> frota regional, compreen<strong>de</strong>ndo 80% da<br />

mundial. Desse mercado regional, 42,6% são compostos por jatos <strong>de</strong> 50 assentos. Mas<br />

não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> analisar o mercado <strong>de</strong> potências emergentes, que é on<strong>de</strong><br />

realmente se po<strong>de</strong>m encontrar boas oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> negócio.<br />

Devido ao enorme aumento do preço do combustível, os custos <strong>de</strong> operação dos jatos <strong>de</strong><br />

50 assentos aumentaram consi<strong>de</strong>ravelmente. Dado esse panorama, a Bombardier fechou<br />

a linha do CRJ-200 e a Embraer, mesmo não tendo recebido mais pedidos para as<br />

aeronaves da família do ERJ 145, ela ainda mantinha os mo<strong>de</strong>los em seu portfólio <strong>de</strong><br />

produtos comercializáveis em 2014.<br />

Para se amortizar o aumento do custo direto operacional, CDO, as companhias aéreas<br />

têm operados e feito pedidos para jatos na faixa <strong>de</strong> 70-80 assentos, principalmente que<br />

há rotas on<strong>de</strong> há <strong>de</strong>manda suficiente para manter uma alta taxa <strong>de</strong> ocupação. Apesar <strong>de</strong><br />

as aeronaves maiores apresentarem um maior DOC absoluto, esse custo se dilui mais<br />

entre os passageiros para elas. Por exemplo, o DOC por assento seria <strong>de</strong> 23,2 dólares<br />

para o ERJ 145, enquanto que o do E170 seria <strong>de</strong> 22,86 dólares [2]. Além disso, a


eceita do EMBRAER 170 seria maior para uma mesma taxa <strong>de</strong> ocupação média. Para<br />

manter isso, o objetivo das empresas é justamente manter essa alta taxa <strong>de</strong> ocupação<br />

para as aeronaves <strong>de</strong> maior capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> passageiros.<br />

Apesar do quadro atual pessimista, previsões da JADC (Japan Aircraft Development<br />

Corporation) apontavam em 2008 que até 2028 haveria uma <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> 1108 aviões na<br />

faixa <strong>de</strong> 20 -59 assentos [3], conforme mostra a Figura II.5. Com base neste<br />

documento, a Equipe No. 1 <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong> mercado avaliou, consi<strong>de</strong>rando a proporção<br />

do mercado norte-americano em 2013, que 1000 <strong>de</strong>sses aviões seriam jatos <strong>de</strong> 50<br />

assentos. Portanto, <strong>de</strong> acordo com esta equipe, caso uma empresa consiga garantir uma<br />

boa fatia nesse mercado, uma gran<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lucrativida<strong>de</strong>, com um mercado<br />

estimado em 25,5 bilhões <strong>de</strong> dólares, iria surgir.<br />

Outra coisa importante a se consi<strong>de</strong>rar é a obsolescência das aeronaves <strong>de</strong> 50 assentos a<br />

jato, que foram projetadas no início dos anos 1990 e não receberam atualizações<br />

tecnológicas ao longo <strong>de</strong> todo esse tempo. Assim, os mo<strong>de</strong>los atuais estarão ainda mais<br />

ultrapassados no futuro, para essa <strong>de</strong>manda prevista pela JADC em 2008. Nenhum<br />

fabricante aeronáutico ainda <strong>de</strong>monstrou interesse em investir em novos conceitos para<br />

aviões <strong>de</strong> 50 assentos.<br />

―Portanto, haveria uma gran<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> no mercado para a empresa que for capaz<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver um jato <strong>de</strong> 50 assentos com CDO menor. Ela terá gran<strong>de</strong> chance <strong>de</strong> ser<br />

hegemônica nesse setor‖.<br />

Equipe 1.<br />

Figura II.5 – Previsões <strong>de</strong> mercado <strong>de</strong> jatos comerciais <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong><br />

acordo com um estudo da Japan Aircraft Development Corporation [3]<br />

realizado em 2008.


Figura II.6 – Previsões <strong>de</strong> mercado <strong>de</strong> jatos comerciais <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong><br />

acordo com um estudo da Japan Aircraft Development Corporation [4]<br />

realizado em 2013.<br />

Contudo, a própria JADC publicou um relatório em 2013, no qual a <strong>de</strong>manda futuro <strong>de</strong><br />

jatos na faixa <strong>de</strong> 20-59 assentos foi totalmente revista: dos 1108 aviões novos previstos<br />

no relatório <strong>de</strong> 2008, agora são apenas 146 (Fig. II.6). De acordo com os números do<br />

novo relatório, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> jatos <strong>de</strong> 50 assentos é inviável.<br />

A Equipe 1 baseou-se no relatório <strong>de</strong> 2008 e, assim, prossegue com sua análise: da<br />

mesma forma que a <strong>de</strong>manda por aviões <strong>de</strong> 50 assentos foi gran<strong>de</strong> quando o mercado<br />

regional emergia nos Estados Unidos, essa <strong>de</strong>manda tem gran<strong>de</strong> potencial nos mercados<br />

emergentes como África, América Latina e Leste Europeu com o fortalecimento <strong>de</strong> seus<br />

respectivos mercados regionais nos próximos anos. Dados mostram que as perspectivas<br />

gerais para o mercado <strong>de</strong> aviação são boas dado que a expectativa <strong>de</strong> crescimento<br />

econômico mundial também é boa até 2029. Com a economia e mercado aquecidos,<br />

ten<strong>de</strong>-se a criar mais empresas aéreas dispostas a lucrar; com mais concorrência, as<br />

empresas ten<strong>de</strong>rão a investir em rotas alternativas para ganhar clientes, e se ter aviões<br />

<strong>de</strong> 50 assentos po<strong>de</strong> garantir-lhes uma alta taxa média <strong>de</strong> ocupação, para caso <strong>de</strong> rotas<br />

muito específicas. Dados esses argumentos, nota-se que a estimativa <strong>de</strong> 1108 aeronaves<br />

é totalmente viável para a análise <strong>de</strong> investimento, po<strong>de</strong>ndo ser consi<strong>de</strong>rada até uma<br />

estimativa pessimista. Assim, com esse número tem-se um bom indicativo <strong>de</strong> que o<br />

negócio possa ser promissor, por isso, é recomendável o programa <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> um jato <strong>de</strong> 50 assentos.<br />

O Governo Fe<strong>de</strong>ral Brasileiro anunciou um pacote <strong>de</strong> investimentos <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> R$ 7,3<br />

bilhões <strong>de</strong> reais na expansão da aviação regional, com ampliação da malha <strong>de</strong><br />

aeroportos regionais em todas as regiões do país. O projeto ainda inclui reformas e<br />

expansão da infraestrutura aeroportuária no Brasil [5]. Da mesma forma, dados mostram<br />

que expansões aeroportuárias na China e na Índia [6] também estão ocorrendo<br />

fortemente, conforme mostra a Figura II.7 e Figura II.8. Isso vai ao encontro da


expectativa <strong>de</strong> crescimento do mercado <strong>de</strong> aeroportos regionais em mercados<br />

emergentes.<br />

Com relação ao interesse <strong>de</strong> fabricantes aeronáuticos no mercado <strong>de</strong> 50 assentos, e com<br />

base em análises <strong>de</strong> relatórios da Boeing e da Airbus, constata-se que essas empresas<br />

não têm interesse em aeronaves menores do que 100 assentos. A cana<strong>de</strong>nse Bombardier<br />

acredita que o tamanho do mercado <strong>de</strong> 50 assentos é pequeno nos próximos anos, mas<br />

avalia que possa haver potencial para o crescimento na <strong>de</strong>manda <strong>de</strong>vido aos mercados<br />

emergentes, no entanto, aparentemente não há movimentação para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> um novo avião <strong>de</strong> 50 assentos, principalmente <strong>de</strong>vidos a estouros <strong>de</strong> orçamento do<br />

programa do CSeries [7]. Por causa do menor porte da AVIC (Aviation Industry<br />

Corporation of China), acredita-se que é pequena a chance <strong>de</strong> ela querer concorrer na<br />

fabricação <strong>de</strong> jatos, uma vez que a Bombardier e a Embraer já se estabeleceram<br />

firmemente neste segmento <strong>de</strong> mercado; mas caso ela queira arriscar uma investida,<br />

provavelmente não ameaçará o a fatia <strong>de</strong> mercado das <strong>de</strong>mais, conquistando apenas<br />

uma pequena parte do mercado.<br />

Figura II.7 - Congestão em aeroportos e planos <strong>de</strong> expansão na China (Fonte:<br />

Bombardier, [6]).


Figura II.8 – Congestão em aeroportos e planos <strong>de</strong> expansão na Índia (Fonte:<br />

Bombardier, [6]).<br />

b. Equipe No. 2<br />

Os jatos <strong>de</strong> 50 assentos ―explodiram‖ no final dos anos 1990, quando foram<br />

encomendadas em gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s por companhias aéreas <strong>de</strong> todo o mundo.<br />

Tinham a preferência dos passageiros, possuíam bom alcance e custos operacionais<br />

razoáveis, estes jatos eram uma boa alternativa para suprir a crescente <strong>de</strong>manda por<br />

transporte aéreo regional. A explosão nas vendas, no entanto, foi passageira, com<br />

quedas vertiginosas nas vendas a partir do final dos anos 2000 (Figura II.9). As causas<br />

disso foram, sobretudo, as mudanças na situação econômica, com a alta no preço dos<br />

combustíveis tornando pouco rentável a utilização <strong>de</strong> um jato em rotas <strong>de</strong> baixa<br />

<strong>de</strong>manda e baixa distância. Assim, a partir da primeira década do século XXI, verificouse<br />

um ressurgimento da <strong>de</strong>manda por turboélices, conceitos dos anos 80, como o ATR-<br />

42 e o Bombardier Q-400 voltando a registrar melhor índice <strong>de</strong> vendas. Além disso, o<br />

crescimento do segmento regional levou a uma procura por aviões <strong>de</strong> maior capacida<strong>de</strong>.<br />

Espera-se que nas próximas décadas as vendas <strong>de</strong> aviões <strong>de</strong> 60 a 100 lugares seja muito<br />

maior que aquelas <strong>de</strong> aviões <strong>de</strong> 50 assentos.<br />

Atualmente, este segmento do mercado vive uma situação ambígua. Com o<br />

envelhecimento da frota <strong>de</strong> jatos regionais, as companhias começam a procurar um<br />

substituto, mas não há alternativa completamente a<strong>de</strong>quada no mercado. Embora os<br />

turboélices possam ser utilizados em muitas das rotas antes servidas por jatos, existem<br />

algumas, notadamente as <strong>de</strong> longo alcance, em que somente jatos regionais são<br />

a<strong>de</strong>quados. O crescimento do número <strong>de</strong> passageiros ten<strong>de</strong> a gerar <strong>de</strong>manda por jatos<br />

maiores, mas em alguns mercados chave, como nos Estados Unidos, tais aviões são<br />

barrados por scope clauses (Fig.II.10) impostas por associações <strong>de</strong> pilotos.


Figura II.9 – Entregas <strong>de</strong> jatos da Bombardier e Embraer [1].<br />

Finalmente, espera-se um crescimento da <strong>de</strong>manda por aviões regionais em países em<br />

<strong>de</strong>senvolvimento, uma vez que o transporte regional é ainda incipiente nestas regiões.<br />

Espera-se, no entanto, que boa parte <strong>de</strong>sta <strong>de</strong>manda seja atendida por turboélices, bem<br />

como por jatos regionais usados.<br />

Figura II.10 – Levantamento <strong>de</strong> scope clauses (cláusulas <strong>de</strong> comprometimento) <strong>de</strong><br />

aquisição <strong>de</strong> aviões regionais por empresas aéreas norte-americanas [1].


Assim, a colocação no mercado <strong>de</strong> um novo jato <strong>de</strong> 50 lugares não oferecem boas<br />

oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> negócios, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m principalmente da situação econômico-financeira<br />

dos Estados Unidos, pois este é o principal mercado em potencial. Caso seja<br />

<strong>de</strong>senvolvido um jato capaz <strong>de</strong> competir em termos <strong>de</strong> CDO com os turboélices, este<br />

provavelmente teria gran<strong>de</strong>s chances no mercado regional. No resto do mundo, a<br />

<strong>de</strong>manda por essa classe <strong>de</strong> jato será muito baixa, <strong>de</strong>vido à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aviões <strong>de</strong><br />

maior capacida<strong>de</strong> e/ou menor custo por assento.<br />

Relatórios das principais fabricantes estimam a <strong>de</strong>manda por aviões <strong>de</strong> até 50 lugares<br />

em 300 a 400 unida<strong>de</strong>s [8], sendo que aproximadamente 50% <strong>de</strong>stes <strong>de</strong>vem ser<br />

turboélices. Assim, restam apenas <strong>de</strong> 150 a 200 unida<strong>de</strong>s para o jatos. Então, a Equipe<br />

No. 2 concluiu pela inviabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um jato <strong>de</strong> 50 assentos para<br />

suce<strong>de</strong>r o ERJ 145 e o CRJ-200.<br />

Segmento<br />

em<br />

capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> assentos<br />

Frota em<br />

2010<br />

Entregas<br />

Descomissionamentos<br />

Frota em<br />

2030<br />

20-59 3.600 300 2.500 1.400<br />

60-99 2.200 5.800 1.200 6.800<br />

100-149 5.200 7.000 3.000 9.200<br />

Total 11.000 13.100 6.700 17.400<br />

Tabela IIe - Previsão <strong>de</strong> mercado da Bombardier para o período 2011-2030 [8].


Referências das análises <strong>de</strong> mercado<br />

[1] - Kownatzki, M., Hoyland, T., and Watterson, A., ―The 50-Seat Jet: A Plane with<br />

No Future. Think again!,‖ Oliver Wyman Aviation, Aerospace&Defense, 2013.<br />

[2] - The FAA Commercial Aviation Forecast Conference; Washington, D.C.<br />

Convention Center, March 17, 2005.<br />

[3] - Japan Aircraft Development Corporation, ―Worldwi<strong>de</strong> Market Forecast for<br />

Commercial Air Transport 2009-2028,‖ June 2009.<br />

[4] - Japan Aircraft Development Corporation, ―Worldwi<strong>de</strong> Market Forecast for<br />

Commercial Air Transport 2012-2033,‖ June 2013.<br />

[5] - Secretaria da Aviação Civil – Presidência da República, ―Governo Anuncia<br />

Programa <strong>de</strong> Investimentos em Aeroportos‖, publicado em 20/Dezembro/2012,<br />

disponível em http://www.aviacaocivil.gov.br/noticias/2012/12/governoanuncia-programa-<strong>de</strong>-investimento-em-aeroportos.<br />

[6] - Bombardier Aerospace, ―Commercial Market Forecast 2012-2031‖, Canadá,<br />

2012.<br />

[7] - The Globe and Mail, ―CSeries Numbers Still don’t Add Up‖, Setembro <strong>de</strong> 2013,<br />

disponível em: http://www.theglobeandmail.com/report-on-business/c-seriesnumbers-still-dont-add-up/article14390594/<br />

[8] - Bombardier Aerospace, ―Commercial Market Forecast 2011-2030‖, Canadá,<br />

2011.


II.3<br />

Análise financeira<br />

Analisar a viabilida<strong>de</strong> econômico-financeira <strong>de</strong> um projeto significa estimar e analisar<br />

as perspectivas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho financeiro do produto resultante <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> aeronave. Essa análise é usualmente iniciada após estudos <strong>de</strong><br />

mercado. A estimativa <strong>de</strong> orçamentos para o programa, resultante da ativida<strong>de</strong> anterior,<br />

serve para trazer uma estimativa dos níveis <strong>de</strong> preço final do produto, que o tornaria<br />

viável e cobriria os custos envolvidos.<br />

II.3.1 Definições<br />

Na presente ativida<strong>de</strong> são <strong>de</strong>finidos os principais indicadores financeiros do programa<br />

relacionados com o produto final, tais como o custo-alvo do produto, as previsões <strong>de</strong><br />

retorno do investimento e a análise <strong>de</strong> suas características, o Valor Presente Líquido –<br />

VPL, a Taxa Interna <strong>de</strong> Retorno – TIR, Método do payback (amortização) e o fluxo <strong>de</strong><br />

caixa esperado com o novo produto.<br />

Essa análise da viabilida<strong>de</strong> econômico-financeira realizada durante o planejamento do<br />

programa é a referência inicial para as fases seguintes, no <strong>de</strong>senvolvimento do produto<br />

propriamente dito, torna-se um dos critérios mais importantes para <strong>de</strong> manter ou não a<br />

execução do programa.<br />

Existe a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma revisão periódica <strong>de</strong>ssa análise ao longo do programa, pois<br />

na ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> planejamento, estão disponíveis apenas informações preliminares, e,<br />

portanto, passíveis <strong>de</strong> mudanças, sobre o ambiente em que o produto irá ser inserido. À<br />

medida que as fases do <strong>de</strong>senvolvimento vão ocorrendo, aproximam-se as condições<br />

reais do momento <strong>de</strong> lançamento do produto. A esta altura, aumentam-se, portanto, as<br />

certezas quanto às características que o produto <strong>de</strong>ve adotar, sua ativida<strong>de</strong> e<br />

receptivida<strong>de</strong> no mercado, as condições <strong>de</strong>sse mercado (concorrência efetiva,<br />

surgimento <strong>de</strong> novas tendências, mudanças econômicas etc) e sua relação quanto a<br />

preço/volume. Sendo assim, a análise <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> econômico-financeira po<strong>de</strong> ser<br />

refinada e confrontada com a inicialmente planejada, para efeitos <strong>de</strong> aprendizado quanto<br />

à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> previsão no início <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> produto.<br />

Essa revisão da viabilida<strong>de</strong> econômico-financeira ocorre ao final <strong>de</strong> cada uma das fases<br />

do <strong>de</strong>senvolvimento do produto, juntamente ou não Revisão Crítica do Produto (Critical<br />

Design Review). Po<strong>de</strong> também ocorrer a qualquer momento, quando gran<strong>de</strong>s<br />

modificações do produto ou da administração do programa assim <strong>de</strong>mandarem, para se<br />

verificar se o produto continuará financeiramente viável ou não.<br />

II.3.2 Mecanismos<br />

O principal elemento que justifica a existência <strong>de</strong> uma empresa é a geração <strong>de</strong> lucro.<br />

Para os investidores, porém, não basta que o projeto tenha um resultado positivo. Para<br />

um projeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento ser atrativo, é preciso que a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lucro gerado,<br />

o retorno do projeto, seja melhor do que aquele que a empresa po<strong>de</strong>ria obter com outros<br />

investimentos, por exemplo, aplicando no mercado financeiro. Portanto, a essência da<br />

avaliação econômico-financeira é medir o retorno do projeto <strong>de</strong> maneira comparável<br />

com outros investimentos.<br />

O primeiro passo que <strong>de</strong>ve ser dado para a realização da análise econômica é a<br />

elaboração do fluxo <strong>de</strong> caixa, isto é, a <strong>de</strong>finição do fluxo <strong>de</strong> entradas e saídas <strong>de</strong><br />

dinheiro durante o ciclo <strong>de</strong> vida planejado para o produto.


II.3.3 Fluxo <strong>de</strong> Caixa<br />

O fluxo <strong>de</strong> caixa é um instrumento gerencial fundamental na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões<br />

empresariais. Seus objetivos são a coleta e a organização dos dados e a geração <strong>de</strong><br />

subsídios, para a análise <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho financeiro e para a realização <strong>de</strong> previsões<br />

orçamentárias.<br />

Os três componentes principais <strong>de</strong> um fluxo <strong>de</strong> caixa são:<br />

a. Investimento no novo produto:<br />

Correspon<strong>de</strong> aos gastos necessários para a geração <strong>de</strong> benefícios a longo prazo. É a<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dinheiro gasta para o <strong>de</strong>senvolvimento das especificações e preparação<br />

para a produção do produto. Para <strong>de</strong>terminar os gastos com o investimento <strong>de</strong>vem-se<br />

levar em consi<strong>de</strong>ração alguns fatores:<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Tipo <strong>de</strong> programa <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> produto: <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do tipo <strong>de</strong><br />

projeto o investimento po<strong>de</strong> ser maior ou menor. Por exemplo, no caso <strong>de</strong> um<br />

produto que <strong>de</strong>va <strong>de</strong>r apenas ganhos incrementais em relação aos existentes, o<br />

investimento necessário <strong>de</strong>ve ser menor do aquele <strong>de</strong> conceitos radicais. Isto se<br />

<strong>de</strong>ve ao fato os produtos e processos serem <strong>de</strong>rivados, híbridos ou com pequenas<br />

modificações em relação ao que já existe. Já os projetos radicais ou<br />

completamente inovadores envolvem a criação <strong>de</strong> um produto novo ou<br />

significativas modificações no produto ou processo já existente, requisitando<br />

novas tecnologias e materiais.<br />

Disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos: referem-se aos gastos para adquirir recursos, como:<br />

pessoas, maquinário, equipamentos, veículos, utensílios, edificações e outros<br />

itens <strong>de</strong>ssa natureza;<br />

necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pagamento: <strong>de</strong> royalties, pelo uso <strong>de</strong> patentes, laboratórios e<br />

licenças;<br />

gastos com estudos, pesquisas <strong>de</strong> mercado, projetos e capacitação <strong>de</strong><br />

profissionais;<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> possuir um capital <strong>de</strong> giro, inclusive para eventuais imprevistos.<br />

Uma forma <strong>de</strong> calcular o investimento necessário envolve a criação <strong>de</strong> contas<br />

específicas para cada programa, da qual sairiam todos os pagamentos e gastos<br />

efetuados. O maior <strong>de</strong>safio é computar o custo <strong>de</strong> pessoal, principalmente para os<br />

membros do time que divi<strong>de</strong>m seu tempo entre vários programas. É preciso também<br />

<strong>de</strong>finir claramente o momento em que os custos e receitas serão calculados. Geralmente,<br />

esse momento é o final da aprovação do lote piloto, pois, a partir <strong>de</strong>sse momento, os<br />

produtos produzidos pela linha po<strong>de</strong>rão ser comercializados dando início aos dois<br />

outros componentes do fluxo <strong>de</strong> caixa, as receitas e os custos e <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> produção.<br />

b. Receitas:<br />

Correspon<strong>de</strong> a estimativa <strong>de</strong> venda <strong>de</strong> produtos e subprodutos que serão produzidos.<br />

Para o cálculo <strong>de</strong>ssa estimativa, <strong>de</strong>vem-se levar em consi<strong>de</strong>ração fatores tais como<br />

preço final e <strong>de</strong>manda dos produtos.<br />

<br />

<br />

Preço final do produto: este valor vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do mercado, no qual se <strong>de</strong>seja<br />

ven<strong>de</strong>r o produto, do produto produzido, e do lucro esperado pelo fabricante.<br />

Demanda dos produtos: este valor vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do produto (produtos com alto<br />

valor agregado geralmente possuem um volume <strong>de</strong> venda menor), do mercado e


da fatia <strong>de</strong> mercado que esse produto almeja atingir, do preço <strong>de</strong> venda, da<br />

analise locacional e <strong>de</strong> mercado.<br />

Para estimar a receita, é preciso estimar o valor da <strong>de</strong>manda dos produtos, em seguida,<br />

multiplicá-lo pelo preço final estimado. Além da receita gerada com as vendas, outros<br />

fatores <strong>de</strong>vem ser levados em consi<strong>de</strong>ração, tais como subsídios governamentais,<br />

financiamentos e valor residual do investimento.<br />

c. Custos e <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> produção:<br />

São os valores gastos diretamente e indiretamente para a produção e comercialização do<br />

produto.<br />

Os custos são os gastos com um bem ou serviços utilizados para a produção <strong>de</strong> outros<br />

bens. Cada empreendimento, pessoal ou empresarial, envolve dois tipos <strong>de</strong> custos: os<br />

recorrentes e os não recorrentes. Os custos isolados, muitas vezes chamados <strong>de</strong> custos<br />

<strong>de</strong> inicialização, são os não recorrentes. Os custos que ocorrem em uma programação<br />

regular são listados em um orçamento como custos recorrentes e <strong>de</strong>vem ser<br />

consi<strong>de</strong>rados na fabricação dos aviões <strong>de</strong> série.<br />

Os principais custos são os seguintes:<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Matérias primas, embalagens, materiais auxiliares;<br />

mão-<strong>de</strong>-obra direta;<br />

consumo <strong>de</strong> energia elétrica, <strong>de</strong> água e <strong>de</strong> combustível;<br />

manutenção, seguros, aluguéis, diversos.<br />

As <strong>de</strong>spesas são os gastos como um bem ou serviços utilizados para obtenção <strong>de</strong> receita.<br />

As principais <strong>de</strong>spesas são:<br />

<br />

<br />

<br />

Despesas com vendas, financeiras e administrativas;<br />

Salários do pessoal administrativo;<br />

Impostos e taxas municipais.<br />

Convém diferenciar bem custos e <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> produção dos investimentos, o que muitas<br />

vezes po<strong>de</strong> ser difícil. Por exemplo, os gastos <strong>de</strong> uma operação na produção que visa<br />

produzir uma peça do protótipo é investimento. O gasto da mesma operação em uma<br />

peça idêntica, após a liberação do lote piloto, que será comercializada <strong>de</strong>ve ser já<br />

apropriada como custo direto, a ser contabilizado naquele produto específico. Após o<br />

início da produção seriada, quando alguns protótipos já não serão mais utilizados,<br />

algumas empresas os ven<strong>de</strong>m com <strong>de</strong>sconto para clientes. Isto <strong>de</strong>ve ser levado em conta<br />

na elaboração da planilha <strong>de</strong> custos.<br />

O intervalo para o cálculo do fluxo <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da duração do ciclo <strong>de</strong> vida do<br />

produto. Um avião <strong>de</strong> linha, em geral, é concebido para ficar <strong>de</strong> 15 a 20 anos em<br />

operação e, por isso, o período utilizado é normalmente anual. Calculados esses valores,<br />

eles serão somados, obtendo-se um valor final do fluxo <strong>de</strong> dinheiro esperado na<br />

empresa, conforme apresentado na Figura II.11.


Figura II.11 – Exemplo <strong>de</strong> dispêndio anual no <strong>de</strong>senvolvimento e produção seriada<br />

<strong>de</strong> um avião <strong>de</strong> linha.<br />

II.3.4 Indicadores Financeiros<br />

A Fig. II.1 representa uma previsão do montante <strong>de</strong> dinheiro que entrará ou sairá da<br />

empresa em cada um dos períodos (no caso anos) do ciclo <strong>de</strong> vida do produto. Para<br />

cocncluir se <strong>de</strong>terminado projeto é economicamente viável, precisa-se avaliar e<br />

comparar esse fluxo com outros investimentos à disposição do dono da empresa. Nesse<br />

cálculo, <strong>de</strong>ve-se levar em consi<strong>de</strong>ração que o dinheiro possui um valor <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do<br />

tempo, isto é, receber R$ 500,00 hoje é diferente do que receber esse mesmo valor no<br />

próximo ano. Portanto, utilizam-se índices financeiros e parâmetros calculados com os<br />

dados do fluxo <strong>de</strong> caixa que permitem comparações e análises do <strong>de</strong>sempenho<br />

financeiro do projeto. A seguir são apresentados três dos indicadores financeiros mais<br />

utilizados em projetos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> produtos.<br />

a. Valor Presente Líquido - VPL<br />

Este método para análise <strong>de</strong> investimentos <strong>de</strong>termina o valor presente <strong>de</strong> pagamentos<br />

futuros. Este método consiste em uma fórmula matemático-financeira simples em que o<br />

valor dos investimentos e do fluxo <strong>de</strong> caixa atual e futuro são convertidos para um valor<br />

equivalente na data atual por meio <strong>de</strong> uma taxa <strong>de</strong> conversão. Esta conversão é <strong>de</strong>vido<br />

ao fato do valor aquisitivo do dinheiro sofrer alterações com o passar do tempo. A taxa<br />

<strong>de</strong> conversão utilizada neste método é a Taxa Mínima <strong>de</strong> Atrativida<strong>de</strong> (TMA). A<br />

Figura II.12 apresenta a fórmula para o cálculo do VPL.<br />

Fig. II.12 – Fórmula para cálculo do Valor Presente Líquido (VPL).


O Valor Presente Líquido <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> investimento possui as seguintes<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> resultado:<br />

<br />

<br />

<br />

Maior do que zero: significa que o investimento é economicamente atrativo, pois<br />

o valor presente das entradas <strong>de</strong> caixa é maior do que o valor presente das saídas<br />

<strong>de</strong> caixa.<br />

Igual a zero: o investimento é indiferente, pois o valor presente das entradas <strong>de</strong><br />

caixa é igual ao valor presente das saídas <strong>de</strong> caixa.<br />

Menor do que zero: indica que o investimento não é economicamente atrativo<br />

porque o valor presente das entradas <strong>de</strong> caixa é menor do que o valor presente<br />

das saídas <strong>de</strong> caixa.<br />

Entre vários projetos, o mais atrativo é aquele que tem maior Valor Presente Líquido.<br />

b. Taxa Interna <strong>de</strong> Retorno - TIR<br />

Estabelece a taxa econômica necessária para igualar o valor <strong>de</strong> um investimento com<br />

seus retornos futuros. Significa a taxa <strong>de</strong> remuneração que <strong>de</strong>ve ser fornecido pelo<br />

projeto <strong>de</strong> modo que este iguale o seu investimento, após um período. A TIR é<br />

calculada utilizando-se a mesma fórmula <strong>de</strong>scrita anteriormente, porém igualando-se o<br />

VPL a zero e utilizando a TIR como incógnita <strong>de</strong> taxa <strong>de</strong> conversão.<br />

Posteriormente a TIR é comparado com a TMA da empresa para verificar o<br />

<strong>de</strong>sempenho do projeto, po<strong>de</strong>ndo ser:<br />

<br />

<br />

<br />

Maior do que a TMA: significa que o investimento é economicamente atrativo.<br />

Igual à TMA: o investimento está economicamente numa situação <strong>de</strong><br />

indiferença.<br />

Menor do que a TMA: o investimento não é economicamente atrativo, pois seu<br />

retorno é superado pelo retorno <strong>de</strong> um investimento sem risco.<br />

Entre vários investimentos, o melhor será aquele que tiver a maior TIR.<br />

c. Método <strong>de</strong> amortização (Payback)<br />

O payback é um dos métodos mais simples e, talvez por isso, <strong>de</strong> utilização muito<br />

difundida. Consiste, essencialmente, em <strong>de</strong>terminar o número <strong>de</strong> períodos necessários<br />

para recuperar o capital investido. Tendo essa avaliação, a administração da empresa,<br />

com base em seus padrões <strong>de</strong> tempo para recuperação do investimento, no tempo <strong>de</strong><br />

vida esperado do ativo, nos riscos associados e em sua posição financeira, <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> pela<br />

aceitação ou rejeição do projeto.<br />

A forma mais fácil <strong>de</strong> calculá-lo é simplesmente acumulando as entradas e saídas e<br />

<strong>de</strong>terminando o período em que houve a transição <strong>de</strong> um valor positivo para negativo.<br />

II.3.5 Recomendações para análise <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> econômica<br />

Cada um dos indicadores financeiros resulta em informações diferentes, que po<strong>de</strong>m ser<br />

utilizadas <strong>de</strong> maneira complementar. O VPL é um método que fornece uma boa noção<br />

do montante que será obtido com o programa, isto é, o valor que será captado, porém,<br />

ele não permite uma comparação fácil com outros investimentos. Esse aspecto é gran<strong>de</strong><br />

vantagem da informação obtida na TIR, que fornece um valor facilmente comparável.


