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Migrações: Implicações Passadas, Presentes E - Unesp

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Paulo E. Teixeira; Antonio M. C. Braga;<br />

Rosana Baeninger (Org.)<br />

se deslocavam repetidas vezes sobre o espaço a fim de encontrar uma<br />

forma de sobrevivência. O comportamento desse substrato nada tem<br />

a ver com uma subcultura nômade ou um espírito generalizado de<br />

aventura, pois se fundamenta numa busca constante de melhores<br />

oportunidades econômicas ou da própria sobrevivência [...].<br />

Infelizmente, as fontes tradicionais de informação pouco nos dizem a<br />

respeito, pois para reconstituir a história migratória de uma pessoa que<br />

passa grande parte de sua vida ativa se deslocando atrás do trabalho, é<br />

necessário um instrumento de coleta de informações, muito maior do<br />

que podem dispor as investigações de grande tipo: CENSO PNAD ou<br />

Survey (MARTINE, 1982, p. 5).<br />

Dois aspectos centrais estão presentes nesta citação de George<br />

Martine, primeiro, as transformações dos processos migratórios, então,<br />

indicando a emergência das migrações múltiplas. Segundo, a necessidade da<br />

construção de outros procedimentos metodológicos para a compreensão<br />

dessa complexidade. Fausto Brito, em artigo mais recente, publicado<br />

em 2009, também, enfatiza a necessidade de formulação de outros<br />

instrumentais teóricos:<br />

O padrão migratório prevalecente até a década de setenta do século passado,<br />

no Brasil, começou a sofrer profundas modificações. Consequentemente,<br />

o paradigma e as teorias examinadas anteriormente neste ensaio, se já não<br />

são plenamente satisfatórias para explicar as migrações entre 1950-1980 e<br />

estão a exigir uma profunda revisão [...] (BRITO, 2009, p.14).<br />

O paradigma a que se refere o autor são as teorias da migração<br />

articuladas às teorias do desenvolvimento econômico, as quais enfatizam<br />

o caráter positivo das migrações do campo para a cidade, pois poderiam<br />

permitir a mobilidade social. Brito (2009, p. 19) identifica um descompasso<br />

entre a mobilidade espacial e social:<br />

Uma mudança substantiva observada no padrão migratório pós-1980<br />

foi o descolamento da mobilidade espacial da mobilidade social.<br />

Uma questão fundamental, pois era uma das poucas possibilidades de<br />

mobilidade social aberta pela sociedade brasileira e, mesmo assim, com<br />

uma probabilidade condicionada de êxito. Se o direito à mobilidade<br />

espacial deve ser resguardado, o mesmo deve ser considerado para o<br />

direito à mobilidade social. Ou, em outras palavras, a liberdade de<br />

movimento deve estar articulada, na perspectiva da justiça, ao direito<br />

de melhoria nas condições de vida. Nas condições atuais da sociedade<br />

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