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AI Gincana Estudantil - Appai

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Autonomia da escola<br />

Nem todos os superprotegidos são alunos difíceis, com<br />

problemas de comportamento, porém é comum que repitam<br />

a mesma postura que têm em casa na escola. A psicóloga<br />

Regina cita como exemplo crianças que não cumprem os<br />

combinados da instituição de ensino, como ir de sandália ao<br />

invés de tênis no dia da aula de Educação Física. “A mãe,<br />

na porta da escola, diz à professora: ‘ela não queria vir de<br />

tênis e para não chorar deixei que viesse para a escola de<br />

sandália’. Portanto, a mãe acaba cedendo aos desejos dos<br />

filhos mesmo que tenha que burlar uma regra da escola”,<br />

descreve Regina, que também é coordenadora pedagógica<br />

de Educação Infantil e Ensino Fundamental do Colégio São<br />

José, de Santos (SP). Por meio de situações como essa, as<br />

crianças e os adolescentes aprendem erroneamente que<br />

podem fazer tudo do jeito que quiserem. “Se deixarmos<br />

escapar as rédeas, perdemos o rumo central da educação,<br />

pois é através de pequenas atitudes que gradativamente<br />

vamos inserindo os limites e as regras necessárias em<br />

nossas crianças e nossos jovens para que possam crescer<br />

e adquirir autonomia para enfrentar os percalços da vida<br />

adulta e superar os obstáculos com dignidade e alcançar o<br />

sucesso”, acrescenta a psicóloga.<br />

Se os pais são os maiores responsáveis pela educação<br />

dos filhos, a questão central é: como a escola deve agir<br />

com os alunos superprotegidos que apresentam problemas<br />

de relacionamento – um dos sinais mais presentes nesses<br />

casos – e não seguem as normas coletivas? Para Denise, a<br />

instituição de ensino não deve ser permissiva. “Hoje em dia,<br />

a escola está muito nas mãos dos pais, o que é errado, pois<br />

a escola precisa ser firme nas suas regras e concepções.<br />

Uma coisa é a escola ser parceira da família, outra coisa<br />

é ser escrava da mesma”, dispara sem meias palavras. A<br />

psicopedagoga e terapeuta infantil também observa que,<br />

infelizmente, algumas instituições da rede particular estão<br />

mais interessadas no retorno financeiro e, por esse motivo,<br />

fazem de tudo para “agradar” os pais e os estudantes, evitando<br />

as divergências. Denise ressalta que os colégios que<br />

realmente se preocupam com suas crianças, que serão os<br />

adultos de amanhã, agem com firmeza, mesmo quando os<br />

pais são mais “frouxos”. Como a matrícula em determinada<br />

escola é uma escolha, Denise acredita que a família deve então<br />

depositar confiança no estabelecimento selecionado e cumprir<br />

seu papel sem tirar a autonomia da instituição de ensino, de<br />

modo que nenhuma das partes perca sua hierarquia.<br />

Para Regina, é essencial que pais e professores partilhem<br />

a mesma linguagem no processo de educar e ensinar. “De<br />

nada adianta a escola adotar uma postura e a família seguir<br />

outro rumo ou vice-versa. As duas partes devem caminhar<br />

juntas para atingirem o mesmo objetivo”, enfatiza. A psicóloga<br />

e coordenadora pedagógica sugere algumas ações<br />

para ajudar a instituição de ensino a atingir essa finalidade:<br />

organizar palestras com profissionais competentes que<br />

possam mediar os pais e professores na tarefa de educar;<br />

promover reuniões de responsáveis e mestres para que<br />

juntos discutam textos ou filmes pertinentes ao tema e<br />

desenvolver projetos de responsabilidade social com seus<br />

alunos para fomentar o respeito ao próximo, a valorização<br />

do ser humano e de si mesmo. Além disso, Regina também<br />

salienta a importância de realizar encontros individuais com<br />

as famílias para pontuar o comportamento e as atitudes dos<br />

filhos, como a falta de limites, e, quando houver necessidade,<br />

encaminhar a criança a um profissional especializado<br />

para auxiliar os pais e a escola nesse processo. Maria Neyde<br />

reitera que a escola sozinha não tem como dar conta de reverter<br />

o problema da superproteção e que depende também<br />

da receptividade e da boa vontade das famílias para que essa<br />

integração funcione. “Precisamos encontrar pais dispostos a<br />

orientar seus filhos com preceitos sólidos, deixando-os viver<br />

e crescer naturalmente, apoiados nesses preceitos, em todas<br />

as etapas de formação de personalidade e caráter. É com um<br />

trabalho contínuo entre família/escola e escola/família que<br />

resultados positivos devem aparecer certamente”.<br />

A base primordial da educação de uma criança será<br />

sempre a família, entretanto a escola também é uma grande<br />

fonte de influência, inclusive na formação de valores, até<br />

em razão da quantidade de tempo que o aluno passa na<br />

instituição. Por esse motivo, Denise destaca a importância<br />

de investir na formação e preparo emocional de toda a<br />

equipe, sobretudo dos professores, com quem os estudantes<br />

mais convivem. Sobre a dificuldade que as escolas às<br />

vezes enfrentam em exercer plenamente seu papel, por<br />

causa da interferência dos pais, a psicopedagoga faz uma<br />

analogia com uma passagem presente em seu livro: “Digo<br />

que os filhos se colocam no lugar de filhos quando os pais<br />

se colocam no lugar de pais. Então, que as escolas tenham<br />

em mente que as famílias se colocam no lugar de famílias<br />

quando as escolas se colocam no lugar de escolas”.<br />

Extraída da Revista Gestão Educacional, nº 82 - março de 2012<br />

Revista <strong>Appai</strong> Educar 51

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