É importante <strong>de</strong>stacar que os métodos anteriormente citados <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> estimativas,<br />

tais como as da:<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<strong>de</strong>manda do produto pelo mercado;<br />

expectativa <strong>de</strong> crescimento;<br />

do preço <strong>de</strong> venda do produto aceito pelo consumidor final;<br />

dos custos envolvidos na produção do produto, sendo essencial a participação e<br />

o comprometimento <strong>de</strong> diferentes partes da organização, principalmente do<br />

marketing, engenharias e vendas.<br />

Existem programas que retornam um bom montante (VPL altamente positivo) e<br />

rentáveis (TIR acima da taxa <strong>de</strong> atrativida<strong>de</strong>), mas cujo período <strong>de</strong> retorno <strong>de</strong><br />

investimento é longo, significando que a empresa terá <strong>de</strong> amargar um bom período <strong>de</strong><br />

dispêndio financeiro até a obtenção <strong>de</strong> lucro. Portanto, o cálculo <strong>de</strong>sses três indicadores<br />

é recomendável:<br />

a. Premissas para o cálculo da viabilida<strong>de</strong><br />

A <strong>de</strong>finição das premissas é o ponto mais estratégico para se realizar a análise <strong>de</strong><br />

viabilida<strong>de</strong>. As premissas englobam as previsões da <strong>de</strong>manda futura; o preço <strong>de</strong> se<br />

conseguirá praticar; o custo resultante da operação e basicamente as taxas que servirão<br />

<strong>de</strong> referência no futuro. Não é fácil prever todas essas informações e por isso são<br />

consi<strong>de</strong>radas premissas para a análise.<br />

b. Monitoramento da viabilida<strong>de</strong> durante o <strong>de</strong>senvolvimento do produto<br />

A análise da viabilida<strong>de</strong> econômica normalmente é realizada no início do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> produto e raramente é revisada. Não há sentido em recalcular o<br />

investimento, pois o dinheiro gasto não é reavido. Porém, uma simulação <strong>de</strong> toda a<br />

análise, ajustando as premissas e verificando <strong>de</strong> novo os indicadores po<strong>de</strong> fornecer uma<br />

visão <strong>de</strong> quanto a empresa ―acerta‖ nas suas previsões.<br />

Monitorar a análise <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> é importante para se tomar <strong>de</strong>cisões (por exemplo,<br />

nos Gates) durante o <strong>de</strong>senvolvimento para saber se aquele produto / serviço ainda é<br />

viável ou não diante <strong>de</strong> possíveis mudanças das premissas (concorrente lançou algo<br />

similar primeiro e os volumes <strong>de</strong> venda não serão os mesmos; crises financeiras;<br />

mudanças nas taxas <strong>de</strong> referência; etc).<br />

c. Pon<strong>de</strong>rar a análise com possíveis riscos<br />

Quando uma análise <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> é feita, parte-se do pressuposto que todas as<br />

premissas adotadas estão corretas. Porém, existem riscos que vão além <strong>de</strong>ssas<br />

premissas. Basicamente, classificam-se riscos em duas categorias: riscos tecnológicos e<br />

riscos mercadológicos. Os riscos da primeira categoria tratam <strong>de</strong> questões associadas à<br />

probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucesso (ou fracasso) da tecnologia e soluções adotadas. Isso é mais<br />

importante <strong>de</strong> ser analisado no caso <strong>de</strong> inovação em tecnologia. Os riscos<br />

mercadológicos consi<strong>de</strong>ram o sucesso (ou fracasso) que um produto / serviço po<strong>de</strong> ter<br />

no mercado. Deve-se, portanto, pon<strong>de</strong>rar esses riscos, assim como as premissas quando<br />

se realiza a análise <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> dos projetos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Ou seja, aquele<br />

VPL calculado (por exemplo) só daria certo se existir riscos baixos.<br />

Imagine a comparação <strong>de</strong> dois projetos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. O primeiro com um VPL<br />

alto e o outro com VPL baixo. Qual <strong>de</strong>ve ser priorizado? Depen<strong>de</strong> do risco também. Se<br />

a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucesso do segundo for muito maior do que o primeiro, em uma<br />

análise <strong>de</strong> balanceamento do portfólio <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, po<strong>de</strong> ser que a<br />

segunda opção seja priorizada.


II.3.6 Exemplo <strong>de</strong> análise financeira<br />

Cada empreendimento, pessoal ou empresarial, envolve dois tipos <strong>de</strong> custos: os<br />

recorrentes e os não recorrentes. Os custos isolados, muitas vezes chamados <strong>de</strong> custos<br />

<strong>de</strong> inicialização, são os não recorrentes. Os custos que ocorrem em uma programação<br />

regular são listados em um orçamento como custos recorrentes e <strong>de</strong>vem ser<br />

consi<strong>de</strong>rados na fabricação dos aviões <strong>de</strong> série.<br />

Nessa seção, a metodologia típica <strong>de</strong> estimação do custo <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> avião <strong>de</strong><br />

transporte e sua viabilida<strong>de</strong> é apresentada. Aqui, o mesmo avião especificado no<br />

capítulo anterior (análise <strong>de</strong> mercado) é utilizado, ou seja, um jato regional <strong>de</strong> 50<br />

assentos. Será consi<strong>de</strong>rada a análise levada a cabo pela Equipe No. 1, que conclui que<br />

há um mercado a ser explorado com boas oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> negócio.<br />

Primeiramente, custos recorrentes e não recorrentes são calculados e analisados. Em<br />

seguida, é feita uma estimativa do fluxo <strong>de</strong> caixa e do valor presente líquido do<br />

programa. Finalmente, a viabilida<strong>de</strong> do programa é analisada. A duração <strong>de</strong> quatro anos<br />

foi consi<strong>de</strong>rada para a fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da aeronave.<br />

a. Custos não recorrentes<br />

O custo da mão-<strong>de</strong>-obra foi estimado utilizando-se uma média pon<strong>de</strong>rada do custo <strong>de</strong><br />

hora típica <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> um fabricante aeronáutico e em seus parceiros, consi<strong>de</strong>rando<br />

uma participação <strong>de</strong> 30% dos parceiros no custo não recorrente das aeronaves (Tabela<br />

II.f). Os custos da Tabela IIf são relativos a maio <strong>de</strong> 2015, com o cálculo da inflação<br />

estimado em http://www.usinflationcalculator.com.<br />

Participação<br />

Custo homem/hora (US$)<br />

Fabricante aeronáutico 70% 41,72<br />

Parceiros 30% 83,44<br />

Média 54,24<br />

Tabela IIf – Custo da hora trabalhada.<br />

O custo total do trabalho foi obtido pela soma dos custos <strong>de</strong> cada área do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da aeronave. Para essa estimativa, consi<strong>de</strong>raram-se também as horas<br />

<strong>de</strong> trabalho necessárias para o <strong>de</strong>senvolvimento e aprendizado <strong>de</strong> novas tecnologias<br />

como a utilização <strong>de</strong> estruturas em compósito <strong>de</strong>senvolvidas pelos parceiros e a<br />

utilização <strong>de</strong> solda por fricção (Friction Stir Welding ou FSW). Os resultados obtidos<br />

po<strong>de</strong>m ser observados na Tabela IIg, bem como o custo associado.


Disciplina /Ativida<strong>de</strong><br />

Horas<br />

Total <strong>de</strong> administração e gerenciamento do programa 1.136.367<br />

Design Preliminar 27.983<br />

Interior 229.950<br />

Estrutura 279.833<br />

Elétrico/Eletrônico 365.000<br />

Mecânico 121.667<br />

Hidráulico 60.833<br />

Propulsão 51.100<br />

Total <strong>de</strong> engenharia 2.188.783<br />

Aerodinâmico 135.050<br />

Aeroelasticida<strong>de</strong> 237.250<br />

Desempenho 76.650<br />

Estrutura 365.000<br />

Interior 92.467<br />

Elétrico/Eletrônico 365.000<br />

Mecânico 399.067<br />

Hidráulico 97.333<br />

Propulsão 121.667<br />

Certificação 121.667<br />

Controle <strong>de</strong> configuração 62.050<br />

Documentação técnica 115.583<br />

Total <strong>de</strong> teste e validação 5.674.533<br />

Teste no Solo 208.050<br />

Teste <strong>de</strong> Sistemas 111.933<br />

Ensaio em vôo 160.600<br />

Instrumentação 122.883<br />

Pilotos 48.667<br />

Protótipos 2.828.750<br />

RIGS 60.833<br />

Protótipos/Corpo <strong>de</strong> prova 97.333<br />

Manutenção dos protótipos 585.217<br />

Ferramental 526.817<br />

Processos e métodos 784.750<br />

Controle <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> 138.700<br />

Total Suporte ao produto 635.100<br />

Boletim <strong>de</strong> Serviço 19.467<br />

Partes sobressalentes 103.417<br />

Manuais <strong>de</strong> Operação 203.183<br />

Serviço ao consumidor 6.083<br />

Documentação 128.967<br />

Suporte técnico 77.867<br />

Plano <strong>de</strong> manutenção 96.117<br />

Total <strong>de</strong> horas <strong>de</strong> trabalho 9.634.783<br />

Tarifa média 54,23<br />

TOTAL (US$) 522.552.108,87<br />

Tabela IIg – Distribuição <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> horas para várias ativida<strong>de</strong>s do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento.


A divisão do trabalho consi<strong>de</strong>rada ao longo do tempo é mostrada na Tabela IIh:<br />

Ano Distribuição US$/Ano<br />

2015 25% 130.638.027,22<br />

2016 35% 182.893.238,10<br />

2017 30% 156.765.632,66<br />

2018 10% 52.255.210,89<br />

Tabela IIh – Desembolso do custo <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra ao longo do tempo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento do produto.<br />

A Tabela IIi ilustra a estimativa feita para o custo <strong>de</strong> infraestrutura. Foi consi<strong>de</strong>rado<br />

que a empresa já comercializou aviões na faixa <strong>de</strong> 50 assentos e a linha <strong>de</strong> produção<br />

será rea<strong>de</strong>quada para a fabricação do avião a ser <strong>de</strong>senvolvido. Também, foi levada em<br />

conta a fabricação <strong>de</strong> novos ferramentais, a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> estágios <strong>de</strong> produção e<br />

adaptação dos hangares, bem como o custo <strong>de</strong> investimento da nova tecnologia <strong>de</strong><br />

soldagem (Friction Stir Welding ou FSW). O cronograma para as alterações na linha <strong>de</strong><br />

produção enfoca o primeiro ano do <strong>de</strong>senvolvimento, como po<strong>de</strong> ser observado na<br />

Tabela IIj, que apresenta a distribuição da atualização da linha <strong>de</strong> produção durante o<br />

período <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do produto. A composição dos custos gerais e o<br />

cronograma <strong>de</strong> <strong>de</strong>sembolso ao longo do período <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da aeronave são<br />

dadas pelas Tabelas IIk e IIl, respectivamente.<br />

Infraestrutura<br />

US$<br />

Máquinas e equipamentos 17.880.000<br />

FSW - máquinas/ferramental/construções 9.536.000<br />

Protótipos 35.760.000<br />

Rea<strong>de</strong>quação da linha <strong>de</strong> produção existente 1.192.000<br />

Investimento em informática 6.913.600<br />

Instrumentos <strong>de</strong> controle/medida 596.000<br />

Material <strong>de</strong> escritório 596.000<br />

Aplicativos <strong>de</strong> informática e códigos computacionais (Software) 1.788.000<br />

Outros investimentos 596.000<br />

Custo total <strong>de</strong> infraestrutura e materiais 74.857.600<br />

Tabela IIi – Componentes do custo <strong>de</strong> infraestrutura.<br />

Ano Pon<strong>de</strong>ração US$/Ano<br />

2015 55% 41.171.680<br />

2016 25% 18.714.400<br />

2017 15% 11.228.640<br />

2018 5% 3.742.880<br />

Tabela IIj – Cronograma <strong>de</strong> <strong>de</strong>sembolso financeiro para infraestrutura.


Custos gerais<br />

US$<br />

Comunicação 834.400,00<br />

Instrumentação <strong>de</strong> ensaios em vôo 4.529.600,00<br />

Ferramental 2.980.000,00<br />

Viagens 5.006.400,00<br />

Mão <strong>de</strong> obra terceirizada (Parceiros) 23.840.000,00<br />

Mão <strong>de</strong> obra terceirizada 27.416.000,00<br />

Combustível 4.872.900,00<br />

Total do custo geral 69.479.300,00<br />

Tabela IIk – Composição dos custos gerais.<br />

Ano Distribuição US$/Ano<br />

2015 25% 17.369.825,00<br />

2016 35% 24.317.755,00<br />

2017 30% 20.843.790,00<br />

2018 10% 6.947.930,00<br />

Tabela IIl – Desembolso dos custos gerais ao longo do período <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

O custo não recorrente estimado po<strong>de</strong> ser observado na Tabela IIm Também, o<br />

porcentual referente a parte do fabricante <strong>de</strong> aviões é indicado. Na Fig. II.13, po<strong>de</strong> ser<br />

observada a distribuição ao longo dos quatro anos do investimento inicial, além da<br />

contribuição <strong>de</strong> casa um dos principais contribuintes para o custo não recorrente.<br />

Ano Trabalho Infraestrutura<br />

e Material<br />

Gastos<br />

Gerais<br />

Fabricante <strong>de</strong><br />

aviões (70%)<br />

Fabricante+<br />

parceiros<br />

2015 130.638.027 41.171.680 17.369.825 132.425.673 189.179.532<br />

2016 182.893.238 18.714.400 24.317.755 158.147.775 225.925.393<br />

2017 156.765.633 11.228.640 20.843.790 132.186.644 188.838.063<br />

2018 52.255.211 3.742.880 6.947.930 44.062 62.946.021<br />

TOTAL 666.889.009<br />

Tabela IIm – Cronograma <strong>de</strong> dispêndio dos gastos não recorrentes (US$).<br />

Figura II.13 – Visão geral do custo não recorrrente.


. Custo recorrente<br />

O custo recorrente é <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do ciclo <strong>de</strong> vida da aeronave, e é calculado para cada<br />

aeronave. O custo recorrente po<strong>de</strong> ser dividido em: materiais, trabalho, vendas,<br />

gerenciamento <strong>de</strong> processos e outros custos diversos. Nota-se que além do trabalho, os<br />

outros custos são fixos no tempo, já o trabalho apresenta uma curva <strong>de</strong> aprendizado,<br />

tendo um custo que diminui com o tempo, <strong>de</strong>vido à aceleração do processo <strong>de</strong><br />

fabricação.<br />

Os custos relativos aos materiais po<strong>de</strong>m ser divididos em alguns poucos componentes.<br />

Utilizando-se <strong>de</strong> um método simplificado, é possível <strong>de</strong>terminar os componentes partir<br />

<strong>de</strong> parâmetros adimensionais utilizados pelos fabricantes aeronáuticos, corrigidos pela<br />

inflação. O resultado po<strong>de</strong> ser observado na Tabela IIn.<br />

Componentes<br />

US$/<br />

Parâmetro<br />

Trem <strong>de</strong> Pouso 8<br />

Comandos e<br />

controles <strong>de</strong><br />

Voo<br />

834<br />

Parâmetro<br />

kg <strong>de</strong> peso<br />

máximo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>colagem<br />

pé² <strong>de</strong> área<br />

<strong>de</strong> asa<br />

Valor do<br />

parâmetro<br />

Fator <strong>de</strong><br />

Complexida<strong>de</strong><br />

Custo (em<br />

1000 US$)<br />

22.010 kg 1,2 220<br />

560 ft² 1,4 654<br />

Motores 2000000 unida<strong>de</strong> 2 unida<strong>de</strong>s 1,1 4400<br />

Naceles 11920<br />

Diâmetro<br />

em<br />

polegadas<br />

63 in 1 751<br />

Interiores 19072 passageiro 50 pax 1 954<br />

Sistema<br />

Elétrico<br />

Eletrônicos 953600<br />

Estruturas 143<br />

Sistema <strong>de</strong><br />

Combustível<br />

8940 kVA 75 kVA 1,3 872<br />

119<br />

Custo por<br />

uma<br />

unida<strong>de</strong><br />

altamente<br />

integrada<br />

kg <strong>de</strong> peso<br />

máximo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>colagem<br />

pé² <strong>de</strong> area<br />

<strong>de</strong> asa<br />

1 unida<strong>de</strong> 0,9 858<br />

22.010 kg 1,5 4722<br />

540 ft² 1 64<br />

Tabela IIn – Custo recorrente – Material.<br />

TOTAL 13.496<br />

Nota se na Tabela IIn a coluna fator <strong>de</strong> complexida<strong>de</strong>. Tal fator <strong>de</strong>ve ser levado em<br />

consi<strong>de</strong>ração para ajuste fino dos parâmetros adimensionais. O trem <strong>de</strong> pouso possui um<br />

fator <strong>de</strong> complexida<strong>de</strong> 1,2 por se encontrar próximo a região da asa, o que requer gran<strong>de</strong><br />

esforço <strong>de</strong> projeto e integração com a estrutura da asa e fuselagem. Já os comandos e<br />

controles <strong>de</strong> voo apresentam um fator <strong>de</strong> complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1,4, pois neste caso foi<br />

escolhido um sistema completamente fly-by-wire. Além disso, os sistemas elétricos<br />

apresentam 1,3 pelo viés <strong>de</strong> substituições <strong>de</strong> sistemas convencionais por elétricos<br />

(<strong>de</strong>ntro da filosofia More Electral Aircraft ou MEA). Os motores apresentam um fator


<strong>de</strong> complexida<strong>de</strong> 1,1 <strong>de</strong>vido ao uso <strong>de</strong> geared turbofan (redução no eixo) para maior<br />

eficiência <strong>de</strong> consumo. Este tipo <strong>de</strong> motor mais pesado do que o turbofan convencional,<br />

dificultando a sua integração na aeronave. Finalmente, as estruturas apresentam uma<br />

complexida<strong>de</strong> 1,5 <strong>de</strong>vido a utilização <strong>de</strong> materiais compostos, que costumam ter um<br />

processo <strong>de</strong> fabricação mais complexo do que estruturas metálicas.<br />

O cálculo da parcela do custo recorrente <strong>de</strong>vido à mão-<strong>de</strong>-obra é feito diretamente pela<br />

carga horária necessária para a produção da aeronave. Para a estimativa da carga horaria<br />

por aeronave adotou-se uma curva <strong>de</strong> aprendizado <strong>de</strong> 12% para a primeira aeronave e<br />

2% no fator <strong>de</strong> aprendizado. O custo médio da mão <strong>de</strong> obra é <strong>de</strong> 25 dólares por hora.<br />

Utilizando uma previsão <strong>de</strong> 60% <strong>de</strong> fatia <strong>de</strong> mercado (market share), obtém-se os<br />

custos apresentados na Tabela IIo.<br />

Ano<br />

Entregas<br />

(consi<strong>de</strong>rando<br />

60% <strong>de</strong> fatia <strong>de</strong><br />

mercado)<br />

Horas <strong>de</strong><br />

trabalho por<br />

unida<strong>de</strong><br />

Custo do trabalho por<br />

unida<strong>de</strong> (1000 US$)<br />

Custo <strong>de</strong> trabalho<br />

(1000 US$)<br />

2019 6 36.714 918 5.507<br />

2020 20 26.452 661 13.226<br />

2021 44 23.363 584 25.700<br />

2022 92 21.451 536 49.338<br />

2023 94 20.218 505 47.511<br />

2024 102 19.416 485 49.512<br />

2025 94 18.899 472 44.413<br />

2026 90 18.581 465 41.807<br />

2027 84 18.389 460 38.617<br />

2028 30 18.281 457 13.710<br />

Tabela IIo – Parte da mão-<strong>de</strong>-obra do custo recorrente.<br />

Além dos custos antes abordados, <strong>de</strong>ve-se <strong>de</strong>stacar o custo <strong>de</strong> vendas, <strong>de</strong> processamento<br />

e outros custos diversos. Esses custos serão <strong>de</strong>terminados por meio <strong>de</strong> uma porcentagem<br />

<strong>de</strong> outros custos recorrentes.<br />

Uma boa estimativa para o custo <strong>de</strong> venda é tomá-lo como sendo 17% do custo <strong>de</strong><br />

materiais e trabalho. Já o custo <strong>de</strong> processamento, que inclui suporte ao processo,<br />

controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> gerenciamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas, po<strong>de</strong> ser estimado com 8% dos custos<br />

<strong>de</strong> materiais e trabalho. Finalmente, os custos diversos, como publicações técnicas e<br />

treinamento da equipe <strong>de</strong> suporte ao cliente, po<strong>de</strong> ser estimado como 5% do custo <strong>de</strong><br />

materiais.<br />

A Tabela IIp reúne todos os custos recorrentes e fornece o cronograma <strong>de</strong> dispêndio<br />

financeiro para cobri-los. A Fig. II.14 ilustra o percentual dos componentes no custo<br />

recorrente.


Ano<br />

Entregas<br />

Custo <strong>de</strong><br />

Materiais<br />

Custo <strong>de</strong><br />

Trabalho<br />

Custo <strong>de</strong><br />

Vendas *<br />

Custos<br />

Diversos **<br />

Custo <strong>de</strong><br />

Processamento ***<br />

Total<br />

Anual<br />

2019 6 81 6 15 4 7 112<br />

2020 20 270 13 48 13 23 367<br />

2021 44 594 26 105 30 50 804<br />

2022 92 1.242 49 219 62 103 1.676<br />

2023 94 1.269 48 224 63 105 1.709<br />

2024 102 1.377 50 242 69 114 1.851<br />

2025 94 1.269 44 223 63 105 1.705<br />

2026 90 1.215 42 214 61 101 1.631<br />

2027 84 1.134 39 199 57 94 1.522<br />

2028 30 405 14 71 20 33 543<br />

Total 656 8.853 329 1.561 443 735 11.921<br />

* 17% do Custo <strong>de</strong> trabalho e materiais<br />

** 5% do Custo <strong>de</strong> materiais<br />

*** 8% do Custo <strong>de</strong> trabalho e materiais<br />

Tabela IIp – Dispêndio financeiro para cobrir os custos recorrentes.<br />

Figura II.14 – Percentual dos componentes do custo recorrente.<br />

Com base no estudo do mercado, a fatia <strong>de</strong> mercado <strong>de</strong> 60% foi <strong>de</strong>finida pela equipe do<br />

programa. De posse <strong>de</strong>ste valor, é possível então <strong>de</strong>terminar um valor <strong>de</strong> venda da<br />

aeronave com base nos seguintes pontos:<br />

Custo.<br />

Competitivida<strong>de</strong> do Preço.<br />

Equalização do investimento (Break even).<br />

Taxa Interna <strong>de</strong> Retorno.<br />

Dessa forma, com um preço <strong>de</strong>finido, po<strong>de</strong>m-se calcular os fluxos <strong>de</strong> caixa (Fig. II.15),<br />

e a viabilida<strong>de</strong> do programa. O preço <strong>de</strong> venda que melhor se a<strong>de</strong>qua aos pontos citados<br />

é <strong>de</strong> 23 milhões <strong>de</strong> dólares. Esse valor apresenta-se competitivo no mercado, sendo<br />

meio milhão <strong>de</strong> dólares menor que o competidor com menor preço na categoria. De<br />

acordo com a Fig. II.15, a recuperação do investimento, break even, acontece no quinto


ano <strong>de</strong> produção da aeronave com a marca <strong>de</strong> 217 produzidas, com uma boa margem<br />

em relação ao total previsto <strong>de</strong> 656 aeronaves a serem comercializadas.<br />

A taxa <strong>de</strong> retorno é 19,9% do valor total investido ao longo <strong>de</strong> todo o ciclo <strong>de</strong> vida do<br />

programa, incluindo-se o custo recorrente <strong>de</strong> cada aeronave. Tal margem possui o valor<br />

<strong>de</strong> 2,5 bilhões <strong>de</strong> dólares em 2028.<br />

Figura II.15 – Fluxo <strong>de</strong> caixa do programa do avião <strong>de</strong> 50 assentos.<br />

Utilizando-se o conceito <strong>de</strong> Valor Presente Líquido, utilizando-se uma taxa máxima <strong>de</strong><br />

atrativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 10%, para 2015, tem-se que a taxa <strong>de</strong> retorno <strong>de</strong> 13,2% e um lucro<br />

absoluto <strong>de</strong> 746 milhões <strong>de</strong> dólares em valor presente líquido <strong>de</strong> 2015. Dessa forma,<br />

nota-se que o programa é bem rentável e apresenta um ponto <strong>de</strong> break even<br />

relativamente rápido. Analisando-se o pior caso, uma fatia <strong>de</strong> mercado <strong>de</strong> apenas 30%,<br />

tem-se uma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 328 aeronaves, o que é suficiente para garantir ainda um<br />

ponto <strong>de</strong> retorno do investimento.


II.4<br />

<strong>Projeto</strong> conceitual<br />

O projeto conceitual ou, para muitos, estudos <strong>de</strong> conceito, se dá após a fase inicial na<br />

qual a viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> aeronave é analisada conclusivamente. Na fase<br />

conceitual, <strong>de</strong>fine-se a configuração da aeronave que melhor atenda aos requisitos <strong>de</strong><br />

mercado, certificação, fabricação e outros que venham a ser <strong>de</strong>finidos. Durante esta<br />

fase, as necessida<strong>de</strong>s do mercado-alvo são i<strong>de</strong>ntificadas, conceitos <strong>de</strong> produtos<br />

alternativos são gerados e avaliados, e um <strong>de</strong>les é então selecionado para<br />

<strong>de</strong>senvolvimento posterior. Além <strong>de</strong>ssas ativida<strong>de</strong>s, o projeto conceitual <strong>de</strong> aeronave<br />

aborda alguns aspectos iniciais <strong>de</strong> projeto <strong>de</strong> subsistemas, tais como escolha do grupo<br />

motopropuslor, dimensionamento inicial do trem <strong>de</strong> pouso, arquitetura sistemas<br />

ambientais e outros. É importante ressaltar que o projeto conceitual mo<strong>de</strong>rno faz uso <strong>de</strong><br />

plataformas computacionais <strong>de</strong> cálculo e otimização multidisciplinar, on<strong>de</strong> as várias<br />

disciplinas envolvidas são tratadas concomitantemente.<br />

A Tabela IIq contém o escopo <strong>de</strong>sta fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> aeronave.A Fig. II.16<br />

indica vários tópicos im portantes que <strong>de</strong>vem ser abordados <strong>de</strong> forma muito cuidadosa<br />

no projeto conceitual; a Fig. II.17 mostra o ciclo <strong>de</strong> tarefas para o projeto da aeronave<br />

em questão.<br />

O estabelecimento <strong>de</strong> requisitos inicia-se com pesquisas <strong>de</strong> mercado, i<strong>de</strong>ntificada com<br />

opiniões <strong>de</strong> clientes, empresas <strong>de</strong> manutenção, pilotos ou quaisquer outros agentes<br />

consi<strong>de</strong>rados relevantes. Deve-se olhar também a necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reposição <strong>de</strong> frotas,<br />

produtos competidores existentes ou em <strong>de</strong>snevolvimento. Os requisitos <strong>de</strong>vem cobrir<br />

diferentes aspectos tais com nível <strong>de</strong> conforto, adoção <strong>de</strong> novas tecnologias,<br />

<strong>de</strong>sempenho, custos operacionais, data <strong>de</strong> entrada em serviço, impacto ambiental, vida<br />

útil e outros. Requisitos ina<strong>de</strong>quados conduzem a aeronaves ina<strong>de</strong>quadas que serão<br />

rejeitadas pelo mercado. Exemplos disso são o CBA-123 e o SAAB 2000 (Fig. II.18),<br />

os quais levaram as respectivas empresas a quase fecharem as portas.


Item<br />

Revisão <strong>de</strong> requisitos<br />

Orçamento <strong>de</strong>talhado<br />

Estudo <strong>de</strong> várias configurações<br />

Dimensionamento<br />

Layout estrutural<br />

Desenhos técnicos<br />

Seleção do motor<br />

Ensaios<br />

Arrazoado/Observações<br />

Requisitos po<strong>de</strong>m sofrer<br />

alteração, principalmente os<br />

advindos <strong>de</strong> mercado<br />

O orçamento advindo da fase<br />

anterior é retrabalhado,<br />

adquirindo maior nível <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>talhes e precisão<br />

Várias configurações são<br />

propostas e é selecionada<br />

aquela que melhor atenda aos<br />

requisitos, que são compostos<br />

<strong>de</strong> objetivos, parâmetros e<br />

restrições<br />

Fuselagem, asa e outros<br />

componentes são<br />

dimensionados e integrados<br />

A estrutura usualmente não é<br />

dimensionada, mas o arranjo <strong>de</strong><br />

partes tais como nervuras,<br />

longarinas, cavernas, painéis <strong>de</strong><br />

acesso é estabelecido<br />

TD (Technical <strong>de</strong>scription):<br />

sistemas da aeronave<br />

EBD (Engineering Basic Data):<br />

<strong>de</strong>sempenho e layout estrutural<br />

O motor e, portanto, o seu<br />

fornecedor é escolhido <strong>de</strong><br />

acordo com requisitos tais<br />

como capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sangria <strong>de</strong><br />

ar, tração, consumo,<br />

dimensões, etc...<br />

Nesta fase, usualmente realizase<br />

algumas campanhas <strong>de</strong><br />

ensaio em túnel <strong>de</strong> vento.<br />

Tabela IIq – Escopo da fase <strong>de</strong> projeto conceitual.


Figura II.16 – Tópicos importantes que <strong>de</strong>vem ser abordados no projeto<br />

conceitual.<br />

Fig. II.17 – Ativida<strong>de</strong>s típicas do projeto conceitual.


II.4.1 Estabelecimento <strong>de</strong> requisitos <strong>de</strong> projeto<br />

<strong>Conceitual</strong>mente, a análise <strong>de</strong> requisitos inclui três tipos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s:<br />

<br />

<br />

<br />

Elicitação dos requisitos: é a tarefa <strong>de</strong> comunicar-se com os usuários e clientes<br />

para a elaboração dos requsitos.<br />

Análise <strong>de</strong> requisitos: <strong>de</strong>termina se o estado dos requisitos é obscuro,<br />

incompleto, ambíguo, ou contraditório e atua-se <strong>de</strong> modo a resolver os<br />

problemas.<br />

Registros dos requisitos: os requisitos po<strong>de</strong>m ser documentados <strong>de</strong> várias<br />

formas, tais como documentos <strong>de</strong> linguagem natural, casos <strong>de</strong> uso, ou processo<br />

<strong>de</strong> especificação.<br />

Análise <strong>de</strong> requisitos po<strong>de</strong> ser um processo longo e árduo. Novos sistemas ou produtos<br />

mudam o ambiente e a relação entre as pessoas. Então, é muito importante i<strong>de</strong>ntificar<br />

todos os envolvidos, levando em conta todas as suas necessida<strong>de</strong>s e assegurando que<br />

eles compreen<strong>de</strong>ram as implicações dos novos sistemas. Os analistas po<strong>de</strong>m empregar<br />

várias técnicas para elicitar os requisitos dos clientes. Historicamente, isto envolve<br />

coisas tais como organizar entrevistas ou grupos focais (workshops) e a criação <strong>de</strong> lista<br />

<strong>de</strong> requisitos. Técnicas mais mo<strong>de</strong>rnas incluem prototipação, mo<strong>de</strong>los em escala ou<br />

fabricação <strong>de</strong> mock-ups, e casos <strong>de</strong> uso, on<strong>de</strong> o analista irá aplicar uma combinação <strong>de</strong><br />

métodos para estabelecer os requisitos exatos das partes interessadas, tal que um sistema<br />

que atenda as necessida<strong>de</strong>s do negócio seja produzido.<br />

Alguns dos problemas que po<strong>de</strong>m inibir a obtenção dos requisitos:<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Usuários não sabem o que eles querem.<br />

Usuários que não querem concluir a escrita do conjunto <strong>de</strong> requisitos.<br />

Comunicação com o usuário é lenta<br />

Os usuários frequentemente não participam nas revisões ou são incapazes <strong>de</strong><br />

fazer isto.<br />

Os usuários são tecnicamente poucos sofisticados.<br />

Os usuários não enten<strong>de</strong>m o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Isto <strong>de</strong>ve levar a situações on<strong>de</strong> os requisitos do usuário continuam mudando mesmo<br />

quando o <strong>de</strong>senvolvimento do sistema ou produto já se iniciou.<br />

II.4.1.1 Estudo <strong>de</strong> caso: CBA-123 e SAAB 2000<br />

Na segunda meta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong> 1980, a Embraer estava buscando um sucessor do bem<br />

sucedido Ban<strong>de</strong>irante, o qual atingiu a marca <strong>de</strong> 500 unida<strong>de</strong>s fabricadas. Pesquisas <strong>de</strong><br />

mercado com possíveis operadores indicaram que a nova geração <strong>de</strong> aviões regionais<br />

<strong>de</strong>veria proporcionar maior conforto e ser mais veloz. Assim, a Embraer iniciou os<br />

estudos <strong>de</strong> conceito e uma configuração pressurizada com motores turboélices<br />

posicionados na cauda surgiu, um arranjo <strong>de</strong> motores não convencional. O mo<strong>de</strong>lo foi<br />

<strong>de</strong>signado pela Embraer <strong>de</strong> EMB-123. A razão do posicionamento dos motores na<br />

cauda é simples: por conta do requisito <strong>de</strong> maior velocida<strong>de</strong>, os motores necessitavam<br />

ser mais potentes (O EMB-123 seria equipado com motores <strong>de</strong> 1.300 shp). Deste modo,<br />

se fossem colocados na asa, o ruído gerado na cabine <strong>de</strong> passageiros causaria muito<br />

<strong>de</strong>sconforto, comprometendo o requisito <strong>de</strong> maior conforto apontado pelos operadores.<br />

Adicionalmente, em caso <strong>de</strong> falha <strong>de</strong> motor, o momento causado pela tração do motor<br />

em funcionamento iria requerer um estabilizador horizontal <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões.


