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Migrações: Implicações Passadas, Presentes E - Unesp

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M i g r ações:<br />

implicações passadas, presentes e futuras<br />

mais autônoma num outro destino. Sendo assim, migrar seria crescer<br />

e se independer. Entretanto, generalidades tamanhas não se ajustam a<br />

todas as migrantes. Sem dúvida, algumas características da migração<br />

atuam no sentido de melhorar a condição de vida das mulheres: o<br />

deslocamento autônomo, a maior escolaridade, a inserção no mercado<br />

formal. Porém, essas seriam conjunções que afetariam positivamente a<br />

condição de vida de qualquer um, homem ou mulher.<br />

A migração de mulheres bolivianas para Corumbá não parece<br />

ter esse “perfil libertador”. A decisão de migrar e também a escolha da<br />

estratégia para fazê-lo são, na maioria das vezes, coletivas. Neste sentido,<br />

sair do lugar de origem, muitas vezes, implica numa mudança de cenário<br />

para o exercício de atividades semelhantes.<br />

Mais do que um “cálculo racional para a diminuição de riscos<br />

e custos”, a composição de uma estratégia migratória feminina envolve a<br />

articulação entre os recursos já disponíveis na origem e ainda aqueles que<br />

serão incorporados no lugar de destino (OSO CASAS, 2005). A decisão<br />

de migrar é tomada pelas mulheres a partir da perspectiva de recursos já no<br />

primeiro momento do projeto migratório. Desse modo:<br />

Um ponto de partida crucial para o estudo da migração feminina é a relação<br />

entre as estratégias migratórias e redes sociais. É essa relação a principal<br />

estrutura que orienta as decisões tomadas por grupos ou indivíduos num<br />

fluxo migratório. A decisão de migrar, no entanto, é influenciada pela<br />

existência e pela participação em redes sociais, que conectam as pessoas em<br />

diferentes espaços (PHIZACKLEA, 2003, p. 87).<br />

A partir das entrevistas qualitativas, observou-se a formação de<br />

uma rede migratória complexa e, essencialmente, feminina. As mulheres<br />

bolivianas deixam seus lugares de origem acompanhadas por outras<br />

mulheres, de diferentes relações de parentesco e; enquanto percorrem<br />

suas trajetórias migratórias, envolvem-se nessa rede solidária, em que a<br />

mobilidade é fator determinante. Segundo Chaves (2009, p. 12):<br />

Análises que têm como base as redes sociais enfatizam sua importância<br />

na migração feminina; o contínuo desses movimentos cria no<br />

destino uma comunidade que se apresenta com dupla função para<br />

a comunidade de origem: protege, acolhe e ampara as migrantes, ao<br />

mesmo tempo em que zela para que seu comportamento reflita as<br />

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