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Migrações: Implicações Passadas, Presentes E - Unesp

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Paulo E. Teixeira; Antonio M. C. Braga;<br />

Rosana Baeninger (Org.)<br />

canavieira de São Paulo, propõe a categoria de “migração temporária<br />

permanente” ou migrante permanentemente temporário. Ela explica que<br />

“no caso dos migrantes temporários do Vale do Jequitinhonha, podemos<br />

observar um processo de fixação-dispersão geográfica coexistindo com um<br />

processo de fixação sociológica tanto para os que migram como para os que<br />

ficam” (SILVA, 1992, p.166).<br />

Esta circularidade não pressupõe a reprodução da mesma situação<br />

social. Ao contrário, o caminho de fechar o círculo não é igual ao caminho<br />

de iniciá-lo, porque a circularidade não ocorre uma única vez. Em muitos<br />

casos, ela acontece durante quase toda a vida destes agentes sociais.<br />

Neste sentido, ela é permanente e o migrante temporário é permanente<br />

temporário. Este é seu destino.<br />

Nessa perspectiva, dois aspectos podem ser destacados: primeiro,<br />

a ideia de fixação, embora o migrante tenha uma vida marcada pela<br />

permanente mobilidade, há sempre uma localidade que representa<br />

a referência de fixação. No caso dos migrantes temporários do Vale do<br />

Jequitinhonha, estudados por Silva, ou das regiões do Agreste e Sertão<br />

do estado da Paraíba, estudadas em pesquisas do autor deste artigo, tratase<br />

de sítios, povoados, bairros, municípios ou outras unidades espaciais<br />

em que tenham parentes e amigos. Assim, esses são lugares de memória<br />

e de pertencimento, pois simbolizam as redes de relações familiares, de<br />

amizade e de vizinhança. Segundo, em consonância com Silva, em cada<br />

ponto da circularidade, o migrante transforma-se. Assim, a circularidade é<br />

constituinte de seu próprio fazer-se, ou seja, de sua construção identitária<br />

(THOMPSON, 1978). Isto é, o migrante constitui-se nas tensões e<br />

ambiguidades de várias categorias e diversos espaços sociais. Nesse sentido,<br />

não se trata de verificar as opções por ficar ou sair, por uma condição de<br />

trabalho ou outra, por um lugar ou outro, mas de compreender como os<br />

indivíduos tratam subjetivamente essas possibilidades objetivas de trabalho<br />

e vida. A condição de mobilidade não expressa, portanto, desenraizamento,<br />

desagregação familiar, mas, antes, uma permanente recomposição e<br />

ressignificação de suas redes de relações sociais.<br />

Outro autor que discute a categoria de migrante temporário ou o<br />

caráter temporário das migrações é José de Souza Martins, no texto “O vôo<br />

das andorinhas: migrações temporárias no Brasil”. Ele lista sete tipos mais<br />

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