Posteriormente, o Presi<strong>de</strong>nte brasileiro à época José Sarney assinou com o Presi<strong>de</strong>nte<br />

argentino Raúl Alfonsin um acordo <strong>de</strong> cooperação Brasil-Argentina. A partir daí, a<br />

Fábrica Militar <strong>de</strong> Aviones <strong>de</strong> Córdoba (FAMA) juntou-se à Embraer no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento e o avião passou a ser <strong>de</strong>signado CBA-123 (advindo <strong>de</strong> Cooperação<br />

Brasil-Argentina). O CBA-123 (Fig. II.18 e Tabela IIr) também incorporou sistemas<br />

avançados como freio <strong>de</strong> carbono e a fuselagem traseira foi reprojetada assumindo um<br />

formato <strong>de</strong> garrafa <strong>de</strong> ―coca-cola‖ para melhorar a eficiência propulsiva das hélices. O<br />

CBA-123 teria um preço <strong>de</strong> lista <strong>de</strong> US$ 5,5 milhões, o que na época afastou<br />

compradores. O programa do CBA-123 foi encerrado em 1992, após a construção <strong>de</strong><br />

três protótipos. Um <strong>de</strong>les foi restaurado e encontra-se em exibição ao ar livre <strong>de</strong>ntro da<br />

área ocupada pelo Memorial Aerospacial Brasileiro (MAB), em São José dos Campos,<br />

São Paulo, Brasil (Fig. II.8).<br />

Figura II.18 – CBA-123 (à esquerda) e SAAB 2000.<br />

Da mesma forma como ocorreu com a Embraer, a empresa sueca SAAB realizou<br />

estudos <strong>de</strong> mercado e, novamente, os operadores indicaram que <strong>de</strong>sejavam aviões com<br />

maior velocida<strong>de</strong> e conforto para os passageiros. Em 1988, a SAAB iniciou o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do SAAB 2000 (Fig. II.8), um bi-turboélice pressurizado capaz <strong>de</strong><br />

transportar 50 passageiros. O SAAB 2000 voou pela primeira vez em 1992 e entrou em<br />

operação em 1994. O mo<strong>de</strong>lo era capaz <strong>de</strong> cruzar a 665 km/h (370 nós). Para aten<strong>de</strong>r ao<br />

requisito <strong>de</strong> nível <strong>de</strong> ruído na cabine <strong>de</strong> passageiros (conforto), a SAAB incorporou um<br />

sistema ativo <strong>de</strong> mitigação do ruído <strong>de</strong> fundo, o qual usava microfones e alto-falantes<br />

distribuídos na cabine. O volume <strong>de</strong> vendas do Saab 2000 foi pequeno. O maior<br />

comprador do mo<strong>de</strong>lo foi a Crossair, uma empresa aérea regional, na qual a Swissair<br />

tinha participação <strong>de</strong> 56%. A Crossair adquiriu 34 aeronaves e ainda estava operando-as<br />

em 2005. Devido à <strong>de</strong>manda limitada, a SAAB cessou a produção do SAAB 2000 em<br />

1999. No ano 2000, cinquenta e quarto unida<strong>de</strong>s do SAAB 2000 ainda estavam em<br />

serviço.<br />

Quais foram as razões para o insucesso comercial do CBA-123 e do SAAB 2000? Para<br />

ajudar a respon<strong>de</strong>r esta questão, algumas observações são feitas com bases em<br />

informações constantes em reportagens que saíram em várias revistas especializadas em<br />

aeronáutica e aviação.<br />

a. CBA-123<br />

À Embraer foi prometido que algumas encomendas governamentais por parte da<br />

Argentina e Brasil iriam ocorrer. No entanto, elas não aconteceram e a Embraer se viu<br />

obrigada a recorrer aos bancos privados para continuar com o <strong>de</strong>senvolvimento do<br />

CBA-123. Isto, aliado ao custo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do jato EMB-145 (Fig. II.19)<br />

levaram a empresa a um estado falimentar, tendo que contar com ajuda governamental<br />

para continuar existindo e resultando na privatização no final <strong>de</strong> 1994. No final dos anos<br />

1980, o Brasil passava por uma grave crise financeira e esta foi a razão da Embraer<br />

carecer <strong>de</strong> apoio governamental para o <strong>de</strong>senvolvimento do CBA-123.


Parameter CBA-123 Jetstream 31<br />

Velocida<strong>de</strong> máxima <strong>de</strong> cruzeiro: 612 km/h 488 km/h<br />

Alcance com carga paga máxima: 925 km 1260 km<br />

Teto <strong>de</strong> serviço: 11.094 m (36.400 pés) 7.620 m (25.000 pés)<br />

Área alar: 27,2 m 2 25,2 m 2<br />

Diâmetro da fuselagem central: 2,28 m 1,83 m<br />

Peso máximo <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem: 7.711 kg 6.950 kg<br />

Distância <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem (peso máximo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem, nível do mar, ISA):<br />

1.300 m 1.030 m<br />

Tabela IIr – Dados comparativos entre o CBA-123 e o Jetstream 31.<br />

Figura II.19 – Anúncio da Embraer no ano <strong>de</strong> 1990 promovendo os<br />

seus principais produtos para a aviação regional: o EMB-145 ao<br />

alto; o EMB-120 Brasilia à esquerda ; e o CBA-123 para 19 assentos<br />

à direita.


Comumente, os anos 80 são chamados <strong>de</strong> década perdida no que se refere ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento econômico. Vivido pelo Brasil e por outros países da América Latina,<br />

esse período <strong>de</strong> estagnação formou-se com uma retração agressiva da produção<br />

industrial e do PIB mundial. Na maioria <strong>de</strong>stas nações, os anos 1980 são o mesmo que<br />

crise na economia, inflação, crescimento baixo do Produto Interno Bruto (PIB),<br />

volatilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mercados e aumento da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social. No que se refere à<br />

economia brasileira, durante os anos 80, foram verificadas reduções no PIB, sendo que<br />

o crescimento médio que era <strong>de</strong> 7% (anos 1970) caiu para 2% na década <strong>de</strong> 1980. Fora<br />

isso, as taxas internacionais <strong>de</strong> juros, que aumentaram por conta da inflação norteamericana,<br />

causaram um crescimento da dívida do Brasil com os EUA, além do<br />

aumento do déficit público. A dívida interna seguia o mesmo caminho, aumentando<br />

cada vez mais por causa da política fiscal expansionista do Governo brasileiro.<br />

Costuma-se dizer que os anos 1980 foram o enterro da expansão vivida nos anos 1970,<br />

que ficou conhecida como milagre econômico.<br />

Assim, o cenário econômico-financeiro daquela época teve um grave impacto no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do CBA-123, que foi consi<strong>de</strong>rado muito sofisticado e caro <strong>de</strong>mais<br />

para o mercado a que se <strong>de</strong>stinava. A Embraer chegou a cogitar a reprojetar o CBA-123<br />

para torná-lo menos sofisticado e <strong>de</strong> menor preço <strong>de</strong> aquisição, mas a falta <strong>de</strong> capital e<br />

as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> investimento no programa do EMB-145 fizeram com o que o<br />

programa do CBA-123 fosse abandonado. O CBA-123 tinha o diferencial <strong>de</strong> maior<br />

espaço na cabine <strong>de</strong> passageiros em relação aos aviões existentes, pressurizados e não<br />

pressurizados, além <strong>de</strong> melhor <strong>de</strong>sempenho. Contudo, o mercado não estava mesmo<br />

disposto a pagar a mais por esses atrativos. O beijo da morte do programa do CBA-123<br />

veio com a Guerra do Golfo no início dos anos 1990, o que ocasionou uma retração<br />

enorme do mercado <strong>de</strong> aviação. O programa, que havia sido iniciado em 1986, foi<br />

cancelado em 1992.<br />

Figura II.20 – Beechcraft 1900D, aeronave pressurizada para 19 passageiros.<br />

O certificado <strong>de</strong> que o mercado do CBA-123 era significativo veio com o montante <strong>de</strong><br />

vendas do Beechcraft 1900 (Fig. II.20), o qual, <strong>de</strong> acordo com a Wikipedia<br />

(http://en.wikipedia.org/wiki/Beechcraft_1900), 695 unida<strong>de</strong>s foram fabricadas. O<br />

Beechcraft 1900 originou-se do turboélice Beechcraft Super Kingair, com capacida<strong>de</strong><br />

para 13 passageiros. O 1900 realizou o seu primeiro voo em 1992 e entrou em serviço<br />

em 1994. Os competidores pressurizados que já estavam em operação por ocasião do<br />

início do <strong>de</strong>senvolvimento do 1900 são o Jetstream 31 e o Fairchild Swearingen<br />

Metroliner,o primeiro com 386 e o último com 600 unida<strong>de</strong>s vendidas (Informações da<br />

Wikipedia).


. SAAB 2000<br />

De modo análogo ao ocorrido com a Embraer no caso do CBA-123, a empresa SAAB<br />

fez a mesma leitura dos <strong>de</strong>sejos e necessida<strong>de</strong>s do mercado, porém incompleta. A<br />

Embraer não se pautou pelo preço que o mercado estaria disposto a pagar por um avião<br />

<strong>de</strong> 19 assentos; e a SAAB pela motorização que o mercado ansiava à época para um<br />

avião regional <strong>de</strong> 50 assentos: eles queriam jato.<br />

Alguns aci<strong>de</strong>ntes fatais com aviões turboélice nos Estados Unidos no início dos anos<br />

1990 causaram gran<strong>de</strong> temor por este tipo <strong>de</strong> aviões entre os passageiros. Aliado a isto,<br />

surgiram alguns motores a jato na faixa <strong>de</strong> tração para uma aeronave <strong>de</strong> 50 passageiros<br />

no mercado, o Allison AE 3007 e o General Electric CF-34, notadamente. Esses<br />

motores econômicos permitiram o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma nova geração <strong>de</strong> aviões a<br />

jato, ocupando o a fatia do mercado antes dominada pelos turboélices. A pioneira na<br />

consi<strong>de</strong>ração da introdução do jato <strong>de</strong> 50 assentos na década <strong>de</strong> 1990 foi a empresa<br />

norte-americana COMAIR. A COMAIR operava o turboélice EMB-120 Brasilia e por<br />

conta disso iniciou entendimentos com a Embraer para a aquisição <strong>de</strong> um jato <strong>de</strong> 45<br />

assentos, no que viria a se tornar o EMB-145 (rebatizado pela Embraer posteriormente<br />

<strong>de</strong> ERJ 145, com a capacida<strong>de</strong> aumentada para 50 assentos). Contudo, por causa da<br />

crise financeira que a Embraer atravessava e, também, por causa <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões erradas no<br />

tocante a configuração do EMB-145, que inicialmente dispunha <strong>de</strong> motores sobre a asa<br />

(Fig. II.19), a COMAIR acabou se voltando para a Canadair (atualmente, Bombardier).<br />

Ela e a Lufthansa foram as pioneiras na introdução bem-sucedida do jato regional <strong>de</strong> 50<br />

assentos, no caso o CRJ-100 (Fig. II.21) que entrou em operação em 1992. A Embraer<br />

continuou com o <strong>de</strong>senvolvimento do EMB-145, que entrou em operação no início <strong>de</strong><br />

1997 com a Continental Express (Atualmente, Express Jet). Também o CRJ-100/200 e<br />

os aviões da família do ERJ 145 registraram a marca expressiva <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> mil<br />

unida<strong>de</strong>s comercializadas.<br />

Figura II.21 – Canadair CRJ-100.<br />

O SAAB 2000 custava quase o mesmo <strong>de</strong> um jato regional, que embora apresentasse<br />

maior consumo <strong>de</strong> combustível permitia maior utilização diária graças à sua maior<br />

velocida<strong>de</strong>. Este avião causou a saída da empresa SAAB do mercado <strong>de</strong> aviação civil.<br />

Isto ilustra bem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se enten<strong>de</strong>r corretamente os requisitos do mercado.


c. VFW 614<br />

O impressionante sucesso do CRJ-100/200 e da família do ERJ 145 po<strong>de</strong> ser entendido<br />

com a segunda era do jato. A primeira era <strong>de</strong>u-se no final dos anos 1950 através do<br />

surgimento no mercado <strong>de</strong> jatos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>, notadamente o Boeing 707 e o<br />

Douglas DC-8. Contudo, o CRJ e o ERJ não são os pioneiros dos jatos regionais. A esta<br />

altura, é importante mencionar o caso do jato regional VFW 614 (Fig. II.22), cujo<br />

<strong>de</strong>senvolvimento iniciou-se em 1961 culminando com a entrada em operação em 1975.<br />

Nota-se que é um tempo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento muito longo, principalmente em um<br />

período no qual a aviação mudou consi<strong>de</strong>ravelmente. É um caso que se po<strong>de</strong> afirmar<br />

que os requisitos iniciais <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ser válidos. Vale lembrar que o mundo viveu o<br />

choque da elevação abrupta do preço do petróleo em 1973, o que tornou a operação<br />

econômica do VFW 614 <strong>de</strong>finitivamente inviável.<br />

O VFW 614 foi originalmente proposto em 1961 pelo grupo Entwicklungsring Nord<br />

(ERNO), compreen<strong>de</strong>ndo a Focke-Wulf Hamburger Flugzeugbau (HFB) e a Weser.<br />

Desigando <strong>de</strong> E.614, era uma aeronave <strong>de</strong> transporte na faixa <strong>de</strong> 36-40 assentos,<br />

alimentado por dois Lycoming PLF1B-2 turbofans <strong>de</strong> baixa razão <strong>de</strong> passagem<br />

(pioneiro à época). A indústria da Alemanha Oci<strong>de</strong>ntal foi posteriormente reorganizada<br />

e a Vereinigte Flugtechnische Werke (VFW) foi criada em Bremen. O <strong>de</strong>senvolvimento<br />

do que era agora o VFW 614 continuou.<br />

Fig. II.22 – VFW 614 um jato <strong>de</strong> 40 assentos cujo <strong>de</strong>senvolvimento iniciou-se em<br />

1961.<br />

Embora a Lycoming abandonasse o <strong>de</strong>senvolvimento do PLF1, o trabalho com o VFW<br />

614 continou com a disponibilida<strong>de</strong> do Rolls-Royce/SNECMA M45H turbofan, que foi<br />

<strong>de</strong>senvolvido especialmente para o VFW 614. Em 1968, foi dado o sinal ver<strong>de</strong> ao<br />

programa, com 80% <strong>de</strong> participação financeira do Governo da Alemanha Oci<strong>de</strong>ntal.<br />

Produção em escala completa foi aprovada em 1970, época em que VFW tinha se<br />

fundido com a Fokker (um arranjo um pouco infeliz, que durou apenas <strong>de</strong>z anos).<br />

Também, acordos <strong>de</strong> parceria <strong>de</strong> risco haviam sido celebrados com SIAT na Alemanha,


Fairey e SABCA na Bélgica e Shorts no Reino Unido. A montagem final da aeronave<br />

seria realizada em Bremen.<br />

O primeiro dos três protótipos voou em 14 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1971. O avião tinha uma<br />

configuração não convencional, com os motores M45H montados em pilones acima das<br />

asas. Este arranjo foi utilizado para evitar a penalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> maior peso estrutural caso os<br />

motores fossem posicionados na fuselagem tarseira e, também, problemas <strong>de</strong> ingestão<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>tritos se os motores fossem acomodados sob as asas. Isto permitiu um trem <strong>de</strong><br />

pouso curto e robusto, especialmente a<strong>de</strong>quado para operações em pistas mal<br />

preparadas.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento do avião foi lento e <strong>de</strong>morado e os pedidos também custaram a se<br />

materializar, apesar <strong>de</strong> uma forte campanha publicitária. Esta penosa situação foi<br />

piorada pela falência da Rolls-Royce em 1971, o que ameaçou o fornecimento <strong>de</strong><br />

motores. Além disso, o primeiro protótipo foi perdido em 1 o fevereiro <strong>de</strong> 1972, <strong>de</strong>vido<br />

ao surgimento <strong>de</strong> flutter no profundor, prejudicando ainda mais a carteira <strong>de</strong> pedidos.<br />

Por volta <strong>de</strong> fevereiro 1975, apenas <strong>de</strong>z aeronaves havim sido vendidas. O primeiro<br />

exemplar <strong>de</strong> produção do VFW 614 voou em abril <strong>de</strong> 1975 e foi entregue a<br />

dinamarquesa Cimber Air quatro meses <strong>de</strong>pois.<br />

Apenas três companhias aéreas e a Luftwaffe operaram os 614s. O mo<strong>de</strong>lo era propenso<br />

a problemas <strong>de</strong> motor, e era muito caro <strong>de</strong> operar. O programa foi oficialmente<br />

cancelado em 1977, e a última aeronave disponível para venda voou em julho <strong>de</strong> 1978.<br />

A maioria das aeronaves estava inoperante por volta <strong>de</strong> 1981, com o fabricante<br />

comprando <strong>de</strong> volta os exemplares que haviam sido comercializados.<br />

d. ERJ 140<br />

O ERJ 140 (Fig. II.23) também oferece um caso interessante <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> requisitos. A<br />

American Eagle operava o jato <strong>de</strong> 50 assentos ERJ 145 da Embraer. Os pilotos <strong>de</strong> jatos<br />

<strong>de</strong> menor capacida<strong>de</strong> tinham salários consi<strong>de</strong>ravelmente menores do que aqueles que<br />

operavam jatos <strong>de</strong> média e gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>. Em função disso, as associações <strong>de</strong><br />

pilotos, que tinham muito po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> barganha à época, impunham às companhias aéreas<br />

que operavam os jatos regionais uma limitação do número <strong>de</strong> aeronaves que podiam ser<br />

adquiridas, o que ficou conhecido como scope clauses (cláusula compromissória).<br />

Assim, a American Airlines (proprietária da American Eagle), que já havia atingido o<br />

limite <strong>de</strong> operação com aviões com 50 assentos ou mais, solicitou à Embraer o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma versão encurtada do ERJ 145, capaz <strong>de</strong> transportar 44<br />

passageiros. Então, o requisito era o <strong>de</strong> encurtar o ERJ 145 para acomodar 44<br />

passageiros ao invés dos 50 em uma configuração típica. Naturalmente, isto também era<br />

o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> algumas outras companhias aéreas norte-americanas que também estavam<br />

sujeitas à scope clauses com os seus respectivos pilotos.<br />

Antes do ERJ 140, a Embraer <strong>de</strong>senvolveu o ERJ 135 para 37 passageiros. Assim, um<br />

dos protótipos do ERJ 145 (PT-ZJA) foi encurtado em 3,54 m para a campanha <strong>de</strong><br />

certificação do novo mo<strong>de</strong>lo. O ERJ 135 foi certificado pelo FAA em 1999. Neste<br />

mesmo ano, a Embraer anunciou o <strong>de</strong>senvolvimento do ERJ 140 para aten<strong>de</strong>r à<br />

solicitação <strong>de</strong> algumas empresas aéreas como mencionado anteriormente. Novamente, o<br />

PZ-ZJA foi modificado, agora sendo estendido em 2,12 m, ficando com um<br />

comprimento total <strong>de</strong> 28,45 m. O protótipo do ERJ 150 voou pela primeira vez em 27<br />

<strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2000. O ERJ 140 entrou em operação em 2001 com a American Eagle. O<br />

posto <strong>de</strong> pilotagem, e, portanto, o painel frontal do ERJ 140, (Fig. I.24) é o mesmo do<br />

seu irmão maior, o ERJ 145.


Figura II.23 – O ERJ 140 foi uma versão encurtada do ERJ 145 solicitada pela<br />

American Airlines (Imagem: Microsoft Flight Simulator X).<br />

Fig. II.24 – Parte do painel frontal do ERJ 140 (Imagem: Microsoft Flight<br />

Simulator X).


III<br />

III.1<br />

III.2<br />

Método simplificado para estimação <strong>de</strong> peso<br />

Definições <strong>de</strong> peso<br />

Conceitos <strong>de</strong> aerodinâmica<br />

Fig. III.3 – Características do escoamento ao redor <strong>de</strong> um cilindro em função do<br />

número <strong>de</strong> Reynolds<br />

III.2.1 Arrasto aerodinâmico<br />

A força <strong>de</strong> arrasto atua na direção do vento relativo. Ela tem basicamente dois<br />

componentes: forças tangenciais e normais. Contudo <strong>de</strong>vido a interação <strong>de</strong>sses dois<br />

componentes, a classificação dos subtipos <strong>de</strong> arrasto nem sempre é fácil e há<br />

discordância entre vários especialistas do assunto [Torenbeek, 1976][Roskam 2000].


III.3<br />

Estimação preliminar <strong>de</strong> massa e arrasto<br />

A Fig. I.4 ilustra um perfil típico <strong>de</strong> missão <strong>de</strong> uma aeronave <strong>de</strong> transporte comercial.<br />

Figura III.4 – Perfil típico <strong>de</strong> missão <strong>de</strong> aeronaves comerciais <strong>de</strong> transporte<br />

Os aviões po<strong>de</strong>m realizar a etapa <strong>de</strong> cruzeiro em várias velocida<strong>de</strong>s, limitado pelo Mach<br />

máximo <strong>de</strong> operação (aeronaves movidas a jato) ou Never Exceed Speed ou VNE<br />

(aeronaves à hélice). Há perfis <strong>de</strong> cruzeiro on<strong>de</strong> a aeronave muda <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong> para<br />

maximizar o alcance à medida que vai se tornando mais leve <strong>de</strong>vido ao consumo <strong>de</strong><br />

combustível. O piloto <strong>de</strong>ve pedir permissão ao controle <strong>de</strong> tráfego aéreo para mudar <strong>de</strong><br />

altitu<strong>de</strong>. Por isso, este tipo <strong>de</strong> cruzeiro é <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> cruzeiro em <strong>de</strong>grau (step<br />

cruise).<br />

As reservas <strong>de</strong> combustível são usadas quando o plano original <strong>de</strong> voo é mudado,<br />

incluindo um requisito para ida a um aeroporto alternativo quando o <strong>de</strong>stino inicial<br />

encontra-se indisponível. O FAA exige uma quantida<strong>de</strong> mínima <strong>de</strong> combustível reserva<br />

como <strong>de</strong>scrito abaixo, mas algumas companhias aéreas em face <strong>de</strong> requisitos<br />

operacionais po<strong>de</strong>m aumentar a quantida<strong>de</strong> estipulada pelo FAA.<br />

Voos domésticos:<br />

Subida para altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> cruzeiro a partir do nível do mar.<br />

Ida a aeroporto alternativo à altitu<strong>de</strong> e velocida<strong>de</strong>s ótimas (Tipicamente 200<br />

milhas náuticas).<br />

Descida até o nível do mar.<br />

Cruzeiro <strong>de</strong> longo alcance <strong>de</strong> 45 minutos.<br />

Voos internacionais:<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Combustível correspon<strong>de</strong>nte a 10% do tempo <strong>de</strong> bloco voando no perfil <strong>de</strong><br />

cruzeiro <strong>de</strong> longo alcance.<br />

Subida do nível do mar à altitu<strong>de</strong> inicial <strong>de</strong> cruzeiro.<br />

Cruzeiro para <strong>de</strong>stino alternativo.<br />

Descida para 1500 pés e espera <strong>de</strong> 30 minutos.<br />

Descida ao nível do mar.


O Peso máximo <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem, W 2 , é então dado pelos seguintes componentes:<br />

(III.1)<br />

Dividindo ambos os lados da Eq. (II.1) por W2 e rearranjando os termos obtemos:<br />

W<br />

2<br />

Wcrew<br />

W<br />

<br />

W<br />

W<br />

E<br />

1<br />

<br />

W<br />

W<br />

payload<br />

fuel<br />

2 2<br />

<br />

<br />

<br />

(III.2)<br />

Figura III.5 - Diagrama carga paga x alcance típico <strong>de</strong> um avião <strong>de</strong> linha<br />

Antes que se possa abordar a resolução da Eq. III.2, é necessário discorrer sobre<br />

diagramas carga paga x alcance <strong>de</strong> aviões <strong>de</strong> transporte. O diagrama <strong>de</strong> carga paga<br />

versus alcance é quase o DNA <strong>de</strong> um avião <strong>de</strong> transporte (Fig. III.5). A reta superior<br />

representa o limite imposto pelo peso máximo zero combustível, ou seja, as limitações<br />

estruturais do avião sem combustível. Entre os pontos B e D do diagrama a limitação é<br />

data pelo peso máximo <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem. Neste segmento, à medida que se aumenta o<br />

alcance, troca-se carga paga por combustível até se chegar à capacida<strong>de</strong> máxima do<br />

combustível utilizável.<br />

Na Fig. III.6 está mostrado o gráfico do diagrama carga paga x alcance das três versões<br />

do jato EMBRAER 170, a Standard, LR (Long Range) e AR (Advanced Range). De<br />

acordo com a Tabela IIIa, todas as três versões têm a mesma capacida<strong>de</strong> máxima <strong>de</strong><br />

combustível, diferindo no peso máximo <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem e no peso máximo zero<br />

combustível (AR em relação às outras duas). Neste caso, o ligeiro aumento do peso<br />

máximo <strong>de</strong> combustível permite-se, entre outros benefícios <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho, que se<br />

acomo<strong>de</strong> mais combustível para uma dada carga paga, atingindo-se com isso <strong>de</strong>stinos


mais distantes; também, para <strong>de</strong>terminada quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> combustível, permite-se<br />

transportar mais passageiros. Depen<strong>de</strong>ndo da rota e da <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> passageiros, isto trás<br />

mais receita para a companhia aérea.<br />

Peso máximo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>colagem (kg)<br />

Peso máximo zero<br />

combustível (kg)<br />

Peso máximo <strong>de</strong><br />

pouso (kg)<br />

Combustível<br />

utilizável máximo<br />

(kg)<br />

Standard LR AR<br />

35.990 37.200 38.600<br />

30.140 30.900<br />

32.800 33.300<br />

9.335<br />

Tabela IIIa – Massas das três versões do EMBRAER 170 (Fonte: EMBRAER).<br />

Figura II.6 – Diagrama carga paga x alcance para s três versões do<br />

EMBRAER 170 (Fonte: EMBRAER).<br />

Nesta altura, po<strong>de</strong>-se voltar à Eq. III.2, a qual po<strong>de</strong> ser resolvida iterativamente a partir<br />

<strong>de</strong> um valor inicial estimado para W 2 . Para isso, necessita-se conhecer o alcance da<br />

aeronave em uma dada carga paga, <strong>de</strong>colando-se com o peso máximo <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem, ou<br />

seja, tipicamente consi<strong>de</strong>rando-se uma condição (B, C ou D) do diagrama carga paga x<br />

alcance (Fig. III.5).<br />

III.4<br />

Estimativa do peso vazio<br />

Dando prosseguimento ao cálculo do MTOW (W 2 ), precisamos estimar o peso vazio,<br />

W E , que po<strong>de</strong> ser fornecido em função do próprio MTOW (método classe I <strong>de</strong> peso) ou<br />

ser calculado pela soma dos pesos estruturais individuais e dos sistemas do avião<br />

(método classe II). Dentro da metodologia Classe I, Raymer [Raymer, 1989] sugere a<br />

seguinte relação entre o MTOW e o W E :


W<br />

E<br />

2<br />

C<br />

/ / <br />

C1 C2 3 C 4 C5<br />

2 w TO 2 2 w vs<br />

a bW AR T W W S MMO K<br />

W <br />

<br />

<br />

(III.3)<br />

A Eq. III.3 foi elaborada para as unida<strong>de</strong>s do sistema inglês.<br />

Os valores dos parâmetros da Eq. III.3 estão fornecidos na Tabela IIIb para algumas<br />

categorias <strong>de</strong> aviões.<br />

a b C1 C2 C3 C4 C5<br />

Jato <strong>de</strong> treinamento 0,00 4,28 -0,10 0,10 0,20 -0,24 0,11<br />

Caça a jato -0,02 2,16 -0,10 0,20 0,04 -0,10 0,08<br />

Cargueiro<br />

militar/bombar<strong>de</strong>iro<br />

0,07 1,71 -0,10 0,10 0,06 -0,10 0,05<br />

Jato <strong>de</strong> transporte 0,32 0,66 -0,13 0,30 0,06 -0,05 0,05<br />

Kvs<br />

=1,00 para asas com enflechamento fixo<br />

<br />

=1,04 para asas com enflechamento variável<br />

Tabela IIIb – Valores das constantes da relação proposta por Raymer entre o<br />

peso vazio e o peso máximo <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem<br />

A Tabela IIIc fornece valores da razão peso básico/operacional (<strong>de</strong>nominadas por<br />

muitos autores <strong>de</strong> eficiência estrutural) para vários aviões <strong>de</strong> linha e jatos executivos.<br />

Po<strong>de</strong>-se notar que o Boeing 777-200LR se <strong>de</strong>staca em termos <strong>de</strong> eficiência estrutural <strong>de</strong><br />

maneira notável.<br />

Mais adiante neste documento, são fornecidas fórmulas empíricas para estimação <strong>de</strong><br />

peso <strong>de</strong> componentes estruturais e <strong>de</strong> sistemas do avião, para que se possa empregar a<br />

metodologia classe II, teoricamente mais precisa.


Aviões <strong>de</strong><br />

linha/<strong>Transporte</strong>s<br />

MTOW<br />

(t)<br />

MLW (t)<br />

Peso Básico<br />

Operacional (t)<br />

BOW/MTOW<br />

Airbus A319 75.5 62.5 40.6 0.537<br />

Airbus A380 560 386 276.8 0.494<br />

ERJ-145LR 22 19.3 12.114 0.550<br />

Embraer 170ER 37.2 32.8 20.94 0.563<br />

Embraer 190LR 50.3 43 27.72 0.551<br />

Boeing 747-400ER 412.769 295.742 180.985 0.438<br />

Boeing 767-400ER 204.117 158.758 103.1 0.505<br />

Boeing 777-200<br />

(HGW, GE Engines)<br />

286.9 206.35 137.05 0.478<br />

Boeing 777-200LR 347.452 223.168 145.15 0.418<br />

Boeing 777-300ER 351.534 251.3 167.83 0.477<br />

Boeing 727-200ADV 95.1 73.1 45.72 0.480<br />

Boeing 757-200 115.65 95.25 62.10 0.537<br />

Boeing 737-900 79.15 66.36 42.56 0.536<br />

Boeing 787-8 219.539 167.829 114.532 0.522<br />

Jatos executivos<br />

MTOW<br />

(t)<br />

MLW (t)<br />

Peso Básico<br />

Operacional (t)<br />

BOW/MTOW<br />

Cessna Citation X 16.14 14.425 9.73 0.603<br />

Dassault Falcon 50 EX 18.498 16.2 9.888 0.535<br />

Embraer Legacy 600 22.50 18.5 13.675 0.600<br />

Cessna Encore 7.634 6.895 4.763 0.624<br />

Gulfstream G350 32.160 29.937 19.368 0.602<br />

Tabela IIIc – dados <strong>de</strong> massa para vários aviões <strong>de</strong> linha e jatos executivos<br />

III.5 Frações <strong>de</strong> massa<br />

Ainda <strong>de</strong>ntro do cálculo do W 2 pela Eq. III.2, os pesos da carga paga, W payload , e da<br />

tripulação, W crew , são naturalmente conhecidos <strong>de</strong> antemão. O peso <strong>de</strong> combustível é a<br />

gran<strong>de</strong> incógnita. A técnica para avaliar o gasto <strong>de</strong> combustível está baseada na<br />

estimação da fração <strong>de</strong> massa em cada fase do perfil da missão mostrada na Fig. III.1,<br />

pois o termo <strong>de</strong> combustível na Eq. I.2 po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>sdobrado da seguinte maneira:<br />

W W W<br />

W W<br />

fuel 0 11<br />

(III.4)<br />

2 2<br />

Po<strong>de</strong>-se facilmente relacionar W 0 a W 2 . Tipicamente, <strong>de</strong> acordo com Roskam (Roskam,<br />

1997). Então, para um jato <strong>de</strong> transporte (Tabela IIc):<br />

W 1 =0,990W 0 (III.5) e W 2 =0,990W 1 (III.6)<br />

Assim, temos que W 0 =1,0203W 2<br />

(III.7)<br />

Consi<strong>de</strong>rando


Wfuel<br />

W0 W11 W11 W11 W10 W9 W4<br />

W3<br />

1,0203 1,0203 ... (III.8)<br />

W W W W W W W W<br />

2 2 2 10 9 8 3 2<br />

Valores típicos das frações <strong>de</strong> massa em vários segmentos são sugeridos por Roskam<br />

[Roskam, 1997] e estão mostrados na Tabela IIId.<br />

Jatos<br />

executivos<br />

Jatos <strong>de</strong><br />

transporte<br />

Patrulha<br />

militar,<br />

Bombar<strong>de</strong>iro,<br />

cargueiro<br />

militar<br />

Turboélice<br />

regional<br />

Partida e<br />

aquecimento<br />

dos motores<br />

Taxi Decolagem Subida Descida<br />

Pouso,<br />

Taxi,<br />

corte dos<br />

motores<br />

0,990 0,995 0,995 0,980 0,990 0,992<br />

0,990 0,990 0,995 0,980 0,990 0,992<br />

0,990 0,990 0,995 0,980 0,990 0,992<br />

0,990 0,995 0,995 0,985 0,985 0,995<br />

Tabela IIId – Frações <strong>de</strong> massa em algumas fases do vôo sugeridas por Roskam<br />

[Roskam, 1997].<br />

III.6<br />

Cálculo do alcance<br />

Para obtermos a fração <strong>de</strong> massa na fase <strong>de</strong> cruzeiro, precisamos ter a informação do<br />

alcance. O alcance total máximo é a distância percorrida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a <strong>de</strong>colagem até o pouso.<br />

O alcance em cruzeiro é obtido do alcance total subtraindo o seu valor da distância<br />

horizontal percorrida na fase <strong>de</strong> subida.<br />

Para <strong>de</strong>rivar uma expressão para o alcance, po<strong>de</strong>mos escrever que a taxa <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong><br />

combustível, m , po<strong>de</strong> ser escrita como:<br />

m<br />

dW<br />

dt<br />

F<br />

F<br />

(III.9)<br />

F<br />

on<strong>de</strong> W F é a carga <strong>de</strong> combustível. Des<strong>de</strong> que<br />

variação do peso com a distância:<br />

dW<br />

dR<br />

F<br />

dW<br />

F<br />

dt<br />

dR<br />

dt<br />

m<br />

V<br />

F<br />

(III.10)<br />

dWF<br />

dW<br />

, obtém-se para a taxa <strong>de</strong><br />

V V<br />

dR dWF<br />

dW<br />

m<br />

m<br />

(III.11)<br />

F<br />

F<br />

W4 f V<br />

W4i<br />

V<br />

R dW dW<br />

m m<br />

<br />

(III.12)<br />

W4i<br />

W4<br />

f<br />

F<br />

F


O termo V / m<br />

F<br />

é <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> alcance específico.<br />

