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68<br />
SEIS SÉCULOS DE PINTURA CHINESA NO MUSEU CERNUSCHI<br />
A ESCOLA EPIGRÁFICA 69<br />
Pintinhos, Peixes, Junco e Gralha<br />
com melancia, 1947<br />
Qi Baishi (1863-1957)<br />
nanquim e cores sobre papel | 103,3 x 34,2 cm;<br />
103,7 x 34,4 cm; 102 x 34 cm; 101,3 x 33,9 cm<br />
1. Inscrição e assinatura: Afasta<strong>do</strong> há muito tempo <strong>do</strong> pavilhão Bayan, Qi Baishi,<br />
com oitenta e sete anos, pintou esses seres com sua velha mão.<br />
2. Inscrição e assinatura: Anos dura<strong>do</strong>uros e gran<strong>de</strong> prosperida<strong>de</strong>. Para o<br />
Senhor Zhicheng. Baishi em seu octogésimo sétimo ano.<br />
3. Inscrição e assinatura: Para o Senhor Hongqu, em homenagem. No oitavo<br />
mês <strong>do</strong> outono <strong>do</strong> ano Jiahai [Dinghai], pinta<strong>do</strong> por Laishi em seu octogésimo<br />
sétimo ano, na antiga Yanjing [Pequim].<br />
4. Inscrição e assinatura: Feito pelo velho Baishi em seu octogésimo sétimo ano<br />
em Jinghua [Pequim].<br />
Qi Baishi é originário <strong>do</strong> vilarejo <strong>de</strong> Xing<strong>do</strong>u Tang, no distrito <strong>de</strong> Xiangtan em<br />
Hunan. Nasci<strong>do</strong> em um meio mo<strong>de</strong>sto, ele apren<strong>de</strong>u <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua a<strong>do</strong>lescência o<br />
ofício <strong>de</strong> grava<strong>do</strong>r na ma<strong>de</strong>ira. Essa formação artesanal favoreceu a apropriação<br />
<strong>do</strong> repertório <strong>de</strong>corativo tradicional, sobretu<strong>do</strong> floral. No fim <strong>de</strong> seu aprendiza<strong>do</strong>,<br />
ele estava <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> a se formar na pintura como autodidata com base nos<br />
mo<strong>de</strong>los <strong>do</strong> manual <strong>de</strong> pintura Jiezi yuan huachuan, exercen<strong>do</strong> seu ofício <strong>de</strong><br />
grava<strong>do</strong>r. O estu<strong>do</strong> da técnica <strong>do</strong> retrato junto com Xiao Zhuanxin levou-o a<br />
se estabelecer como retratista a partir <strong>de</strong> 1889. 1 No mesmo ano, ele se tornou<br />
aluno <strong>de</strong> Hu Qinyuan (?-1914), com quem apren<strong>de</strong>u a técnica gongbi. No entanto,<br />
essas qualida<strong>de</strong>s encontrariam uma expressão mais bem-acabada nas pinturas <strong>de</strong><br />
insetos e <strong>de</strong> flores, às quais ele <strong>de</strong>dicou suas pesquisas <strong>de</strong> 1895 até a época <strong>de</strong><br />
sua mudança para Pequim, nos anos 1920. De 1902 a 1909, ele fez várias viagens,<br />
que o levaram a visitar regiões e cida<strong>de</strong>s muitos distintas, como Xi’an, Pequim,<br />
Guilin e Cantão. As obras que viu e as personalida<strong>de</strong>s que conheceu ao longo<br />
1. Um retrato <strong>de</strong> seu mestre Hu Qinyuan,<br />
conserva<strong>do</strong> no museu da província<br />
Liaoning, evi<strong>de</strong>ncia uma execução<br />
extremamente realista (Wu, 2000, p. 18).<br />
2. Fong, 2001, p. 148-149.<br />
3. Do mesmo mo<strong>do</strong>, as pinturas <strong>de</strong><br />
pintinhos sempre recebem o título Duo<br />
zi, “várias crianças”, uma fórmula que<br />
correspon<strong>de</strong> ao <strong>de</strong>sejo clássico <strong>de</strong> uma<br />
família numerosa.<br />
<strong>de</strong>sses périplos levaram-no a a<strong>do</strong>tar novos mo<strong>de</strong>los, como Zhu Da (1626-1705),<br />
Jin Nong (1687-1764) e Xu Wei (1521-1593) para a pintura, e Zhao Zhiqian (1829-<br />
1884) para a gravura <strong>de</strong> símbolos. Essas influências participaram da evolução <strong>de</strong><br />
seu estilo, que se emancipa progressivamente <strong>de</strong> seu traço minucioso.<br />
Contu<strong>do</strong>, é somente no momento <strong>de</strong> sua instalação em Pequim, em 1917, em<br />
consequência <strong>de</strong> seu encontro com Chen Shizeng (1876-1923), que ele se orienta<br />
para o que culminará na expressão <strong>de</strong> seu estilo pessoal. Além da influência<br />
<strong>de</strong> seus escritos, talvez fosse a importância <strong>de</strong>dicada à obra <strong>de</strong> Wu Changshuo<br />
(1844-1927) por Cheng Shizeng e os membros <strong>de</strong> seu círculo, como Chen Banding<br />
(1877-1970) ou Yao Hua (1876-1930), que levaria Qi Baishi a tomar por mo<strong>de</strong>lo<br />
a obra <strong>do</strong> mestre da escola <strong>de</strong> Xangai. Ao final <strong>do</strong> que Qi Baishi chamava <strong>de</strong><br />
“reforma artística em uma ida<strong>de</strong> avançada”, ele emergiu rapidamente na cena<br />
artística nacional. A originalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas composições, a energia <strong>do</strong> pincel e<br />
a audácia no emprego das cores caracterizam, no plano formal, as obras <strong>de</strong>ssa<br />
época. Entretanto, a simplicida<strong>de</strong> direta <strong>de</strong> sua obra <strong>de</strong>ve-se ao caráter rústico,<br />
salpica<strong>do</strong> <strong>de</strong> humor, <strong>de</strong> seu universo pictórico. Após a revolução <strong>de</strong> 1949, foi<br />
consagra<strong>do</strong> o representante mais importante da pintura chinesa tradicional.<br />
As quatro pinturas, <strong>do</strong>adas ao Musée Cernuschi por Guo Youshou (1900-<br />
1978), formam um conjunto característico da maturida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Qi Baishi. Além<br />
das reminiscências sensíveis, por exemplo, por meio <strong>do</strong> perfil <strong>do</strong> bagre que<br />
evoca a pintura <strong>de</strong> Zhu Da, 2 essas obras constituem uma perfeita introdução<br />
ao universo pictórico <strong>de</strong> Qi Baishi. Os animais, apreendi<strong>do</strong>s na espontaneida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> seus movimentos, como a ninhada <strong>de</strong> pintinhos brincan<strong>do</strong> espalha<strong>do</strong>s ou o<br />
pássaro bican<strong>do</strong> a melancia, têm, certas vezes, um significa<strong>do</strong> simbólico. Assim,<br />
a associação <strong>do</strong> bagre, nianyu, e <strong>de</strong> uma espécie <strong>de</strong> salmão, guiyu, correspon<strong>de</strong><br />
à fórmula <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejos chang nian da gui, cujos termos são equivalentes fonéticos<br />
<strong>de</strong> nomes <strong>de</strong> <strong>do</strong>is peixes. 3 Da ilustração <strong>de</strong>ssas frases populares emana uma<br />
poesia concreta própria a Qi Baishi.