Para continuarmos a <strong>de</strong>senvolver a Eq. III.12 para o cruzeiro, precisamos <strong>de</strong> mais<br />

algumas consi<strong>de</strong>rações. Em cruzeiro, o avião está equilibrado e, assim, a tração é igual<br />

ao arrasto e o peso iguala-se à força <strong>de</strong> sustentação:<br />

1<br />

2<br />

2<br />

L cL<br />

V Sref<br />

W<br />

1<br />

2<br />

2<br />

T D cD<br />

V Sref<br />

(III.13)<br />

(III.14)<br />

Além disso, assumimos que o consumo <strong>de</strong> combustível é diretamente proporcional à<br />

tração, i.e., que mF cTT<br />

(III.15)<br />

on<strong>de</strong> c T é o consumo específico por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tração; T é a tração.<br />

Usando (I.15) obtemos então:<br />

V<br />

V<br />

Vc<br />

W4 i W4 i W4<br />

i L<br />

R dW dW dW<br />

W4 f m<br />

<br />

W4 f W4<br />

f<br />

F<br />

cTT <br />

cT cDW<br />

(III.16)<br />

Assumindo que a aeronave atenha-se a um perfil <strong>de</strong> cruzeiro on<strong>de</strong> a velocida<strong>de</strong> versus a<br />

razão<br />

cL<br />

se mantenha constante, ficaremos com a seguinte integral:<br />

c<br />

D<br />

W4i<br />

Vc W4i<br />

L<br />

VcL 1 VcL Vc <br />

L<br />

W <br />

4i<br />

R dW dW lnW4i<br />

lnW4f<br />

ln (III.17)<br />

W4 f c<br />

W4<br />

f<br />

TcDW cT c<br />

D<br />

W cT cD cT c <br />

D<br />

W <br />

4 f <br />

ou, <strong>de</strong> forma genérica<br />

aM c <br />

L<br />

W <br />

ini<br />

R ln (III.18)<br />

cT c <br />

D<br />

W <br />

final <br />

on<strong>de</strong> a é a velocida<strong>de</strong> do som e M é o número <strong>de</strong> Mach <strong>de</strong> cruzeiro. A Eq. III.18 é<br />

conhecida como Equação <strong>de</strong> Breguet do alcance. A Equação <strong>de</strong> Breguet da autonomia,<br />

que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>duzida <strong>de</strong> forma semelhante, é dada a seguir<br />

1 L W <br />

ini<br />

1 c <br />

L<br />

W <br />

ini<br />

E ln ln (III.19)<br />

c<br />

T D W final c<br />

T c D W <br />

final <br />

Para <strong>de</strong>terminação da fração <strong>de</strong> massa <strong>de</strong> cruzeiro e da espera po<strong>de</strong>-se usar a equação <strong>de</strong><br />

Breguet para alcance e autonomia, respectivamente.<br />

Ainda, po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>senvolver um pouco mais a Eq. III.19. Como o avião <strong>de</strong>ve estar<br />

necessariamente em equilíbrio estático durante a fase <strong>de</strong> cruzeiro, a força <strong>de</strong><br />

sustentação, L, é igual ao peso, como já mencionado:<br />

O que nos permite escrever<br />

L=W 4<br />

(III.20)


1 2<br />

V cLSref<br />

W4<br />

(III.21)<br />

2<br />

Reescrevendo a Eq. III.21, obtemos a velocida<strong>de</strong> como<br />

V<br />

2W<br />

c S<br />

4<br />

(III.22)<br />

L<br />

ref<br />

Introduzindo (III.22) em (III.17), obtemos<br />

R<br />

1<br />

2W<br />

2<br />

4<br />

1 c <br />

L<br />

W <br />

ini<br />

ln <br />

c S c c <br />

W<br />

L ref T D final<br />

<br />

<br />

(III.23)<br />

A Eq. III.23 mostra que se quisermos maximizar o alcance, temos as seguintes opções:<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Maximizar o termo<br />

c<br />

1/2<br />

L<br />

minimizar a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> do ar;<br />

aumentar a carga alar (razão peso/área);<br />

c<br />

D<br />

;<br />

diminuir a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> do ar (voar em altitu<strong>de</strong>s mais elevadas).<br />

Para o cálculo da fração <strong>de</strong> massa <strong>de</strong> cruzeiro,<br />

polar <strong>de</strong> arrasto (curva c D vs. c L ).<br />

W<br />

ini<br />

W<br />

final<br />

, precisa- <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

Outro modo <strong>de</strong> resolver a Equação III.16 é substituir a velocida<strong>de</strong> por uma expressão<br />

advinda da igualda<strong>de</strong> do peso com a sustentação (Eq. III.24). É preciso ressaltar, que ao<br />

lançar mão <strong>de</strong>ste procedimento, o avião está em equilíbrio estático (é o que acontece em<br />

um cruzeiro a altitu<strong>de</strong> constante).<br />

Com Eq. III.24 aplicada à III.16, obtém-se<br />

1 <br />

V W / cL<br />

Sref<br />

(III.24)<br />

2 <br />

1/2<br />

W4 i Vc W4 i 2 W4<br />

i<br />

L<br />

W cL 2 1 cL<br />

dW<br />

R dW dW<br />

W4 f c c W<br />

<br />

W <br />

4 f W<br />

c S c c W 4 f S c c W<br />

T D L ref T D<br />

ref T D<br />

(III.25)<br />

Assumindo, então, que o c L , c D , c T e sejam constantes, tem-se que


2 1 c dW 2 1 c<br />

1/2 1/2<br />

W4<br />

i<br />

L<br />

L<br />

R= <br />

= 2 W4i<br />

W4f<br />

(III.26)<br />

W4<br />

f Sref cT cD W Sref cT cD<br />

Para um avião à hélice, adotando-se o mo<strong>de</strong>lo propulsivo em que o consumo <strong>de</strong><br />

combustível é diretamente proporcional à potência, ou seja, mF cPP<br />

(I.27), e que a<br />

potência seja dada por<br />

DV <br />

P (III.28)<br />

<br />

On<strong>de</strong> η é a eficiência propulsiva da hélice, obtêm-se facilmente as equações <strong>de</strong> alcance<br />

e autonomia <strong>de</strong> maneira semelhante ao que foi feito para o avião a jato.<br />

III.7<br />

Polar <strong>de</strong> arrasto simplificada<br />

Para maximização do alcance dado pela Eq. III.26, precisa-se achar o máximo da razão<br />

<br />

<br />

c<br />

1/2<br />

L<br />

c<br />

D<br />

. Assim, nota-se que aqui se necessita <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> arrasto. A formulação<br />

mais simples <strong>de</strong> uma polar transônica que se po<strong>de</strong> adotar é dada pela Eq. III.29.<br />

c<br />

c c c<br />

2<br />

L<br />

D D0<br />

Dw<br />

ARw<br />

e<br />

<br />

(III.29)<br />

A Eq. III.29 indica que o coeficiente <strong>de</strong> arrasto é composto por três partes: uma <strong>de</strong>las<br />

assumida ser constante por simplicida<strong>de</strong>, o c<br />

D0<br />

; uma outra <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> forma<br />

quadrática do coeficiente <strong>de</strong> sustentação; e uma outra variando basicamente com o<br />

número <strong>de</strong> Mach e coeficiente <strong>de</strong> sustentação, o termo c dw . O termo constante é<br />

<strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> arrasto parasita; o ligado ao quadrado do c L <strong>de</strong> arrasto induzido; e o<br />

último é o coeficiente <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong> onda, associado com a produção <strong>de</strong> ondas <strong>de</strong> choque<br />

no avião.<br />

O arrasto parasita <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> na verda<strong>de</strong> do número <strong>de</strong> Mach e do número <strong>de</strong> Reynolds,<br />

além, naturalmente, da geometria do avião. Neste capítulo, assumiremos que ele é<br />

constante ao longo <strong>de</strong> todo envelope <strong>de</strong> operação do avião e que po<strong>de</strong> ser dado da<br />

seguinte maneira [Roskam, 1997]:<br />

c<br />

D0<br />

Força ArrastoParasita<br />

(III.30)<br />

qS<br />

ref<br />

Na Eq. III.30, q é a pressão dinâmica. A razão entre a força <strong>de</strong> arrasto e a pressão<br />

dinâmica tem unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área. Ela é <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> área equivalente parasita, f. Assim,<br />

temos:<br />

c<br />

D0<br />

f<br />

(III.31)<br />

S<br />

ref


É possível relacionar empiricamente o arrasto parasita à área molhada. Inicialmente,<br />

procura-se a relação entre a área parasita equivalente e a área molhada. O gráfico da<br />

Fig. III.7 ilustra esta relação para aviões a jato. Matematicamente, po<strong>de</strong>mos fazer uso<br />

da seguinte formulação para estabelecer a relação em questão:<br />

log10 f a b log10<br />

Swet<br />

(III.32)<br />

Os coeficientes <strong>de</strong> correlação a e b são eles mesmos diretamente relacionados ao<br />

coeficiente <strong>de</strong> fricção equivalente c fe , este último <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do acabamento superficial<br />

e curvatura das superfícies que compõem o avião. Assim, <strong>de</strong> acordo com algumas<br />

proprieda<strong>de</strong>s dos logaritmos, temos:<br />

b<br />

log f log 10 log S (III.33)<br />

10 10 a 10<br />

log10 f log10<br />

10 a S<br />

b wet<br />

Resultando em<br />

wet<br />

(III.34)<br />

f 10 a S<br />

b (III.35)<br />

wet<br />

Ajustando a regressão da Fig. III.6 <strong>de</strong> modo que b = 1, achamos para jatos <strong>de</strong> transporte<br />

a 2,5229 . Deste modo,<br />

f S S S c S (III.36)<br />

a b 2,5229<br />

10<br />

wet<br />

10<br />

wet<br />

0,003<br />

wet fe wet<br />

Finalmente, para jatos <strong>de</strong> transporte:<br />

c<br />

S<br />

(III.37)<br />

S<br />

D0<br />

0,003<br />

wet<br />

ref<br />

Vale <strong>de</strong>stacar que a Eq. III.37 aplica-se a aviões <strong>de</strong> transporte a jato. Para outras classes<br />

<strong>de</strong> aviões, o valor do c fe é facilmente obtível do gráfico da Fig. III.6. Roskam classifica<br />

a metodologia que foi <strong>de</strong>scrita para o cálculo do c D0 <strong>de</strong> método classe I <strong>de</strong> arrasto<br />

[Roskam, 1997]. Ele também relacionou a estimação da área molhada ao peso máximo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem, W TO . Para aviões <strong>de</strong> transporte a jato, a Eq. III.38 encorpa esta relação:<br />

(III.38)<br />

Na Eq. (III.38), o peso máximo <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem <strong>de</strong>ve ser fornecido em lb. A área<br />

molhada é calculada em ft 2 . Para o Fokker 100, são conhecidos:<br />

W<br />

S<br />

TO<br />

ref<br />

43090 kg<br />

93,5 m<br />

2<br />

E obtemos, então:<br />

S<br />

c<br />

wet<br />

D0<br />

<br />

2<br />

5879 ft (usando a Eq. III.36)<br />

0,0175 (usando a Eq. III.37)


Fig. III.7 – Área parasita equivalente vs. Área molhada para várias classes <strong>de</strong><br />

aviões [Roskam, 1997]<br />

O arrasto induzido está diretamente ligado à produção <strong>de</strong> sustentação no avião (se a<br />

força <strong>de</strong> sustentação é zero, ele é nulo). Por sua vez, a produção <strong>de</strong> sustentação está<br />

associada à produção <strong>de</strong> vorticida<strong>de</strong> (Fig. III.8). Asas emitem vórtices em toda a<br />

extensão do bordo <strong>de</strong> fuga e na pontas formando o início da esteira <strong>de</strong> vórtices. A uma<br />

certa distância do bordo <strong>de</strong> fuga, os vórtices mais fortes originados nas extermida<strong>de</strong>s<br />

das asa retangulares atraem os vórtices <strong>de</strong> menor intensida<strong>de</strong> produzidos ao longo do<br />

restante da envergadura, originando um par <strong>de</strong> vórtices contra-rotativos (Fig. III.9). A<br />

produção da esteira exige uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia. Os vórtices contrarotativos<br />

po<strong>de</strong>m atingir velocida<strong>de</strong>s elevadas (Fig. III.9) e são uma ameaça,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> sua intensida<strong>de</strong>, a outras aeronaves.<br />

Os parâmetros no <strong>de</strong>nominador da Eq. III.39 são o alongamento da asa, AR w , e o<br />

conhecido fator <strong>de</strong> Oswald. O fator <strong>de</strong> Oswald é ditado pela distribuição do<br />

carregamento (o produto da sustentação local pela corda na mesma estação) ao longo da<br />

envergadura das superfícies sustentadoras (asas, EH). Quando maior o fator <strong>de</strong> Oswald,<br />

menor é o arrasto induzido. Para aviões convencionais com flapes recolhidos o fator <strong>de</strong>


Oswald situa-se entre 0,65 e 0,90. Em velocida<strong>de</strong>s supersônicas, o fator <strong>de</strong> Oswald<br />

<strong>de</strong>cresce substancialmente.<br />

Fig. III.8 – O surgimento da esteira <strong>de</strong> vórtices está associado com a produção da<br />

sustentação em asas<br />

Figura III.9 – A intensida<strong>de</strong> dos vórtices contra-rotativos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da sustentação e<br />

as velocida<strong>de</strong>s em seus núcleos po<strong>de</strong>m atingir valores consi<strong>de</strong>ravelmente elevados<br />

I.6 Maximizando o alcance<br />

Agora que dispomos <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> arrasto,mesmo que simplificado, po<strong>de</strong>mos<br />

proce<strong>de</strong>r à maximização do alcance dado pela Eq. II.26. Para tal, precisamos maximizar<br />

1/2<br />

c<br />

o termo<br />

L<br />

c .<br />

D<br />

Desprezando o termo <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong> onda na Eq. III.26, e dividindo ambos os lados por<br />

c obtemos<br />

1/2<br />

L<br />

c c c<br />

(III.39)<br />

c c AR e<br />

3/2<br />

D D0<br />

L<br />

1/2 1/2<br />

L L<br />

<br />

w


1/2<br />

c<br />

Maximizar<br />

L<br />

é o mesmo que minimizar o inverso <strong>de</strong>sta razão. Derivando ambos os<br />

cD<br />

lados da Eq. II.29 em relação ao coeficiente <strong>de</strong> sustentação obtém-se:<br />

1/2<br />

d c <br />

D<br />

1 cD0<br />

3 cL<br />

1/2 <br />

3/2 <br />

dcL cL 2cL 2<br />

ARw<br />

e<br />

(III.40)<br />

Para a obtenção da Eq. II.40, assumimos que o fator <strong>de</strong> Oswald e não varia com a<br />

sustentação. Iguando a Eq. II.40 a zero, finalmente tem-se que:<br />

c<br />

L<br />

AR ec<br />

3<br />

w D0<br />

(III.41)<br />

Substituindo este valor <strong>de</strong> c<br />

L<br />

na equação da polar <strong>de</strong> arrasto, facilmente obtém-se:<br />

c<br />

D<br />

4<br />

cD0<br />

(III.42)<br />

3<br />

e<br />

c<br />

c<br />

L<br />

D<br />

L<br />

AR<br />

w<br />

3<br />

D0<br />

3<br />

AR e c<br />

w D0<br />

(III.43)<br />

D 4cD0<br />

4<br />

3<br />

ec<br />

Para o Fokker 100, calculamos anteriorme que o c D0 = 0,0175. Assumindo para<br />

simplificar que o fator <strong>de</strong> Oswald é 0,80,obtemos para a razão L/D <strong>de</strong> cruzeiro <strong>de</strong> longo<br />

alcance a 35000 pés:<br />

c<br />

c<br />

<br />

AR<br />

c<br />

c<br />

D0<br />

T<br />

w<br />

D, longo alcance D0<br />

L,<br />

longo alcance<br />

<br />

8,43<br />

0,0175<br />

0,69<br />

4<br />

c<br />

<br />

3<br />

0,352<br />

0,0233<br />

L/ D 15,11<br />

longo alcance<br />

lb<br />

h lbf<br />

Agora, é necessário fazer uma verificação da velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cruzeiro, se ela é compatível<br />

com aquelas pertinentes ao Fokker 100. A massa no início do cruzeiro po<strong>de</strong> ser<br />

calculada multiplicando o MTOW pelas frações <strong>de</strong> massa na <strong>de</strong>colagem e na subida<br />

(Tabela IIIc). Assim, a massa em questão da aeronave = 0,995*0,98*43090 = 42017<br />

kg.<br />

Usando-se o coeficiente <strong>de</strong> sustentação obtido anteriormente e a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> da atmosfera<br />

<strong>de</strong> 0,37959 kg/m3 (em 35000 pés), calcula-se uma velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 257 m/s no início do<br />

cruzeiro. Isto nos fornece um número <strong>de</strong> Mach <strong>de</strong> cruzeiro <strong>de</strong> longo alcance <strong>de</strong> 0,87. De<br />

acordo as informações acerca do Fokker 100, isto está muito acima do número <strong>de</strong> Mach


máximo <strong>de</strong> operação (MMO), que é 0,77. Por isso, e também por não ter tração<br />

suficiente para vencer o arrasto nesta condição, muitas aeronaves iniciam o cruzeiro em<br />

uma altitu<strong>de</strong> menor, <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong> inicial <strong>de</strong> cruzeiro. Caso o Fokker 100<br />

cruze em 30000 pés, o número <strong>de</strong> Mach <strong>de</strong> cruzeiro <strong>de</strong> longo alcance cai para 0,77. Em<br />

termos práticos, à medida que a aeronave torna-se mais leve <strong>de</strong>vido ao consumo <strong>de</strong><br />

combustível, ela sobe progressivamente até o teto <strong>de</strong> serviço.<br />

Usando-se a Eq. III.26, calcula-se a fração <strong>de</strong> massa no cruzeiro a 30000 pés. O seu<br />

valor é 0,91. Assim, a massa estimada <strong>de</strong> combustível usado na fase <strong>de</strong> cruzeiro é<br />

0,09 42917 kg ou 3859 kg.<br />

Para avaliar o impacto do fator <strong>de</strong> Oswald no <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> cruzeiro, variou-se este<br />

parâmetro entre 0,65 e 0,85 e calculou-se a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cruzeiro <strong>de</strong> longo alcance e a<br />

massa <strong>de</strong> combustível necessária para que a aeronave cumpra o alcance <strong>de</strong> 1730 km em<br />

30000 pés. Os resultados po<strong>de</strong>m ser analisados com a ajuda dos gráficos das Figs.<br />

III.10 e III.11. É facilmente perceptível que a massa <strong>de</strong> combustível variou cerca <strong>de</strong><br />

250 kg. O número <strong>de</strong> Mach caiu <strong>de</strong> 0,813 para algo em torno <strong>de</strong> 0,762 com o aumento<br />

do fator <strong>de</strong> Oswald, uma diferença consi<strong>de</strong>rável. Não <strong>de</strong>vemos esquecer que o número<br />

<strong>de</strong> Mach máximo <strong>de</strong> operação do Fokker 100 é 0,77.<br />

Figura III.10 – Impacto da variação do fator <strong>de</strong> Oswald no número <strong>de</strong> Mach <strong>de</strong><br />

cruzeiro <strong>de</strong> longo alcance (Fokker 100, cruzeiro à 30000 pés)


Figura III.11 – Impacto da variação do fator <strong>de</strong> Oswald na massa <strong>de</strong> combustível<br />

consumida no cruzeiro (Fokker 100, cruzeiro em 30000 pés)


O código MATLAB que foi escrito para gerar os gráficos das Figs. I.5 e I.6 é dado a<br />

seguir:<br />

%*********************************************************************<br />

% Estimativa do consumo <strong>de</strong> combustivel em cruzeiro do Fokker 100<br />

%*********************************************************************<br />

clc<br />

% constantes<br />

kg2lb = 2.20462262; % fator <strong>de</strong> conversao coversao <strong>de</strong> kg para libra<br />

ft2m = 0.3048;% fator <strong>de</strong> conversao <strong>de</strong> p´s para metros<br />

cfe = 0.0030; % coef <strong>de</strong> fricao equivalente (Dado do Roskam)<br />

% Atmosfera<br />

rho35 = 0.37959; % Densida<strong>de</strong> do ar em 35000 pes (kg/m3)<br />

vsom35= 296.5388; % Velocida<strong>de</strong> do som em 35000 pes (m/s)<br />

rho31 = 0.44165; % Densida<strong>de</strong> do ar em 31000 pes (kg/m3)<br />

vsom31= 301.86; % Velocida<strong>de</strong> do som em 31000 pes (m/s)<br />

rho30 = 0.45831; % Densida<strong>de</strong> do ar em 30000 pes (kg/m3)<br />

vsom30= 303.177; % Velocida<strong>de</strong> do som em 30000 pes (m/s)<br />

% Dados da aeronave<br />

arw= 8.43; % Alongamento da asa<br />

sw=93.5; % Area da asa<br />

mtow=43090; % Masssa maxima <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem<br />

ftakeoff=0.995;<br />

fclimb=0.98;<br />

rangekm=1730; % (km)<br />

ct=0.69; % consumo especifico do motor em cruzeiro (1/h)<br />

%<br />

mtowlb=mtow*kg2lb;<br />

rangem=rangekm*1000;<br />

swft2=sw/(ft2m*ft2m);<br />

areamolhadaft2=0.0199+0.7531*log10(mtowlb);<br />

areamolhadaft2=10^areamolhadaft2;<br />

cd0=cfe*areamolhadaft2/swft2;<br />

oswa = 0.65;<br />

ncont=1;<br />

while oswa < 0.85<br />

e=oswa;<br />

oswplo(ncont)=oswa;<br />

cl_long=sqrt(pi*e*arw*cd0/3);<br />

cd =4*cd0/3;<br />

ld=cl_long/cd;<br />

% Velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cruzeiro <strong>de</strong> longo alcance no inicio do cruz<br />

masscruzi=ftakeoff*fclimb*mtow; % (kg)<br />

vcruz35i=sqrt(masscruzi*9.81/(0.50*rho35*cl_long*sw));<br />

vcruz31i=sqrt(masscruzi*9.81/(0.50*rho31*cl_long*sw));<br />

vcruz30i=sqrt(masscruzi*9.81/(0.50*rho30*cl_long*sw));<br />

% fracao <strong>de</strong> massa no cruzeiro<br />

t1=sqrt(2/(rho30*sw));<br />

t2=(sqrt(cl_long))/cd;<br />

t3=3600/ct;<br />

sqqwf=-rangem/(2*t1*t3*t2)+sqrt(masscruzi*9.81);<br />

massfin=sqqwf^2/9.81;<br />

fmassa=massfin/masscruzi;<br />

mcomb=masscruzi-massfin;<br />

mcomb30plo(ncont)=mcomb;<br />

mach30plo(ncont)=vcruz30i/vsom30;<br />

teralt=rangem*ct/(3600*vcruz30i*ld);<br />

fmassalt=1/exp(teralt);<br />

%


fprintf('\n<br />

CD0e: %5.4f \n',cd0)<br />

fprintf('\n L/D <strong>de</strong> longo alcance: %5.1f \n',ld)<br />

fprintf('\n Velocida<strong>de</strong> no incio do cruzeiro: %5.1f (30000 pes)<br />

\n',vcruz30i)<br />

fprintf('\n Mach no incio do cruzeiro: %4.2f (35000<br />

pés)\n',vcruz35i/vsom35)<br />

fprintf('\n Mach no incio do cruzeiro: %4.2f (31000<br />

pés)\n',vcruz31i/vsom31)<br />

fprintf('\n Mach no incio do cruzeiro: %4.2f (30000<br />

pés)\n',vcruz30i/vsom30)<br />

fprintf('\n Fracao <strong>de</strong> massa no cruzeiro: %4.2f (30000 pés)\n',fmassa)<br />

fprintf('\n Massa <strong>de</strong> combustivel consumida no cruzeiro: %4.2f (30000<br />

pés)\n',mcomb)<br />

oswa=oswa+0.01;<br />

ncont=ncont+1;<br />

end<br />

figure(1)<br />

plot(oswplo,mach30plo,'X--r','LineWidth',2)<br />

xlabel('Fator <strong>de</strong> Oswald');<br />

ylabel('Numero <strong>de</strong> Mach <strong>de</strong> longo alcance');<br />

grid on<br />

print -djpeg -f1 -r500 'emach.jpg'<br />

figure(2)<br />

plot(oswplo,mcomb30plo,'o--b','LineWidth',2)<br />

xlabel('Fator <strong>de</strong> Oswald');<br />

ylabel('Massa <strong>de</strong> combustivel no cruzeiro (kg)');<br />

grid on<br />

print -djpeg -f2 -r500 'efuel.jpg'<br />

Exercício: Faça gráficos análogos aos das Figs. I.5 e I.6 para o Boeing 737-200 .<br />

III.8 Estimativa do peso máximo <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem do Fokker 100<br />

O próximo passo é a estimação do peso máximo <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem (MTOW) do Fokker 100<br />

(equipado com motores R&R Tay 620) a partir das seguintes características <strong>de</strong> missão:<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

O primeiro terço do cruzeiro é feito em 33000 pés <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>; o restante em<br />

35000 pés.<br />

O ponto <strong>de</strong> projeto foi o máximo alcance com máxima carga paga máxima<br />

(11240 kg). Para a missão consi<strong>de</strong>ra-se 45 min <strong>de</strong> espera (loiter), 500 kg <strong>de</strong><br />

combustível adicional para manobras e ida em 1500 pés a um aeroporto<br />

alternativo distante <strong>de</strong> 200 milhas náuticas.<br />

Programou-se uma rotina para cálculo das características da atmosfera padrão<br />

em altitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sejadas.<br />

O valor resultante do peso máximo <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem do Fokker 100 é <strong>de</strong> 42419 kg<br />

(erro <strong>de</strong> 1,55%).<br />

A variação do peso máximo <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem ao longo do processo iterativo é<br />

mostrada na Fig. III.12.<br />

O código resultante em MATLAB® é dado a seguir:


Figura III.12 – Variação do peso máximo <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem do Fokker 100 ao longo do<br />

processo iterativo<br />

function F100mtow()<br />

%*********************************************************************<br />

% Estimativa do peso máximo <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem (MTOW) Fokker 100<br />

%*********************************************************************<br />

clc<br />

clear all<br />

% constantes<br />

kg2lb = 2.20462262; % Fator <strong>de</strong> conversao coversao <strong>de</strong> kg para libra<br />

ft2m = 0.3048;% Fator <strong>de</strong> conversao <strong>de</strong> para para metros<br />

nm2km = 1.852; % Fator <strong>de</strong> conversao <strong>de</strong> milha nautica para km<br />

cfe = 0.0030; % coef <strong>de</strong> fricao equivalente (Dado do Roskam)<br />

% Dados da aeronave<br />

MMO<br />

= 0.77; % Numero <strong>de</strong> Mach maximo <strong>de</strong> operacao<br />

Hcruzi = 33000; % Altitu<strong>de</strong> inicial <strong>de</strong> cruzeiro (pes)<br />

Hcruz = 35000; % Altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> cruzeiro (pes)<br />

T0<br />

= 2*13500; % tracao maxima na <strong>de</strong>colagem, nivel do mar<br />

arw<br />

= 8.43; % Alongamento da asa<br />

afilam = 0.235; %Afilamento da asa<br />

sw<br />

= 93.5; % Area da asa<br />

ncrew = 5;<br />

wcrew = ncrew*95; % Massa dos tripulantes (kg)<br />

wmpayload = 11240; % carga paga maxima (kg)<br />

wfuelmanobra = 500; % combustivel Adicional para manobras (kg)<br />

rangekm = 1730; % Alcance com carga paga maxima(km)<br />

rangealt = 200; % Alcance para <strong>de</strong>stino alternativo (nm)<br />

ctcruz = 0.69; % consumo especifico do motor em cruzeiro (1/h)<br />

tempespera = 45; % Tempo espera (min)


ctesp = 0.60; % Consumo especifico do motor na espera (loiter)<br />

phi14 = 17.45; % Enflechamento: quarter chord sweepback angle<br />

ne<strong>de</strong>basa = 0; % un<strong>de</strong>rwing engines number<br />

tctip = 0.096; % maximum relative thickness of the tip section<br />

tcroot = 0.123; % maximum relative thickness of the tip section<br />

tcmed = 0.5*(tcroot+tctip); % average section maximum thickness<br />

% Fracoes <strong>de</strong> massa<br />

ftakeoff = 0.995;<br />

fclimb = 0.980;<br />

f<strong>de</strong>sc = 0.990;<br />

fpouso = 0.992;<br />

%<br />

mtow = 50000; % Estimativa inicial do MTOW<br />

<strong>de</strong>ltamtow = 1e06;<br />

rangem = rangekm*1000; % (m)<br />

rangealtm = rangealt*nm2km*1000; % (m)<br />

swft2 = sw/(ft2m*ft2m);<br />

%<br />

ncont = 1;<br />

iterplo(1) = 1;<br />

mtowplo(1) = mtow;<br />

%<br />

while <strong>de</strong>ltamtow > 10<br />

mtowlb=mtow*kg2lb; % (lb)<br />

% fracao peso vazio/MTOW<br />

wefrac=wempty(arw,swft2,MMO,mtowlb,T0);<br />

fprintf('\n *** Iteracao no: %g *** \n',ncont)<br />

fprintf('\n Razao peso vazio/peso maximo: %4.3f \n',wefrac)<br />

%<br />

areamolhadaft2=0.0199+0.7531*log10(mtowlb);<br />

areamolhadaft2=10^areamolhadaft2;<br />

cd0=cfe*areamolhadaft2/swft2;<br />

e = oswaldf(MMO, arw, phi14, afilam, tcmed, ne<strong>de</strong>basa);<br />

masscruzi = mtow*ftakeoff*fclimb;<br />

% **** Fracao <strong>de</strong> massa no cruzeiro ****<br />

% Calculo do combustivel no primeiro terco do cruzeiro<br />

[mcombc]=cruzeiro(Hcruzi,masscruzi,arw,sw,e,cd0,rangem/4,MMO,ctcruz);<br />

masscruzi34 = masscruzi - mcombc;<br />

% Calculo do combustivel no restante do cruzeiro<br />

[mcombc]=cruzeiro(Hcruz,masscruzi34,arw,sw,e,cd0,3*rangem/4,MMO,ctcruz<br />

);<br />

massfinalcruz=masscruzi34-mcombc;<br />

% **** Fracao <strong>de</strong> massa na espera ****<br />

k=1/(pi*arw*e);<br />

ldmaxauton=1/(2*sqrt(cd0*k));<br />

tempesperah=tempespera/60;<br />

T1=(tempesperah/ldmaxauton)*ctesp;<br />

fmassesp = 1/exp(T1);<br />

massafinalesp = massfinalcruz*fmassesp;<br />

% **** <strong>de</strong>scida ****<br />

massafinal<strong>de</strong>scida=massafinalesp*f<strong>de</strong>sc;<br />

% **** Fracao <strong>de</strong> massa no cruzeiro para o <strong>de</strong>stino alternativo ****<br />

[mcombc]=cruzeiro(1500,massafinal<strong>de</strong>scida,arw,sw,e,cd0,rangealtm,0.60,1<br />

.02*ctcruz);


massafinalcruzalt=massafinal<strong>de</strong>scida-mcombc;<br />

%<br />

%fmasstot=ftakeoff*fclimb*fmasscruz*fmassesp*f<strong>de</strong>sc*fpouso*fcruzalt;<br />

% massa final 2a <strong>de</strong>scida (nivel do mar)<br />

massafinal2a<strong>de</strong>sc=f<strong>de</strong>sc*massafinalcruzalt;<br />

% Pouso<br />

massafinalpouso=massafinal2a<strong>de</strong>sc*fpouso;<br />

% fracao <strong>de</strong> combustivel consumido na missao<br />

mfuel = mtow-massafinalpouso+wfuelmanobra;<br />

mfuel = mfuel*1.005; % 0.5% of trapped fuel<br />

wfuelfrac=mfuel/mtow;<br />

% recalculo do MTOW<br />

mtownew = (wcrew+wmpayload)/(1-(wefrac+wfuelfrac));<br />

<strong>de</strong>ltamtow = abs(mtownew-mtow);<br />

mtow<br />

= 0.50*(mtow+mtownew);<br />

ncont = ncont +1;<br />

iterplo(ncont) = ncont;<br />

mtowplo(ncont) = mtow;<br />

end<br />

fprintf('\n Peso Máximo <strong>de</strong> Decolagem (MTOW) = %6.0f kg \n',mtow)<br />

figure(1)<br />

plot(iterplo,mtowplo,'--rx','LineWidth',2)<br />

xlabel('Iteração','fontsize',14)<br />

ylabel('MTOW (kg)','fontsize',14)<br />

grid on<br />

function e=oswaldf(Mach,AR,phi14,afilam,tcmed,ne<strong>de</strong>basa)<br />

% Oswald's factor calculation<br />

rad = pi/180;<br />

%<br />

aux1 = 1+0.12*Mach^6;<br />

aux2 = 0.1*(3*ne<strong>de</strong>basa+1)/((4+AR)^0.8);<br />

fy = 0.005*(1+1.5*(afilam-0.6)^2);<br />

aux3 = (0.142+ fy*AR*((10*tcmed)^0.33))/(cos(phi14*rad)^2);<br />

e = 1/(aux1*(1+aux2+aux3));<br />

function [mcombc]=cruzeiro(Hft,masscruzi,arw,sw,e,cd0,rangem,Mamax,ct)<br />

% calcula fracao <strong>de</strong> massa em perfil <strong>de</strong> cruzeiro <strong>de</strong> longo alcance<br />

atm=atmosfera(Hft,0);<br />

rhoi = atm(6);<br />

vsomi = atm(7);<br />

%<br />

cl_long = sqrt(pi*e*arw*cd0/3);<br />

cd = 4*cd0/3;<br />

%<br />

% Velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cruzeiro <strong>de</strong> longo alcance<br />

vcruzi=sqrt(masscruzi*9.81/(0.50*rhoi*cl_long*sw));<br />

machi=vcruzi/vsomi;<br />

if machi > Mamax<br />

vcruzi=Mamax*vsomi;<br />

cl_long=masscruzi*9.81/(0.50*rhoi*sw*vcruzi*vcruzi);<br />

cd=cd0 + cl_long^2/(pi*arw*e);<br />

end<br />

% calculo da massa <strong>de</strong> combustivel consumida<br />

t1=sqrt(2/(rhoi*sw));


t2=(sqrt(cl_long))/cd;<br />

t3=3600/ct;<br />

sqqwf =-rangem/(2*t1*t3*t2)+sqrt(masscruzi*9.81);<br />

massfin = sqqwf^2/9.81;<br />

mcombc = masscruzi-massfin;<br />

%<br />

function wefrac=wempty(arw,sw,MMO,W2lb,T0)<br />

% calculo da razao peso vazio/peso maximo <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem<br />

% Referencia: Raymer<br />

a=0.32;<br />

b=0.66;<br />

C1=-0.13;<br />

C2=0.30;<br />

C3=0.06;<br />

C4=-0.05;<br />

C5=0.05;<br />

%<br />

wefrac=a+b*((W2lb^C1)*(arw^C2)*((T0/W2lb)^C3)*((W2lb/sw)^C4)*MMO^C5);<br />

function atm=atmosfera(hp,isa)<br />

%<br />

% Purpose: standard atmosphere calculation<br />

% entradas (input):<br />

%---------------------------------------------------------------------<br />

% 1- hp: altitu<strong>de</strong> (pés)<br />

% 2- isa: <strong>de</strong>lta ISA<br />

%---------------------------------------------------------------------<br />

% Saidas (output)<br />

% atm(1): Temperatura ISA (K)<br />

% atm(2): Relação <strong>de</strong> Temperatura obtida pela temperatura padrao ao<br />

nivel do<br />

% mar<br />

% atm(3): Relação <strong>de</strong> pressões (pressão obtida / pressão ao nivel do<br />

mar)<br />

% atm(4): Relação <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s (<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> obtida/ <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> nivel<br />

do mar)<br />

% atm(5): Pressao (kPa)<br />

% atm(6): Densida<strong>de</strong> (kg/m3)<br />

% atm(7): Velocida<strong>de</strong> do som (m/s)<br />

% atm(8): Viscosity dinamica do ar (kg/(m.s))<br />

%---------------------------------------------------------------------<br />

% calculo da atmosfera padrao<br />

g = 9.80665; %gravidad<strong>de</strong><br />

temp = 288.15; %temperatura<br />

rho = 1.225; % <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

pres = 101325; % pressao<br />

gama = 1.4; % cp/cv<br />

R = 29.26; % constante dos gases<br />

%<br />

if hp


o=rho*sigma; %<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

va=sqrt(gama*g*R*TAE);% velocida<strong>de</strong> do som<br />

atm(1)=TAE; % temperatura isa [K]<br />

atm(2)=teta;<br />

atm(3)=<strong>de</strong>lta;<br />

atm(4)=sigma;<br />

atm(5)=p; %[KPa]<br />

atm(6)=ro; %[Kg/m³]<br />

atm(7)=va; %[m/s]<br />

% air viscosity<br />

mi0=18.27E-06;<br />

Tzero=291.15; % Reference temperature<br />

Ceh= 120; % C = Sutherland's constant for the gaseous material in<br />

% question<br />

atm(8)=mi0*((TAE+Ceh)/(Tzero+Ceh))*((TAE/Tzero)^1.5);<br />

É importante durante a fase <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong> conceito a realização <strong>de</strong> simulações para<br />

avaliar a variação algumas características da aeronave na configuração. Para ilustrar este<br />

processo, proce<strong>de</strong>u-se, com a ajuda do código MATLAB® escrito para estimar o peso<br />

máximo <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem do Fokker 100, à avaliação do impacto da variação do<br />

alongamento da asa nas características da aeronave. A Fig. III.13 contém a variação do<br />

peso máximo <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem em função do alongamento, que correu a faixa <strong>de</strong> 7 a 11.<br />

Esta variação do alongamento acarretou o incremento no peso máximo <strong>de</strong> 42 para quase<br />

43,4 toneladas. O peso vazio subiu <strong>de</strong> 21,65 para 23,5 toneladas, um valor muito<br />

consi<strong>de</strong>rável (Fig. III.13). Finalmente, a Fig. III.15 compara no mesmo gráfico a<br />

evolução do peso máximo <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem e da massa <strong>de</strong> combustível necessária para<br />

realizar a missão. A massa <strong>de</strong> combustível <strong>de</strong>cresceu, graças ao menor arrasto<br />

propiciado pelas asas <strong>de</strong> maior alongamento cerca <strong>de</strong> 550 kg, muito menos do que o<br />

acréscimo do peso vazio.<br />

Então, do estudo acima, qual é o alongamento i<strong>de</strong>al da asa? Esta questão e outras<br />

relativas ao projeto conceitual po<strong>de</strong>m ser respondidas através do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

plataformas <strong>de</strong> projeto multidisciplinar que consi<strong>de</strong>rem objetivos e restrições muito bem<br />

<strong>de</strong>finidas. Também, é necessária a utilização <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> maior fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> das<br />

disciplinas, i. e., muito mais precisos e exatos do que os utilizados neste estudo. <strong>Projeto</strong><br />

conceitual <strong>de</strong> aeronave envolvendo otimização multidisciplinar será visto mais adiante<br />

neste material.


Figura III.13 – Variação do peso máximo <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem em função do alongamento<br />

para uma aeronave com as especificações do Fokker 100 (círculo em azul).<br />

Figura III.14 – Variação do peso vazio em função do alongamento para uma<br />

aeronave com as especificações do Fokker 100 (círculo em azul).


Figura III.15 – Variação do peso máximo <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem e da massa <strong>de</strong> combustível<br />

aeronave com as especificações básicas do Fokker 100 (círculos). Todas as<br />

configurações têm <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhar um alcance <strong>de</strong> 1730 km com carga paga <strong>de</strong><br />

11240 kg e o motor ter tração suficiente para propulsá-las no início do cruzeiro.


IV<br />

IV.1<br />

Método Classe II para estimação <strong>de</strong> peso<br />

Geometria simplificada<br />

IV.1.1 Fuselagem<br />

Use o aplicativo Microsoft Excel PresSTo Cabin (Fig. IV.1) para dimensionar a cabina<br />

<strong>de</strong> passageiros (l pax e d f ) e calcular o comprimento do avião.<br />

Obtível em: http://www.fzt.haw-hamburg.<strong>de</strong>/pers/Scholz/PreSTo/PreSTo-Cabin_1.0.xls<br />

O manual do Presto Cabin, que dá várias indicações dos conceitos <strong>de</strong> sua programação,<br />

po<strong>de</strong> ser obtido em:<br />

http://www.fzt.haw-hamburg.<strong>de</strong>/pers/Scholz/PreSTo/PreSTo-Cabin_Documentation_10-11-15.pdf<br />

Autor: Prof. Dieter Scholz da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências Aplicadas <strong>de</strong> Hamburgo<br />

(HAW), Alemanha.<br />

Um código equivalente em MATLAB foi feito no ITA. Ele está disponível em<br />

http://www.aer.ita.br/~bmattos/download/Cross_section.zip<br />

Figura IV.1 – Seção transversal da fuselagem do Fairchild-Dornier<br />

728Jet obtida com o aplicativo Microsoft Excel Presto da<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências Aplicadas <strong>de</strong> Hamburgo.


IV.1.2 Cone <strong>de</strong> Cauda<br />

De acordo com Roskam (Roskam, 1997) a relação entre o comprimento do cone <strong>de</strong><br />

cauda, , e o diâmetro da fuselagem, , para jatos <strong>de</strong> transporte, historicamente<br />

varia <strong>de</strong> 2,6 a 4.<br />

⁄<br />

On<strong>de</strong><br />

é o comprimento do cone <strong>de</strong> cauda.<br />

IV.1.3 Fuselagem dianteira<br />

De acordo com o Roskam (Roskam, 1997) um valor razoável para a relação entre o<br />

comprimento do nariz e o diâmetro da fuselagem é 1,7, ou seja,<br />

⁄<br />

Assim o comprimento total<br />

da fuselagem é dado pela Equação IV.3.<br />

Área molhada<br />

De acordo com Torenbeek (TORENBEEK 1976) a área molhada da fuselagem po<strong>de</strong> ser<br />

estimada pela Equação IV.4.<br />

⁄<br />

(<br />

⁄<br />

)<br />

(<br />

⁄<br />

)<br />

On<strong>de</strong> S<br />

wet , fus<br />

é a área molhada da fuselagem.<br />

IV.1.2 Asa<br />

Asa trapezoidal<br />

Para o cálculo da asa trapezoidal foram usadas as f´rrmulas geométricas básicas. A<br />

envergadura da asa é obtida da Equação IV.5.<br />

√<br />

On<strong>de</strong> é o alongamento da asa trapezoidal e é a área da asa trapezoidal.<br />

A corda da raiz,<br />

, é calculada pela Equação IV.6.<br />

( )<br />

On<strong>de</strong> é o afilamento da asa trapezoidal.<br />

Para se obter a corda na ponta, , da asa, basta multiplicar a corda da raiz pelo<br />

afilamento.


A corda média geométrica da asa trapezoidal é <strong>de</strong>finida pela Equação IV.8 e a corda<br />

média aerodinâmica, pela Equação IV.9.<br />

⁄<br />

⁄ . /<br />

A distância da corda média aerodinâmica à corda da raiz da asa trapezoidal é obtida pela<br />

Equação IV.10.<br />

( )<br />

Com o enflechamento do quarto <strong>de</strong> corda , que é um parâmetro <strong>de</strong> entrada, po<strong>de</strong>-se<br />

calcular o enflechamento no bordo <strong>de</strong> ataque, pela Equação IV.11; à 50% da corda,<br />

através da Equação IV.12.<br />

Asa <strong>de</strong> referência<br />

arc tan(tan( AR (1 ) / (1 ))) (IV.11)<br />

wLE w1/4<br />

wtr tr tr<br />

arc tan(tan( AR (1 ) / (1 ))) (IV.12)<br />

w1/2 w1/4<br />

wtr tr tr<br />

O cálculo da asa <strong>de</strong> referência foi baseado no Engineering Sciences Data Unit (ESDU).<br />

A formulação do ESDU para cálculo da área <strong>de</strong> referência foi publicado pela primeira<br />

vez em 1976. Des<strong>de</strong> então, ganhou popularida<strong>de</strong> e tornou-se padrão em várias<br />

instituições acadêmicas e fabricantes aeronáuticos. Basicamente, a formulação baseia-se<br />

na manutenção da área exposta original com alguns elementos geométricos comuns à<br />

asa original.<br />

A área em planta da asa original é calculada pela soma das áreas <strong>de</strong> cada painel<br />

trapezoidal (Fig. IV.2). Para a <strong>de</strong>finição da asa <strong>de</strong> referência, traçam-se as linhas do<br />

bordo <strong>de</strong> fuga e bordo <strong>de</strong> ataque mantendo-se a corda na ponta (Fig. IV.2). Assim,<br />

mantém-se a semi-envergadura restante, medida a partir do raio máximo da fuselagem<br />

até a ponta da asa, e a corda na ponta. A partir daí, traça a linha <strong>de</strong> bordo <strong>de</strong> ataque<br />

utilizando-se o princípio da igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> área da asa exposta. Faz-se o mesmo para a<br />

linha do bordo <strong>de</strong> fuga.<br />

A asa <strong>de</strong> referência equivalente ESDU é caracterizada por área em planta menor e maior<br />

alongamento em relação à asa original.


Figura IV.2 – Asa <strong>de</strong> referência <strong>de</strong> acordo com a metodologia do ESDU<br />

Para proce<strong>de</strong>r ao cálculo analítico para uma asa com uma única quebra no bordo <strong>de</strong> fuga<br />

(Fig. IV.3), consi<strong>de</strong>ra-se incialmente que a distância da raiz da fuselagem à raiz da asa,<br />

como <strong>de</strong>finida pela Equação IV.13:<br />

⁄<br />

Figura IV.3 - Parâmetros da asa real<br />

A distância da quebra à raiz da asa é <strong>de</strong>finida pelo parâmetro .


A corda na quebra da asa,<br />

, é <strong>de</strong>finida pela Equação IV.14:<br />

(( ⁄ ) ) ( ( ⁄ ) )<br />

Para <strong>de</strong>terminar a corda da raiz da fuselagem, na asa real, é preciso antes obter a corda<br />

da raiz da fuselagem na asa trapezoidal, .<br />

(( ⁄ ) ) ( ( ⁄ ) )<br />

Assim, a corda da raiz da fuselagem, na asa real,<br />

, é obtida da Equação IV.16:<br />

A área exposta da asa <strong>de</strong> referência,<br />

, é <strong>de</strong>terminada pela Equação IV.17.<br />

Tendo-se <strong>de</strong>terminado a distância da raiz da fuselagem, à raiz da asa, po<strong>de</strong>-se calcular a<br />

corda da raiz da fuselagem na asa <strong>de</strong> referência, .<br />

Uma vez <strong>de</strong>terminada a corda da raiz da fuselagem, na asa <strong>de</strong> referência, po<strong>de</strong>-se obter<br />

a corda, na raiz da asa <strong>de</strong> referência, , através da Equação IV.19.<br />

⁄<br />

⁄<br />

A corda, na raiz da asa real, é <strong>de</strong>finida pela Equação 20.<br />

A Equação II.21 ilustra como po<strong>de</strong> ser obtido o afilamento da asa <strong>de</strong> referência, :<br />

⁄<br />

Obtido o valor do afilamento e da corda, na raiz da asa <strong>de</strong> referência, é possível<br />

calcular a corda média geométrica da asa <strong>de</strong> referência, , pela Equação IV.22 e a<br />

corda média aerodinâmica da asa <strong>de</strong> referência, , <strong>de</strong> acordo com a Equação<br />

IV.23.<br />

⁄<br />

( )


A distância da corda média aerodinâmica à corda da raiz da asa <strong>de</strong> referência é<br />

<strong>de</strong>terminada pela a Equação II.24.<br />

( )<br />

Com a envergadura da asa e a corda média geométrica da asa <strong>de</strong> referência obtém-se o<br />

alongamento da asa <strong>de</strong> referência, e a área da asa <strong>de</strong> referência, .<br />

⁄<br />

Área molhada<br />

De acordo com Torenbeek (TORENBEEK 1976) a área molhada da asa po<strong>de</strong> ser<br />

estimada pela Equação II.27.<br />

⁄ .<br />

⁄<br />

⁄<br />

/<br />

(<br />

On<strong>de</strong> ⁄ e ⁄ são respectivamente a relação entre a espessura da corda na raiz e<br />

na ponta da asa e a .<br />

IV.1.3 Empenagem vertical<br />

A empenagem vertical <strong>de</strong> uma aeronave <strong>de</strong> transporte é constituída <strong>de</strong> uma parte fixa o<br />

estabilizador e uma parte móvel, o leme <strong>de</strong> direção. Estabilida<strong>de</strong> e controle são as<br />

funções básicas da EV.<br />

No dimensionamento da empenagem vertical impactam a condição <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> motor<br />

na <strong>de</strong>colagem e <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> pista e subida, na forma da VMCA e VMCG,<br />

Velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mínimo controle no ar e no solo, respectivamente.<br />

A Fig. IV.4 mostra algumas configurações <strong>de</strong> empenagens verticais em combinações<br />

com horizontais.<br />

)<br />

Figura IV.4 – Algumas configurações <strong>de</strong> empenagens verticais e horizontais


O volume cauda é um fator adimensional usado como referência para o projeto das<br />

empenagens. O volume <strong>de</strong> cauda da empenagem vertical, , é <strong>de</strong>finido da seguinte<br />

maneira:<br />

On<strong>de</strong> é a distância entre o CG e o centro aerodinâmico da empenagem vertical e é<br />

a área da empenagem vertical. Conhecidos os parâmetros da Eq. II.29, po<strong>de</strong>-se então<br />

<strong>de</strong>terminar a área da empenagem vertical.<br />

IV.1.4 Empenagem horizontal<br />

O dimensionamento da empenagem horizontal é feito por meio do coeficiente do<br />

volume <strong>de</strong> cauda, .<br />

On<strong>de</strong> é a distância entre o CG e o centro aerodinâmico da empenagem horizontal e<br />

é a área da empenagem horizontal.<br />

Como e são parâmetros <strong>de</strong> entrada, po<strong>de</strong>-se calcular a área da empenagem vertical<br />

usando a Equação II.30:<br />

A envergadura da empenagem horizontal po<strong>de</strong> ser calculada pela Equação II.31:<br />

√<br />

On<strong>de</strong> é o alongamento da empenagem horizontal.<br />

Para se calcular a corda da raiz da empenagem horizontal,<br />

II.32:<br />

, utiliza-se a Equação<br />

On<strong>de</strong><br />

( )<br />

é o afilamento da empenagem horizontal, que é um dado <strong>de</strong> entrada<br />

Com a corda da raiz e o afilamento po<strong>de</strong>-se achar o valor da corda, na ponta da<br />

empenagem, .<br />

A corda média geométrica,<br />

, foi calculada aplicando-se a fórmula abaixo.<br />

Em seguida calculou-se a corda média aerodinâmica, .<br />

⁄<br />

( )


A posição da corda média aerodinâmica, da empenagem horizontal, é <strong>de</strong>terminada pela<br />

Equação IV.36.<br />

( )<br />

Com o enflechamento no quarto da corda da empenagem, , po<strong>de</strong>-se calcular o<br />

enflechamento nos <strong>de</strong>mais pontos da empenagem. Para dimensionamentos iniciais,<br />

usualmente é consi<strong>de</strong>ra que o enflechamento à ¼ da corda da EH seja o da asa acrescido<br />

<strong>de</strong> 5 o . Entre outras razões para tal, uma crítica refere-se a uma situação <strong>de</strong> emergência<br />

em cruzeiro. Nesta situação, o avião precisa mergulhar para atingir uma altitu<strong>de</strong> menor<br />

a partir da altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> cruzeiro. Nesta altitu<strong>de</strong> menor, os passageiros <strong>de</strong>vem respirar sem<br />

o uso do oxigênio <strong>de</strong> bordo. Durante o mergulho, atingem-se gran<strong>de</strong>s velocida<strong>de</strong>se on<strong>de</strong><br />

a asa estará sujeita a ondas <strong>de</strong> choque muito fortes, po<strong>de</strong>ndo até ocorrer separação do<br />

escoamento. Para sair do mergulho, a aeronave <strong>de</strong>verá contar com a EH, que <strong>de</strong>verá<br />

estar sujeita a um escoamento on<strong>de</strong> não haja <strong>de</strong>scolamentos provocados por ondas <strong>de</strong><br />

choque.<br />

( )<br />

⁄ ( )<br />

( )<br />

Para o cálculo da área molhada, da empenagem horizontal, adotou-se a mesma fórmula<br />

usada para a asa, substituindo as variáveis da asa pelas da empenagem.<br />

⁄ .<br />

⁄<br />

⁄<br />

/<br />

(<br />

)<br />

Na Eq. IV.40, é a área molhada da empenagem horizontal, ⁄ e ⁄ são<br />

respectivamente a relação entre a espessura da corda na raiz e na ponta da empenagem e<br />

a .


IV.1.5 Motor/Nacele<br />

A vista em corte <strong>de</strong> um motor turbofan mo<strong>de</strong>rno é dada na Fig. IV.5.<br />

Figura IV.5 – Vista em corte esquemática <strong>de</strong> um motor turbofan<br />

A vista lateral <strong>de</strong> uma nacele típica é dada na Fig. IV.6.<br />

Figura IV.6 – Vista lateral <strong>de</strong> uma nacele curta típica.<br />

A área molhada da nacele, S wet,N é a soma <strong>de</strong> três componentes, da capota do fan; da área<br />

exposta do gerador do gás; e do cone <strong>de</strong> saída <strong>de</strong> gases:<br />

Os cálculos dos três componentes da área molhada da nacele são fornecidos pelas<br />

equações IV.42 – IV.44<br />

ll ll D <br />

hl<br />

l D<br />

l<br />

Swet, fan, cowling<br />

ln Dn<br />

2 0.35 0.8 1.151 <br />

<br />

l l d l D<br />

n n n n n<br />

ef<br />

<br />

<br />

(IV.42)


1 D <br />

eg<br />

D <br />

g<br />

Swet,<br />

gas gen<br />

lg Dg<br />

1 1 1 0.18<br />

3 D <br />

g<br />

l <br />

<br />

<br />

g<br />

<br />

<br />

<br />

5/3<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

(IV.43)<br />

Swet , plug<br />

0.7 <br />

lp Dp<br />

(IV.44)<br />

IV.1.6 Pilone<br />

O pilone é o responsável pela transferência das cargas laterais, verticais e <strong>de</strong> empuxo do<br />

motor para a estrutura da asa ou da fuselagem, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> on<strong>de</strong> o motor está<br />

instalado.<br />

O pilone normalmente é dimensionado para gerar o menor arrasto <strong>de</strong> interferência <strong>de</strong><br />

acordo com Roskam [Roskam, 2000].<br />

O arrasto <strong>de</strong> interferência para motores sob a asa é dado por<br />

C<br />

C<br />

FM <br />

<br />

C<br />

<br />

FM 1 se M 0,50<br />

DN ,<br />

D,int, N <br />

D,<br />

N<br />

C <br />

DN ,<br />

<br />

(IV.45)<br />

FM 0,50 se M 0,50 ou a fuselagem incorporou a regra das áreas na região do motor<br />

<br />

FM é um fator <strong>de</strong> correção <strong>de</strong> compressibilida<strong>de</strong> e C D,N é o arrasto da nacele. O termo<br />

CDN<br />

,<br />

é um fator que po<strong>de</strong> ser obtido <strong>de</strong> gráficos fornecidos pelo Roskam [Roskam,<br />

C<br />

DN ,<br />

2000].<br />

Se o motor estiver localizado sob a asa, a Figura IV.7 provê dados para o cálculo do<br />

arrasto <strong>de</strong> interferência asa-nacele:


Figura IV.7 - Fator <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong> interferência asa-nacele<br />

De acordo com a Fig. IV.7, para o valor <strong>de</strong> fornece um valor<br />

pequenol para o arrasto <strong>de</strong> interferência em função <strong>de</strong> uma distância razoável do bordo<br />

<strong>de</strong> ataque da asa. é a corda da asa on<strong>de</strong> o motor é fixado e é a posição do motor em<br />

relação ao bordo <strong>de</strong> ataque. Assim, temos que<br />

( )<br />

Estando o motor fixo na fuselagem, utiliza-se a Figura IV.8 para cálculo do arrasto <strong>de</strong><br />

interferência fuselagem-nacele. O arrasto <strong>de</strong> interferência po<strong>de</strong> ser calculado pela<br />

seguinte expressão:<br />

' SN<br />

CD,int,<br />

N<br />

FM CD<br />

0,05 <br />

(IV.47)<br />

N<br />

S<br />

FM 1 se M 0,50<br />

<br />

Re f<br />

FM 0,50 se M 0,50 ou a fuselagem incorporou a regra das áreas na região do motor<br />

<br />

S N é a área frontal máxima da nacele excluindo o pilone.<br />

'<br />

C<br />

D N<br />

é obtido do gráfico da Fig. IV.8.


Figura IV.8 - Fator <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong> interferência fuselagem-nacele<br />

Analisando a Figura IV.8, a relação fornece o menor fator <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong><br />

interferência, excluindo-se a opção da nacele enterrada na fuselagem (burried).<br />

Para o dimensionamento, o pilone po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado uma asa pequena assim, z (no<br />

caso do motor sob a asa) e t no caso do motor na fuselagem fornecem a envergadura do<br />

pilone.<br />

No caso do motor fixo na asa, as cordas da ponta e da raiz do pilone são <strong>de</strong>finidas pela<br />

secção da asa on<strong>de</strong> se encontra o motor e o comprimento do motor/nacele ( ).<br />

A envergadura,<br />

, vem da relação<br />

( ⁄ )<br />

No caso do motor fixo na fuselagem o afilamento do pilone é usualmente 1,0, isto é, as<br />

cordas da ponta e da raiz são iguais, e equivalem ao comprimento do motor.<br />

A envergadura vem da relação<br />

( ⁄ )


Com isso,<br />

⁄<br />

( )<br />

⁄<br />

( )<br />

( )<br />

Área molhada<br />

⁄ (<br />

( )<br />

⁄<br />

⁄<br />

)<br />

(<br />

)<br />

On<strong>de</strong> é a área molhada do pilone, ⁄ e ⁄ são respectivamente a relação<br />

entre a espessura da corda na raiz e na ponta do pilone.<br />

Configuração<br />

A Fig. IV.9 mostra a intergração do motor <strong>de</strong> um motor do DC-10 na asa.<br />

Figura IV.9– Integração do motor do DC-30 à asa


No EMBRAER E170, o pilone é um caixão central tipo cantilever fixado à asa por<br />

cinco pontos principais (Fig. IV.10). Estes pontos são as duas hastes superiores fixadas<br />

na longarina dianteira da asa, duas abas <strong>de</strong> fixação no intradorso da asa e uma haste<br />

traseira que funciona como um braço <strong>de</strong> arrasto. O pilone permite acomodação <strong>de</strong><br />

diversas unida<strong>de</strong>s em seu interior, tais como válvulas <strong>de</strong> corte (combustível e<br />

hidraúlica), trocador <strong>de</strong> calor do sistema pneumático do motor, acessíveis pela remoção<br />

dos correspon<strong>de</strong>ntes painéis nas laterais do pilone.<br />

Figura II.10 – Fixação do pilone à asa do Embraer E170


IV.2<br />

Método Classe II para peso<br />

A Eq. IV.1 proposta por Raymer permite calcular o peso vazio em função <strong>de</strong> alguns<br />

parâmetros da configuração <strong>de</strong> aeronave. É consi<strong>de</strong>rada uma metodologia <strong>de</strong> baixa<br />

fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> Classe I. Contudo, é necessário estimar o peso da aeronave<br />

já na fase conccitual <strong>de</strong> modo mais específico, importante para estudos paramétricos e<br />

<strong>de</strong> otimização. A metodologia classe II <strong>de</strong>scrito em Roskam [Roskam, 1999] oferece<br />

razoável exatidão. Ela consiste em uma conjunto <strong>de</strong> outras formulações, <strong>de</strong>ntre elas<br />

aquela <strong>de</strong>senvolvida por Torenbeek [Torenbeek, 1976], a técnica da Cessna (usado<br />

basicamente para aeronaves <strong>de</strong> menor porte), método USAF e a formulação General<br />

Dynamics (GD). Outras formulações diferentes das propostas pelo Roskam são<br />

sugeridas no presente material, para efeito <strong>de</strong> melhorar a estimação do peso vazio.<br />

A <strong>de</strong>terminação do peso da aeronave é função da geometria da aeronave, da carga paga<br />

e da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> combustível que <strong>de</strong>ve carregar para cumprir a missão requerida. A<br />

Fig. IV.11 ilustra os componentes estruturais típicos <strong>de</strong> uma aeronave <strong>de</strong> linha<br />

(Lockheed Tristar).<br />

Uma proposta para uma <strong>de</strong>composição <strong>de</strong> alto nível do peso operacional é a seguinte:<br />

On<strong>de</strong> é o peso estrutural, é o peso do grupo motopropulsor e é o<br />

peso dos equipamentos fixos.<br />

Nos próximos sub-capítulos serão fornecidos formulações semi-empíricas para a<br />

estimação dos pesos estrutural, do grupo motopropulsor e dos equipamentos fixos.<br />

Uma subdivisão do peso vazio por grupos está apresentada na Tabela IVa. Ela foi<br />

baseada no na norma do exército dos Estados Unidos AN 9103-D, <strong>de</strong> acordo com o<br />

Torenbeek [Torenbeek, 1976], e foi levemente adaptada para uso civil.


Grupo Asa<br />

Estrutura primária da seção central<br />

Estrutura primária do painel intermediário<br />

Estrutura primária dos <strong>de</strong>mais painéis (incluindo ponta...)<br />

Estrutura secundária (incluindo mecanismo <strong>de</strong> dobra da asa....)<br />

Ailerons (incluindo peso <strong>de</strong> balanceamento...)<br />

Flapes:<br />

Bordo <strong>de</strong> fuga<br />

Bordo <strong>de</strong> ataque<br />

Slates:<br />

Spoilers, freio aerodinâmico, <strong>de</strong>rrubadores <strong>de</strong> sustentação<br />

Barreiras verticais (Fences) e geradores <strong>de</strong> vórtice<br />

Montantes (Struts)<br />

Grupo da cauda<br />

Estrutura primária dos estabilizadores<br />

Barbatanas (fins), estrutura básica<br />

Estrutura secundária (estabilizador e barbatanas)<br />

Profundor (incluindo peso <strong>de</strong> balanceamento)<br />

Leme (incluindo peso <strong>de</strong> balanceamento)<br />

Grupo fuselagem<br />

Estrutura básica da fuselagem ou casco<br />

Revestimento<br />

Estrutura secundária:<br />

Fuselagem ou casco<br />

Portas, painéis e miscelânea<br />

Freio aerodinâmico<br />

Grupo das superfícies <strong>de</strong> controle<br />

Controles na cabina <strong>de</strong> comando<br />

Piloto automático<br />

Sistemas <strong>de</strong> controle (inclui sistemas <strong>de</strong> potência)<br />

Grupo motopropulsor<br />

Internos<br />

Centrais<br />

Externos<br />

Portas, painéis e miscelânea<br />

Tabela IVa – Classificação e divisão do peso estrutural da célula <strong>de</strong> acordo com a<br />

proposta AN 9103-D do Exército dos EUA


Figura IV.11 – Partes estruturais do Lockheed 1011 Tristar, um avião comercial<br />

<strong>de</strong> linha<br />

A Tabela IVb apresenta a variação do fator <strong>de</strong> carga para algumas categorias <strong>de</strong> aviões.<br />

Avião leve <strong>de</strong><br />

turismo<br />

Esportivo,<br />

acrobático<br />

<strong>Transporte</strong> Caça Bombar<strong>de</strong>iro<br />

+4 a -2 +6 a -3 3,8 a -2 +9 a -4,5 +3 a -1,5<br />

Tabela IVb – fatores <strong>de</strong> carga típicos para algumas classes <strong>de</strong> aviões<br />

IV.1 Peso estrutural<br />

O peso estrutural po<strong>de</strong> ser dividido em:<br />

On<strong>de</strong>,<br />

- peso do grupo da asa <strong>de</strong> acordo com a classificação AN 9103-D<br />

- peso da empenagem horizontal<br />

- peso da empenagem vertical<br />

- peso da fuselagem<br />

- peso da nacele<br />

- peso do trem <strong>de</strong> pouso


IV.2.1 Asa<br />

Método do Torenbeek<br />

O peso básico estrutural da asa, <strong>de</strong>finido como o peso <strong>de</strong> todos os grupos da asa (i.e.<br />

todas as partes que compõem uma asa) menos os dispositivos hipersustentadores,<br />

spoilers e freios aerodinâmicos (Eq. IV.61) po<strong>de</strong> ser calculado por meio da Eq. IV.62<br />

[Torenbeek, 1976].<br />

Ww Wbasico , asa<br />

1,2 whiper wspoiler<br />

(IV.61)<br />

Para a resolução <strong>de</strong>ssa equação é necessário conhecer alguns parâmetros, tais como:<br />

envergadura, área da asa em planta e MTOW, os quais ainda são <strong>de</strong>sconhecidos. Para<br />

dar início a um processo interativo, admitem-se quaisquer valores para os mesmos,<br />

logo:<br />

W<br />

0,55<br />

1,675 0,5<br />

1,325<br />

1<br />

. no. . e. uc . st . <br />

<br />

b<br />

.<br />

ult<br />

. <strong>de</strong>s<br />

0,8 W <br />

. w . . cos<br />

<br />

r 1/2 <br />

<br />

basico,<br />

asa<br />

C k k k k k k n W W b t c<br />

on<strong>de</strong>,<br />

(Eq. IV.62)<br />

W <strong>de</strong>s ≡ MTOW e W w = peso do grupo da asa (ver norma AN 9103-D)<br />

C 1<br />

4,58 10<br />

3<br />

, para W w e W <strong>de</strong>s em [kg] e b w em [m]<br />

k<br />

no<br />

bref<br />

1 <br />

(IV.63)<br />

b<br />

S<br />

com<br />

b ref<br />

1, 905 m e<br />

bw<br />

bs<br />

<br />

cos .<br />

1/2<br />

O fator Kno representa o incremento do peso <strong>de</strong>vido à junção do revestimento, e as<br />

vedações.<br />

Continuando, temos que 0,4<br />

k <br />

, on<strong>de</strong> é o afilamento da asa. e<br />

1<br />

w<br />

k é o<br />

fator <strong>de</strong> alívio do momento fletor <strong>de</strong>vido à instalação do motor e nacele sob a asa. Para<br />

uma configuração com dois motores sob a asa, k e = 0,95; com quatros motores k e =<br />

0,90. Se o motor estiver na fuselagem k 1.<br />

e<br />

k<br />

uc Trem <strong>de</strong> pouso. Esse fator é igual a um para trem <strong>de</strong> aterrissagens acomodados na<br />

asa; k uc = 0,95 para trem <strong>de</strong> pouso não montados na asa.<br />

st<br />

k - Incremento <strong>de</strong> peso, a fim <strong>de</strong> prover maior rigi<strong>de</strong>z para evitar flutter. Para aviões<br />

a jato alto subsônico com motores não montados sob as asas ou com motores montados<br />

a frente do eixo elástico da asa é proposta uma correção (Eq. IV.64):


k<br />

st<br />

2<br />

3 VD<br />

<br />

bw.cos LE<br />

100<br />

2 1 2<br />

W<strong>de</strong>s<br />

t cr<br />

1 C cos <br />

<br />

<br />

(IV.64)<br />

on<strong>de</strong>,<br />

em [m/s].<br />

b<br />

4<br />

C 9.06<br />

- Para b w em [m], W <strong>de</strong>s em [kg], e a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mergulho (V D )<br />

2<br />

10<br />

k - Para aeronaves com asa engastada (não passante) k 1.<br />

A Eq. IV.65 resume uma simplificação para o cálculo do peso da asa incluindo todas as<br />

partes que a compõem (wing group), válida para aeronaves <strong>de</strong> transportes civis. Para<br />

tal, consi<strong>de</strong>ra-se a asa como uma viga em balanço e feita. Esta expressão é válida para<br />

casos com trem <strong>de</strong> pouso escamoteável sob as asas.<br />

On<strong>de</strong><br />

<br />

0,75 b <br />

ref 0,55<br />

bS t <br />

r<br />

Ww kFowlerkmotorkspoilerWG . kw. bS . 1 . nult<br />

. <br />

<br />

bS <br />

WG Sw<br />

<br />

k<br />

w<br />

e<br />

b<br />

0,3<br />

( IV.65)<br />

b<br />

ref<br />

são valores constantes. Conforme Torenbeek, para aeronaves <strong>de</strong><br />

3<br />

transportes com W to > 5670 kg tem-se, k<br />

w<br />

6,67 10<br />

. Esse fator é aplicado para: W<br />

G<br />

≡ MZFW em [kg], b S em [m], S em [m 2 ] e W W em [kg]. Também, n ult =1,5 n limit , on<strong>de</strong><br />

n limit é o maior entre os fatores <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> rajada e manobra. K spoiler = 1,02 se a asa<br />

contiver spoilers; = 1 caso contrário. K Fowler = 1,02 se a asa contiver flapes do tipo<br />

Fowler.<br />

Em relação à influência dos motores na Eq. III.6 [Roskam, 1999]:<br />

k motor<br />

1 se os motores estiverem na fuselagem<br />

<br />

0.95 para dois motores sob a asa<br />

<br />

0.90 para o caso <strong>de</strong> quatro motores sob a asa<br />

Um código MATLAB ® foi elaborado poara estimação da massa estrutural da asa do<br />

Fokker 100. A codificação é dada a seguir:<br />

% Metodo do Torenbeek para calculo da massa da asa<br />

% **** Fokker 100 ****<br />

clc<br />

clear all<br />

% ************* Constantes<br />

fcor = 1; % fator <strong>de</strong> alivio <strong>de</strong>vido ao motor estar na asa<br />

% (no Fokker 100, estao montados na fuselagem traseira)<br />

fspoiler = 1.02; % fator <strong>de</strong> correcao <strong>de</strong>vido a spoilers e speed brake<br />

ffowler = 1.02; % fator <strong>de</strong> correcao para flaps tipo Fowler<br />

ft = 3.28083989; % fator <strong>de</strong> conversao metro para pes<br />

ft2 = ft*ft;<br />

lb = 2.20462262; % fator <strong>de</strong> conversao kg para lb<br />

rad = pi/180;<br />

% Dados do aviao<br />

taper<br />

= 0.235; % afilamento da asa <strong>de</strong> referencia<br />

df<br />

= 3.30; % diametro da fuselagem (m)<br />

tcraiz = 0.135; % espessura relativa maxima da seção da raiz<br />

wing.S = 93.5; % Area da asa (m2)<br />

wingref.S = wing.S;<br />

wing.ar = 8.43; % alongamento da asa


sweepC14 = 17.5;<br />

MZFWkg = 35835; % Peso maximo zero combustível<br />

% fator <strong>de</strong> carga final (limite x fator seguranca)<br />

nult = 2.5*1.5;<br />

% ---- Inicio do calculo ===><br />

MZFWlb = MZFWkg*lb;<br />

wing.b = sqrt(wing.ar*wing.S); % Envergadura da asa (m)<br />

% corda na linha <strong>de</strong> centro da fuselagem (m)<br />

CC = 2*wing.S/(wing.b*(1+taper));<br />

CT = CC*taper; % corda na ponta (m)<br />

% Calculo do angulo <strong>de</strong> enflechamento ah meia corda<br />

sweepC12 = atan( (CC/4. + (wing.b/2)*...<br />

tan(sweepC14*rad) + CT/4. - CC/2.)/...<br />

(wing.b/2));<br />

sweepC12 = sweepC12/rad;<br />

% Enflechamento do bordo <strong>de</strong> ataque (asa <strong>de</strong> referencia)<br />

if sweepC14 == 0<br />

aux = CC*(1-taper)/4 ;<br />

else<br />

aux = CC*(1-taper)/4 + wing.b/2/tan(pi/2-rad*sweepC14);<br />

end<br />

sweepLE = pi/2-atan(wing.b/2/aux);<br />

sweepLE = sweepLE/rad;<br />

% enflechamento no bordo <strong>de</strong> fuga (asa <strong>de</strong> referencia)<br />

if sweepC14 == 0<br />

aux = CC*(1+3*taper)/4;<br />

else<br />

aux = CC*(1+3*taper)/4 + wing.b/2/tan(pi/2-rad*sweepC14);<br />

end<br />

if aux == CC<br />

sweepTE = 0;<br />

else<br />

sweepTE = pi/2-atan((wing.b/2)/(aux-CC));<br />

end<br />

sweepTE = sweepTE/rad;<br />

% Caluclo da corda na raiz (intersecao asa-fuselagem)<br />

xbaraiz = (df/2)/tan(pi/2-rad*sweepLE);<br />

xbfraiz = CC+(df/2)/tan(pi/2-rad*sweepTE);<br />

CR = xbfraiz - xbaraiz; % Corda na raiz (m)<br />

%<br />

tr = CR*tcraiz*ft; % espessura maxima da secao na raiz (ft)<br />

% <strong>de</strong>senha asa<br />

xp(1) = 0;<br />

yp(1) = 0;<br />

xp(2) = wing.b/2*cos(pi/2-sweepLE*rad);<br />

yp(2) = wing.b/2;<br />

xp(3) = xp(2)+CT;<br />

yp(3) = yp(2);<br />

xp(4) = CC;<br />

yp(4) = 0;<br />

plot(xp,yp,'-k')<br />

axis equal<br />

hold on<br />

xf(1) = 0;<br />

yf(1) = df/2;<br />

xf(2) = 1.2*CC;<br />

yf(2) = df/2;


plot(xf,yf,'--r')<br />

% Formulacao do Torenbeek<br />

wingweightto=fcor*ffowler*fspoiler*0.0017*MZFWlb*...<br />

(((wing.b*ft)/(cos(sweepC12*rad)))^0.75)*...<br />

(1+((6.3*cos(sweepC12*rad))/(wing.b*ft))^0.5)*...<br />

(nult^0.55)*(((wing.b*ft*wingref.S*ft2)/...<br />

(tr*MZFWlb*cos(sweepC12*rad)))^0.3); % [lb] eq 5.7 pag 89<br />

%<br />

%


Na Eq. IV.67, WG é o peso máximo <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem (kg), Sw é a area <strong>de</strong> referência da asa<br />

(m 2 ), AR w é o alongamento da asa, λ w o afilamento e Λw é o enflechamento em ¼ da<br />

corda (<strong>de</strong>g). Os valores dos expoentes na Eq. IV.67 são os seguintes:<br />

φw = 0,656 , βw = δw = εw = 1,5 , αw = 0,0328 e χw = 1,1<br />

O valor do coefficiente αw representa uma alteração em relação ao valor original<br />

proposto por Linell, em passo com um banco <strong>de</strong> dados composto com aviões mais<br />

contemporâneos.<br />

Aviões são certificados para resistir a fatores <strong>de</strong> carga limite <strong>de</strong> modo que a estrutura<br />

não começa a ce<strong>de</strong>r até que um certo limiar seja ultrapassado. Normas JAR e FARs<br />

requerem que <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong> segurança <strong>de</strong> no mínimo 1,5 <strong>de</strong>vem ser empregados durante<br />

o dimensionamento estrutural. Uma vez que os requisitos <strong>de</strong> certificação não permitem<br />

fator <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> manobra para qualquer velocida<strong>de</strong> até a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mergulho seja<br />

inferior a 2,50, um valor do fator <strong>de</strong> carga final n ult = 1,4 x 2,50 = 3,75 é tipicamente<br />

assumido. Este valor é a<strong>de</strong>quado para gran<strong>de</strong>s aviões <strong>de</strong> transporte, no entanto, para os<br />

veículos <strong>de</strong> tamanho menor o caso mais crítico po<strong>de</strong> ser o <strong>de</strong> cargas <strong>de</strong> rajada,<br />

impactando no momento fletor na raiz da asa.<br />

O fator <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> rajada em um avião predomina quando ele está operando em<br />

menores pesos. Assumindo que a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cruzeiro V c = VMO é crítica para o<br />

caso da rajada, o fator <strong>de</strong> carga é<br />

Sw<br />

ngust 1 KgCL <br />

U <strong>de</strong>Vc<br />

(IV.68)<br />

2 W<br />

O fator <strong>de</strong> alívio <strong>de</strong> rajada, Kg, é calculado por uma fórmula empírica em função do<br />

parâmetro μ<br />

on<strong>de</strong><br />

K g<br />

0,88<br />

<br />

5,3 <br />

2W<br />

(IV.70)<br />

gc C S<br />

gm L w<br />

(IV.69)<br />

O fator K g acima é uma maneira <strong>de</strong> levar em consi<strong>de</strong>ração: (1) gradiente da rajada; (2) a<br />

resposta do avião; (3) atraso no acréscimo da sustentação causado pela variação do<br />

ângulo <strong>de</strong> ataque (Δα).<br />

c gm é a corda média geométrica. De acordo com Torenbeek [Torenbeek, 1976] , a<br />

situação crítica para acontece no Peso Máximo Zero Combustível e sugere uma<br />

referência <strong>de</strong> vôo para avaliação em uma altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 20000 pés e uma rajada <strong>de</strong> alta<br />

velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> U<strong>de</strong> = 15,2 m/s (50 pés/s), tirada das normas FAR. O valor aproximado do<br />

C Lα é dado pela equação <strong>de</strong> Helmotz com alguns ajustes<br />

C<br />

L<br />

Cl<br />

<br />

ARw<br />

<br />

2<br />

C <br />

l<br />

AR <br />

<br />

w Cl<br />

<br />

AR M<br />

cos <br />

<br />

1/2<br />

<br />

<br />

<br />

2 2<br />

w<br />

(IV.71)<br />

Na Eq. IV.71, C lα é a razão <strong>de</strong> sustentação média dos aerofólios que compõem a asa.


O próximo passo é escolher o cenário mais limitante entre cargas <strong>de</strong> rajada e manobra.<br />

Isto é feito através <strong>de</strong> uma função impulse que i<strong>de</strong>ntifica o máximo entre valores <strong>de</strong><br />

ensaios ou calculados<br />

n<br />

ult<br />

1,5 n ,2,5<br />

max<br />

<br />

gust<br />

<br />

(IV.72)<br />

ΠCw ié o parâmetro <strong>de</strong> projeto que exibe <strong>de</strong>pendência da configuração do avião, i. e., asa<br />

alta vs. asa baixa, spoilers, colocação do trem <strong>de</strong> pouso, e é dado pela seguinte<br />

expressão:<br />

k k k<br />

(IV.73)<br />

Cw co sp<br />

lg<br />

O parâmetro kco na Eq. IV.73 indica a filosofia da instalação da asa. Ele é igual a 1,17<br />

para configurações <strong>de</strong> asa baixa e assume o valor <strong>de</strong> 1,25 para aviões com asa alta.<br />

Assumindo uma variação linear, a contribuição do termo da localização da asa, K co , em<br />

relação a fuselagem po<strong>de</strong> ser então dado por<br />

(IV.74)<br />

Em relação à influência dos spoilers na Eq. IV.73, ksp = 1,02 quando Φsp = Φ(s,1) = 1<br />

caso contrário, unida<strong>de</strong> (quando s < 1 )<br />

(IV.75)<br />

Analogamente, temos o fator <strong>de</strong> correção para a instalação do trem <strong>de</strong> pouso:<br />

(IV.76)<br />

Quando s = 1, a função impulso, Φlg = Φ(s,1), incopora a integração do trem d epouso<br />

na asa; caso contrário vale zero (para s < 1).<br />

Através da incorporação <strong>de</strong> todos os constituintes das Eq. IV.74 a Eq. IV.76 na Eq.<br />

IV.73, <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rando os termos pequenos, a correção relacionada a configuração da<br />

aeronave fica<br />

(IV.77)<br />

τ S é a medida da rigi<strong>de</strong>z estrutural, a qual varia com a pressão dinâmica e carga limite.<br />

Esta contribuição é <strong>de</strong>scrita por<br />

2<br />

2<br />

0,50slsV<br />

<br />

MO<br />

1<br />

3<br />

1000g<br />

ult<br />

<br />

<br />

s<br />

11,31 <br />

<br />

(IV.78)<br />

on<strong>de</strong> VMO é a velocida<strong>de</strong> operacional maxima ao nível do mar e condições padrão e é<br />

expressa em m/s. ρsls/g é igual a 0,125 kg s 2 /m 4 .<br />

Πt/c na Eq. III.67 é o fator <strong>de</strong> espessura da asa expresso através <strong>de</strong> um a função<br />

trigonométrica dada por<br />

* ( ) + (IV.79)


IV.2.2 Empenagem horizontal<br />

O peso da empenagem horizontal em lb po<strong>de</strong> ser calculado usando-se a Eq. IV.80<br />

proposta por Torenbeek [Torenbeek, 1976].<br />

<br />

<br />

<br />

0,2<br />

Sh<br />

V<br />

<br />

D<br />

WEH Kh Sh<br />

3,81 <br />

<br />

0,287<br />

1<br />

<br />

<br />

2<br />

<br />

1000<br />

cosh<br />

1 <br />

<br />

2 <br />

<br />

<br />

(IV.80)<br />

On<strong>de</strong> é o fator <strong>de</strong> correção, <strong>de</strong> 10%, do peso da enpenagem, quando a mesma<br />

apresenta um sistema <strong>de</strong> incidência variável; é a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mergulho da<br />

aeronave em KEAS; S h é a área da EH em ft 2 .<br />

IV.2.3 Empenagem vertical<br />

O peso da empenagem vertical em lb po<strong>de</strong> ser calculado usando a Eq. IV.81 proposta<br />

por Torenbeek [Torenbeek, 1976].<br />

<br />

<br />

<br />

0,2<br />

Sv<br />

V<br />

<br />

D<br />

WEV KV SV<br />

3,81 <br />

<br />

0,287<br />

1<br />

<br />

<br />

2<br />

<br />

1000<br />

cosv<br />

1 <br />

<br />

2 <br />

<br />

<br />

(IV.81)<br />

On<strong>de</strong> é 1,0 quando a EH está montada na fuselagem. V D é a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mergulho<br />

fornecida em KEAS. A área da EV, S V , <strong>de</strong>ve ser fornecida em ft 2 .<br />

Quando a EH está montada na EV, utiliza-se a Eq. IV.82 para o cálculo do coef. K v :<br />

[ ( )]<br />

On<strong>de</strong><br />

é distância da raiz da enpenagem vertical, até a empenagem horizontal.<br />

IV.2.4 Fuselagem<br />

A massa da fuselagem em kg é calculada usando-se a Eq. IV.83, também proposta por<br />

Torenbeek [Torenbeek, 1976].<br />

√<br />

(IV.83)<br />

On<strong>de</strong>,<br />

{<br />

V D é a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mergulho em m/s;<br />

l H distância em metros entre os pontos entre o centro aerodinâmico da asa e o da EH; w F<br />

é a largura da fuselagem (m); h F a altura da mesma; e S wet,fus é a área molhada da<br />

fuselagem.


IV.2.5 Nacele<br />

A Eq. IV.84 fornece uma estimativa para a massa da nacele.<br />

W 0,065 T / g (kg) (IV.84)<br />

nac<br />

O<br />

on<strong>de</strong> T O é a tração <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem dada em Newton e g é a aceleração da gravida<strong>de</strong> em<br />

m/s 2 .<br />

IV.2.6 Trem <strong>de</strong> pouso<br />

A Eq. IV.85 foi proposta por Torenbeek [Torenbeek, 1976].<br />

(<br />

⁄ ⁄ )<br />

On<strong>de</strong> é o fator <strong>de</strong> correção do peso do trem <strong>de</strong> pouso instalado em asas altas que<br />

<strong>de</strong>corre em um aumento <strong>de</strong> 8%. é a massa <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem. As <strong>de</strong>mais constantes da<br />

Eq. IV.85 estão listadas da seguinte Tabela IVc consi<strong>de</strong>rando o trem <strong>de</strong> pouso retrátil<br />

Trem<br />

principal<br />

Trem do nariz<br />

Tabela IVc - Constantes para o cálculo do peso do trem <strong>de</strong> pouso<br />

IV.2.7 Peso do grupo moto propulsor<br />

O peso do grupo moto propulsor po<strong>de</strong> ser dividido em três componentes:<br />

On<strong>de</strong>:<br />

- peso do motor<br />

- peso do sistema <strong>de</strong> combustível<br />

- peso do sistema propulsivo<br />

a. Peso do Motor<br />

Para um motor turbofan sem pós-combustão, Raymer [Raymer, 1989] propõe a seguinte<br />

fórmula<br />

(IV.87)<br />

T 0 = tração <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem (lbf) e a massa do motor é fornecida em lb.<br />

BPR: razão <strong>de</strong> passagem (by-pass ratio).


. Peso do sistema <strong>de</strong> combustível<br />

De acordo com Torenbeek [Torenbeek, 1976], o peso do sistema <strong>de</strong> combustível para<br />

uma aeronave, com tanque integral (asa molhada) é:<br />

. /<br />

On<strong>de</strong> é o numero <strong>de</strong> motores, é o número <strong>de</strong> tanques, que para esse trabalho é<br />

fixado em dois, e é a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> do combustível.<br />

c. Peso do sistema propulsivo<br />

O peso do sistema <strong>de</strong> propulsão po<strong>de</strong> ser quebrado em três componentes:<br />

On<strong>de</strong>:<br />

- peso do sistema <strong>de</strong> controle<br />

– peso do sistema <strong>de</strong> partida<br />

- peso do sistema reversor<br />

Peso do sistema <strong>de</strong> controle<br />

Para o cálculo do sistema <strong>de</strong> controle, a metodologia GD <strong>de</strong>scrita em Roskam<br />

(ROSKAM 1999) é uma boa opção. Para motores montados na fuselagem ou na raiz da<br />

asa (como é o caso do Comet), temos:<br />

( )<br />

On<strong>de</strong> é o fator <strong>de</strong> correção. Para motores sem pós-queimador ele po<strong>de</strong> ser assumido<br />

como sendo 0,686; para motores com pós-combustã, consi<strong>de</strong>re 1,080 parav este fator.<br />

Para motores montados na asa, W ec :<br />

0 ( ) 1<br />

Tanto na Eq. IV.90 quanto na IV.91, W ec resultante é em libras.<br />

Peso do sistema <strong>de</strong> partida<br />

Para estimativa do peso <strong>de</strong> sistema <strong>de</strong> partida utilizou-se aqui a metodologia GD.<br />

Consi<strong>de</strong>rando sistema <strong>de</strong> partida sendo elétrico, utiliza-se a Eq. IV.92:<br />

( )


Peso do sistema reversor<br />

Para o cálculo do sistema <strong>de</strong> reversor, usou-se a Eq. III.34 sugerida por Torenbeek<br />

[Torenbeek, 1976].<br />

IV.2.8 Peso do equipamento fixo<br />

O peso do equipamento fixo po<strong>de</strong> se subdividido em oito parcelas.<br />

(IV.94)<br />

Todas as equações, utilizadas para a estimativa das parcelas <strong>de</strong> peso do equipamento<br />

fixo, foram retiradas <strong>de</strong> Torenbeek [Torenbeek, 1976] estando apresentadas nos itens<br />

seguintes.<br />

a. Massa do sistema <strong>de</strong> comando <strong>de</strong> vôo<br />

A massa do sistema <strong>de</strong> comando <strong>de</strong> vôo po<strong>de</strong> ser estimada pela a Eq. IV.95.<br />

⁄<br />

On<strong>de</strong> é o fator <strong>de</strong> correção para o sistema <strong>de</strong> comandos <strong>de</strong> vôo potenciados,<br />

consi<strong>de</strong>rando todas as aeronaves com esse tipo <strong>de</strong> sistema. é o fator <strong>de</strong> correção<br />

<strong>de</strong>vido à presença <strong>de</strong> hiper-sustentadores <strong>de</strong> bordo <strong>de</strong> ataque.<br />

b. Peso do sistema elétrico<br />

O peso do sistema elétrico em lb po<strong>de</strong> ser estimado usando-se a Eq. IV.96 proposta por<br />

Raymer [Raymer, 1989]:<br />

W RKVA LA NG<br />

0,782 0,346 0,10<br />

els<br />

7,291*<br />

(IV.96)<br />

RKVA é um índice relacionado à potência do sistema (40-60 para aviões <strong>de</strong> transporte;<br />

110-160 para caças); LA é a distância da cablagem dos geradores aos avionicos no<br />

cockpit; e NG é o número <strong>de</strong> geradores.<br />

c. Peso dos instrumentos, avíônicos e eletrônicos<br />

A Eq. IV.97 provê um meio para estimação da massa dos instrumentos, aviônicos e<br />

eletrônicos é:<br />

On<strong>de</strong><br />

é o alcance máximo da aeronave.<br />

d. Massa dos sistemas <strong>de</strong> ar-condicionado, pressurização e anti-gelo<br />

A massa do sistema <strong>de</strong> pressurização mais a do sistema <strong>de</strong> ar-condicionado po<strong>de</strong> ser<br />

estimada usando-se a Eq. IV.98 <strong>de</strong> acordo com Torenbeek [Torenbeek, 1975]<br />

( )<br />

On<strong>de</strong><br />

é comprimento da cabine <strong>de</strong> passageiros. A massa é dada em lb.


O Método GD fornece a seguinte formulação:<br />

<br />

Wapi 469 V pax<br />

Ncr N<br />

pax<br />

/10000<br />

<br />

<br />

<br />

0,419<br />

(IV.99)<br />

On<strong>de</strong><br />

W api é calculada em lb; V pax é o volume da cabina <strong>de</strong> passageiros em ft 3 ; N pax é o número<br />

<strong>de</strong> passageiros; e N cr é o número <strong>de</strong> tripulantes.<br />

e. Peso do sistema <strong>de</strong> oxigênio<br />

Tem seu valor estimado pela Eq. IV.100:<br />

On<strong>de</strong><br />

é o número <strong>de</strong> passageiros.<br />

f. Massa do motor auxiliar <strong>de</strong> potência (APU)<br />

Valores típicos do peso do APU variam <strong>de</strong> 0,4% a 1,3% do peso máximo <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem<br />

da aeronave. Consi<strong>de</strong>rando uma fração <strong>de</strong> 0,85%, temos:<br />

g. Massa do mobiliário<br />

A massa do mobiliário é obtida da Eq. IV.102.<br />

h. Massa da pintura<br />

A massa da pintura varia <strong>de</strong> 0,3% a 0,6% do peso máximo <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem. Consi<strong>de</strong>rando<br />

um fator <strong>de</strong> 0,45%, temos:<br />

i. Massa do sistema hidráulico<br />

A massa do sistema hidráulico <strong>de</strong> acorso com Roskam [Roskam, 1999] varia entre<br />

0,60% a 1,20% da massa máxima <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem (MTOW) para uma aeronave <strong>de</strong><br />

transporte comercial.


IV.3<br />

Balanceamento <strong>de</strong> massa<br />

Determinação da posição do CG<br />

Uma vez <strong>de</strong>terminado o peso <strong>de</strong> cada componente da aeronave po<strong>de</strong>-se estimar a<br />

posição do CG da aeronave. Nessa secção não será <strong>de</strong>terminado o envelope <strong>de</strong> peso<br />

versus CG, apenas o CG da aeronave (OEW). A <strong>de</strong>terminação do envelope completo<br />

requer o conhecimento do diagrama <strong>de</strong> carregamento d<strong>de</strong> carga paga e combustível<br />

(diagrama ―batata‖) <strong>de</strong>ntre outros aspectos.<br />

Além do peso dos componentes, necessita-se <strong>de</strong>terminar a posição do CG <strong>de</strong> cada um.<br />

Esses valores foram retirados <strong>de</strong> Roskam (ROSKAM 1997), ver Tabela IVa.<br />

COMPONENTE<br />

INTERVALO DE<br />

VALORES<br />

ASA 37 – 42 [%MAC w ]<br />

EMPENAGEM<br />

30 [%MAC h ]<br />

HORIZONTAL<br />

EMPENAGEM VERTICAL 30 [%MAC v ]<br />

NACELE<br />

40 [% le]<br />

FUSELAGEM<br />

45 – 50 [% lf]<br />

Tabela IVa - Posição do CG dos componentes da aeronave<br />

A posição do CG é então obtida pela equação 2.100.<br />

∑<br />

∑<br />

On<strong>de</strong>:<br />

- peso <strong>de</strong> cada componente<br />

- posição do CG <strong>de</strong> cada componente em relação ao ponto <strong>de</strong> referência<br />

Determinação da posição da asa<br />

Segundo Torenbeek (TORENBEEK 1976) a posição do CG para o peso básico <strong>de</strong> uma<br />

aeronave (OEW) <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua configuração, ver Tabela IVb.


COFIGURAÇÃO INTERVALO DO CG<br />

PARA OEW<br />

[%MAC w ]<br />

2 motores sob a asa 20 – 25<br />

4 motores sob a asa 25 - 30<br />

2 motores fixos à<br />

35 - 40<br />

fuselagem<br />

3 motores -<br />

Tabela IVb - Posição do CG para diversas configurações<br />

Como o valor do CG, obtido na secção anterior, po<strong>de</strong> não correspon<strong>de</strong>r com o valor<br />

selecionado, <strong>de</strong>ve-se reposicionar a asa para se atingir o valor <strong>de</strong>sejado. Esse processo<br />

foi feito iterativamente como po<strong>de</strong> ser visto na Figura 0-1.<br />

A iteração termina quando o CG calculado converge para o valor inicial que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />

configuração da aeronave.<br />

Na Figura 0-2 po<strong>de</strong>-se observar a convergência do algoritmo para uma aeronave, com<br />

dois motores sob a asa e, na Figura 0-3, o <strong>de</strong>slocamento da asa para frente, <strong>de</strong> modo a<br />

convergir. Como conseqüência da movimentação da asa, a posição da empenagem<br />

horizontal também muda, como po<strong>de</strong> ser visto na Figura 0-4.<br />

ESTIMATIVA<br />

INICIAL DO CG<br />

DETERMINAÇÃO<br />

DA POSIÇÃO DA<br />

ASA<br />

DETERMINAÇÃO<br />

DO CG<br />

Figura 0-1 - Algoritmo para obtenção da posição da asa


Figura 0-2 - Convergência da posição do CG<br />

Figura 0-3 - Variação da posição da asa


Figura 0-4 - Variação da posição da empenagem em relação ao CG


V. Módulo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho<br />

Análise <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> aeronaves é a ciência <strong>de</strong> prever o que uma aeronave po<strong>de</strong><br />

fazer; a rapi<strong>de</strong>z e altitu<strong>de</strong> que po<strong>de</strong> voar, o quão rápido ele po<strong>de</strong> se transformar, o<br />

quanto <strong>de</strong> carga que po<strong>de</strong> transportar, até on<strong>de</strong> ele po<strong>de</strong> ir, e ocomprimento <strong>de</strong> pista que<br />

po<strong>de</strong> usar com segurança para pouso e <strong>de</strong>colagem. A maioria dos requisitos <strong>de</strong> projeto<br />

do lado <strong>de</strong> potenciais clientes é ligada ao <strong>de</strong>sempenho. Por isso, na maioria dos casos é<br />

a análise <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho que respon<strong>de</strong> à pergunta: "Será que esta aeronave aten<strong>de</strong> as<br />

necessida<strong>de</strong>s do cliente?"<br />

a. Velocida<strong>de</strong>s<br />

Tipos <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> diferentes são usados para operar uma aeronave. Alguns <strong>de</strong>les<br />

permitem que a tripulação gerencie o voo, mantendo algumas margens <strong>de</strong> áreas críticas,<br />

enquanto outros são usados principalmente para fins <strong>de</strong> otimização <strong>de</strong> navegação e <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sempenho. É por isso que o etxto a seguir realiza umarevisão dos diferentes tipos <strong>de</strong><br />

velocida<strong>de</strong> que são usados em aeronáutica.<br />

Velocida<strong>de</strong> calibrada (CAS, Calibrated airspeed)<br />

A velocida<strong>de</strong> calibrada é obtida pela diferença entre a pressão total (P t )e a<br />

pressão estática (P e ). Esta diferença é chamada <strong>de</strong> pressão dinâmica (q). Como<br />

esta diferença não po<strong>de</strong> ser medida diretamente, ela é obtida através <strong>de</strong> medições<br />

feitas por duas sondas (Fig. V.1).<br />

Assim .<br />

Para a obtenção da pressão total <strong>de</strong> P t , o fluxo <strong>de</strong> ar é parado por meio <strong>de</strong> um<br />

tubo voltado para frente, chamado tubo <strong>de</strong> Pitot (Figura V.1), que me<strong>de</strong> a<br />

pressão <strong>de</strong> impacto e tem uma porta <strong>de</strong> tomada estática, também medindo,<br />

portanto, a pressão dinâmica q. A pressão total representa a pressão ambiente<br />

(aspecto estático) a dada altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> vôo, mais o movimento <strong>de</strong> aeronaves<br />

(aspecto dinâmico). O P e pressão estática é medida por meio <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong><br />

portas estáticas perpendiculares ao fluxo <strong>de</strong> ar. Esta medida representa a pressão<br />

ambiente na altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> voo (aspecto estático) e é mais precisa <strong>de</strong> que a medição<br />

feita no tubo <strong>de</strong> Pitot.<br />

Figura V.1 – Tomadas <strong>de</strong> pressão estática e total.


Voar em um CAS constante durante a fase <strong>de</strong> subida permite que o efeito<br />

aerodinâmico seja o mesmo daquele ao nível do mar e, consequentemente, que<br />

se eliminem variações <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>.<br />

Velocida<strong>de</strong> indicada (IAS, Indicated airspeed)<br />

A velocida<strong>de</strong> do ar indicada (IAS) é a velocida<strong>de</strong> fornecida pelo velocímetro.<br />

Quaisquer que sejam as condições <strong>de</strong> voo, se a medição <strong>de</strong> pressão for preciso,<br />

então a IAS <strong>de</strong>ve i<strong>de</strong>almente ser igual à do CAS. No entanto, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do<br />

ângulo <strong>de</strong> ataque da aeronave, a configuração <strong>de</strong> flape, a proximida<strong>de</strong> do solo<br />

(efeito solo ou não), a direção do vento e outros parâmetros influentes, alguns<br />

erros <strong>de</strong> medição são introduzidos, principalmente na pressão estática. Isto<br />

conduz a uma pequena diferença entre CAS e o valore da IAS. Esta diferença é<br />

chamada <strong>de</strong> correção instrumental ou erro <strong>de</strong> antena (K i ).<br />

<br />

Velocida<strong>de</strong> verda<strong>de</strong>ira (TAS, True Airspeed)<br />

Uma aeronave em vôo se move em uma massa <strong>de</strong> ar, que se está em movimento<br />

em relação a terra. A velocida<strong>de</strong> verda<strong>de</strong>ira (TAS) representa a velocida<strong>de</strong> da<br />

aeronave em movimento com o sistema <strong>de</strong> referência ligado a esta massa <strong>de</strong> ar,<br />

ou simplesmente, a velocida<strong>de</strong> da aeronave no escoamento. Ela po<strong>de</strong> ser obtida a<br />

partir do CAS, utilizando a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> (compressibilida<strong>de</strong>) do ar (ρ) e a correção<br />

(K).<br />

√<br />

<br />

Velocida<strong>de</strong> em relação ao solo (GS, Ground speed)<br />

A velocida<strong>de</strong> em relação ao solo é medida em relação a um sistema <strong>de</strong> referência<br />

fixo no solo. Ela é igual a TAS corrigida pelas componentes do vento (Fig. V.2).<br />

Figura V.2 - Velocida<strong>de</strong> em relação ao solo e ângulo <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio (DA).


O número <strong>de</strong> Mach é um valor adimensional que dá uma medida da intensida<strong>de</strong><br />

que dos efeitos compressíves em geometrias submetidas a escoamentos <strong>de</strong><br />

fluidos, em especial o ar. O núemero <strong>de</strong> Mach, M, po<strong>de</strong> ser expersso por:<br />

On<strong>de</strong> é a velocida<strong>de</strong> do som, que é unicamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da temperatura.<br />

Assim, o número <strong>de</strong> Mach po<strong>de</strong> ser epxresso por:<br />

Com T sendo a temperatura estática em graus Celsius.<br />

√<br />

A Fig. V.3 ilustra um perfil típico <strong>de</strong> subida em rota <strong>de</strong> um avião <strong>de</strong> linha.<br />

Normalmente, sobe-se com uma velocida<strong>de</strong> calibrada constante, na figura<br />

mostrada como sendo 300 nós, na primeira parte da subida. Após uma altitu<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> transição, sobe-se em número <strong>de</strong> Mach constante. Como a velocida<strong>de</strong> do som<br />

cai com a altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>vido à queda <strong>de</strong> temperatura, <strong>de</strong>ve-se então diminuir a<br />

velocida<strong>de</strong> verda<strong>de</strong>ira para que o número <strong>de</strong> Mach não varie. Na tropopausa,<br />

região entre a troposfera e a estratosfera, a temperatura fica constante e, assim,<br />

voa-se em uma TAS constante para um dado número <strong>de</strong> Mach. A tropopausa é<br />

mais espessa nos trópicos que nos polos.<br />

Figura V.3 – Perfil <strong>de</strong> subida típico <strong>de</strong> um avião <strong>de</strong> linha.


. Envelopes <strong>de</strong> operação<br />

A Fig. V.4 mostra um envelope <strong>de</strong> operação genérico <strong>de</strong> um avião <strong>de</strong> transporte<br />

transônico [1]. O gráfico mostra linhas <strong>de</strong> CAS e número <strong>de</strong> Mach constantes. O voo é<br />

limitado em velocida<strong>de</strong> pela velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> operação máxima, VMO, ou pelo número <strong>de</strong><br />

Mach máximo <strong>de</strong> operação, M MO . Em geral, o avião irá cruzar em velocida<strong>de</strong> ou<br />

número <strong>de</strong> Mach ligeiramente menor do que a VMO ou M MO , a qual é mostrada no<br />

gráfico da Fig. V.4 pela linha tracejada mais espessa. Em baixas velocida<strong>de</strong>s, o<br />

envelope é limitado pela velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estol. O teto é limitado pela altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> cabine<br />

máxima ou a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> subida da aeronave (requerida para evitar colisões ou<br />

regiões turbulentas).<br />

Figura V.4 – Envelope típico <strong>de</strong> operação <strong>de</strong> uma aeronave comercial [1].<br />

Os envelopes operacionais <strong>de</strong> uma aeronave levam em conta vários fatores tais como<br />

aerodinâmica, características do grupo moto-propulsor, limites estruturais da aeronave,<br />

aquecimento aero-termodinâmico e outros, restringindo o voo em condições extremas.<br />

A Figura V.4 ilustra estas restrições, com quatro fenômenos que merecem consi<strong>de</strong>ração<br />

especial: ruído na entrada <strong>de</strong> ar (intake buzz), flutter, estol das pás do compressor <strong>de</strong> alta<br />

e temperatura do revestimento [1]. Alguns limites são óbvios. Outros fatores, tais como<br />

pressurização são menos aparentes.


Figura V.4 – Fatores limitantes no envelope operacional [1].<br />

b.1 Ruído na entrada <strong>de</strong> ar<br />

O ruído na entrada <strong>de</strong> ar é a interação entre a onda <strong>de</strong> choque oblíqua na rampa da<br />

entrada do motor e a camada limite na rampa. Isto origina condições oscilantes <strong>de</strong>ntro<br />

do duto <strong>de</strong> entrada <strong>de</strong> ar que assumem a forma <strong>de</strong> vibrações forçadas. A frequência<br />

normal é <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 10 Hz. Caso ocorra um choque, ele será formado por duas ondas<br />

<strong>de</strong> choque oblíquas: uma a partir do fluxo <strong>de</strong> compressão externa, e um choque normal.<br />

Esses dois choques encontram em um ponto e expan<strong>de</strong>m para fora, como um λ-choque.<br />

A é a área da secção transversal do motor <strong>de</strong>finido por esta intersecção e é chamada<br />

choque A (Figura V.5). Quando o ruído começa, o ponto <strong>de</strong> intersecção do choque, F,<br />

está no interior do lábio da capota do motor e um fluxo <strong>de</strong> cisalhamento é estabelecido.


Figura V.5 – Ruído na entrada <strong>de</strong> ar: (a) início; (b) início do ruído;<br />

(c) limite para o estabelecimento da estrutura <strong>de</strong> ruído; (d) fase<br />

supercrítica. P i2 é a pressão no interior da entrada <strong>de</strong> ar.<br />

Em um <strong>de</strong>terminado número <strong>de</strong> Mach, o fluxo <strong>de</strong> cisalhamento interno ao difusor cria<br />

uma separação que reduz a massa capturada pela entrada <strong>de</strong> ar, pois o escoamento<br />

separado provoca um efeito <strong>de</strong> bloqueio. Enquanto isso, o compressor funciona em<br />

rotação constante e ten<strong>de</strong> a aspirar o ar coletado na entrada do tubo. A taxa <strong>de</strong> pressão<br />

no motor irá diminuir. Com a pressão P i2 diminuindo abaixo da pressão <strong>de</strong> estagnação,<br />

o fluxo <strong>de</strong> cisalhamento <strong>de</strong>saparece e, como consequência, o efeito <strong>de</strong> bloqueio. Em<br />

seguida, o processo começa novamente. Alguns <strong>de</strong>stes problemas po<strong>de</strong>m ser reduzidos<br />

ou eliminados pelo projeto a<strong>de</strong>quado da entrada <strong>de</strong> ar (geometria variável ).<br />

b.2 Bombeamento do motor<br />

O bombeamento do motor (engine surge) é o resultado <strong>de</strong> uma instabilida<strong>de</strong> no ciclo do<br />

motor. A operação ou ciclo do motor consiste <strong>de</strong> <strong>de</strong>saceleração do ar e recuperação da<br />

pressão na entrada <strong>de</strong> ar, compressão, combustão, expansão na turbina e exaustão na<br />

tubeira, acontecendo simultaneamente em várias partes do motor. A porção do ciclo<br />

suscetível à instabilida<strong>de</strong> é a que acontece no compressor. O apagão do motor é o<br />

resultado do estol do compressor no motor a reação. Como resultado, o motor para <strong>de</strong><br />

funcionar. Este é um evento raro, com um gran<strong>de</strong> estrondo inicial. O ar estola sobre as<br />

pás do compressor da mesma maneira que o faz em uma asa <strong>de</strong> avião. Quando o<br />

escoamento estola ao redor do aerofólio, a passagem do ar através do compressor tornase<br />

instável e o compressor não consegue mais comprimir o ar que entra. O ar <strong>de</strong> alta<br />

pressão por trás da região estolada não consegue se movimentar para trás no motor e<br />

escapa para frente através do compressor, e, também, para fora da entrada <strong>de</strong> ar. Esta<br />

fuga <strong>de</strong> ar é repentina, como uma explosão, e é acompanhado por chamas visíveis na<br />

região externa da tubeira. Muitas vezes, o evento é tão rápido que os instrumentos não<br />

têm tempo <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r. Em geral, a instabilida<strong>de</strong> é processo auto-corretivo. Em<br />

motores mo<strong>de</strong>rnos, existem válvulas que bombeiam o fluxo perturbado para fora do<br />

motor e, assim, limitam a intensida<strong>de</strong> da instabilida<strong>de</strong>.


.3 Flutter<br />

O flutter é um movimento auto-induzido causado pelo acoplamento dinâmico dos<br />

movimentos (modos) estruturais da asa com o carregamento aerodinâmico não<br />

estacionário. Em outros termos, o flutter é uma instabilida<strong>de</strong> dinâmica <strong>de</strong> asas elásticas.<br />

A aerodinâmica geralmente lida com escoamento fluxo em torno <strong>de</strong> objetos rígidos,<br />

mas, <strong>de</strong> fato, aeronaves são relativamente leves e há sempre um grau <strong>de</strong> flexibilida<strong>de</strong><br />

que po<strong>de</strong> levar a modos interessantes <strong>de</strong> movimento. A aerodinâmica não apenas afeta o<br />

<strong>de</strong>sempenho da aeronave e mecânica <strong>de</strong> voo, mas também irá provocar a flexão e torção<br />

dos componentes da aeronave, um em relação ao outro. Estes modos estruturais <strong>de</strong>vem<br />

ser cuidadosamente analisados para evitar uma classe problemas que caem sob o título<br />

<strong>de</strong> aeroelasticida<strong>de</strong>.<br />

Collar [2] classificou os problemas aeroelásticos por meio <strong>de</strong> um diagrama conhecido<br />

como Triângulo <strong>de</strong> Forças <strong>de</strong> Collar (Fig. V.6). Tal diagrama constitui-se <strong>de</strong> um<br />

triângulo eqüilátero cujos vértices representam as forças envolvidas no problema<br />

aeroelástico (aerodinâmicas, elásticas e <strong>de</strong> inércia). Os fenômenos aeroelásticos são,<br />

então, posicionados no diagrama, <strong>de</strong>ntro ou fora do triângulo, conforme sua relação com<br />

os três tipos <strong>de</strong> força apresentados. Por exemplo, flutter e buffeting são localizados<br />

<strong>de</strong>ntro do triângulo, e reversão <strong>de</strong> comando e divergência são postos do lado <strong>de</strong> fora,<br />

uma vez que não estão relacionados a forças <strong>de</strong> inércia.<br />

A constante evolução da tecnologia aeroespacial provocou ainda alterações no<br />

Triângulo <strong>de</strong> Collar. Em vôos supersônicos ou hipersônicos, os efeitos térmicos são<br />

também, importantes, levando à necessida<strong>de</strong> do seu estudo na interação com<br />

aeroelasticida<strong>de</strong>, surgindo a aerotermoelasticida<strong>de</strong> [3]. E ainda, em veículos<br />

aeroespaciais atuais há um gran<strong>de</strong> potencial para interação entre aeroelasticida<strong>de</strong> e<br />

sistemas <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> vôo digitais, levando ao estudo da aeroservoelasticida<strong>de</strong> e também<br />

da aero-termo-servolasticida<strong>de</strong>. Desta forma, o diagrama originalmente representado por<br />

um triângulo, agora é dado por um hexaedro.<br />

Figura V.6 – Triângulo <strong>de</strong> Collar [2].


Uma das interações aero-estruturais mais simples que se observa em asas <strong>de</strong> aeronave<br />

<strong>de</strong> asa fixa é a flexão da asa em relação à fuselagem rígida. Para aeronaves com asas em<br />

balanço (cantilever) retas e pouco espessas existem dois modos típicos <strong>de</strong> movimento.<br />

O primeiro é um modo <strong>de</strong> flexão, on<strong>de</strong> a asa flexiona-se para cima e para baixo em<br />

relação à raiz <strong>de</strong> asa fixa (engastada). O segundo é um modo <strong>de</strong> torção, no qual cada<br />

seção da asa gira em torno do eixo elástico situado ao longo da envergadura.<br />

Normalmente, há um efeito mínimo <strong>de</strong>stes dois modos <strong>de</strong> comportamento estrutural,<br />

com apenas uma ligeira vibração <strong>de</strong> ser visto para cada movimento. O modo <strong>de</strong> flexão<br />

mostra-se como um efeito <strong>de</strong> batimento <strong>de</strong> baixa frequência enquanto que o modo <strong>de</strong><br />

torção é consi<strong>de</strong>rado um modo <strong>de</strong> vibração <strong>de</strong> frequência muito mais elevada. No<br />

entanto, com as forças e momentos causados por escoamentos <strong>de</strong> alta velocida<strong>de</strong>, como<br />

uma fonte <strong>de</strong> energia <strong>de</strong> excitação, estes dois modos po<strong>de</strong>m produzir movimentos com<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> intensida<strong>de</strong>, distorcendo severamente ou quebrando a asa.<br />

Um dos efeitos resultantes da excitação da asa é chamado <strong>de</strong> divergência. Neste caso, o<br />

momento produzido pela carga aerodinâmica é maior do que a rigi<strong>de</strong>z estrutural em<br />

torção da asa e, portanto, será torcido fora do veículo. A velocida<strong>de</strong> limite para a<br />

ocorrência <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> falha é chamado <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> divergência e, espera-se, que<br />

seja muito maior do que qualquer velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> operação normal do veículo. Surgem<br />

dificulda<strong>de</strong>s específicas com varreram frente asas como estes têm uma velocida<strong>de</strong><br />

relativamente baixa divergência.<br />

O segundo efeito é chamado <strong>de</strong> vibração. Neste caso, existe uma interação sincronizada<br />

entre ambos os modos, <strong>de</strong> modo que a energia é absorvida a partir do escoamento em<br />

um modo aumentar a amplitu<strong>de</strong> do outro. Neste ponto, a frequência <strong>de</strong> cada modo tem<br />

mesmo valor. A asa irá absorver a energia do escoamento e fletir e trocer com<br />

amplitu<strong>de</strong>s crescentes, até um valor crítico ser atingido e a asa se partir inteiramente.<br />

Quando o escoamento atinge o ponto crítico para causar essa falha, ele é chamado <strong>de</strong><br />

velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> flutter. Naturalmente, esta velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ocorrer em velocida<strong>de</strong>s muito<br />

mais altas do que as velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> operação da aeronave. Contudo, o flutter po<strong>de</strong> ser<br />

induzido por relação ina<strong>de</strong>quada entre a rigi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> asa à torção e à flexão, ou pela<br />

adição <strong>de</strong> massa asa em pontos atrás da longarina.<br />

Uma estimativa da ocorrência <strong>de</strong>ssas condições e da interação do escoamento sobre a<br />

asa po<strong>de</strong> ser obtido através <strong>de</strong> um simples <strong>de</strong> 2 graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> (2dof) mo<strong>de</strong>lo<br />

dinâmico <strong>de</strong> asa. A Figura V.7 mostra o mo<strong>de</strong>lo i<strong>de</strong>alizado <strong>de</strong> uma asa cantilever reta.<br />

Rigi<strong>de</strong>z à flexão <strong>de</strong> asa ligada a fuselagem po<strong>de</strong> ser aproximada por uma mola <strong>de</strong> flexão<br />

<strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z K h . Rigi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> torção é igualmente representada por uma mola <strong>de</strong> torção <strong>de</strong><br />

rigi<strong>de</strong>z K . Isso permite que a secção <strong>de</strong> asa genérico mostrado a mover-se em relação<br />

à fuselagem em flexão, (direcção alçada, h) e <strong>de</strong> torção (rotação <strong>de</strong> ângulo,) . A<br />

origem <strong>de</strong>stes movimentos serão eixo elástico da asa. Supõe-se que o centro <strong>de</strong><br />

gravida<strong>de</strong> da asa e do centro <strong>de</strong> acto <strong>de</strong> elevação nos locais mostrados, com distâncias<br />

XCG e xac formar estes pontos ao eixo elástico. Efeitos <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>vido ao<br />

arrasto aerodinâmico e amortecimento estrutural têm sido negligenciados.


Figura V.7 – Representação do movimento oscilatório <strong>de</strong> uma seção<br />

transversal <strong>de</strong> asa.<br />

Pela aplicação das leis <strong>de</strong> Newton, um par <strong>de</strong> equações po<strong>de</strong> ser obtido:<br />

On<strong>de</strong><br />

m = massa da asa,<br />

(V.1) <strong>de</strong>vido ao movimento <strong>de</strong> flexão,<br />

I α = momento polar <strong>de</strong> inércia da asa ( ∫ ).<br />

(V.2) para o movimento <strong>de</strong> torção.<br />

Por conta da separação entre o centro <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> e a origem do movimento, surge um<br />

acoplamento entre cada modo, o qual é regulado pelo momento <strong>de</strong> inércia <strong>de</strong><br />

acoplamento S α :<br />

A forma da vibração po<strong>de</strong> ser mo<strong>de</strong>lada por<br />

e<br />

∫<br />

(V.4)<br />

(V.5)<br />

(V.3)<br />

on<strong>de</strong> h 0 e α 0 são as amplitu<strong>de</strong>s do movimento e ω é a frequência. Tanto a amplitu<strong>de</strong><br />

quanto a frequência po<strong>de</strong>m assumir valores complexos, permitindo <strong>de</strong>fasagem entre os<br />

movimentos <strong>de</strong> torção e flexão e amortecimento da vibração. Caso movimento<br />

harmônico simples seja assumido, então, a rigi<strong>de</strong>z da asa os modos <strong>de</strong> flexão e torção<br />

po<strong>de</strong> ser obtido das frequências naturais <strong>de</strong>stes modos.<br />

(V.6)<br />

(V.7)<br />

Substituindo nas equações governantes esses resultados da hipótese feita dos<br />

movimentos obtém-se:


( ) ( ) (V.8)<br />

( ) ( ) (V.9)<br />

Simplificando ainda mais, funções forçantes lineares aerodinâmicas necessitam ser<br />

aplicadas. Assumindo que o efeito do arquemaneto e do ângulo <strong>de</strong> ataque po<strong>de</strong>m ser<br />

calculados separadamente e então sobrepostos em qualquer solução oscilatória, a<br />

aserodinâmica requerida a este altura é aquela <strong>de</strong>vida ao movimento oscilatório emtorno<br />

<strong>de</strong> zero grau. Consi<strong>de</strong>rando que efeitos torcionais dominam por conta <strong>de</strong> terem gran<strong>de</strong><br />

influência no ângulo <strong>de</strong> ataque, e negligenciando qualquer efeito acústico ou <strong>de</strong><br />

compressibilida<strong>de</strong>, asustentação po<strong>de</strong> ser dada por<br />

Substituindo Eq. V.10 nas Equações V.8 e V.9, obtém-se:<br />

No formato matricial, tem-se:<br />

(V.10)<br />

(V.11)<br />

(V.12)<br />

* + [ ] * + (V.13)<br />

Embora não seja diretamente resolvível por conta do número <strong>de</strong> variáveis, esta matriz<br />

fornece uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> informações acerca do comportamento do sistema.<br />

Duas classes <strong>de</strong> solução são possíveis:<br />

1) h 0 = 0 e α 0 = 0. O sistema é estável e nada acontece (solução<br />

trivial). Esta é a soluçaõ dominante.<br />

2) * + (V.14)<br />

Esta segunda forma <strong>de</strong> solução permite <strong>de</strong>slocamentos e o<br />

comportamento da asa ten<strong>de</strong> a ser oscilatório, seja estável ou<br />

instável, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do valor <strong>de</strong> ω. Po<strong>de</strong>-se prever o surgimento<br />

<strong>de</strong> fenômenos tais como flutter e divergência.<br />

Aqui, equações do tipo | | fornece tipos <strong>de</strong> solução para ω<br />

baseadas na velocida<strong>de</strong> do veículo, assim sendo controladas pelo valor da pressão<br />

dinâmica q.<br />

Movimento harmônico simples conduzindo ao flutter<br />

Caso ω tenha somente partes imaginárias, o sistema terá um comportamento oscilatório.<br />

Consi<strong>de</strong>rando uma perturbação inicial α o ,h o, os movimentos subsequentes serão<br />

harmônicos simples tanto amortecidos (amplitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong>crescentes) ou não-amortecidos<br />

(amplitu<strong>de</strong>s crescentes), <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da parte imaginária <strong>de</strong> ω. Valores complexos <strong>de</strong><br />

frequência (<br />

) mo<strong>de</strong>ram o comportamento da amplitu<strong>de</strong> ao longo do<br />

tempo, já que:<br />

(V.15)


A frequência final do movimento será dada por ω R e o crescimento ou <strong>de</strong>caimento do<br />

movimento será <strong>de</strong>terminado por ω I .<br />

Em valores baixos da pressão dinâmica, q, a solução do sistema matricial fornece raízes<br />

separadas e distintas para ω, as quais são tipicamente reais e perto das frequências<br />

naturais dos modos estruturais. Isto implica que qualquer perturbação fará com que a<br />

asa oscile perto dos modos estruturais com pouco ou nenhum amortecimento. Efeitos <strong>de</strong><br />

segunda or<strong>de</strong>m, que não são parte do mo<strong>de</strong>lo aqui <strong>de</strong>lineado, em uma estrutura real<br />

farão com que as amplitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong>scresçam até que alcancem o valor zero, obe<strong>de</strong>cendo à<br />

amplitu<strong>de</strong> zero da solução trivial.<br />

Aumentando-se a pressão dinâmica, irá eventualmente resultar em uma solução na qual<br />

ω tenha somente um único valor real, indicando sincronização dos dois modos. Não há<br />

qualquer indicação <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong> nesta condição. Contudo, caso haja um<br />

aumento <strong>de</strong> q, mesmo que pequeno, soluções com partes imaginárias irão surgir. Assim,<br />

haverá acoplamento dos modos <strong>de</strong> torção e flexão com rápido aumento <strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong>,<br />

estado conhecido como flutter (Fig. V.8).<br />

Figura V.8 – Velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> flutter.<br />

A velocida<strong>de</strong> na qual uma única frequência real é obtida é o ponto <strong>de</strong> partida para as<br />

soluções do movimento oscilatório não-amortecido. A meta é resolver o <strong>de</strong>terminante<br />

da Eq. V.4 para obtenção da velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> flutter. Inicialmente, tem-se:<br />

( ) ( ) (V.16)


Para resolução da Eq. V.16, esta é rearranjada em temos <strong>de</strong><br />

On<strong>de</strong><br />

(V.17)<br />

A solução é<br />

√<br />

Baseado nas magnitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> A, B e C, a solução será puramente real e <strong>de</strong> valor único<br />

quando . Neste estágio, a solução <strong>de</strong> uma única frequência real indica o início<br />

do flutter. Qualquer aumento <strong>de</strong> q irá produzir raízes complexas relacionadas ao<br />

movimento com amplitu<strong>de</strong> crescente.<br />

Da análise dos componentes A, B e C é possível predizer a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> flutter, mas<br />

também i<strong>de</strong>ntificar meios <strong>de</strong> modifica-la através da manipulação <strong>de</strong> distâncias entre o<br />

centro <strong>de</strong> massa e o centro aerodinâmico, inércias e magnitu<strong>de</strong>s das <strong>de</strong>rivadas<br />

aerodinâmicas.<br />

Movimento não-oscilatório conduzindo à divergência<br />

Do mesmo modo como no caso do flutter, a solução do <strong>de</strong>terminante da Equação V.14<br />

po<strong>de</strong> também indicar um movimento com aumento contínuo <strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong> chamado <strong>de</strong><br />

divergência. Caso a parte real <strong>de</strong> ω seja zero, então, o movimento po<strong>de</strong> ser tanto<br />

<strong>de</strong>crescente quanto crescente exponencialmente. Novamente em baixas velocida<strong>de</strong>s, o<br />

sistema ten<strong>de</strong> a produzir soluções não nulas para ω R . Assim que a velocida<strong>de</strong> aumenta,<br />

ω R po<strong>de</strong> diminuir para alguns modos. Caso ω R torne-se nulo antes do surgimento do<br />

flutter, então o aumento subsequente na pressão dinâmica irá conduzir a uma solução<br />

que é puramente imaginária e, consequentemente, a divergência física da estrutura.<br />

Assi, a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> divergência po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida como a solução do <strong>de</strong>terminante<br />

para ω=0. Da Eq. V.17 obtém-se<br />

Ou<br />

( ) (V.18)<br />

(V.19)<br />

Na Eq. V.19, todos os termos são fixados para uma dada geometria <strong>de</strong> asa, exceto para<br />

q. Po<strong>de</strong>-se então <strong>de</strong>terminar a velocida<strong>de</strong> na qual o momento aerodinâmico torna-se<br />

igual à rigi<strong>de</strong>z torsional da asa, conduzindo a um caso <strong>de</strong> torção sem limites.


Referências <strong>de</strong>sempenho<br />

[1] - Filippone, A., ―Flight Performance of Fixed and Rotary Wing Aircraft,‖ Elsevier<br />

Aerospace Engineering Series, 1 st Ed, 2006.<br />

[2] - COLLAR, A.R.: The Expanding Domain of Aeroelasticity, The Journal of the<br />

Royal Aeronautical Society, Vol. 50, pp. 613-636, August 1946.<br />

[3] - GARRICK, I.E., A Survey of Aerothemoelasticity, Aerospace Engineering, Vol.<br />

22, No. 1, pp. 140-147, January 1963.


VI.<br />

Cálculo do custo direto operacional (Direct Operating Cost, DOC)<br />

Para o cálculo do DOC aplicou-se a metodologia <strong>de</strong>senvolvida por Roskam (ROSKAM<br />

1990).<br />

Por essa metodologia, o DOC é função <strong>de</strong> três fatores:<br />

Peso máximo <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem<br />

Tempo <strong>de</strong> bloco<br />

Consumo <strong>de</strong> combustível<br />

O DOC po<strong>de</strong> ser dividido em cinco componentes:<br />

On<strong>de</strong>:<br />

- custo por vôo<br />

Custo por vôo -<br />

– custo <strong>de</strong> manutenção<br />

- custo <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação<br />

– custo <strong>de</strong>vido às taxas aeroportuárias, navegação e registro<br />

– custo <strong>de</strong> financiamento<br />

O custo por vôo, por sua vez, é subdividido em custo da tripulação, óleo e combustível e<br />

seguro.<br />

On<strong>de</strong>:<br />

- custo da tripulação<br />

- custo <strong>de</strong> óleo e combustível<br />

- custo com seguro<br />

Custo com a tripulação -<br />

O custo com a tripulação é obtido com a Equação VI.3.<br />

∑{( ) [( ) ⁄ ] ( ⁄ ) ( ⁄ )}<br />

On<strong>de</strong>:<br />

- número <strong>de</strong> membros da tribulação <strong>de</strong> cabine<br />

J – tipo <strong>de</strong> membro:<br />

- comandante<br />

- co-piloto<br />

- velocida<strong>de</strong> do bloco e é obtido da Equação VI.4.<br />


– É a distância percorrida no bloco. Nesse caso, equivalente à soma das<br />

distâncias entre as cida<strong>de</strong>s da malha aérea<br />

- tempo do bloco. Tempo total para percorrer a malha aérea<br />

– salário anual pago aos membros da tripulação.<br />

– número <strong>de</strong> horas voadas pelo membro da tripulação. Consi<strong>de</strong>rou-se o valor <strong>de</strong><br />

800 horas para cada membro da tripulação<br />

– gasto do membro da tripulação por viagem. Usou-se o valor sugerido <strong>de</strong> 7<br />

dólares por hora voada, para cada membro<br />

Custo com óleo e combustível -<br />

O custo gasto por bloco com óleo e combustível é estimado pela equação VI.5.<br />

On<strong>de</strong>:<br />

⁄ ⁄<br />

- quantida<strong>de</strong> total <strong>de</strong> combustível consumido no bloco. É a soma do combustível<br />

gasto em cada trajeto da malha<br />

Custo com o seguro -<br />

⁄ - preço do combustível<br />

⁄ - <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> do combustível<br />

O custo do seguro é função do próprio DOC.<br />

Custo <strong>de</strong> Manutenção -<br />

O custo <strong>de</strong> manutenção po<strong>de</strong> ser subdividido, conforme a Equação VI.7.<br />

On<strong>de</strong>:<br />

- custo da mão-<strong>de</strong>-obra <strong>de</strong> manutenção, da estrutura e sistemas<br />

- custo da mão-<strong>de</strong>-obra <strong>de</strong> manutenção, dos motores<br />

- custo com o material para a manutenção, da estrutura e sistemas<br />

- custo com o material para manutenção dos motores<br />

– outros custos <strong>de</strong> manutenção<br />

Custo da mão-<strong>de</strong>-obra <strong>de</strong> manutenção da estrutura e sistemas -<br />

O custo da mão-<strong>de</strong>-obra <strong>de</strong> manutenção, da estrutura e sistemas, é <strong>de</strong>terminado pela<br />

Equação VI.8.<br />

( ) ( ⁄ )


On<strong>de</strong>:<br />

- números <strong>de</strong> horas por bloco, necessárias para a manutenção da estrutura e<br />

sistemas. É obtido a partir da Equação VI.9.<br />

- é o peso vazio diminuído do peso dos motores<br />

⁄ - custo homem-hora para a manutenção<br />

O fator 1.03 consi<strong>de</strong>ra os custos extras, <strong>de</strong>vido a atrasos nos vôos.<br />

Custo da mão-<strong>de</strong>-obra <strong>de</strong> manutenção dos motores -<br />

O custo <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra para a manutenção <strong>de</strong> motores é <strong>de</strong>terminado pela Equação<br />

VI.10.<br />

( ) ( ⁄ )<br />

On<strong>de</strong>, é o número <strong>de</strong> motores e = número <strong>de</strong> horas por bloco,<br />

necessárias para a manutenção dos motores. É obtido através da Equação VI.11.<br />

,*<br />

⁄<br />

+ ( ) -<br />

- tração total <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem<br />

- intervalo <strong>de</strong> revisão (overhaul)<br />

⁄ - custo <strong>de</strong> homem-hora para a manutenção<br />

Custo com material para manutenção da estrutura e sistemas -<br />

O custo da manutenção, da estrutura e sistemas, é estimado pela Equação VI.12.<br />

VI.13.<br />

( ) ⁄<br />

– custo dos materiais <strong>de</strong> manutenção, por hora voada. É obtido da Equação<br />

- fator <strong>de</strong> correção do preço do ano base 1989. Como o DOC está sendo<br />

calculado para o ano <strong>de</strong> 1989, esse fator vale 1.0.<br />

vale 1.0.<br />

- fator <strong>de</strong> tipo <strong>de</strong> aeronave. Para aeronaves acima <strong>de</strong> 10000 libras esse fator<br />

– preço da aeronave, subtraído o preço dos motores.<br />

- preço <strong>de</strong> mercado da aeronave em 1989<br />

- preço do motor em 1989<br />

- tração <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem por motor


Custo com o material para a manutenção dos motores -<br />

O custo <strong>de</strong> material, para a manutenção dos motores, po<strong>de</strong> ser estimado da Equação<br />

VI.19.<br />

On<strong>de</strong>:<br />

( ) ⁄<br />

- custo dos materiais <strong>de</strong> manutenção do motor, por hora voada. É obtido da<br />

equação 2.188.<br />

valor <strong>de</strong> 1.5<br />

Outros custos <strong>de</strong> manutenção -<br />

– fator <strong>de</strong> custo <strong>de</strong> peças <strong>de</strong> reposição do motor. Foi utilizado o<br />

⁄<br />

Os custos <strong>de</strong> manutenção, não incluídos nos quatro anteriores, foram juntados em<br />

apenas um e po<strong>de</strong> ser obtido pela equação 2.190.<br />

{( ) [( ) ( ) ( )<br />

⁄<br />

( )] ( ) [( ) ( )]}<br />

2.190<br />

On<strong>de</strong> e são fatores para custo <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra e material<br />

respectivamente. Os valores sugeridos e os escolhidos estão na Tabela 0-1.<br />

FATOR<br />

INTERVALO DE VALOR<br />

VALORES ESCOLHIDO<br />

1.0 – 1.4 1.2<br />

0.4 – 0.7 0.55<br />

Tabela 0-1- Intervalos <strong>de</strong> valores para o fator <strong>de</strong> custo <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra e<br />

material.<br />

Custo <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação -<br />

O custo <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação po<strong>de</strong> ser dividido da seguinte forma:<br />

On<strong>de</strong>:<br />

- custo <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação da aeronave, sem consi<strong>de</strong>rar os motores<br />

- custo <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação do motor<br />

- custo <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação do sistema <strong>de</strong> aviônicos<br />

- custo <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação das peças <strong>de</strong> reposição da aeronave<br />

- custo <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação das peças <strong>de</strong> reposição dos motores


Custo <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação da aeronave -<br />

O custo <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação da aeronave, não consi<strong>de</strong>rando os motores, po<strong>de</strong> ser estimado<br />

pela equação 2.191.<br />

On<strong>de</strong>:<br />

( )<br />

( )<br />

– fator <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação da estrutura. Ver Tabela 0-2<br />

- preço do sistema aviônico por aeronave<br />

- período <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação. Ver Tabela 0-2<br />

– utilização anual da aeronave. É obtido da equação 2.192.<br />

Custo <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação do motor -<br />

}<br />

{<br />

O custo <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação do motor é calculado pela equação 2.193.<br />

( )<br />

( )<br />

- fator <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação do motor. Ver Tabela 0-2<br />

- período <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação do motor. Ver Tabela 0-2<br />

Custo <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação do sistema <strong>de</strong> aviônicos -<br />

O custo <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação do sistema <strong>de</strong> aviônicos é obtido pela equação 2.194.<br />

- fator <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação do sistema aviônico. Ver Tabela 0-2<br />

- período <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação do sistema aviônico. Ver Tabela 0-2<br />

Custo <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação das peças <strong>de</strong> reposição da aeronave -<br />

O custo <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação das peças <strong>de</strong> reposição da aeronave po<strong>de</strong> ser estimado pela<br />

equação 2.195.<br />

( ) ( )<br />

( )<br />

- fator <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação, das peças <strong>de</strong> reposição da aeronave. Ver Tabela 0-2<br />

- fator <strong>de</strong> peças <strong>de</strong> reposição da aeronave. Foi utilizado o valor <strong>de</strong> 0.10<br />

- período <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação das peças <strong>de</strong> reposição da aeronave. Ver Tabela 0-2


Custo <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação das peças <strong>de</strong> reposição do motor -<br />

O custo <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação das peças <strong>de</strong> reposição da aeronave po<strong>de</strong> ser calculado pela<br />

equação 2.196.<br />

( ) ( )<br />

( )<br />

- fator <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação das peças <strong>de</strong> reposição do motor. Ver Tabela 0-2<br />

- fator <strong>de</strong> peças <strong>de</strong> reposição do motor. Foi utilizado o valor <strong>de</strong> 0.50.<br />

- período <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação das peças <strong>de</strong> reposição do motor. Ver Tabela 0-2<br />

ITEM<br />

ESTRUTURA<br />

MOTOR<br />

AVIÔNICO<br />

PEÇAS DE<br />

REPOSIÇÃODA<br />

ESTRUTURA<br />

PEÇAS DE<br />

REPOSIÇÃODO MOTOR<br />

PERIODO DE<br />

DEPRECIAÇÃO<br />

Tabela 0-2-Valores <strong>de</strong> período e fatores <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação<br />

Custo <strong>de</strong>vido às taxas aeroportuárias, navegação e registro -<br />

O custo total é soma das três taxas:<br />

FATOR DE<br />

DEPRECIAÇÃO<br />

- custo <strong>de</strong>corrente das taxas aeroportuárias<br />

– custo <strong>de</strong>corrente das taxas <strong>de</strong> navegação<br />

- custo <strong>de</strong>corrente as taxas <strong>de</strong> registro<br />

Custo <strong>de</strong>corrente das taxas aeroportuárias -<br />

O custo <strong>de</strong>corrente das taxas aeroportuárias é calculado pela a equação 2.198.<br />

On<strong>de</strong>:<br />

( ) ⁄<br />

- custo do pouso, em função do peso da aeronave. É obtido da equação 2.199


Custo <strong>de</strong>corrente das taxas <strong>de</strong> navegação -<br />

Custo <strong>de</strong>vido às taxas <strong>de</strong> navegação é estimado pela equação 2.200.<br />

( ) ⁄<br />

- taxa <strong>de</strong> navegação, <strong>de</strong> uma aeronave, por vôo. O valor usado foi <strong>de</strong> 10 dólares<br />

por vôo.<br />

Custo <strong>de</strong>corrente das taxas <strong>de</strong> registro -<br />

O custo com taxas <strong>de</strong> registro, também, é função do peso máximo <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem.<br />

On<strong>de</strong>:<br />

Custo <strong>de</strong> financiamento -<br />

O custo do financiamento po<strong>de</strong> se obtido através da equação 2.203; é função do próprio<br />

DOC.


Matlab co<strong>de</strong> for DOC and IOC calculation<br />

%=====================================================%<br />

% **** PROGRAM DIRECT OPERATING COST **** %<br />

% BASED ON ROSKAM VOL VIII (Starting at PAG 144) %<br />

% Author: B. Mattos - June 2014 %<br />

%=====================================================%<br />

% Input:<br />

% Time_Block: block time in minutes<br />

% Cons_Block: fuel burned for the stage length (kg)<br />

% var.Range: block length in nm<br />

% Sal.Captain: salary Captain (US$ in a year period)<br />

% Sal.FO: salary first officer (US$ in a year period)<br />

% weight_empty_kg: opertional empty weight (kg)<br />

% weight_engine_kg: weight of a single engine (kg)<br />

% MTOW: maximum takeoff weight (kg)<br />

% NEng: number of engines;<br />

% T0: takeoff thrust of a single engine (lbf)<br />

% TBO: Time between overhaul for the engine (h)<br />

% Fuel_price= fuel price (US$/Gallon)<br />

clc<br />

clear all<br />

%% Constants<br />

kg2lb = 2.20462262; % kg to conversion factor<br />

%%<br />

% ********** Example of airplane (input) data<br />

Time_Block = 120;<br />

Cons_Block = 6500;<br />

var.Range = 900;<br />

Sal.Captain = 85000;<br />

Sal.FO = 50000;<br />

weight_empty_kg = 22000;<br />

weight_engine_kg = 800;<br />

MTOW = 43090;<br />

NEng = 2;<br />

T0 = 13700;<br />

TBO = 2500;<br />

Fuel_price = 2.387;<br />

%==============================%<br />

% MISSION DATA %<br />

%==============================%<br />

tbl = Time_Block/60; % [HRS] BLOCK TIME EQ 5.6<br />

Block_Range = var.Range; % [NM] BLOCK RANGE<br />

vbl = Block_Range / tbl; % [KTS]BLOCK SPEED EQ 5.5<br />

Uannbl = 1e+3 * (3.4546 * tbl + 2.994 - (12.289 * (tbl^2) -<br />

5.6626 * (tbl) + 8.964)^(1/2)); % [HRS] ANNUAL UTILIZATION<br />

%==============================%<br />

% DOC Page 146 %<br />

%==============================%<br />

%==============================%<br />

% DOC FLT %<br />

%==============================%<br />

%1) CREW COST -> Ccrew


nc1 = 1; % NUMBER OF CAPTAIN<br />

nc2 = 1; % NUMBER OF FIRST OFFICER<br />

kj = 0.26; % FACTOR WHICH ACCOUNTS FOR VACATION PAY, COST<br />

TRAINING ...<br />

% THESE DATA ARE ASSUMED TO BE APPLICABLE FOR 1990<br />

SAL1 = Sal.Captain; % SALARY CAPTAIN [USD/YR]<br />

SAL2 = Sal.FO; % SALARY FIRST OFFICER [USD/YR]<br />

AH1 = 800; % [HRS]<br />

AH2 = 800; % [HRS]<br />

TEF1 = 7; % [USD/blhr]<br />

TEF2 = TEF1; %TRAVEL EXPENSE FACTOR<br />

Ccrew = (nc1 *((1 + kj)/vbl) * (SAL1/AH1) + (TEF1/vbl)) + ...<br />

(nc2 *((1 + kj)/vbl) * (SAL2/AH2) + (TEF2/vbl)); %<br />

[USD/NM] EQ 5.21 PAG 109<br />

%2) FUEL AND OIL COST -> Cpol (PAG 148)<br />

pfuel = Fuel_price; % PRICE [USD/GALLON]<br />

dfuel = 6.74; % DENSITY [LBS/GALLON]<br />

Wfbl = Cons_Block*kg2lb; % [LBS] OPERATIONAL MISSION FUEL<br />

Cpol = 1.05 * (Wfbl / Block_Range) * (pfuel / dfuel); % EQ 5.30<br />

PAG 116 5% DO DOC<br />

%3) INSURANCE COST -> Cins (PAG 148)<br />

% Cins = 0.02 * (DOC); % EQ 5.32 * PAG 117<br />

% DOCflt = Ccrew + Cpol + Cins;<br />

%==============================%<br />

% DOC MAINT %<br />

%==============================%<br />

fnrev<br />

= 1.03; % NON-REVENUE FACTOR. IT ACCOUNTS FOR EXTRA<br />

MAINTENANCE COSTS INCURRED DUE FLIGHT DELAYS<br />

%1) MAINTENANCE LABOR COST FOR AIRFRAME AND SYSTEMS -> Clab_ap (PAG<br />

148)<br />

weight_empty_lb = weight_empty_kg*kg2lb;<br />

weight_engine_lb = weight_engine_kg*kg2lb;<br />

Wa<br />

= weight_empty_lb - NEng*weight_engine_lb; % [LBS]<br />

AIRFRAME WEIGHT<br />

MHRmap_bl = 3 * 0.067 * Wa /1000; % [mhrs/blhr] FIGURE 5.5 PAG<br />

122<br />

Rlap = 16; % [USD/mhr] RATE PER MANHOUR<br />

Clab_ap = fnrev * MHRmap_bl * Rlap / vbl; % [USD/NM] EQ 5.34<br />

PAG 119<br />

%2) MAINTENANCE LABOR COST FOR ENGINES -> Clab_eng (PAG 149)<br />

% bpr=razao <strong>de</strong> passagem<br />

%<br />

Tto<br />

= NEng*T0; % lbf<br />

Tto_Ne = Tto / NEng; % [LBS] TAKE-OFF THRUST PER ENGINE<br />

Hem<br />

= TBO; % [HRS] OVERHAUL PERIOD<br />

Rleng = Rlap;<br />

MHRmeng_bl = ((0.718 + 0.0317 * (Tto_Ne/1000)) * (1100/Hem) +<br />

0.1); % [mhrs/blhr] FIGURE 5.6 PAG 123<br />

Clab_eng = fnrev * 1.3 * NEng * MHRmeng_bl * Rleng / vbl; %<br />

[USD/NM] EQ 5.36 PAG 120


%3) MAINTANENCE MATERIALS COST FOR AIRPLANE -> Cmat_ap (PAG 150)<br />

%ENGINE PRICE<br />

CEF<br />

= (3.10/3.02); %FATOR DE CORRECAO DO PRECO<br />

EP1989 = (10^(2.3044 + 0.8858 * (log10(Tto_Ne)))); % [USD] PAG<br />

65 APPENDIX B4 EQ B10 PAG 351<br />

EP = CEF * EP1989; %[1992]<br />

%AIRPLANE PRICE<br />

AEP1989 = (10^(3.3191 + 0.8043 * (log10(MTOW * kg2lb)))); %<br />

[USD] PAG 89 APPENDIX A9 EQ A12 PAG 331<br />

AEP = CEF * AEP1989; %[1992]<br />

%AIRFRAME PRICE<br />

AFP<br />

= AEP - NEng * (EP); % [USD]<br />

if MTOW * kg2lb >= 10000 % FIGURE 5.8 PAG 126<br />

ATF = 1.0;<br />

elseif MTOW * kg2lb < 10000 && MTOW * lb < 5000<br />

ATF = 0.5;<br />

else<br />

ATF = 0.25;<br />

end<br />

CEFy = 1.0; % PAG 150<br />

Cmat_apbhr = 30 * CEFy * ATF + 0.79*1e-5 * AFP; % PAG 150 FIGURE<br />

5.8 PAG 126<br />

Cmat_ap = fnrev * Cmat_apbhr / vbl; %[USD/NM] EQ 5.37 PAG 120<br />

%4) MAINTANENCE MATERIALS COST FOR ENGINE -> Cmat_eng (PAG 150)<br />

KHem = 0.021 * (Hem/100) + 0.769; % FIGURE 5.11 PAG 129<br />

ESPPF = 1.5; % ENGINE SPARE PARTS PRICE PAG 133<br />

Cmat_engblhr = (5.43*1e-5 * EP * ESPPF - 0.47)/KHem; % FIGURE<br />

5.9 PAG 127<br />

Cmat_eng = fnrev * 1.3 * NEng * Cmat_engblhr / vbl; %<br />

[USD/NM] EQ 5.38 PAG 125<br />

%5) APPLIED MAINTENANCE BURDEN COST -> Camb (PAG 151)<br />

famb_lab = 1.2 ; % OVERHEAD DISTRIBUTION FACTOR LABOUR COST PAG<br />

129 -> MIDDLE VALUE<br />

famb_mat = 0.55; % OVERHEAD DISTRIBUTION FACTOR MATERIAL COST<br />

PAG 129 -> MIDDLE VALUE<br />

Camb = fnrev * (famb_lab * (MHRmap_bl * Rlap + NEng *<br />

MHRmeng_bl * Rleng) + ...<br />

famb_mat * (Cmat_apbhr + NEng * Cmat_engblhr)) / vbl; %<br />

[USD/NM] EQ 5.39 PAG 125<br />

% TOTAL MAINTENANCE COST<br />

DOCmaint = Clab_ap + Clab_eng + Cmat_ap + Cmat_eng + Camb; %<br />

[USD/NM] PAG 151<br />

%==============================%<br />

% DOC DEPRECIATION %<br />

%==============================%<br />

% (PAG 130)<br />

% 1) AIRPLANE DEPRECIATION COST -> Cdap (PAG 151)<br />

fdap<br />

= 0.85; % AIRFRAME DEPRECIATION FACTOR TABELA 5.7 PAG<br />

134<br />

DPap = 10; % AIRPLANE DEPRECIATION PERIOD TABELA 5.7 PAG 134<br />

ASP<br />

= 2670000; % [USD] PAG 151 AVIONICS SYSTEM PRICE<br />

APPENDIX C THE SAME VALUE WHICH WAS USED IN THE EXAMPLE


Cdap = fdap * (AEP - NEng * EP - ASP)/ (DPap * Uannbl *<br />

vbl); % [USD/NM] EQ 5.41 PAG 130<br />

%2) ENGINE DEPRECIATION FACTOR -> C<strong>de</strong>ng (PAG 152)<br />

f<strong>de</strong>ng = 0.85; % ENGINE DEPRECIATION FACTOR TABELA 5.7 PAG 134<br />

DPeng = 7; % ENGINE DEPRECIATION PERIOD TABELA 5.7 PAG 134<br />

C<strong>de</strong>ng = f<strong>de</strong>ng * NEng * EP / (DPeng * Uannbl * vbl); %<br />

[USD/NM] EQ 5.42 PAG 131<br />

%3) AVIONICS DEPRECIATION FACTOR -> Cdav (PAG 152)<br />

fdav<br />

= 1.0; % AVIONICS DEPRECIATION FACTOR TABELA 5.7 PAG<br />

134<br />

DPav<br />

= 5.0; % AVIONICS DEPRECIATION PERIOD TABELA 5.7 PAG<br />

134<br />

Cdav<br />

= fdav * ASP / (DPav * Uannbl * vbl); % [USD/NM] EQ<br />

5.44 PAG 131<br />

%4) AIRPLANE SPARE PARTS DEPRECIATION FACTOR -> Cdapsp (PAG 152)<br />

fdapsp<br />

= 0.85; % AIRPLANE SPARE PARTS DEPRECIATION FACTOR<br />

TABELA 5.7 PAG 134<br />

fapsp = 0.1; % AIRPLANE SPARE PARTS FACTOR PAG 132<br />

DPapsp = 10; % AIRPLANE SPARE PARTS DEPRECIATION PERIOD TABELA<br />

5.7 PAG 134<br />

Cdapsp = fdapsp * fapsp * (AEP - NEng * EP) / (DPapsp * Uannbl<br />

* vbl); % [USD/NM] EQ 5.45 PAG 132<br />

%5) ENGINE SPARE PARTS DEPRECIATION FACTOR -> C<strong>de</strong>ngsp (PAG 153)<br />

f<strong>de</strong>ngsp = 0.85; % ENGINE SPARE PARTS DEPRECIATION FACTOR TABELA<br />

5.7 PAG 134<br />

fengsp = 0.5; % ENGINE SPARE PARTS FACTOR PAG 133<br />

ESPDF = 1.5; % ENGINE SPARE PARTS PRICE FACTOR PAG 133<br />

DPengsp = 7.0; % ENGINE SPARE PARTS DEPRECIATION PERIOD TABELA<br />

5.7 PAG 134<br />

C<strong>de</strong>ngsp = f<strong>de</strong>ngsp * fengsp * NEng * EP * ESPDF / (DPengsp *<br />

Uannbl * vbl); % [USD/NM] EQ 5.46 PAG 133<br />

% TOTAL DEPRECIATION COST<br />

DOC<strong>de</strong>pr = Cdap + C<strong>de</strong>ng + Cdav + Cdapsp + C<strong>de</strong>ngsp; % [USD/NM]<br />

PAG 153<br />

%==============================%<br />

% DOC TAXES %<br />

%==============================%<br />

% (PAG 130)<br />

% 1) COST OF LANDING FEES -> Clf (PAG 154)<br />

Caplf<br />

= 0.002 * MTOW * kg2lb; % EQ 5.49 PAG 135 AIRPLANE<br />

LANDING FEE PER LANDING<br />

Clf = Caplf / (vbl * tbl); % [USD/NM] EQ 5.48 PAG 135<br />

LANDING FEE<br />

% 2) COST OF NAVIGATION FEES -> Cnf (PAG 154)<br />

Capnf = 10; % [USD/FLIGHT] PAG 136 OPERATIONS OUTSIDE THE USA<br />

Cnf = Capnf / (vbl * tbl); % [USD/NM] EQ 5.52 PAG 135<br />

% 3) COST OF REGISTRY FEES -> Crf (PAG 154)<br />

frt<br />

= 0.001 + 1e-8 * MTOW * kg2lb;<br />

%Crt = frt * DOC; % EQ 5.53 PAG 136


% DOClnr = Clf + Cnf + Crt;<br />

%==============================%<br />

% TOTAL DOC %<br />

%==============================%<br />

DOC = (Ccrew + Cpol + DOCmaint + DOC<strong>de</strong>pr + Clf + Cnf) / (1 - (0.02<br />

+ frt + 0.07)); % [USD/NM] PAG 155<br />

fprintf('\n DOC = %5.2f US$/nm \n',DOC)<br />

%==============================%<br />

% IOC PAG 155 %<br />

%==============================%<br />

fioc = - 0.5617 * log (Block_Range) + 4.5765; % FIGURE 5.12 PAG 139<br />

IOC = fioc * DOC; % [USD/NM] EQ 5.56 PAG 137


VII.<br />

Erros e corretivos em aviões<br />

Este Capítulo aborda alguns e erros comumente vistos em aviões e a aplicação <strong>de</strong><br />

corretivos (remendos) colocados em aviões com o intuito <strong>de</strong> corrigir problemas<br />

observados em ensaios em voo ou durante a operação em linha. Estas modificações<br />

estão fora do escopo <strong>de</strong> projeto conceitual, mas são importantes para que já se consi<strong>de</strong>re<br />

aí a realização <strong>de</strong> um trabalho <strong>de</strong> primeira linha, que evite o surgimento <strong>de</strong> problemas<br />

graves facilmente evitáveis na maioria dos casos. São problemas que os fabricantes<br />

aeronáuticos julgaram ter o custo proibitivo para realizar um reprojeto eficaz.<br />

Geradores <strong>de</strong> vórtice (GV) são chapas colocadas nos mais diversos pontos do avião para<br />

melhorar alguma característica, seja <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> voo ou até mesmo redução <strong>de</strong><br />

arrasto. Eles são os dispositivos mais comuns usados como corretivo. Eles têm diversos<br />

tamanhos, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da espessura da camada limite na região on<strong>de</strong> serão instalados.<br />

A Fig. VII.1 ilustra o seu efeito no escoamento.<br />

Figura VII.1 – Efeito dos geradores <strong>de</strong> vórtice (GV) no escoamento.<br />

Os gerados têm diversos formatos, po<strong>de</strong>ndo ser triangulares ou retangulares. O fato é<br />

que qualquer ―asainha‖ <strong>de</strong> baixo alongamento com sustentação gera um forte vórtice <strong>de</strong><br />

ponta. Para que os GV adquiram sustentação, eles obviamente não po<strong>de</strong>m estar<br />

alinhados com o escoamento local. Em asas eles são normalmente dispostos em fileiras<br />

na direção da envergadura. São colocados também em empenagens verticais e<br />

horizontais <strong>de</strong> váris mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> avião. A Fig. VII.2 mostra o seu emprego na<br />

empenagem horizontal canard <strong>de</strong> um pequeno avião da aviação geral.


Figura VII.2 – Geradores <strong>de</strong> vórtice colocados na empenagem horizontal canard<br />

<strong>de</strong> um pequeno avião (Foto: autor).<br />

Alguns tipos <strong>de</strong> GV são colocados em naceles <strong>de</strong> motor para tentar recuperar partes das<br />

características perdidas com a sua instalação (Fig. VII.3). O motor colcoado <strong>de</strong>baixo<br />

das asas cause uma perturbação consi<strong>de</strong>rável do escoamento da asa, tornando-o prone à<br />

separação em ângulos menores do que o <strong>de</strong>sejável. Paraaumentar o coeficiente <strong>de</strong><br />

sustentação máxima, coloca-se chapas triangulares na nacele. O vórtice gerado nesta<br />

condinção percorre um longo caminho até encontrar a asa e energizar a camada limite<br />

(Fig. VII.4). Na figura, a con<strong>de</strong>nção do vapor d’água acontece apenas no núcleo do<br />

vórtice, on<strong>de</strong> a queda <strong>de</strong> pressão e mais acentuado <strong>de</strong>vido a maior velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rotação<br />

nesta região. De fato, o vórtice é muito maior do que se po<strong>de</strong> ver na figura.<br />

Fig. VII.3 – Gerador <strong>de</strong> vórtice colocado na nacele do motor para melhorar<br />

características em elevados ângulo <strong>de</strong> ataque (Foto: autor).


a. Vortilons<br />

Figura VII.4 – Trajetória do vórtice gerado na nacele.<br />

Vortilons (Fig. VII.5) são geradores <strong>de</strong> vórtice colocados no bordo <strong>de</strong> ataque <strong>de</strong> asas,<br />

na região do intradorso, com o intuito <strong>de</strong> produzir vórtices que em ângulos <strong>de</strong> ataque<br />

mo<strong>de</strong>rados para altos irão ajudar a camada limite a permanecer colada. Assim, eles<br />

permitem em alguns casos aumento do coeficiente <strong>de</strong> sustentação máxima e ajudam a<br />

diminuir a força <strong>de</strong> rolamento no estol. Em geral, melhoram o manejo em baixas<br />

velocida<strong>de</strong>s. Eles são efetivos apenas em asas enflechadas.<br />

Vortilons foram introduzidos no McDonnell DC-9 para corrigir problemas <strong>de</strong> estol<br />

profundo (Deep stall) [1].<br />

A condição in<strong>de</strong>sejável que o vortilon irá corrigir po<strong>de</strong> ser provocada por torção<br />

ina<strong>de</strong>quada ou insuficiente da asa, perfilagem prone a <strong>de</strong>scolamento em ângulos <strong>de</strong><br />

ataque <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rados a altos, aileron mal projetado e coisas afins.<br />

Vortilons produzirão mais arrasto em outras fases do voo quando não estando em<br />

coeficientes <strong>de</strong> sustentação muito elevados. Além disso, <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>gelados, custando<br />

eficiência energética do avião, e oferecem risco <strong>de</strong> alguém se ferir quando em operação<br />

no solo, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da altura <strong>de</strong>les em relação ao solo.


Figura VII.5 – Vortilons.<br />

b. Geradores <strong>de</strong> vórtice em frente ao para-brisa<br />

Aqui, o problema se <strong>de</strong>ve à forma ina<strong>de</strong>quada no nariz e/ou, também, <strong>de</strong> sua junção<br />

com o para-brisa. Assim, o escoamento <strong>de</strong>sacelera muito rapidamente (o caminho <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

a estagnação na ponta do nariz é curto) e ten<strong>de</strong> a se separar ou, no mínimo, a camada<br />

limite experimenta um crescimento consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> sua espessura.<br />

Para evitar a separação e consequente aumento do arrasto e ruído, empregam-se<br />

geradores <strong>de</strong> vórtice (Fig. VII.6), os quais <strong>de</strong>vem ter seu teço superior acima da camada<br />

limite para po<strong>de</strong>r energizar corretamente a camada limite.<br />

Figura VII.6 – Geradores <strong>de</strong> vórtice em frente ao para-brisa (Foto: autor).


c. Descarregador <strong>de</strong> eletricida<strong>de</strong> estática<br />

Não há como evitar a colocação <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarregadores <strong>de</strong> eletricida<strong>de</strong> estática (Fig. VII.7)<br />

nas superfícies do avião: o atrito do ar carrega eletricamente a superfície metálica das<br />

aeronaves aumentando o risco <strong>de</strong> <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes.<br />

Como a espessura da camada limite no extradorso é consi<strong>de</strong>ravelmente maior do que no<br />

intradorso, o arrasto <strong>de</strong> interferência será maior se os <strong>de</strong>scarregadores forem colocados<br />

na parte superior da asa, como mostrado na imagem à esquerda da Fig. VII.7. À<br />

imagem à direita ilustra a colocação correta dos <strong>de</strong>scarregadores estáticos.<br />

Figura VII.7 – Descarregadores <strong>de</strong> eletricida<strong>de</strong> estática.<br />

d. Variação da seção da fuselagem na região da asa<br />

Quando a fuselagem experimenta uma contração <strong>de</strong> seção (Fig. VII.8), a variação <strong>de</strong><br />

pressão, ou seja, o gradiente <strong>de</strong> pressão, este fica acentuado e, consequentemente, a<br />

camada limite engrossa consi<strong>de</strong>ravelmente. Como o arrasto <strong>de</strong> interferência é causado<br />

pela confluência das camadas limites da asa e fuselagem, obtém-se com estes tipos <strong>de</strong><br />

geometria valores proibitivamente elevados para o coeficiente <strong>de</strong> arrasto. Infelizmente,<br />

ensina-se em muitos livros didáticos a ―regra das áreas‖ para redução do arrasto <strong>de</strong> onda<br />

em escoamentos com elevados números <strong>de</strong> Mach locais (tanto transônicos quanto<br />

supersônicos), a qual preconiza que se <strong>de</strong>ve variar a seção da fuselagem quando esta<br />

encontra a asa. Neste caso, <strong>de</strong>ve-se sempre consi<strong>de</strong>rar o componente <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong><br />

interferência, para a que a redução no arrasto <strong>de</strong> onda não fique comprometida.<br />

Adicionalmente, os custos <strong>de</strong> fabricação e o peso da aeronave aumentam quando se faz<br />

fuselagens <strong>de</strong> geometrias mais complexas.


Figura VII.8 – Exemplo <strong>de</strong> seção <strong>de</strong> fuselagem variando na região da asa.<br />

e. Geradores <strong>de</strong> vórtice no cone <strong>de</strong> cauda<br />

A Fig. VII.9 mostra uma fileira <strong>de</strong> geradores <strong>de</strong> vórtice colocados no cone <strong>de</strong> cauda <strong>de</strong><br />

um avião <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> passageiros, o Boeing 737. Eles foram instalados com o<br />

intuito <strong>de</strong> recolar o escoamento no final do cone <strong>de</strong> cauda. A camada limite nesta região<br />

é bastante espessa, pois o escoamento já passou por imperfeições tais como antenas,<br />

janelas, portas, cabeças <strong>de</strong> rebites, emendas <strong>de</strong> chapa, etc... e ainda está <strong>de</strong>sacelerando,<br />

pois no final da fuselagem há uma região <strong>de</strong> estagnação e, portanto, a pressão está<br />

aumentando (gradiente adverso) praticamente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o escoamento <strong>de</strong>ixou a parte da<br />

fuselagem com seção constante. Po<strong>de</strong>-se notar que as empenagens estão muito próximas<br />

ao final do avião, on<strong>de</strong> há a saída <strong>de</strong> gases do APU para o meio ambiente. Isto faz com<br />

que elas percam eficiência <strong>de</strong>vido a um escoamento com baixa velocida<strong>de</strong> associado<br />

com o engrossamento da camada limite.<br />

A Fig. VII.10 mostra o reprojeto do cone <strong>de</strong> cauda feito para a variante MAX do<br />

Boeing 737. Na fuselagem original nota-se uma separação na parte posterior da junção<br />

da fuselagem com a empenagem horizontal. Com o reprojeto a separação <strong>de</strong>sapareceu.<br />

No cone <strong>de</strong> cauda do Airbus A320 (Fig. VII.11), as empenagens estão a uma boa<br />

distância do final da fuselagem e <strong>de</strong>vem experimentar um escoamento com linhas <strong>de</strong><br />

corrente mais suaves. A extensão do cone cauda confere maior esbeltez à fuselagem,<br />

reduzindo o seu arrasto. Contudo, ela adiciona peso à configuração, mas o benefício<br />

final <strong>de</strong>ve ser satisfatório, naturalmente.


Figura VII.9 – Geradores <strong>de</strong> vórtice colocados no cone <strong>de</strong> cauda.<br />

Figura VII.7 – Reprojeto do final do cone <strong>de</strong> cauda do Boeing 737 feito para a<br />

variante MAX (Imagem: Boeing Co.).


Figura VII.11 – Cone <strong>de</strong> cauda do A320 (Foto: autor).<br />

Referências Seção <strong>de</strong> Corretivos<br />

[1] - “The DC-9 and the Deep Stall”. FLIGHT International: 442. 25 March<br />

1965. Retrieved 2011-10-07.


VIII.<br />

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—. Airplane Design, Part II - Preliminary Configuration Design and Integration of the<br />

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—. Airplane Design, Part III - Layout Design of Cockpit, Fuselage, Wing and<br />

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—. Airplane Design, Part V - Componente Weight Estimation. Lawrence:<br />

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TAYLOR, C., WECK, O. L. ―Integrated Transportation Network Design Optimiation.‖<br />

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TORENBEEK, E. Synthesis of Subsonic Airplane Design. Rotterdam: Delft University<br />

Press, 1976.


V-speed<br />

<strong>de</strong>signator<br />

V 1<br />

V 2<br />

V 2min<br />

V 3<br />

V 4<br />

V A<br />

Apêndice I<br />

Regulatory V-speeds (Source: Wikipedia)<br />

Description<br />

Critical engine failure recognition speed.<br />

Takeoff safety speed. The speed at which the aircraft may safely become<br />

airborne with one engine inoperative.<br />

Minimum takeoff safety speed.<br />

Flap retraction speed.<br />

Steady initial climb speed. The all engines operating take-off climb speed<br />

used to the point where acceleration to flap retraction speed is initiated.<br />

Should be attained by a gross height of 400 feet.<br />

Design maneuvering speed. This is the speed above which it is unwise to<br />

make full application of any single flight control (or "pull to the stops") as it<br />

may generate a force greater than the aircraft's structural limitations.<br />

V at<br />

V B<br />

V C<br />

V cef<br />

V D<br />

V DF<br />

V EF<br />

V F<br />

V FC<br />

V FE<br />

V FTO<br />

V H<br />

V LE<br />

Indicated airspeed at threshold, which is equal to the stall speed V S0<br />

multiplied by 1.3 or stall speed V S1g multiplied by 1.23 in the landing<br />

configuration at the maximum certificated landing mass. If both V S0 and<br />

V S1g are available, the higher resulting V at shall be applied. Also called<br />

"approach speed".<br />

Design speed for maximum gust intensity.<br />

Design cruise speed, used to show compliance with gust intensity loading.<br />

See V 1 ; generally used in documentation of military aircraft performance.<br />

Design diving speed.<br />

Demonstrated flight diving speed.<br />

The speed at which the Critical engine is assumed to fail during takeoff.<br />

Designed flap speed.<br />

Maximum speed for stability characteristics.<br />

Maximum flap exten<strong>de</strong>d speed.<br />

Final takeoff speed.<br />

Maximum speed in level flight at maximum continuous power.<br />

Maximum landing gear exten<strong>de</strong>d speed. This is the maximum speed at<br />

which it is safe to fly a retractable gear aircraft with the landing gear<br />

exten<strong>de</strong>d.


V LO<br />

V LOF<br />

V MC<br />

V mca<br />

V mcg<br />

V mcl<br />

V MO<br />

V MU<br />

V NE<br />

V NO<br />

V O<br />

V R<br />

V rot<br />

V Ref<br />

V S<br />

V S0<br />

V S1<br />

V SR<br />

Maximum landing gear operating speed. This is the maximum speed at<br />

which it is safe to extend or retract the landing gear on a retractable gear<br />

aircraft.<br />

Lift-off speed.<br />

Minimum control speed with Critical engine inoperative.<br />

Minimum control speed in the take-off configuration – the minimum<br />

calibrated airspeed at which the aircraft is directionally controllable in flight<br />

with a sud<strong>de</strong>n Critical engine failure and takeoff power on the operative<br />

engine(s).<br />

Minimum control speed on the ground – the minimum airspeed at which the<br />

aircraft is directionally controllable during acceleration along the runway<br />

with one engine inoperative, takeoff power on the operative engine(s), and<br />

with nose wheel steering assumed inoperative.<br />

Minimum control speed in the landing configuration with one engine<br />

inoperative.<br />

Maximum operating limit speed.<br />

Minimum unstick speed.<br />

Never exceed speed.<br />

Maximum structural cruising speed or maximum speed for normal<br />

operations.<br />

Maximum operating maneuvering speed.<br />

Rotation speed. The speed at which the aircraft's nose wheel leaves the<br />

ground. Also see note on V ref below.<br />

Used instead of V R (in discussions of the takeoff performance of military<br />

aircraft) to <strong>de</strong>note rotation speed in conjunction with the term V ref (refusal<br />

speed),<br />

Landing reference speed or threshold crossing speed.<br />

(In discussions of the takeoff performance of military aircraft, the term V ref<br />

stands for refusal speed. Refusal speed is the maximum speed during<br />

takeoff from which the air vehicle can stop within the available remaining<br />

runway length for a specified altitu<strong>de</strong>, weight, and configuration. )<br />

Incorrectly, or as an abbreviation, some documentation refers to V ref and/or<br />

V rot speeds as "V r ."<br />

Stall speed or minimum steady flight speed for which the aircraft is still<br />

controllable.<br />

Stall speed or minimum flight speed in landing configuration.<br />

Stall speed or minimum steady flight speed for which the aircraft is still<br />

controllable in a specific configuration.<br />

Reference stall speed.


V SR0<br />

V SR1<br />

V SW<br />

V TOSS<br />

V X<br />

V Y<br />

Reference stall speed in landing configuration.<br />

Reference stall speed in a specific configuration.<br />

Speed at which the stall warning will occur.<br />

Category A rotorcraft takeoff safety speed.<br />

Speed that will allow for best angle of climb.<br />

Speed that will allow for the best rate of climb.

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